Influência Das Diferentes Alturas De Corte Na Qualidade Da Madeira Serrada De Qualea Sp.
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- Rafaela Fernandes Brunelli
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1 Influência Das Diferentes Alturas De Corte Na Qualidade Da Madeira Serrada De Qualea Sp Andréia Alves Botin (1) ; Jair Figueiredo do Carmo (2) ; Fábio Henrique Della Justina do Carmo (3) ; Maristela Volpato (4) (1) Estudante; UFMT/Universidade Federal do Mato Grosso; andreiabotin@yahoocombr; (2) Professor, UFMT/ UFMT/Universidade Federal do Mato Grosso, carmojair@gmailcom; (3) Estudante; UFMT/Universidade Federal do Mato Grosso, fabio14asnl@hotmailcom; (4) Estudante, UFMT/Universidade Federal do Mato Grosso; maris_volpato@hotmailcom RESUMO A produção de madeira serrada de florestas nativas ou plantadas exige o uso de técnicas de desdobro que compatibilize a matéria-prima e os equipamentos hoje existentes no mercado para se obter bons rendimentos, uma boa velocidade de avanço e boa qualidade de madeira serrada Este trabalho tem o objetivo de comparar a qualidade da madeira serrada no desdobro de toras de Cambará (Qualea sp), em diferentes classes diamétricas Foram selecionadas 20 toras em 4 classes diamétricas entre 30 e 80 cm, dividindo-se em 5 toras para cada classe diamétrica A espessura de tábuas desejada ao final do processo de desdobramento era de 23 mm Com os resultados é possível concluir que a classe C apresentou a melhor qualidade de madeira serrada e a classe A o menor número de peças desclassificadas quanto a variação de espessura Palavras-chave: Cambará, classes diamétricas, espessura INTRODUÇÃO Devido a vocação natural brasileira para a produção florestal em conjunto com as pressões ambientais e a crescente demanda por madeireiros, acentuou-se nos últimos anos o desenvolvimento de melhores métodos de desdobro e tecnologias para a otimização do aproveitamento dos recursos naturais e dos resíduos em forma de biomassa Em função da deficiência tecnológica e do pouco conhecimento das espécies, talvez o maior problema enfrentado pela indústria de madeira serrada seja o baixo aproveitamento da matéria-prima, o que acarreta em aumento do custo do produto final e uma grande geração de resíduos Em um sistema de desdobro convencional as toras são desdobradas sem classificação e sem uma definição exata de um modelo de corte para cada classe diamétrica Tal condição, na maioria das vezes, induz a um baixo aproveitamento da tora, propiciando uma quantidade maior de subprodutos, - Resumo Expandido - [809] ISSN:
2 muitas vezes considerados resíduos do processo O Brasil ainda possui um grande número de serrarias que utilizam o sistema convencional de desdobro, em que as toras são desdobradas de acordo com critérios escolhidos pelo operador da máquina principal, ou seja, é ele quem define a melhor maneira de se desdobrar uma tora Dessa maneira, podem ocorrer elevadas perdas de matéria-prima, devido à ausência de tecnologias apropriadas para o desdobro das toras, encarecendo o processo, em função de que há a necessidade de se consumir maior volume de matéria-prima para produzir a mesma quantidade de produto serrado (MURARA JUNIO et al, 2005) A otimização ou melhoria contínua nos processos de transformação mecânica da madeira é uma necessidade nas indústrias e deve começar pelo setor de desdobro primário Em geral, as técnicas que vem sendo empregadas neste setor em muitas indústrias, nem sempre levam a resultados satisfatórios de rendimento de madeira serrada, qualidade do corte e economia no consumo de energia para o processamento As técnicas que vêm sendo normalmente utilizadas no desdobro de madeiras, na maioria das vezes, não proporcionam bons rendimentos e produtos de qualidade O intercâmbio de informações sobre processos e técnicas, bem como o seu correto planejamento, são imprescindíveis para que o setor consiga atingir níveis competitivos de padrão internacional De modo geral, a geometria ideal dos dentes da serra-fita é aquela que proporciona melhor qualidade e produtividade na madeira serrada O dente de serra utilizado para o corte deve ser específico para cada espécie pois, deste irá depender a qualidade e a produtividade da madeira serrada Segundo Pipino (2001) modificações feitas no dente da serra-fita visam reduzir os esforços de corte e esta redução leva a um aumento da velocidade de avanço no carro porta-tora no momento do corte, propiciando um ganho de produtividade e redução no consumo de energia Qualidade e produtividade são as principais chaves de todas as principais decisões empresariais Elas proporcionam preço e confiabilidade Essas duas vantagens devem ser permanentes e devem crescer através do tempo O importante é aprender como fazer o produto cada vez melhor e com os menores custos (CHIAVENATO, 2008) Com base nesses aspectos, este trabalho buscou levantar dados e informações técnicas referentes às características de desdobro das toras em função da qualidade de madeira serrada e definir o intervalo de altura de corte ideal para a geometria de dente utilizada pela serraria, utilizando toras de Cambará (Qualea sp) em quatro (4) diferentes classes diamétricas na região norte do Estado de Mato Grosso MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi desenvolvido em uma indústria de pequeno porte, localizada na cidades de Sinop- MT, com produção média mensal de 250 m³ de madeira serrada/mês A espécie utilizada para este estudo foi o Cambará (Qualea sp) e sua origem é de área de manejo pois a serraria não compra madeira de desmatamento Para este estudo utilizou-se 20 toras em quatro classes diamétricas (5 toras por classe) As classes diamétricas no qual as toras foram divididas são: cm, 50,1 60 cm, 60,1 70 cm e 70,1 80 cm As toras foram sendo levadas para o desdobro de forma aleatória portanto, não foram separadas em lotes de acordo com seus diâmetros Os diâmetros foram medidos para o cálculo de volume - Resumo Expandido - [810] ISSN:
3 A serraria continha em seu processo produtivo uma serra de fita horizontal, com volante de 1,10 m, um carro porta toras, uma serra circular alinhadeira principal e uma para aproveitamento, uma destopadeira principal e outra para aproveitamento O estudo de variação na serragem permite determinar as dimensões médias, as variações no interior das peças (Sw), a variação entre as peças (Sb) e a variação total na serragem (St) (LATORRACA, 1998) Foram mensuradas dez (10) tábuas por tora para a análise da variação na serragem, utilizando-se um paquímetro eletrônico digital com resolução de 0,02 mm e até 150 mm de espessura, sendo tomadas oito medidas por peça conforme (Figura 1) Figura 1 Modelo da medição das espessuras em uma peça A variação na serragem foi determinada dentro da peça (Equação 1), entre peças (Equação 2) e total (Equação 3) Sendo: Sw = Variabilidade dentro da prancha (mm); Sb = Variabilidade entre pranchas (mm); S 2 = Média das variâncias de todas as pranchas; Sx = Desvio padrão dos valores médios para cada prancha; n = Número de medições por peça; N = Número de amostras (pranchas); St = Variação total na serragem (mm) Os cálculos de variação na serragem permitem avaliar a qualidade da madeira serrada A espessura de tábuas desejadas no corte é de 23 mm, sendo aceitável até 1 mm a mais que pode ser perdido na secagem do material Os dados foram submetidos a uma análise estatística simples com o teste de comparação de médias, baseada na análise de variância As médias foram comparadas por meio do teste de Tukey (P<0,05) O principal tratamento foi a classificação diamétrica das toras e a variável analisada foi a qualidade da madeira serrada (variação de serragem) - Resumo Expandido - [811] ISSN:
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO A variação e precisão na serragem é um fator muito importante para determinar a qualidade das peças pois, as mesmas influenciam no rendimento em madeira serrada por tora Com a análise de variância é possível verificar que existem diferenças significativas entre as classes selecionadas quanto a variação na serragem, conforme a Tabela 1 Tabela 1 Média das espessuras em milímetros por classes diamétrica Tratamentos Espessuras médias (mm) A B C D 24,39 C 23,83 A 23,82 A 24,09 B Médias seguida de mesma letras não diferem entre si pelo teste de Tukey (P<0,05) É possível verificar que não ocorreu o esperado para a qualidade da madeira serrada, ou seja, a classe A, que possui os menores diâmetros de tora, não apresentou o maior número de peças com espessuras próximas do desejável Pode-se dizer estatisticamente que as classes B e C possuem as melhores espessuras nas peças, visto que o desejado para a serraria é de 23 mm Sendo assim também é possível concluir que a classe C gera um melhor aproveitamento das suas toras durante a serragem A Figura 2 demonstra que a média das espessuras das peças ficaram acima da média desejada em todas as tora Na média geral entre todas as toras da classe A, esta passa a ter a maior média de espessura entre as classes estudadas, conforme mostrado na Tabela 1 Figura 2 Gráfico demonstrando a variação de médias de espessuras entre as 20 toras (Fonte: BOTIN, 2011) Através da análise estatística é possível concluir que as toras dentro de todas as classes diamétricas tiveram diferenças significativas nas suas espessuras Nas figuras 3, 4, 5 e 6 estão demonstrados as médias das espessuras de cada tora nas classes diamétricas estudadas - Resumo Expandido - [812] ISSN:
5 Figura 3 - Espessura média das 10 peças medidas dentro de cada tora na classe A (Fonte: BOTIN, 2011) Figura 4 - Espessura média das 10 peças medidas dentro de cada tora na classe B (Fonte: BOTIN, 2011) Figura 5 - Espessura média das 10 peças medidas dentro de cada tora na classe C (Fonte: BOTIN, 2011) - Resumo Expandido - [813] ISSN:
6 Figura 6 - Espessura média das 10 peças medidas dentro de cada tora na classe D (Fonte: BOTIN, 2011) Avaliando as Figuras de 3 a 6 é possível observar que na classe A houve uma menor desclassificação de peças por apresentar espessuras abaixo da espessura ideal sugerida pela empresa A classe B foi a que apresentou a maior quantidade de peças desclassificadas, num total de 7 peças A classe C mesmo obtendo 3 peças abaixo de 23 mm foi a que obteve maior quantidade de peças (27 peças) com espessuras médias entre 23 e 24 mm, ou seja, a classe que possui maior qualidade no corte de sua madeira, comprovando assim a estatística A geração de resíduo acima da dimensão objetivo está na ordem de 1,47 mm para cada fio de corte realizado durante o desdobro da tora Para cada 16 cortes efetuados na tora perde-se uma prancha na dimensão desejada, ou seja, 23 mm A geração de resíduos na serraria leva a uma perda de 3,6 m³ de madeira por mês, isto corresponde em um desperdício de 2 a 5 toras dependendo da classe com que se trabalha CONCLUSÕES Na avaliação da qualidade da madeira serrada houve diferenças estatísticas significativas entre as quatro classes propostas É possível concluir que não ocorreu o esperado para a qualidade da madeira serrada, ou seja, a classe A, que possui os menores diâmetros de tora, não apresentou o maior número de peças com espessuras próximas do desejável, porém houve uma menor desclassificação de peças por apresentar espessuras abaixo da espessura ideal sugerida pela empresa Já a classe C foi a que apresento melhor qualidade em sua madeira serrada mesmo tendo 3 de suas peças desclassificadas Algumas melhorias na precisão e variação na serragem são conseguidas mudando-se alguns pontos nas lâminas de serra, como: uniformização dos dentes, diminuição nos recalques, reforma e alinhamento do conjunto serra-fita e carro porta-toras e outros REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CHIAVENATO, I Qualidade e produtividade alimentam o sucesso empresarial Revista da Madeira, ed 117, 2008 LATORRACA, J V F Processamento Mecânico da Madeira Apostila Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro Rio de Janeiro, p - Resumo Expandido - [814] ISSN:
7 MURARA JUNIOR, M I; ROCHA, M P da; TIMOFEICZYK JUNIOR, R Rendimento em madeira serrada de Pinus taeda para duas metodologias de desdobro Revista Floresta, 35(3): , 2005 PIPINO, N O Madeira serrada pode ter melhor aproveitamento Revista da Madeira, 60(1): 54-56, 2001 SENAI Estudo Diagnóstico da Empresa Madeireira ICOMAKI LTDA, Projeto SENAI/BRASIL CIDE/CANADÁ, p - Resumo Expandido - [815] ISSN:
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