UMA REVISÃO ABRANGENTE SOBRE OS CUIDADOS PALIATIVOS
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- Paula Palha de Lacerda
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1 UMA REVISÃO ABRANGENTE SOBRE OS CUIDADOS PALIATIVOS A COMPREHENSIVE REVIEW ON PALLIATIVE CARE TASSIANE AMADO DE PAULA, THALIA NUMES DOS SANTOS e DALINE GOMES DA SILVA 1 ISADORA SANTOS BUENO, LUCAS PAULO DE SOUZA e LUISA BENDER CAUDURO 2, SABRINA DOS SANTOS RUVER, KAREN MOREIRA GAMA e AMANDA LOPES 3, LUCAS DE AZAMBUJA RAMOS 4 RESUMO Os cuidados paliativos são uma abordagem que visa promover, avaliar, prevenir e aliviar sintomas físicos e psíquicos, através da promoção de qualidade de vida aos pacientes enfermos e aos familiares/cuidadores. O objetivo deste artigo é elucidar como uma equipe de saúde composta 1 Acadêmicos da Escola de Medicina da PUCRS 2 Acadêmicos do quinto semestre do Curso de Enfermagem da Escola de Ciências da Saúde da PUCRS 3 Acadêmica do décimo semestre do curso de Psicologia da Escola de Ciências da Saúde da PUCRS 4 Médico do Núcleo de Cuidados Paliativos do Hospital São Lucas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS)
2 94 por profissionais de diferentes áreas utilizam estratégias efetivas de comunicação entre si, entre os familiares/cuidadores e entre o paciente que está sob cuidados paliativos. Palavras-chave: Cuidados Paliativos, Comunicação em Saúde, Equipe de assistência ao paciente. ABSTRACT Palliative Care is an approach that intends to evaluate, prevent and to relief physical and mental symptoms by promoting a better quality of life to the patients and their family/caregivers. This article seeks to illustrate how a health care team composed of professionals from different areas can use effective communication skills between themselves, between the families and the patient who is under the palliative care. Keywords: Palliative care, Health communication, Patient care team INTRODUÇÃO Os Cuidados Paliativos (CP), de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), são uma abordagem que promove qualidade de vida aos pacientes e a seus familiares diante de doenças que ameaçam à vida, através da prevenção e do alívio do sofrimento (1). Essas doenças, frequentemente atingem um estágio onde não há mais possibilidade de cura para o enfermo, os quais, muitas vezes, recebem uma assistência inadequada, quase sempre focada na tentativa de cura, utilizando métodos invasivos. Essa assistência, por sua vez, posterga o final da vida sem proporcionar benefícios à vida do paciente, sendo os CP uma alternativa para essa situação (2). Dentre os objetivos dos CP estão a identificação precoce; a avaliação e o manejo dos sintomas físicos, psíquicos e espirituais; habilidade de trabalho em equipe interdisciplinar; diálogo entre
3 95 os profissionais das diversas áreas da saúde; diálogo conciso da equipe com o paciente e seus familiares, respeitando a autonomia do paciente; o compromisso ético-social; a afirmação da vida e consideração da morte como um processo natural e o oferecimento de suporte para o paciente e sua família para enfrentarem o luto (3). Os CP no Brasil iniciaram em 1980, tendo ocorrido um crescimento significativo a partir dos anos 2000, porém ainda hoje são poucos os locais que investem nesta abordagem, levando-se em consideração a extensão geográfica e as necessidades do país (2). Dentre as dificuldades encontradas para o uso dos CP está a forma como os profissionais de saúde entendem o processo saúde-doença, morte e morrer (3). OBJETIVO O objetivo deste trabalho é elucidar questões relacionadas ao conceito de cuidados paliativos, a importância de uma equipe multidisciplinar e de uma comunicação efetiva entre os membros desta equipe envolvida nos cuidados de pacientes em cuidados paliativos. MATERIAL E MÉTODOS Foi realizada uma revisão da literatura entre o período de 2006 a 2018, nas bases de dados Pubmed ( Palliative care/palliative medicine [Mesh] OR Palliative care/health communication [Mesh] OR Palliative care /Patient care team [Mesh] OR Palliative care/ Chronic disease [Mesh] OR Palliative care/ Hospice care [Mesh] OR Paliliative care/ Pain management [Mesh] OR Palliative care/palliative care nursing at life terminal [Mesh] OR Palliative care/psychology [Mesh]). Foram incluídos artigos de revisão, análises sistemáticas e meta-análises. Foram incluídos artigos em inglês e português.
4 96 RESULTADOS Os CP começam a ser praticados no momento do diagnóstico do paciente, onde a medicina curativa atua em maior proporção; estendendo-se durante todo o curso da doença até a morte do indivíduo, onde, após a morte do paciente, segue-se os CP através do apoio psicológico aos familiares (4).(Figura 1) A avaliação precoce dos CP em pacientes com doenças que ameaçam à vida é imprescindível não só para o paciente e sua trajetória de doença - uma vez que, quando a abordagem dos CP é realizada antecipadamente, é possível melhorar a qualidade de vida desses indivíduos, aumentar a sobrevida dos pacientes e reduzir o uso de serviços de saúde - (5); mas também é importante para a equipe de saúde que consegue realizar um planejamento multidisciplinar focado no paciente e não na doença e controle de seus sintomas em si. Yoong et al, observou que o envolvimento tardio dos pacientes em CP está correlacionado com situações de crise e o acompanhamento é baseado no manejo de dor e outros sintomas físicos (6). O enfoque da equipe multidisciplinar nos CP antecipados deve envolver a habilidade de comunicação de qualidade entre equipe-paciente-família, sendo minuciosa e centrada no paciente (7). A habilidade de comunicação baseia-se na tomada de decisão compartilhada (TDC) na qual a equipe, através de uma conversa empática, priorize o paciente e não sua doença, levando em consideração seus desejos e necessidades, aspectos físicos e psicológicos, questões espirituais e convivência familiar (3). A comunicação efetiva é um processo que envolve troca de informações entre os profissionais e o paciente/familiar, compreensão mútua, apoio e tempo. Muitas vezes a comunicação não se faz através da linguagem verbal, e sim da linguagem não-verbal, na qual os pacientes observarão se há honestidade, empatia e apoio através do olhar, dos gestos ou do próprio silêncio da equipe e da família (3). Os CP envolvem uma abordagem multidisciplinar, sendo de fundamental importância que a equipe de CP seja composta por profissionais de diferentes áreas da saúde e em cada área haja uma abordagem diferenciada no manejo adequado do paciente em CP. De acordo com a percepção da medicina, o
5 97 médico possui toda a sua formação acadêmica voltada para o diagnóstico e tratamento de comorbidades. Quando está diante de um paciente que necessita de CP, o foco deixa de ser a doença e passa a ser o paciente abrangendo seus aspectos físicos, psicológicos, sociais e espirituais; assim, o médico deve saber manejar esta situação. Neste caso, é dever do médico avaliar a real situação do paciente, medicar e utilizar outras terapias, aliviar sintomas físicos; além de em uma equipe multidisciplinar de CP, ser o responsável pela coordenação da comunicação eficaz entre os profissionais envolvidos, o paciente e os familiares, que esperam ouvir do médico as informações a respeito do curso da doença. É fundamental ressaltar que o profissional da medicina não deve passar para os outros integrantes da equipe a responsabilidade de conversar sobre os aspectos diretamente ligados ao paciente e a sua doença; bem como é fundamental que haja uma linguagem em comum entre todos integrantes da equipe de saúde (2). Já a equipe da enfermagem, além de atuar no bem-estar e manejo da dor e outros sintomas físicos do paciente e seus familiares, promove suporte aos anseios e necessidades; bem como incentiva a questão da espiritualidade de cada paciente e seus familiares/cuidadores, visto que o conjunto de medidas visa proporcionar melhor qualidade de vida e um final de vida humanizado (8,9). Silva et al, em 2016, mencionou que o fato de não atender as necessidades religiosas de cada paciente é um ato de imperícia do cuidado (10). A enfermagem possui como papel não só o foco na doença e em suas consequências, mas também visualiza o ser humano em toda a sua totalidade e individualidade (11). Um estudo de característica qualitativa, aponta que a humanização é indispensável nesse processo, e que o cuidado deve ser voltado para o paciente e não para a sua patologia; bem como a escuta, nessa fase, torna-se essencial (12). Por outro lado, em relação a atuação dos profissionais da psicologia, os CP são exercidos em prol da integridade das relações da equipe com o paciente e seus familiares/ cuidadores, promovido através da comunicação efetiva, com o objetivo de proporcionar a adesão aos cuidados propostos. A capacidade de escuta é ferramenta sine qua non ao profissional da saúde mental, sendo o membro de uma equipe multidisciplinar que possui mais sensibilidade em empatizar
6 98 com o paciente e que possui mais técnica em acolher o sofrimento do paciente (13). Além disso, a atuação do psicólogo em CP auxilia os familiares e o paciente com relação quebra do silêncio ( conspiração do silêncio ), a fim de que se possa falar com o paciente sobre a sua doença, fornecendo-lhes as informações necessárias ao tratamento. Em determinadas situações, os esclarecimentos das informações ao paciente são negados por parte da família devido à crença de que isso poderá acarretar prejuízo a sua saúde emocional. Desse modo, o psicólogo contribui para que os doentes e familiares falem sobre o problema, favorecendo a elaboração psíquica para o enfrentamento da doença, construindo experiências de adoecimento, do processo de morte e do luto, através do compartilhamento das angústias do momento vivido pelo paciente, estimulando o enfermo a buscar recursos internos para assim trabalhar o sofrimento psíquico, favorecendo a ressignificação dessa experiência que é o adoecer (14,15). Ademais, o papel do psicólogo pode abranger funções desde o apoio psicológico à equipe multidisciplinar que se envolve com o doente até facilitar o processo de luto dos familiares (13). CONCLUSÃO O presente estudo possibilitou uma discussão acerca das estratégias efetivas de comunicação e da importância de uma equipe multidisciplinar envolvida nos CP. A análise dos artigos foi realizada através da revisão de quinze artigos científicos com o objetivo de embasar o conteúdo dissertado de forma que indivíduos interessados na área possuam uma visão abrangente do tema. Os CP iniciam no momento do diagnóstico de uma patologia e se estendem durante todo o curso da doença até após a morte do paciente. Atuar o mais breve possível possibilita melhora na qualidade de vida e aumento da sobrevida do enfermo. As estratégias de uma comunicação efetiva entre equipe-paciente-família é crucial, sendo realizada através da TDC, respeitando os anseios do paciente e de seus familiares. O papel dos profissionais da medicina, enfermagem e psicologia em uma equipe multidisciplinar envolvem não só o manejo e tratamento dos sintomas
7 99 físicos e psíquicos como também empatia e respeito a questões espirituais, levando-se em consideração o paciente como um todo. REFERÊNCIAS STRUPP, Julia et al. Analysing the impact of a case management model on the specialised palliative care multi-professional team. Supportive Care in Cancer, v. 26, n. 2, p , CARVALHO, Ricardo Tavares de; PARSONS, Henrique Afonseca. Manual de cuidados paliativos ANCP. In: Manual de cuidados paliativos ANCP CARVALHO, Karen Knopp de et al. Educational process in palliative care and the thought reform. Investigación y Educación en Enfermería, v. 35, n. 1, p , BUSS, Mary K.; ROCK, Laura K.; MCCARTHY, Ellen P. Understanding palliative care and hospice: a review for primary care providers. In: Mayo Clinic Proceedings. Elsevier, p SEOW, Hsien et al. Access to palliative care by disease trajectory: a population-based cohort of Ontario decedents. BMJ open, v. 8, n. 4, p. e021147, DHOLLANDER, Naomi et al. Differences between early and late involvement of palliative home care in oncology care: A focus group study with palliative home care teams. Palliative medicine, p , DABRH, Abd Moain Abu; SHANNON, Robert P.; PRESUTTI, Richard J. Sharing is Caring: Minimizing the Disruption with Palliative Care. Cureus, v. 10, n. 3, do Nascimento CAD, Silva AB, da Silva MC, Pereira MHM. A significação do óbito hospitalar para enfermeiros e médicos. Rev. Rene. 2006;7(1) Gobatto CA, de Araújo TCCF. Religiosidade e espiritualidade em oncologia: concepções de profissionais da saúde.psicol. USP.2013;24(1). Silva BS, Costa EE, Gabriel IGSPS, et al. Percepção de equipe de enfermagem sobre espiritualidade nos cuidados de final de vida. Cogitare Enferm; 2016 Out/dez; 21(4): Montgomery K, Hendricks-Ferguson V, Sawin K. Nurse communication during palliative care and end of life. J Pediatr Oncol Nurs. In press.
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