MEDIDAS BIOMÉTRICAS DA CARCAÇA DE CORDEIROS

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1 MEDIDAS BIOMÉTRICAS DA CARCAÇA DE CORDEIROS Verena Micheletti Protes¹, Geraldo de Nardi Júnior² ¹Discento do curso de Tecnologia em Agronegócio da Faculdade de Tecnologia de Botucatu Fatec Botucatu, ²Professor doutor do curso de Tecnologia em Agronegócio da Faculdade de Tecnologia de Botucatu Fatec Botucatu, 1 INTRODUÇÃO Com passar dos anos a demanda por carne ovina tem aumentado, tornando o consumidor cada vez exigente quanto a qualidade da carne de cordeiro. Muitos produtores, visando atender a essa crescente demanda, têm procurado intensificar a produção de cordeiros, que, potencialmente, é a categoria ovina com maior aceitabilidade no mercado por possuir boas características de carcaça (SILVA SOBRINHO, 2001; OLIVEIRA ET AL., 2002). De acordo com Pinheiro e Jorge (2010) para as indústrias que processam produtos de origem animal é fundamental o conhecimento das características quantitativas e qualitativas da carcaça ovina; sendo que tais medidas podem ser obtidas in vivo ou pelas medidas na carcaças. A carcaça pode ser considerada o elemento mais importante do animal, no processo de produção de ovinos, pois nela está contida a porção comestível de maior valor comercial (CAVASANO, 2013) Wood & Macfie (1980) relataram que o comprimento interno da carcaça de cordeiros é um bom indicativo do peso e das características da carcaça. El Karin et al. (1988) encontraram alta correlação entre o comprimento interno da carcaça com seu peso, assim como a medida de profundidade do tórax de ovinos com o peso da carcaça. As medidas realizadas na carcaça são importantes, pois permitem comparações entre tipos raciais, pesos e idades ao abate, sistemas de alimentação, e pela suas correlações com outras medidas ou com os tecidos constituintes da carcaça, possibilitando estimar suas características (SILVA; PIRES, 2000). Segundo com Bueno et al. (2000), padronizar as carcaças de cordeiro é necessário a para valorizar o produto e atrair consumidores. Afim de identificar e comparar as diferenças entre raças ovinas, procurando aquelas que produzam melhores carcaças, algumas medidas da carcaça podem apresentar alta correlação com seu peso (PINHEIRO E JORGE, 2010)

2 De acordo com Cavasano, (2013) algumas medidas da carcaça podem ser utilizadas como indicadores de características de rendimento e qualidade podendo ser utilizadas em sistemas de classificação de carcaças ovinas; porém, é necessária uma gama de estudos que avaliem as medidas na carcaça e no animal vivo, para se conhecerem quais medidas são os melhores indicadores de rendimento e qualidade. Outro índice de importância é o índice de compacidade, pois permite que seja feita uma melhor avaliação da composição muscular da carcaça, quando comparadas com as avaliações que são realizadas apenas nas medidas tomadas isoladamente (OSÓRIO & OSÓRIO, 2005). O objetivo deste estudo foi mensurar os valores das medidas das carcaças de cordeiros mestiços terminados em confinamento. 2 MATERIAL E MÉTODOS O trabalho de pesquisa foi aprovado pela Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA) pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia de Botucatu, protocolo nº 04/2014-CEUA. A pesquisa foi conduzida na Fazenda Experimental Lageado, pertencente à FMVZ/Unesp no município de Botucatu-SP. Foram utilizados 24 cordeiros machos inteiros sem raça definida, com média de peso de 20 ± 2 kg e ± 60 dias de idade, oriundos de uma criação comercial, mantidos confinados durante 70 dias (14 de adaptação e 56 de coleta de dados) em baias cobertas, individuais e dimensões de 1,7 x 1,7 m, providas de bebedouro e comedouro durante toda fase experimental. Os cordeiros foram divididos em dois tratamentos: silagem de planta inteira de soja + concentrado e silagem de sorgo + concentrado, sendo alimentados duas vezes ao dia, as 7 e as 16h, possuindo acesso livre à água e ao cocho. O total fornecido por animal foi ajustado diariamente durante o experimento, permitindo sobras de até 5% do total oferecido. As dietas foram formuladas de forma a atender as exigências de cordeiros em crescimento e proporcionar ganho diário em torno de 250 g/dia (NRC, 2007). Os animais foram abatidos quando a média geral dos cordeiros atingiu 32 kg de peso vivo conforme recomendação do Ministério da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento (BRASIL, 2000) e obedeceu ao Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal (RIISPOA, 2008).

3 Para o abate os animais foram submetidos a jejum de sólidos por 12 horas. No momento do abate foram insensibilizados por eletronarcose com descarga elétrica, sendo seccionadas as veias jugulares e as artérias carótidas para sangria. Após o abate, as carcaças foram pesadas para obtenção do peso da carcaça quente e mantidas em câmara frigorífica por 24 h a 4 C para instalação do rigor mortis. Após o período de resfriamento, as carcaças foram pesadas para obtenção do peso de carcaça fria (PCF) e foi mensurado por meio de fita métrica o comprimento interno da carcaça (CIC) (medida entre a borda anterior da sínfise isquiopubiana e a borda anterior da primeira costela em seu ponto médio), comprimento da perna (CP) (distância mais curta entre a borda anterior da sínfise isquiopubiana e a porção média dos ossos do tarso), o perímetro da perna (PP) (perímetro na região da coxa com base nos trocânteres do osso fêmur) e por meio de compaço a profundidade torácica (PT) (distância máxima entre o dorso e o osso esterno) (OSÓRIO et al., 1998). Para cálculo do índice de compacidade (ICC) foi utilizada a relação entre o peso da carcaça fria e o comprimento da carcaça (THWAITES et al. 1964). 3 RESULTADOS E DISCUSSÕES Os dados foram avaliados de forma bruta, sem utilização de programa estatísticos, portanto demonstram apenas tendências. Na Tabela 1 encontram-se os valores individuais de peso de carcaça fria medidas biométricas e índice de compacidade da carcaça. Na Tabela 2 estão apresentadas as médias dos resultados obtidos por tratamento. Para os cordeiros do tratamento sorgo foram observados os valores médios de PCF de 14,31 kg e ICC de 0,288 kg/cm; para as medidas biométricas os valores de CIC de 49,75cm, PT de 25,7 cm, CP de 29,2 cm, foram maiores do que os obtidos nas carcaças do tratamento soja e menores do que os obtidos por Bueno et al. (2000) que abateram aos 130 dias cordeiros da raça Suffolk, que se caracterizam por maior ossatura, obtendo assim menor PCF e ICC (14,09 kg, 0,24 kg/cm) em relação aos obtidos neste estudo. Apenas PP foi maior para o tratamento soja (35,6 cm). O índice de compacidade é um demonstrativo da conformação da carcaça pois avalia a quantidade de tecido muscular depositado por unidade de comprimento, as carcaças dos animais do tratamento sorgo apresentaram maior ICC (0,288 kg/cm), podendo ser consideradas mais atrativas para o mercado, pois segundo Queiroz et al.

4 (2015) o mercado prefere carcaças compactas, que se caracterizam como peso constante e menor comprimento interno, proporcionando assim maior compacidade. Tabela 1. Peso de carcaça fria (kg), medidas biométrica (cm) e compacidade da carcaça (kg/cm) de cordeiros terminados em confinamento. Tratamento PCF CIC PT CP PP ICC Soja 10, ,237 9, ,237 8, ,190 11, ,225 18, ,349 14, ,291 13, ,274 17, ,320 15, ,316 12, ,280 14, ,265 13, ,258 Sorgo 15, ,301 14, ,293 13, ,297 13, ,272 12, ,261 15, ,297 15, ,297 14, ,292 15, ,318 14, ,288 12, ,253 14, ,280 PCF: peso carcaça fria, CIC: comprimento interno da carcaça, PT: profundidade torácica, CP: comprimento da perna, PP: perímetro da perna, ICC: índice de compacidade da carcaça. Tabela 2. Média e desvio-padrão de peso de carcaça fria (kg), medidas biométricas (cm) e compacidade da carcaça (kg/cm) de cordeiros terminados em confinamento. Trat. PCF CIC PT CP PP ICC Soja 13,486±2,85 49,5±4,0 25,6±2,4 28,6±1,0 35,6±1,8 0,270±0,04 Sorgo 14,317±1,11 49,7±1,4 25,7±1,8 29,2±2,2 35,4±1,8 0,288±0,02 PCF: peso carcaça fria, CIC: comprimento interno da carcaça, PT: profundidade torácica, CP: comprimento da perna, PP: perímetro da perna, ICC: índice de compacidade da carcaça.

5 4 CONCLUSÕES A utilização das medidas biométricas em carcaças pode ser uma ferramenta para auxiliar os frigoríficos no momentos da classificação e tipificação das carcaças, uma vez que tem relação com a sua conformação e quantidade de tecido muscular. Cabe aos profissionais do agronegócio as devidas orientações ao produtor para melhorar a qualidade da carcaça e agregar valor no seu produto. 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento (MAPA). Secretaria da defesa Agropecuária (SDA). Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (DIPOA). Divisão de Normas Técnicas. Instrução Normativa n. 3, de 17 de janeiro de Aprova o Regulamento Técnico de Métodos de Insensibilização para o Abate Humanitário de Animais de Açougue. Lex: Diário Oficial da União de 24 de janeiro de 2000, seção I, p Brasília, BUENO, M. S.; CUNHA, E. A.; SANTOS, L. E.; RODA, D. S.; LEINZ, F. F. Características de carcaça de cordeiros Suffolk abatidos em diferentes idades. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, v. 29, n. 6, p , EL KARIN, A.I.A.; OWENS, J.B.; WHITAKER, C.J. Measurement on slaughter weight, side weight, carcass joints and their association with composition of two types of Sudan Desert sheep. Journal Agricultural Science, v.110, n.1, p.65-69, CAVASANO, F. A. Terminação de cordeiros semi-confinados em sistema de integração lavoura-pecuária p Dissertação (Mestrado em Zootecnia)- Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, UNESP, Botucatu, NATIONAL RESEARCH COUNCIL (NRC).Nutrient requeriments of dairy cattle.7.ed. Washington, D.C.: NationalAcademy Press, p. OLIVEIRA, M.V.M.; PÉREZ, J.R.O.; ALVES, E.L. et al. Rendimento da carcaça, mensurações e peso dos cortes comerciais de cordeiros Santa Inês e Bergamácia alimentados com dejetos de suínos em confinamento. Revista Brasileira de Zootecnia, 2002, v.31, n.3, p , 2002 (supl.).

6 OSÓRIO, J. C. S; OSÓRIO, M. T., JARDIM, P. O. Métodos para avaliação da produção de carne ovina: in vivo, na carcaça e na carne. Pelotas: Editora Universitária/UfPel, p OSÓRIO, J.C.S.; OSÓRIO, M.T.M. Produção de carne ovina: Técnicas de avaliação in vivo e na carcaça. 2.ed. Pelotas, p.82, 2005 PINHEIRO, R. S. B.; JORGE, A. M. Medidas biométricas obtidas in vivo e na carcaça de ovelhas de descarte em diferentes estágios fisiológicos. Revista Brasileira de Zootecnia, v.39, n.2, p , QUEIROZ, L. O.; SANTOS, G. R. A.; MACÊDO, F. A. F. et al. Características quantitativas da carcaça de cordeiros Santa Inês, abatidos com diferentes espessuras de gordura subcutânea. Revista Brasileira Saúde e Produção Animal. v.16, n.3, p , RIISPOA. Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal. Disponível em: < Acesso em: 15 ago, SILVA, L. F.; PIRES, C. C. Avaliações quantitativas das proporções de osso, músculo e gordura da carcaça em ovinos. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, v. 29, n. 4, p , SILVA SOBRINHO, A. G. Criação de ovinos, 2. Jaboticabal: Funep, p THWAITES, C. J.; YEATES, N. T. M.; POGUE, R. F. Objective appraisal of intact lamb and mutton carcasses. Jounal of Agricultural Science. Cambridge, v. 63, p , WOOD, J.D.; MACFIE, H.J.H. The significance of breed in the prediction of lamb carcass composition from fat thickness measurements. Animal Production, v.31, n.3, p , AGRADECIMENTOS Agradeço a CAPES pela bolsa concedida, de 01/08/2013 a 30/12/2014. Agradecimento a FAPESP pela bolsa concedida: processo nº 2014/ , Fundação de

7 Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), com vigência de 01/01/2015 a 30/06/2016.