CONTABILIDADE NACIONAL
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- Lucas Gabriel Estrela Fagundes
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1 CONTABILIDADE NACIONAL 1) Conceitos Básicos O que é a CN? A contabilidade nacional é uma técnica que tem por objectivo medir a atividade económica de um país nas suas diversas vertentes. Funciona como um instrumento de análise da situação económica, de quantificação dos objectivos de política económica e de controlo do modo como as metas económicas vão sendo cumpridas. Variáveis fluxo e variáveis stock As variáveis fluxo medem-se ao longo de um período de tempo (ex: rendimento, deficit) e distinguem-se das variáveis stock que se medem num determinado momento do tempo (riqueza, dívida). A CN mede essencialmente fluxos. Deflator O deflator é um índice agregado de preços (do tipo índice de Paasche) que permite obter a variação do nível de preços entre o ano base e o ano corrente. Preços correntes e preços constantes Os valores podem exprimir-se a preços correntes ou a preços constantes. A valorização diz-se a preços correntes quando toma por referência os preços desse mesmo ano. Quando a valorização é efectuada com base em preços de um outro ano, diz-se a preços constantes desse outro ano. Uma série de valores a preços constantes procura refletir variações nas quantidades (reais). Uma série de valores a preços correntes (nominal) reflete variações de preços e de quantidades. 1
2 2) Critérios de valorização do produto 2.1) agregados líquidos e brutos: I b = I l + Am PB = PL + Am Amortizações correspondem ao consumo de capital fixo, isto é, a depreciação sofrida no decurso do período considerado pelos bens de equipamento cuja utilização se reparte por vários períodos. Atenção: Às vezes, usa-se o termo líquido para referir uma diferença, como por exemplo: exportações líquidas (X-M); impostos diretos líquidos de subsídios; Salários líquidos (de impostos). 2.2) delimitação da atividade económica: Interno produto gerado dentro de fronteiras geográficas. Nacional produto gerado pelos residentes do país. Residente é o individuo que habita no país há mais de um ano. PN = PI + REX REX = Rend. Recebidos Exterior - Rend. Pagos Exterior (corresponde ao saldo da balança de rendimentos, componente da balança de pagamentos) Ex: i) o Sr. Carlos, que é residente em Portugal, e vai fazer vindimas em França durante o mês de Setembro, contribui com o seu salário para o produto interno francês e para o produto nacional português; ii) o Sr. Klaus, que é residente na Alemanha, é titular de certificados de aforro portugueses, contribui com os juros para o produto interno português, mas não para o produto nacional português. 2
3 2.3) Preços de mercado versus custo de factores: PIB pm = PIB cf + (T i Z) 3) Ópticas de medição do produto A medição do produto pode ser feita por 3 ópticas diferentes: óptica do produto, a óptica do rendimento e a óptica da despesa. 3.1) Óptica do Valor Acrescentado Σ VAB cf = PIB cf Valor acrescentado é a diferença entre o valor dos bens e serviços produzidos num dado período (produção) e o valor dos bens e serviços correntes consumidos no mesmo período (consumo intermédio) por uma unidade, ramo ou sector. 3.2) Óptica da despesa DI = PIB pm = C + G + I b + X M (Quadro II.3.1 do B.Portugal) em que, Conceitos: I b = FBCF + ΔE FBCF = FBCF p + FBCF g Procura interna (Absorção): A= C + G + I b Procura externa: X Consumo Público: G = Vencimentos maos consumos intermédios FBCF é o valor dos bens duradouros adquiridos para serem utilizados por um período superior a um ano. 3
4 ano. ΔE é a diferença entre as entradas e saídas de existências, no decurso de um 3.3) Óptica do rendimento Rendimento Nacional (RN) RI = PIL cf = W b +SS e +J b +R b +L b Em que W b + SS e são as remunerações do trabalho e J b +R b +L b representam as remunerações do capital a que também se chama Excedente Bruto de Exploração (EBE). RN = PNL cf = RI+REX O RN é uma medida de atividade económica. Traduz o nível de utilização da capacidade produtiva do país. É calculado pela soma das remunerações pagas pelos empregadores dos factores produtivos (e não das auferidas pelos detentores), por forma a captar a produtividade. Por isso, usam-se as remunerações antes de impostos. Aos salários brutos soma-se a segurança social paga pelas empresas, porque o que se pretende é avaliar as despesas efectuadas com o pessoal. Por vezes, nas estatísticas oficiais aparece o Excedente Bruto de Exploração (EBE): EBE= J b + R b + L b +Am Quando assim é, o quadro do RN toma a forma: RN (bruto) = W b + SS e + EBE + REX Outro conceito relevante é o de Rendimento da Propriedade e da Empresa (REP): REP = EBE +REX RN (bruto) = W b + SS e + REP 4
5 4) Rendimento disponível 4.1) Do Sector privado Rendimento disponível do sector privado obtém-se da seguinte forma: RD p = RN T d SS + Jdp + Tr gf + Tr xf REP g, = W b +SS e +J b +R b +L b + REX T d SS + Jdp + Tr gf + Tr xf REP g = W b - SS f +J b +R b +L b + REX T d + Jdp + Tr gf + Tr xf REP g = W l + J l + R l +L l + REX + Jdp + Tr gf + Tr xf - REP g em que REP g é o rendimento da empresa e da propriedade do governo, SS = SS e + SS f e Tr xf são correntes e líquidas (saldo). O rendimento disponível do sector privado tem os seguintes usos: RD p = C + S p As transferências correspondem a um movimento monetário que não é contrapartida de bem ou serviço (ex: as pensões de reforma). São rendimento, mas como não remuneram factores fazem parte do rendimento nacional. Os Jdp são uma fonte de rendimento mas não são considerados no cálculo do rendimento nacional pois a dívida pública não é considerada produtiva. Por isso, os JdP são tratados como transferência. 4.2) Dos Particulares Rendimento disponível dos particulares: RD f = RD p S e = W b +SS e + REP T d - SS+ Jdp + Tr gf + Tr xf REP g - S e = W l + J l + R l + L l + Jdp + Tr gf + Tr xf + Jdp +REX REP g -S e = W l + J l + R l +Div + Jdp + Tr gf + Tr xf + REX REP g S f = RD f C = S p - S e 5
6 L l = S e + Div Div = L l - S e Repare-se que o lucro bruto pode ser decomposto em L b = L l + Td e = S e + Div + Td e. Td e =Impostos directos sobre as empresas (IRC) S e = Poupança das empresas (lucros retidos) 4.3) Do Sector Público RDg= G+ S g Em que Poupança do Sector Público = Receitas correntes Despesas correntes S g = T d + T i + SS + Tr xg + REP g - G Z Jdp Tr gf RDg = G+ T d + T i + SS + Tr xg + REP g - G Z Jdp Tr gf = T d + T i + SS + Tr xg + REP g Z Jdp Tr gf 4.4) Da Nação RD n = RD p + RD g = W b +SS e + REP T d - SS+ Jdp + Tr gf + Tr xf REP g + + T d + T i + SS + Tr xg + REP g Z Jdp Tr gf = PNL cf + Ti Z + Tr xf + Tr xg = PNL pm + Tr xf + Tr xg = PNL pm + Tr x 6
7 despesa: Outra forma de olhar para o rendimento disponível da nação é partir da óptica da PIB pm = C + G + I b + X M = A + X-M A= C + G + I b (procura interna) O PIB pm mede a produção dentro das fronteiras geográficas e é igual à soma da procura interna com a balança de bens e serviços Se ao PIB pm acrescentarmos o REX, ficamos com uma medida da produção nacional (critério da residência): PNB pm = A + X-M + REX Para chegarmos ao rendimento disponível (aquilo que temos disponível para gastar), temos que acrescentar as transferências do exterior e retirar as amortizações, que representam as perdas pela erosão do capital. Assim: RD n =PNB pm + Tr x Am= = A + (X-M + REX + Tr x ) Am =A+BCC-Am 4.5) Do exterior balança corrente e de capital =simétrico da poupança externa) BCC= - S x = X M + REX + Tr xg + Tr xf Balança de bens e serviços = X M. REX= Balança de rendimentos Tr xg + Tr xf = Balança de transferências unilaterais BBC = Balança corrente + balança de capital 7
8 5) Identidade fundamental : Considerando as poupanças de cada sector vem S g = T d + T i + SS + Tr xg - G Z Jdp - Tr gf + REP g S p = W b +SS e +J b + R b + L b + Tr gf + Tr xf + Jdp + REX REP g C T d -SS S x = M X REX - Tr x Somando as poupanças tem-se, S g + S p + S x = T i Z G + PIL cf +(T i Z + REX) C + M X (T i - Z + REX) = PNL pm G C + M X REX = PIL pm ( C + G + X M + I b - I b ) = PIL pm (PIB pm I b ) = Am + I b S g + S p + S x +Am=I b O somatório das poupanças é igual ao investimento bruto. 8
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