ACÓRDÃO PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO

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1 TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO ACÓRDÃO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO ACORDAO/DECISÃO MONOCRÁTICA I iiiiii iiiii iiiiijiiii iiiii um um mu mi mi Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação n , da Comarca de São Paulo, em que são apelantes ANTERO ALVES DA SILVA, BENEDITO SEBASTIÃO JACINTO, CAETANO ANTÔNIO DOS SANTOS, CARIANO PACHECO DE JESUS, JOSÉ MARIA DE OLIVEIRA, REGINALDO GOIANA DE SOUTO, RUBENS DOS PASSOS, SÉRGIO DONIZETTE ALEIXO FERREIRA e SILAS DE OLIVEIRA sendo apelado DEPARTAMENTO DE ESTRADAS DE RODAGEM DE SAO PAULO DER. ACORDAM, em 4 a Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "DERAM PROVIMENTO EM PARTE AO RECURSO. V. U.", de conformidade com o voto do(a) Relator(a), que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Desembargadores THALES DO AMARAL (Presidente sem voto), ANA LUIZA LIARTE E FERREIRA RODRIGUES. OSVALDO MAGALHÃES RELATOR

2 VOTO N /11 APELAÇÃO N (antigo n /5-00) COMARCA: SÃO PAULO APELANTES: ANTERO ALVES DA SILVA e OUTROS APELADO: DEPARTAMENTO DE ESTRADAS DE RODAGEM DO ESTADO DE SÃO PAULO - DER Ementa: Servidores autárquicos admitidos sob regime da CLT - Licença-Prêmio - Admissibilidade - A partir da Lei Complementar n" 180, de 1978 e, em especial, do disposto no artigo 129 da Constituição do Estado, não mais se justifica qualquer distinção entre servidores públicos efetivos, nomeados ou contratados - Reconhecimento do direito - Conversão em pecúnia - Inadmissibilidade - Interpretação da legislação de regência - Sentença de improcedência da ação - Provimento parcial do recurso dos autores, consoante especificado, fixada a sucumbência. I - Trata-se de ação ordinária promovida por servidores autárquicos do Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de São Paulo - DER, admitidos sob o regime da CLT, com o objetivo de reconhecimento do direito ao beneficio da licença-prêmio ou, na impossibilidade de gozo dos períodos vencidos, o pagamento em pecúnia. A r. sentença de fls. 120/123, cujo relatório se adota, julgou improcedente a ação. Recorrem os autores pugnando pela inversão do resultado da demanda. Recurso regularmente processado e respondido. É o relatório. II - Preservado o respeito ao convencimento da MM a Juíza de Direito prolatora da r. sentença recorrida, tem-se pelo provimento parcial^ *

3 2 recurso dos autores. De início, em face da matéria controvertida em primeira instância, sem razão o "DER" ao sustentar a exclusão de blocos aquisitivos da licença-prêmio atingidos pela prescrição do Decreto n , de 1932, visto que, encontrando-se os autores em atividade, não há se cogitar de prescrição, consoante, aliás, orientação do Colendo Superior Tribunal de Justiça. Nesse sentido: "Agravo regimental. Administrativo. Servidor público ativo. Licença-prêmio. Prescrição. 1. O Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento de que a data da aposentadoria é o termo inicial da contagem do prazo prescricional para requerer o direito à licença-prêmio. 2. Cuidando-se de pedido formulado por servidor ativo, não há que se falar na ocorrência de prescrição. 3. Agravo regimental a que se nega provimento" (AgRgno REsp /SP, Rei. Min. Paulo Gallotti, DJ ). E ainda: "Agravo regimental em agravo de instrumento. Administrativo. Servidor público estadual. Licença-prêmio. Ação declaratória e condenatória. Prescrição. Não-ocorrência. Precedentes. 1. Não há que se falar em ocorrência de prescrição em relação a pedido de reconhecimento de direito de servidor público do Estado de São Paulo, subordinado ao regime da Lei Estadual n 500/74, ao gozo da licença-prêmio pois, no ponto questionado, a ação é declaratória. 2. O termo inicial para a contagem do prazo prescricional, no caso de pedido de indenização de licença-prêmio não gozada, é a data da aposentadoria. Portanto, persistindo a relação entre os agravados e a Administração Pública, não há que se cogitar na suscitada prescrição (AgRg no REsp /SP, Rei. Min. Felix Fischer, Quinta Turma, DJ 12/6/2006). Precedentes. 3. Agravo regimental improvido" (AgRg no Ag /SP, Rei. Min. Maria Tliereza de Assis Moura, DJ ). Quanto à preliminar de impossibilidade jurídica do pedido, forçoso reconhecer relacionar-se com a matéria de fundo, nada imjedindo..

4 3 assim, o integral conhecimento da demanda. De resto, no mérito, estabelece o artigo 209 do Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Estado de São Paulo, Lei n , de 1968: "O funcionário terá direito, como prêmio de assiduidade, a licença de 90 (noventa) dias em cada período de 5 (cinco) anos de exercício ininterrupto, em que não haja sofrido qualquer penalidade administrativa ". A Lei Complementar n 180, de 1978, ao aproximar todas as categorias de servidores estaduais, deixou expresso no artigo 205: "Para fins desta L.C., passam a ser considerados servidores: I - Os admitidos em caráter temporário nos termos do artigo I o da Lei 500/74; (...) IV Os servidores admitidos nos termos da Legislação Trabalhista ". Por outro lado, a partir da Constituição do Estado de São Paulo, por interpretação de suas disposições relativas aos servidores públicos estaduais, tem-se que não mais se justifica qualquer distinção entre funcionários públicos efetivos, nomeados ou contratados, visto que a expressão "servidor público estadual" passou a ser considerada em seu sentido amplo, ou seja, incluindo "todos aqueles que mantêm com o Poder Público relação de trabalho, de natureza profissional e caráter não eventual, sob vínculo de dependência" ("Regime Constitucional dos Servidores Públicos" - Adilson de Abreu Dalari - RT - 2 a edição, páginas 14/15). Conseqüentemente, com o respeito sempre devido a entendimento divergente, impõe-se reconhecer que os servidores públicos estaduais admitidos nos termos da Lei n 500, de 1974, inclusive os celetistas, têm direito ao benefício da licença-prêmio, irrelevante não ter sido instituído o regime único previsto na Emenda Constitucional n 19, de Nesse sentindo, aliás, os seguintes precedentes desta Corte: "Apelação Cível. Ação ordinária. Servidora Pública Civil Estadual. Regime Celetista. Pretensão ao reconhecimento do direito à perc

5 4 licença-prêmio. Impossibilidade, contudo, de contagem do período aquisitivo anterior ao advento da nova ordem constitucional, sob pena de se conferir efeito retroativo à Constituição Federal. Ação julgada improcedente na origem. Sentença reformada. Admissibilidade do direito. Recurso parcialmente provido. " (Apelação Cível n /0-00, Rei. Des. Rui Stoco). "Servidor Público. Autarquia estadual. Admissão pela Consolidação das Leis do Trabalho. Licença-prêmio. Direito assegurado pelo artigo 129 da Constituição Estadual. Recurso provido." (Apelação Cível n /3-00, Rei. Des. Borelli Thomaz). "I - Licença-prêmio. Servidor público autárquico contratado pela CLT. Ação Declaratória com pedido alternativo de indenização ou gozo do benefício. II - A expressão 'servidor público', na Constituição de 1988, é abrangente de todos os que, sob regime de cargo ou emprego, estão vincados por relação de caráter estritamente profissional à Administração Direta, Indireta ou Fundacional em quaisquer dos poderes ou órbitas governamentais. Os agentes contratados pelo regime jurídico da CLT foram equiparados aos funcionários titulares de cargos pela Lei n 180/78. Benefício reconhecido. III - Pedido alternativo de indenização da licença-prêmio em pecúnia ou em gozo. Não há previsão legal que autorize um funcionário em plena atividade a converter em dinheiro sua licença-prêmio. Só com a aposentadoria é que surge para o servidor o direito de reivindicar a conversão da licença-prêmio em pecúnia. Direito de gozo. IV - Sentença de improcedência. Recurso provido." (Apelação Cível n /2-00, Rei. Des. Guerrieri Rezende). Logo, no caso em exame, tem-se pelo provimento parcial do recurso dos autores, para o reconhecimento do direito reivindicado na petição inicial, porém, a partir da Constituição Federal de 1988, visto que, anteriormente, ou seja, no período da Lei Complementar n 180, de 1978 até a Carta de 1988 encontrava-se em vigor a antiga "Gratificação de rnatal", benefício instituído em substituição à licença-prêmio, inviabilizando,

6 5 recebimento simultâneo e/ou cumulativo de ambos. Registre-se, por oportuno, que a referida situação perdurou até o advento da Carta de 1988, quando todos os servidores passaram a ter direito ao décimo terceiro salário, deixando de existir a antiga Gratificação de Natal e, por conseguinte, a vedação outrora estabelecida à acumulação com o benefício da licença-prêmio. Por último, sem cabimento o pedido alternativo, uma vez que os autores, em atividade, não fazem jus à conversão em pecúnia de licençaprêmio, na medida em que poderão pleitear o gozo a qualquer tempo, admitindo-se a indenização apenas por ocasião da aposentadoria. Em razão do princípio geral da sucumbência, condena-se o réu no pagamento das custas processuais e honorários advocatícios fixados em R$ 1.000,00 (mil reais), nos termos dos artigos 20, 4 o c.c. o único do artigo 21 do Código de Processo Civil. Ante o exposto, pelo meu voto dou provimento parcial ao recurso dos autores, consoante especificado.