Daniel Spínola Pitta, presidente da APIBARRA A prestação do serviço de pilotagem em Portugal é competitivo em todos os aspetos
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1 7/22/2013 Daniel Spínola Pitta, presidente da APIBARRA A prestação do serviço de pilotagem em Portugal é competitivo em todos os aspetos Sines vai receber a quarta conferência da APIBARRA, no dia 7 de maio, que será subordinada ao tema Serviço Público de Pilotagem e a Ligação com os Stakeholders. A ausência de uma perceção adequada do serviço de pilotagem por entidades ligadas ao setor marítimo portuário esteve na origem da escolha deste tema para discussão nos trabalhos, explica Daniel Spínola Pitta, presidente da Associação dos Pilotos de Barra e Portos, adiantando que se trata de uma atividade de elevada importância para a segurança da expedição marítima nos troços de maior risco, caso da chegada e saída de um porto. TRANSPORTES EM REVISTA A APIBARRA (Associação dos Pilotos de Barra e Portos) vai organizar a sua quarta conferência, que irá decorrer no dia 7 de maio em Sines. Que importância tem este tipo de eventos para a associação e para os seus membros? Daniel Spínola Pitta As conferências da APIBARRA têm-se revestido de um especial interesse para os associados e para a própria associação, por servirem como fórum de
2 atualização do State of the Art, em termos tecnológicos e organizacionais. Este ano, e com o modelo adotado, vai funcionar também como meio privilegiado de divulgação de uma atividade que permanece ainda desconhecida de grande parte da população, sendo que mesmo junto dos intervenientes na indústria dos transportes marítimos, existe por vezes, uma perceção desadequada da atividade da pilotagem. TR O tema desta quarta conferência é o Serviço Público de Pilotagem e a Ligação com os Stakeholders. O que levou a APIBARRA a abordar esta temática? DSP Tal como referimos anteriormente, o facto de não existir uma perceção adequada do serviço de pilotagem, o que facilmente se evidencia pelas declarações que frequentemente têm vindo a público, por parte de alguns Stakeholders ou outras entidades ligadas ao sector marítimo-portuário, levou a APIBARRA a alargar o universo de participantes, efetuando um esforço adicional no sentido de tentar comunicar de forma mais consentânea com a essência, realidade e importância do serviço de pilotagem. Por outro lado, pretendemos também criar um espaço de debate alargado, onde se deseja que resultem novas oportunidades, para melhorar ainda mais, a qualidade do serviço prestado atualmente. TR Em entender da APIBARRA, qual é a importância que esta atividade tem para a indústria do transporte marítimo, a segurança marítima e as cadeias logísticas? DSP Esta atividade reveste-se da maior importância na medida em que garante a segurança da expedição marítima nos troços de maior risco, como são a chegada e saída de porto, sendo esta importância consagrada pela IMO (International Maritime Organization), instituição reguladora da segurança marítima a nível mundial, sendo nestas matérias totalmente idónea, e que refere a este propósito: Pilots with local knowledge have been employed on board ships for centuries to guide vessels into or out of port safely - or wherever navigation may be considered hazardous.
3 Esta importância estende-se ainda, além dos sectores mencionados, a toda a área portuária, pois, ao contribuírem para a ausência de acidentes estão a garantir a salvaguarda da vida humana, a integridade de bens e património histórico, a própria manutenção do ambiente ao evitar poluição, e não menos importante a continuidade do negócio portuário e imagem do porto. Do reconhecimento da abrangência desta importância decorre a natureza de serviço público conforme consagrado no diploma legal que regula a atividade, Decreto-Lei 48/2002 de 2 de março - "A atividade da pilotagem é o serviço público que consiste na assistência técnica aos comandantes das embarcações nos movimentos de navegação e manobras nas águas sob soberania e jurisdição nacionais, de modo a proporcionar que os mesmos se processem em condições de segurança" e assim acontecendo, desde 1859, data em que foi decretado o primeiro Regulamento de Pilotagem a nível nacional. O Piloto da barra é portanto um profissional, certificado como Oficial Náutico da Marinha Mercante, que desempenha as funções de conselheiro do Comandante de um navio, na condução segura do mesmo em águas restritas de um porto de escala. O Piloto tem um conhecimento profundo da costa, bem como das águas interiores do porto, para o qual está licenciado, reconhecendo os seus baixos, correntes, marés, condições meteorológicas e ainda da regulamentação e restrições portuárias, usando os anos de experiência para uma condução segura do navio que pilota. A primeira coisa que o piloto faz ao chegar à Ponte de comando é explicar cuidadosamente ao Comandante qual será o trajeto que o navio seguirá, a manobra a efetuar, meios a utilizar, condições de tempo e toda a outra informação
4 essencial à manobra do navio em segurança. O Comandante do navio está com ele familiarizado, bem como com a sua tripulação, contudo, nada o obriga a conhecer as especificidades dos diversos portos de escala do seu navio, pelo que necessitará da experiência dum Piloto para garantir, que o navio, a sua tripulação, passageiros e carga, demandem o porto em segurança e eficiência. A atribuição do piloto na ponte, passa por dar ordens de leme para governar o navio e de máquina para controlar a velocidade do navio. Também é atribuição do piloto o contato com os serviços de controlo de tráfego para informar do movimento que o navio vai ou está a fazer, bem como para tomar conhecimento de outro tráfego na zona. O Piloto está também familiarizado com os diferentes sistemas de propulsão, desenho de cascos, dos diferentes géneros de leme, característicos nos vários tipos de navios, e com estes reagem a uma dada velocidade em função das condições de vento, corrente e maré. Talvez a parte mais difícil do trabalho do piloto seja a atracação do navio ao cais. As dimensões do navio, a sua inércia e a massa de água deslocada, tornam os navios difíceis de parar, sendo ainda mais difícil com a presença de vento ou correntes. Um contacto não controlado com o cais pode trazer elevados prejuízos financeiros relativos a danos causados ao navio ou infraestruturas portuárias, bem como riscos de poluição e consequentes danos ambientais. TR Em Portugal, a organização do serviço público de pilotagem de barra está sob alçada das administrações portuárias, mas nalguns outros países a situação é diferente. Quais as principais correntes que existem neste campo e quais os exemplos escolhidos para serem apresentados nos trabalhos? DSP As formas de organização do serviço público de pilotagem são diversas, mas diferem
5 sobretudo no facto de serem prestadas diretamente pelo Estado ou Autoridade Portuária, ou através de concessionários, mantendo sempre o caráter de serviço público. Na conferência que vamos organizar serão apresentadas as principais formas de prestação e organização do serviço de pilotagem, contando para o efeito com o Presidente e o Secretário-geral da associação de pilotos espanhóis Colegio Oficial Nacional de Prácticos de Puerto, instituição que assume a forma de ordem profissional, resultado da importância estratégica que em Espanha a atividade da pilotagem tem, assim como de um representante da associação de pilotos europeus, EMPA (European Maritime Pilots Association), que apresentarão um panorama da atividade em Espanha, e na Europa, respetivamente. Levantando um pouco o véu, basicamente o serviço de pilotagem na Europa encontra-se maioritariamente concessionado a empresas detidas por pilotos (normalmente cooperativas), ou então é prestado por institutos públicos à semelhança do extinto INPP (Instituto Nacional de Pilotagem dos Portos), antes de os pilotos portugueses serem integrados nas administrações portuárias. O modelo português, tal como os pilotos privados dos terminais (situação que é absolutamente residual e só se verifica nos terminais de uso privativo) é aquele que é menos praticado na Europa. Ao longo da conferência tentaremos caraterizar sumariamente as diversas formas de prestação do serviço, com um enfoque especial nos níveis de segurança e ainda nos tarifários prestados, demonstrando que o tipo de organização que temos em Portugal é bastante competitivo em todos os aspetos. TR Quais são os principais desafios que se apresentam à atividade do serviço público de pilotagem de barra? DSP Sendo a pilotagem uma atividade com séculos de existência, tem sabido adaptar-se de forma a manter-se sempre nos níveis mais elevados de segurança. Esta adaptação assume hoje em dia quatro desafios cruciais: o aumento da dimensão dos navios, a utilização e harmonização das mais modernas tecnologias, a procura da forma de prestação do serviço que garanta os mais elevados níveis de segurança, conforme é a essência do serviço público de pilotagem, e a componente económica, que cada vez mais ganha uma maior preponderância, não só com os custos associados ao próprio serviço, como as pressões exercidas junto dos comandantes, no que diz respeito à utilização de rebocadores. É do conhecimento geral que tem havido uma aumento assinalável das dimensões dos navios, sendo comum a utilização do termo gigantismo, contrapondo-se por outro lado ao exercício da atividade do serviço de pilotagem em portos que não tem conseguido aumentar na exata proporção dos navios, exigindo-se assim dos pilotos maiores qualificações. Neste aspeto, tornou-se comum o recurso a novas tecnologias como os PPU Portable Pilot Units ou o DUKC Dynamic Under Keel Clerarance, que apoiam os pilotos na tomada de decisão e que claramente rentabilizam as manobras, mantendo elevados níveis de segurança. Por outro lado estão em estudo novos conceitos como o e-navigation que assentam sobretudo na partilha de informação, navio/terra terra/navio, possibilitando efetuar manobras com maiores níveis de precisão e fiabilidade, aumentando ainda mais a segurança e qualidade do serviço prestado. Por fim, outro dos desafios que nos vem sendo colocado, prende-se com a falta de qualificação das tripulações e a redução do número de tripulantes, o que traz problemas acrescidos no que diz respeito à segurança em geral e, muito especificamente, quando durante a prestação do serviço de pilotagem necessitamos de ter uma equipe da Ponte a trabalhar em perfeita harmonia.
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