EXTRATIVISMO E MANEJO DO AÇAÍ: atrativo amazônico favorecendo a economia regional
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- Ana Clara Aldeia Cortês
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1 EXTRATIVISMO E MANEJO DO AÇAÍ: atrativo amazônico favorecendo a economia regional Lena Núbia Bezerra Xavier 1, Edson Aparecida de Araújo Querido Oliveira 2 Adriana Leônidas de Oliveira 3 1 Universidade de Taubaté/Mestranda em Gestão e Desenvolvimento Regional - Programa de Pós- Graduação em Administração. Mestrado em Gestão e Desenvolvimento Regional PPGDR, Rua Visconde do Rio Branco, 210 Centro Taubaté/SP Brasil, lnubia13@yahoo.com.br 2 Universidade de Taubaté/Programa de Pós-graduação em Administração./Mestrado em Gestão e Desenvolvimento Regional PPGDR, Rua Visconde do Rio Branco, 210 Centro Taubaté/SP, edson@unitau.br 3 Universidade de Taubaté/Programa de Pós-graduação em Administração/ Mestrado em Gestão e Desenvolvimento Regional PPGDR, Rua Visconde do Rio Branco, 210 Centro Taubaté/SP, adrianaleonidas@uol.com.br Resumo- O presente artigo apresenta um estudo sobre o extrativismo e o manejo do fruto do açaí que vem ao longo da história do povo paraense contribuindo para o desenvolvimento sustentável, e conseqüentemente para a economia regional. Atualmente o produto é alvo de importação e exportação, sendo extraído dele o suco, o palmito e suas folhagens, e as sementes utilizadas na confecção de artesanatos. Além do mais, a coleta do fruto do açaí tem assegurado a condição de subsistência das populações, principalmente as ribeirinhas, localizadas às margens dos estuários dos grandes rios amazônicos na região paraense. O estudo foi desenvolvido por meio de pesquisa bibliográfica e buscou enfatizar a importância desse alimento para as populações locais, além de ser a principal fonte de matériaprima para a agroindústria de palmito no Brasil. As concentrações ocorrem em áreas de várzeas e igapós, e em terra-firme, estimada em um milhão de hectares. O manejo no plantio possibilita o aumento na produtividade dos cachos e a melhoria na qualidade dos frutos. Isso permite avanços na rentabilidade da produção, trazendo muitos benefícios para o desenvolvimento sócio-cultural e econômico da região. Palavras-chave: Áreas de Manejo. Açaí. Economia Regional. Extrativismo. Sustentabilidade Área do Conhecimento: Ciências Sociais Aplicadas Introdução O Estado do Pará destaca-se no cenário brasileiro por ser um importante produtor e exportador de frutos do açaizeiro, planta nativa da região amazônica. O açaizeiro (euterpe oleracea mart.) é uma palmeira tipicamente de regiões tropicais, principalmente da região amazônica, destacando-se entre os diversos recursos vegetais existentes pela abundância e produção de um importante alimento para as populações locais, em especial as ribeirinhas. Esse vegetal faz parte da vegetação natural do ecossistema de várzea e terra firme. Sua ocorrência se dá ao longo do estuário amazônico, onde predominam além das áreas de várzeas, as de igapós, sendo bastante comum a concentração de grandes maciços naturais conhecidos como açaizais. De acordo com Nogueira e Carvalho (1995) a produção de frutos nativos que provinha quase que exclusivamente do extrativismo, a partir da década de 1990, passou a ser obtida também de açaizais nativos manejados e cultivados nessas áreas. A palmeira do açaí é à base da economia de mais de 20 municípios paraenses, onde aproximadamente famílias estão diretamente envolvidas em atividades de extração, transporte, comercialização e industrialização de seus frutos. Essa exploração é feita em açaizais nativos, que apresentam baixa produtividade, principalmente no período de entre safra. Diante disso muitas famílias recorrem ao desmatamento da floresta para a produção de culturas de subsistência, agravando com isso os diversos problemas ambientais da região. Entretanto a possibilidade de ampliar a rentabilidade dos açaizais, de forma racional e sustentável, melhorando a renda dessas famílias e também a preservação ecológica da floresta é comprovada por Oliveira (2005). O autor em suas pesquisas provou que com o sistema de manejo dos açaizais nativos, é viável ampliar a produção de insumos do açaizeiro e ainda estimular o reflorestamento da região. 1
2 Neste sentido, Silva (2005), enfatiza que a cultura regional deve ser preservada a partir de ações que incluam os populares em atividades que estão no seu cotidiano, ou seja, garantir o respeito à pluralidade cultural torna a região um cenário característico e com perspectivas de crescimento e valorização do ser humano enquanto sujeito de transformação social. Portanto, é com este olhar que o presente artigo se constitui, a partir de estudos sobre o Extrativismo e manejo do Açaí como um atrativo amazônico favorecendo a economia regional paraense. Está dividido em dois grandes enfoques: o primeiro apresenta considerações sobre a Amazônia e o desenvolvimento regional paraense; e o segundo retrata a importância do manejo do açaí para o desenvolvimento sustentável local; e para a economia regional. Metodologia O método de pesquisa utilizado neste trabalho foi o bibliográfico. Segundo Vergara (2000) este método caracteriza-se pelo estudo sistematizado, desenvolvido com base em material publicado em livros, revistas jornais, redes eletrônicas, isto é, material acessível ao público em geral. Assim, buscou-se levantar e analisar livros e artigos publicados sobre o tema em questão, a fim de se entender a importância de manejar o fruto do açaí de forma sustentável, e sua contribuição para o desenvolvimento da região amazônica. Resultados A Amazônia, longe de ser homogênea, é uma região complexa e diversificada, que para Gonçalves (2001), contrasta com a visão externa à região, homogenizadora, que a vê como natureza, como floresta, como atrasada, como reserva de recursos, como fundo do Brasil, como o presente vivido, em seus diferentes contextos socioculturais específicos, por populações que forjaram seu patrimônio de conhecimentos na vivência com os mais diferentes ecossistemas. Essa região representa, sobretudo entre outras, inúmeras diversidades de espécies vegetais e animais, localizados na vasta floresta. Em um hectare de floresta existem inúmeras espécies que não se repetem. Existe a Amazônia de várzea, de terra firme, dos rios de águas brancas e pretas, dos terrenos movimentados e serranos, do Tumucumaque e do Parima. No Estado do Pará pode-se destacar a Serra dos Carajás e sua riqueza em minério em que são extraídos diariamente toneladas do produto bruto. Há a Amazônia das planícies litorâneas também do Estado do Pará e Amapá, bem como a Amazônia que se caracteriza pelas áreas de cerrados, dos manguezais e das florestas, assim como há áreas urbanizadas e cidades. Gonçalves (2001) O desenvolvimento da Amazônia caracterizouse nos últimos 30 anos por grandes projetos de energia, de mineração e de agropecuária, concentrados ao longo dos eixos de transporte e infra-estrutura, apoiados por financiamentos subsidiados e incentivos fiscais. Entre o período de 1960 a 1995 a economia da região cresceu em torno de 1.200%, o que para Gonçalves (2001) é o dobro do crescimento em nível nacional no mesmo período. Em termos de produtos extrativistas, os mais importantes na região são o fruto e o palmito de açaí, a borracha, o cupuaçu, a castanha-do-pará e as fibras de malva e de piaçava. O Estado do Pará retém a maior produção de açaí de fontes extrativistas, tanto fruto como palmito. O censo de 1996 do IBGE classificou a produção de açaí no Estado do Pará em duas categorias distintas: de cultivo perene e extração vegetal. Os dados se referem à produção de cultivos perenes ao extrativismo. Originalmente, açaí é uma palavra decorrente do vocábulo tupi yasa'i, que significa: a fruta que chora. Lobato (1981) afirma que é uma denominação confirmada no dicionário de Holanda (2001), e encontra respaldo na lenda que conta a saga de uma tribo amazônica que passava por dificuldades devido à escassez de alimentos. Segundo Gonçalves (2001) além da região amazônica a palmeira é encontrada nos Estados do Amapá, Maranhão, Mato Grosso, Tocantins e países da América do Sul (Venezuela, Colômbia, Equador, Suriname e Guiana) e América Central (Panamá). Na região Norte, mais especificamente no Estado do Pará, é onde são encontradas as maiores populações espontâneas de açaizais nativos do país. Essa concentração ocorre devido ao clima propício (tropical) para a produção do fruto do açaizeiro, e do elevado volume pluviométrico existente em determinado período na região. Segundo Oliveira e Neto (2005), a maior produtividade do fruto do açaí ocorre no período de safra, entre os meses de agosto a dezembro, a entre safra ocorre no período de janeiro a junho. Nesse período de entre safra a produção de açaí se torna mais escassa na região, gerando com isso o aumento de preço na venda do fruto e conseqüentemente da polpa. A produção do açaí é feita em diversos municípios paraenses, mas os principais produtores estão entre os municípios de Igarapé- Miri, Cametá, Limoeiro do Ajurú e a região das ilhas. Na região da Ilha do Marajó, a produção abrange os municípios de Salvaterra, Breves, Curralinho, São Sebastião da Boa Vista, Muaná e Ponta de Pedras. De acordo com dados de Oliveira e Neto (2005), 70% a 80% de toda produção do açaí é oriunda desses municípios que 2
3 abastecem a região no período de safra. Em contrapartida, 20% a 30% de toda produção feita pelos municípios abastece o mercado no período da entre safra, gerando com isso um desconforto na economia local. De toda a região, os municípios de Afuá, Chaves e Anajás, localizados na Ilha do Marajó, estão entre os únicos municípios paraenses a produzir açaí em larga escala, tanto no período de safra, como no período de entre safra. Esse fato de acordo com Oliveira e Neto (2005) ocorre devido à localização geográfica dos municípios, que mantêm uma estabilidade no nível pluviométrico durante o ano todo. Dessa forma, os resultados encontrados com o manejo de açaizais são percebidos através da receita liquida de R$700,00/hectare, a partir do terceiro ano, contra R$400,00/hectare do sistema não manejado. A produtividade é dobrada de 4,2 para 8,4 toneladas por hectare. E para cada 6 hectares de açaizal manejado, cria-se um emprego direto de acordo com Oliveira e Neto (2005). Discussão Segundo Oliveira (2002), o açaí é uma palmeira cespitosa, com até 25 estipes por touceira em diferentes estágios de desenvolvimento. Os estipes da planta adulta apresentam altura variando entre 3m a 20m e diâmetro variando de 7 cm a 18 cm, sustentando, em sua porção terminal, um conjunto de 8 a 14 folhas. As folhas apresentam comprimento de até 3 metros. São compostas de pinadas de arranjo espiralado, com 40 a 80 pares de folíolos, opostos ou sub-opostos e inseridos em intervalos regulares. A inflorescência (espádice) é intrafoliar, desenvolvendo-se com maior intensidade após a queda da folha e, quando aberta, apresenta-se quase horizontalmente. Apresentando flores masculinas e femininas numa proporção de três para um, a polinização é realizada principalmente através de insetos, podendo também acontecer pela ação dos ventos. Gonçalves (2001) define o fruto do açaizeiro como uma drupa globosa ou levemente depresso, apresentando resíduos florais, com diâmetro entorno de 2 cm e pesando, em média, 1,5g. Os frutos se apresentam em cachos. Possuem coloração originalmente verdes adquirindo a cor violácea, quase preta, no estágio maduro. Já no chamado açaí branco, a coloração originalmente verde, permanece até o momento da colheita, fornecendo polpa esverdeada. De toda a região amazônica o Estado do Pará encontra-se como o principal produtor do fruto, a produção alcança ton/ano, representando mais de 90% da produção nacional, seguido dos Estados do Amapá e Maranhão. A composição do suco apresenta um alto grau de teor de substâncias ricas em nutrientes essenciais a vida humana, conforme apresentado no Quadro 1: COMPOSIÇÃO UNIDADE QUANTIDADE NA MATÉRIA SECA Lipídios totais g 62,4 Proteínas g 14,5 Açucares totais g 3,8 Fibras totais g 32,1 Cálcio mg 417,5 Fósforo mg 210,0 Magnésio mg 161,3 Sódio mg 123,8 Potássio mg 915,0 Cobre mg 1,8 Ferro mg 3,7 Zinco mg 1,9 Manganês mg 10,8 Quadro 1- Componentes químicos encontrados em um litro de polpa de açaí com 12,5% de matéria seca FONTE: Oliveira (2002) De acordo com Oliveira (2002), em se tratando do vinho do açaí (suco da polpa), o mesmo habitualmente é consumido com farinha de mandioca, associado ao peixe, camarão ou carne, constituindo-se no alimento básico para as populações de origem ribeirinha, que consomem aproximadamente 20% a 30% de toda produção existente no Estado, se tornando a base da alimentação dessa população. Do suco, são fabricados sorvetes, licores, doces, néctares, geléias, energéticos, apresentando também potencial para extração de corantes, antocianinas e utilização na indústria de cosméticos, fitoterápicos e outros. Para Oliveira e Neto (2005) a antocianina é uma coloração do grupo de pigmentos hidrossolúveis responsáveis pela coloração dos frutos do açaí, morangos, framboesa, uvas, batata roxa, repolho roxo, etc. É um poderoso antioxidante que combate os radicais livres responsáveis por uma série de doenças e complicações nocivas a saúde do ser humano. Observa-se com isso o grande interesse das indústrias pela exportação do produto, que nos últimos anos cresceu consideravelmente. Em razão disso, a produção de frutos, antes destinada somente ao consumo local, conquistou novos mercados, se tornando importante fonte de renda e emprego. A venda de polpa congelada para outros estados brasileiros, especialmente das regiões Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste, já representa uma demanda considerável, estimada 3
4 em aproximadamente 850 ton/mês. As exportações de polpa ou na forma de mix, para outros países, ultrapassam 120 ton/ano diz Oliveira e Neto (2005). O quadro abaixo demonstra a demanda na extração e oferta do vinho e polpa do açaí entre os anos de 2001 a ANO OFERTA Produção do Pará Local DEMANDA ATUAL DE VINHO E POLPA DE AÇAÍ Nacional Internacional Total Taxa 14,14%aa 15,60%aa 55,84%aa 69,41%aa 19,72%aa Quadro 2- Oferta de fruto e demanda de vinho e polpa de açaí no estado do Pará Fonte: Oliveira e Neto (2005) Devido ao incremento das exportações, tem havido escassez do produto, com reflexos no mercado local, que tem sentido a escalada dos preços, principalmente no período da entre safra, nos meses de janeiro a julho. No entanto, o fruto do açaí possui um mercado regional muito forte, por ser importante na alimentação diária das populações locais, pelos seus altos valores nutricionais e de unânime preferência popular por seu singular paladar. Em Belém, é estimada a existência de mais de 3 mil pontos de venda de açaí, comercializando diariamente 120 mil litros, atendendo, basicamente, as populações de baixa renda. Perotes e Lemos (2008). As práticas de manejo desenvolvidas pelos produtores ribeirinhos para a formação de açaizais, com a finalidade de produção de frutos, apesar de provocarem mudanças consideráveis na composição florística da floresta de várzea, o que segundo Oliveira (2002), permitem aos açaizais manterem as características funcionais e estruturais da floresta, além de propiciar ao produtor ribeirinho a concentração de espécies de valor econômico diz Perotes e Lemos (2008). Vale ressaltar que, é bastante estimulada na Amazônia, a adoção de práticas de manejo sustentável de recursos naturais, como solução ecológico-econômica. Considerando a facilidade quanto ao acesso a novos estoques de recursos naturais, o extrativismo do açaí em áreas manejadas tem apresentado, em curto prazo, maiores vantagens econômicas para a região, melhorando consideravelmente as condições de produção. De acordo com informações de Oliveira e Neto (2005), o manejo do açaí ocorre através de um conjunto de técnicas específicas, cujo objetivo é melhorar o cultivo do fruto, visando o aumento da produtividade. As florestas de várzea, em que o açaizeiro é um dos componentes mais importantes, são exploradas das mais variadas formas, principalmente, através de atividades extrativas, Perotes e Lemos (2008). O manejo da palmeira acontece seguindo-se alguns passos que são recomendados por Oliveira e Neto (2005). O primeiro é a limpeza da área a ser manejada, devendo-se eliminar plantas de menor porte e cipós. Em seguida as mudas nativas são transplantadas para os espaços obtidos. Também são plantados em conjunto com açaizeiros o cupuaçu, o cacau, a manga, a andiroba e o pau mulato, além do remanejamento de espécies nativas como o taperebá, o buriti, o jenipapo e a seringueira. Ao montar o sistema agro florestal, deve-se atentar para uma boa distribuição das árvores. Isso facilita a penetração da luz do sol na área, melhorando o crescimento dos açaizeiros. Outra importante tarefa é o desbaste das touceiras, que reduz o excesso de caules do açaizeiro, deixandos e de 3 a 4 estipes em cada touceira. Segundo Oliveira e Neto (2005), o ideal é que após os transplantes e desbastes, haja uma população de aproximadamente 400 touceiras de açaí por hectare. Anualmente, deve-se efetuar a romagem das plantas de valor desconhecido para que o açaizal mantenha-se limpo e mais produtivo. Segundo Oliveira (2002), com as técnicas de manejo, a produtividade do açaizal cresce cerca de 75% em apenas três anos de operação do sistema. Os custos de implantação são recuperados já na primeira safra manejada. Além da maior produção de açaí, os produtores ainda contam com renda extra, garantida pelas outras espécies plantadas de forma consorciada. Com isso a floresta também ganha em biodiversidade e no reflorestamento das áreas desmatadas anteriormente para a lavoura de subsistência. Com a valorização do açaí, também é desestimulada a derrubada das palmeiras para a extração de palmito. Conclusão O extrativismo do açaí tem contribuído significativamente para a economia do Estado do Pará, pois responde pela sustentação econômica das populações ribeirinhas, gerando renda e empregabilidade, até porque o fruto tem sido exportado em grande escala para outros estados e 4
5 países. Estima-se que as atividades de extração, transporte, comercialização e industrialização de frutos e palmito de açaizeiro são responsáveis pela geração anual de aproximadamente R$ 40 milhões. Oliveira e Neto (2005). Além do mais, sua importância socioeconômica decorre do seu enorme potencial de aproveitamento integral de matéria-prima. Um dos principais aproveitamentos, além da extração do suco, está nas sementes (caroços) que são utilizadas no artesanato e como adubo orgânico. Outra fonte de renda está no excelente palmito que a planta produz e suas folhas são utilizadas para cobertura de casas de muitos habitantes da região ribeirinha. Dos estipes adultos, 30% podem ser cortados de 5 em 5 anos e destinados à fabricação de pastas e polpa de celulose para papel. Assim, a valorização do fruto do açaizeiro contribuiu, nos últimos anos, para consolidar o manejo de açaizais nativos como a principal atividade do Programa de Apoio ao Desenvolvimento do Extrativismo (PRODEX), criado em junho de 1996, componente do Fundo Constitucional de Financiamento do Norte (FNO). Quanto aos preços do fruto na região, há variações importantes em função, principalmente, da oferta local, da distância do mercado consumidor e do tamanho desse mercado. A formação do preço se dá no momento da chegada do intermediário no local de comercialização. O preço de "abertura", o primeiro preço do dia, é sempre o último praticado no dia anterior. Com a chegada de barcos carregados de frutos ao mercado do Ver-O-Peso, esse preço começa a cair, dado o aumento da oferta. O produtor tem um maior ou menor retorno financeiro de acordo com a distância entre a sua propriedade e o mercado consumidor, em face do custo de transporte do produto até esse mercado afirma Perotes e Lemos (2008). Devido ao crescente aumento da expansão do consumo do açaí, percebeu-se que os ribeirinhos, nos últimos anos, têm diminuído a extração e venda de palmito para as indústrias concentrando as suas atividades na coleta e venda de frutos, cuja valorização teve efeito econômico e ecológico positivo sobre a conservação de açaizais, haja vista o crescente estímulo dado a essa população com o sistema de manejo das palmeiras. O que se percebe é uma satisfação significativa entre produtores e consumidores uma vez que essa técnica dá condições ao trabalhador de aumento na renda familiar, dá condições ao produtor de aumento na produtividade, qualidade dos frutos e comercialização do produto, oferecendo ao consumidor a disponibilidade do fruto durante todos os períodos do ano, diminuindo com isso o distanciamento evidente que existe entre os períodos de safra e entre safra. Referências - GONÇALVES, Carlos Walter Porto. Amazônia, Amazonias. São Paulo: Contexto, HOLLANDA, Aurélio Buarque de. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. - LOBATO, M. O. V. Estudo Léxico - semântico da Palavra "Açaí". Belém-PA, 1981, 42 p. Monografia para a obtenção do grau de licenciatura em letras, Centro de Letras e Artes, Universidade Federal do Pará. - NOGUEIRA, O. L.; CARVALHO, C. J. R. de; MULLER, C. H. A cultura do Açaí. Belém: Embrapa-cpatu; Brasília, DF: Embrapa SPI, p, (Embrapa-SPI. Coleção Plantar,26). - OLIVEIRA, M. do S. P. de. Biologia floral do açaizeiro. Belém: Embrapa Amazônia Oriental, p. (Embrapa Amazônia Oriental. Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento, 8). - OLIVEIRA, M. do S. P. de; NETO, J. T. de F. Açaizeiro para Produção de Frutos em Terra Firme. Belém: Embrapa Amazônia Oriental, (Embrapa Amazônia Oriental. Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento, 114). - PEROTES, K. F. LEMOS, J. C. Técnicas de manejo de açaizais nativos. Belém: Emater- Frutal, SILVA, Tomaz Tadeu da. Documentos de Identidade: uma introdução às teorias de currículo. Belo Horizonte: autentica VERGARA,S.C. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. São Paulo: Atlas,
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