8. Inflação e Planos de Estabilização Planos de estabilização no Brasil até o Real
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1 8. Inflação e Planos de Estabilização Planos de estabilização no Brasil até o Real Modenesi (25: cap.4, s.1-3 e cap.5) 27/11/218 1
2 fev/39 mar/41 abr/43 mai/45 jun/47 jul/49 ago/51 set/53 out/55 nov/57 dez/59 jan/62 fev/64 mar/66 abr/68 mai/7 jun/72 jul/74 ago/76 set/78 out/8 nov/82 dez/84 jan/87 fev/89 mar/91 abr/93 mai/95 jun/97 jul/99 ago/1 set/3 out/5 nov/7 dez/9 jan/12 fev/14 mar/16 Histórico Até o advento do Real, a história econômica do Brasil é marcada por longos períodos de elevada taxa de inflação Histórico de Inflação ( ) IGP-DI IPC-Fipe Fonte: BCB -5 Histórico de Inflação ( ) 27/11/218 IGP-DI IPC-Fipe 2
3 fev/39 fev/4 fev/41 fev/42 fev/43 fev/44 fev/45 fev/46 fev/47 fev/48 fev/49 fev/5 fev/51 fev/52 fev/53 fev/54 fev/55 fev/56 fev/57 fev/58 fev/59 fev/6 fev/61 fev/62 fev/63 fev/64 fev/65 fev/66 fev/67 fev/68 fev/69 fev/7 fev/71 fev/72 fev/73 fev/74 fev/75 fev/76 fev/77 fev/78 fev/79 Histórico 2 Histórico de Inflação ( ) IGP-DI IPC-Fipe Histórico de Inflação ( ) /11/218 Fonte: BCB 3
4 jan/8 jun/8 nov/8 abr/81 set/81 fev/82 jul/82 dez/82 mai/83 out/83 mar/84 ago/84 jan/85 jun/85 nov/85 abr/86 set/86 fev/87 jul/87 dez/87 mai/88 out/88 mar/89 ago/89 jan/9 jun/9 nov/9 abr/91 set/91 fev/92 jul/92 dez/92 mai/93 out/93 mar/94 ago/94 Histórico Histórico de Inflação ( ) 3 IGP-DI IPC-Fipe Histórico de Inflação ( ) IGP-DI Fonte: BCB 27/11/218 4 IPC-Fipe
5 jan/95 abr/95 jul/95 out/95 jan/96 abr/96 jul/96 out/96 jan/97 abr/97 jul/97 out/97 jan/98 abr/98 jul/98 out/98 jan/99 abr/99 jul/99 out/99 jan/ abr/ jul/ out/ jan/1 abr/1 jul/1 out/1 jan/2 abr/2 jul/2 out/2 jan/3 abr/3 jul/3 out/3 Histórico 7 Histórico de Inflação ( ) IGP-DI IPC-Fipe Histórico de Inflação ( ) IGP-DI Fonte: BCB 27/11/218 5 IPC-Fipe
6 jan/4 jun/4 nov/4 abr/5 set/5 fev/6 jul/6 dez/6 mai/7 out/7 mar/8 ago/8 jan/9 jun/9 nov/9 abr/1 set/1 fev/11 jul/11 dez/11 mai/12 out/12 mar/13 ago/13 jan/14 jun/14 nov/14 abr/15 set/15 fev/16 jul/16 dez/16 mai/17 out/17 Histórico 2,5 Histórico de Inflação (24-217) 2 1,5 1,5 -,5-1 -1,5 IGP-DI IPC-Fipe Histórico de Inflação (24-217) IGP-DI IPC-Fipe Fonte: BCB 27/11/218 6
7 Histórico Crescimento do PIB Fonte: BCB 28/11/218 7
8 Tese da inflação inercial Choque Heterodoxo: Francisco Lopes, PUC-Rio A ideia de inflação inercial é muito simples. Quando uma determinada sociedade convive por longo tempo com a inflação, os agentes econômicos desenvolvem uma tecnologia de indexação, ou seja, uma tecnologia para conviver com a inflação defendendo-se de seus efeitos mais nocivos, principalmente os distributivos. Isto é perfeitamente racional do ponto de vista individual, mas a soma destas racionalidades privadas produz um resultado irracional do ponto de vista coletivo: uma inflação que se auto-sustenta e que resiste com sucesso às tentativas de combatê-la através dos instrumentos convencionais de política monetária e fiscal. O componente inercial da inflação torna-se dominante, e o sistema econômico fica preso na armadilha de uma inflação, cuja principal causa é a própria inflação. (Lopes, 1986, p.8 apud Modenesi, 25). 28/11/218 8
9 Tese da inflação inercial Choque Heterodoxo: Francisco Lopes, PUC-Rio Baseada nas evidências de que a inflação não tinha relação direta com déficit público e não responde à contração monetária, tal como defendido pelos autores ortodoxos ineficácia dos controles de demanda tradicionais. Enfatizava a estrutura oligopolista, conflito distributivo e os mecanismos inerciais derivados de indexação formal e informal presentes em ambiente de inflação crônica. Proposta de eliminação da indexação por meio do congelamento geral de preços (incluindo câmbio) e rendimentos, seguido por período de descompressão dos controles, apesar de reconhecer o problema de assincronia no reajuste dos preços (subestimado). 28/11/218 9
10 Tese da inflação inercial Moeda Indexada - André Lara Resende e Pérsio Arida (PUC-Rio) Contrários ao congelamento que engessava a economia, eliminando o mecanismo de autorregulação dos mercados via preços e causando distorções alocativas insustentáveis ênfase no problema da assincronia dos reajustes de preços. Sugerem desindexar a economia através da introdução de uma moeda indexada que circularia paralelamente à moeda oficial (que veio a ser a base do Real via URV), a partir das experiências europeias no controle de hiperinflações na década de 192. Com a divulgação da taxa de equivalência diária, a inflação continuaria na moeda velha, mas não na nova, de adesão voluntária. A reforma monetária atacaria o componente inercial da inflação sem os efeitos recessivos das políticas ortodoxas ou de distorção de preços do congelamento. 28/11/218 1
11 Planos de Estabilização Plano Cruzado (2/1986 a 2/1987) o Cruzadinho (7/1986) o Cruzado II (11/1986) Plano Bresser (6/1987) o Política do Feijão com Arroz (1/1988) Plano Verão (1/1989) Plano Collor I (3/199) Plano Collor II (2/1991) Plano Real (7/1994) 27/11/218 11
12 Fonte: CASTRO, L.B., HISTÓRIA PRECOCE DAS IDÉIAS DO PLANO REAL, Dissertação, UFRJ, /11/218 12
13 28/11/218 Fonte: CASTRO, L.B., HISTÓRIA PRECOCE DAS IDÉIAS DO PLANO REAL, Dissertação, UFRJ,
14 28/11/218 Fonte: CASTRO, L.B., HISTÓRIA PRECOCE DAS IDÉIAS DO PLANO REAL, Dissertação, UFRJ,
15 Choques de estabilização Os choques de estabilização se mostraram perversos: os congelamentos perdem eficácia (menos abrangentes e mais curtos); seguidos de acentuação do processo inflacionário, reajustes mais frequentes para defender suas participações na renda; as bruscas variações da inflação nos ciclos congelamento/flexibilização provocam redistribuições de renda; e com desalinhamento de preços há desabastecimento, greves e o aumento da incerteza tem reflexos negativos sobre os investimentos. 27/11/218 15
16 Plano Real No plano real foi implementada uma versão adaptada da proposta original Larida. Não houve a paralela circulação da moeda nova e da moeda velha, mas apenas uma unidade de conta, a Unidade Real de Valor (URV). Sua concepção baseava-se na ideia da combinação de uma reforma monetária, que eliminaria o componente inercial da inflação, combinado a um ajuste fiscal, para eliminar o desequilíbrio que viria à tona com a eliminação do efeito Tanzi às avessas (corrosão das despesas pela inflação mantida a receita indexada), compondo as duas primeiras fases do plano, acompanhado da adoção da âncora cambial para sustentar o controle da inflação, que seria a fase final. Vale notar que o controle da inflação foi bem sucedido pelo Plano Real, apesar de a etapa de ajuste fiscal não ter conseguido efetivamente assegurar o equilíbrio das contas do governo ao longo do tempo. 28/11/218 16
17 Plano Real Reforma Monetária Partiu-se do princípio de que para acabar com a inflação era preciso zerar a memória inflacionária. Mas, em vez da utilização de congelamento de preços, a desindexação seria feita de forma voluntária, através de uma quase moeda. Assim, a URV começou a vigorar a partir do dia 1º de março de Entre 1º de março e 3 de junho, o Banco Central fixou diariamente a paridade entre o cruzeiro real e a URV, tendo por base a perda do poder aquisitivo do cruzeiro real. Para evitar que ocorresse a fuga da moeda velha para a nova, estipulou-se que, simplesmente, não existiria uma nova moeda, mas apenas uma nova unidade de conta. 28/11/218 17
18 Plano Real Reforma Monetária No momento da transação, convertia-se o preço da mercadoria expresso em URV em CR$ pela cotação do dia da URV. Com isso, a inflação persistia na moeda em circulação (CR$), mas não na unidade de conta, cujo valor era corrigido pela própria inflação. As correções dos valores das mercadorias em URV (para cima ou para baixo) refletiam o processo de disputa dos agentes pela participação na renda, ou seja, o processo de ajustamento dos preços relativos, que correspondia justamente ao objetivo dessa fase, para evitar choques posteriores. O voluntarismo na adesão à urverização dos contratos reforçava a ideia de que o Plano Real respeitava, ao máximo, os mecanismos de mercado. Quando praticamente todos os preços estavam expressos em URV, o governo introduziu a nova moeda, o Real (R$), em 1º de julho, cujo valor era igual ao da URV do dia: CR$ 2.75,. Todos os preços em CR$ eram convertidos em R$, dividindo-se pelo valor da URV do dia D. 28/11/218 18
19 Plano Real da âncora monetária à âncora cambial Originalmente, previa-se concessão de poder liberatório à unidade de conta e estabelecimento das regras de emissão e lastreamento da nova moeda (real) de forma a garantir a sua estabilidade regime de metas monetárias. Com o controle da expansão monetária e da demanda, limitar-se-ia a capacidade dos agentes de repassar custos para preços âncora monetária entre julho e setembro de No entanto, as metas monetárias foram ultrapassadas, por motivos como a remonetização da economia (i.e. redução da velocidade de circulação da moeda) e entrada de divisas (em contexto de paridade fixa R$/US$ = 1), que elevou demasiadamente a demanda por moeda. Em contexto de liquidez abundante, a estabilização acabou sendo feita por meio do uso dos juros elevado e do câmbio valorizado, que chegou a R$/US$ =,84, como âncora para os preços âncora cambial eliminando conflito entre as âncoras. 28/11/218 19
20 jul/94 set/94 nov/94 jan/95 mar/95 mai/95 jul/95 set/95 nov/95 jan/96 mar/96 mai/96 jul/96 set/96 nov/96 jan/97 mar/97 mai/97 jul/97 set/97 nov/97 jan/98 mar/98 mai/98 jul/98 set/98 nov/98 jan/99 mar/99 mai/99 Plano Real âncora cambial A política cambial seguiu as etapas de flutuação cambial (7/94-9/94), taxa de câmbio fixa (1/94-2/95), banda cambial deslizante (3/95-9/95) e banda cambial rastejante (1/95-12/98) pressão de custo e concorrência em contexto de maior abertura comercial, o que ajudou a manter a inflação sob controle, mas gerou deterioração contas externas. 2, Taxa de câmbio - Livre - Dólar americano (compra) - Fim de período - mensal - u.m.c./us$ 2 1,5 1,5 28/11/218 2
21 Plano Real Criação da URV: separação da função de unidade de conta, exercida pela Unidade Real de Valor, da função de meio de pagamento, exercida pela moeda corrente, o cruzeiro real, CR$, enquanto a função de reserva de valor permanecia por meio de indexação com correção diária pela URV corrigida por uma composição de índices de preços (IGP-M, IPCA, IPC). Arquitetura conceitual: progressiva conversão dos preços à nova moeda de conta por meio de adesão voluntária, manutenção de equilíbrio entre débitos e haveres, coordenação decisória realinhamento dos preços relativos. Processo de estabilização: substituição do meio circulante, controle da oferta de moeda (recomposição do CMN), restrição à liquidez, sustentação do câmbio (âncora cambial) e abertura da economia, acompanhado de processo de ajuste fiscal (pouco efetivo). 28/11/218 21
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