29 gestores que buscam sempre mais quantidade com qualidade, a pressão é inevitável. Trabalhadores com muitas horas de trabalho realizando atividades
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- Valdomiro Gomes Gusmão
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1 28 Pesquisa e Ação V4 N1: Maio de 2018 ISSN PREVENÇÃO DE DOENÇA DO TRABALHO POR LESÕES POR ESFORÇOS REPETITIVOS (LER) OU DISTÚRBIOS OSTEOMUSCULARES RELACIONADOS AO TRABALHO (DORT) EM UMA PRODUÇÃO COM FINAL DE LINHA MANUAL Priscilla do Espirito Santo 1, Mayara dos Santos Amarante 2 RESUMO: Este trabalho de conclusão de curso trata da prevenção de doenças ocupacionais causadas por movimentos repetitivos que os trabalhadores da área fabril estão sujeitos na realização de suas tarefas. Foi realizado um levantamento das doenças ocasionadas por (LER/DORT). Logo após foi indicado como surgiram as doenças ocupacionais e apresentar seus conceitos, definições e o que ocasionam essas doenças, foram associadas através de um meio de observação de um dia de trabalho na produção no final da máquina, quais dessas patologias podem afetar o profissional. Como um modo de acabar ou reparar esses riscos identificados nesse estudo, apontou-se como prevenção o método de revezamento de atividades, postura ergonômica e a automatização. Palavras-chave: Doenças ocupacionais, LER/DORT, lesão por esforço repetitivo, ergonomia. I. INTRODUÇÃO Os bens de consumo nos dias atuais são praticamente indispensáveis para o dia a dia, podemos encontrar esses produtos na maioria das casas independentemente de sua classe social, é claro que para cada situação financeira o seu consumo varia em quantidade, preços, marcas entre outros, porém não deixam de ser existentes. Desse modo, logo se pensou que a produção desses materiais seria um negócio lucrativo e com a expectativa de decadência mínima, assim as grandes indústrias buscam a cada dia mais inovação e competitividade no mercado para agradar seus consumidores para que o aumento das vendas seja assertivo. Com a produção em alta, a maioria das empresas estão repaginando o layout de suas operações, evoluindo para a diminuição de mão-de-obra humana e passando a investir na automação industrial. Mesmo que esse conceito pareça algo fácil e com a ideia de minimizar os custos, esse tipo de alteração é mais complexo que se possa imaginar, pois ainda há quem conteste que máquina nenhuma substitui o homem, portanto, em muitas empresas ainda é habitual o uso do trabalho manual principalmente em finais de linhas de produção. Então, analisou-se que nesse ramo de atividade, por ser algo de uso contínuo, necessita normalmente de produção 24 horas por dia, os trabalhadores dessas empresas geralmente têm uma carga horária muito elevada, ou até mesmo exorbitam horas extras, dessa maneira, com a pressão de seus 1 Bacharelanda do Curso de Engenharia de Produção. Universidade Braz Cubas 2 Mestrado em Ciências e Tecnologias Espaciais pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica, Brasil(2015). Professor Titular da Universidade Braz Cubas, Brasil.
2 29 gestores que buscam sempre mais quantidade com qualidade, a pressão é inevitável. Trabalhadores com muitas horas de trabalho realizando atividades repetitivas geralmente com a falta da postura correta gerando um mal à saúde, trazendo malefícios tais como LER/ DORT as doenças mais diagnosticadas do século XX. II. JUSTIFICATIVA Nos dias atuais, apesar da necessidade cotidiana do uso de bens de consumo, inexiste uma devida valorização ao trabalhador que está por trás dessa produção. Quando pensamos em bens de consumo logo vem à cabeça que um lenço umedecido, papel higiênico, fralda ou até mesmo um guardanapo é totalmente produzido por uma máquina, o que não é verdade, por extensão vê-se um profissional que pode ser o operador dessa máquina ou até mesmo manipular manualmente o produto até que o mesmo esteja pronto para a entrega para o cliente final. Dessa forma, não é imaginado o quão árduo pode vir a ser esse trabalho, dispendendo de horas e horas de movimentos repetitivos de uma única pessoa ou um grupo. Em tempos de globalização e contemporaneidade, em que os seres humanos tendem a ser valorizados pela relevância do trabalho que exercem, verificou-se a necessidade de um tratamento relativo aos riscos do trabalhador envolvido no manuseio desses produtos, particularmente no que se refere à hipótese de serem profissionais acometidos de LER ou DORT, uma vez que esses trabalhadores geralmente se queixam de dores que sucessivamente são correlacionadas a essas síndromes. III. OBJETIVO Identificar as principais formas de riscos que envolvam a atividade do trabalho manual em final de linha de produção a fim de relacionar as condições de trabalho com o possível surgimento de LER/ DORT. Orientar esses trabalhadores que por muitas vezes não dispõem dessas informações sobre postura correta ou ergonomia no trabalho, realizar pesquisas sobre o tema a fim de propor mudanças de hábitos, tanto nos costumes e cultura da empresa quanto o próprio trabalhador. Mostrando-lhes que existe uma prevenção e cuidados a serem tomados ao longo de sua jornada de
3 30 trabalho. Mostrar a importância do assunto e dar ênfase nos riscos que o profissional da área está correndo, garantindo que a mudança venha a contribuir para menos afastamentos da empresa e uma vida mais sadia para os seus colaboradores. IV. REFERENCIAL TEÓRICO LER/ DORT Lesão por Esforço Repetitivo e Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho, são consideradas síndromes, constituída por um grupo de doenças que afeta músculos, nervos e tendões dos membros superiores principalmente, e sobrecarrega o sistema musculoesquelético. A prevalência é maior no sexo feminino [1]. Agrupam-se como LER/DORT doenças que prejudicam tendões, músculos, nervos, ligamentos entre outras partes moles do corpo, normalmente membros superiores, como mãos, punhos, braços e antebraços e ombros, de forma isolada ou associada com ou sem degeneração dos tecidos. A relação entre a patologia e a propensão da origem ocupacional é de fato caracterizado pela ocorrência de vários sintomas coincidentes ou não, tais como a dor, formigamento, sensação de peso e fadiga, o diagnóstico pode ser definido como tenossinovites, sinovites, síndrome do túnel do carpo, compressão dos nervos periféricos [2]. Os fatores mais recorrentes no âmbito de trabalho que podem ser a causa do surgimento das LER/ DORT são os movimentos repetitivos em excesso, muitas horas na mesma posição, a falta da postura correta para exercer determinadas tarefas, num geral o esforço físico constante e mecânico. O aumento da carga horária diária como horas extras, a pressão pelo aumento de produção e o desvio do controle no processo, tornaram-se fatores principais para a propagação da doença. Os tipos de trabalhos mais comuns de se obter algum tipo de LER/ DORT são: Datilógrafos, Operadores de caixas, Profissionais da área da computação, Profissionais da área da indústria de linha de montagem ou serviços manuais, entre
4 31 outros. A prevenção desta patologia depende mais do empregador do que seu colaborador, pois os objetivos de ambas as partes são totalmente diferentes, de um lado a empresa quer bater metas, rendimentos satisfatórios da produção, muita quantidade e baixo custo e um tempo sempre menor que o anterior, e por outro lado o colaborador quer realizar suas tarefas diárias e poder ir embora para seu lar com sua família e no final do mês ter seu salário na conta, dessa maneira não entra-se num acordo comum entre as partes pois quanto mais o colaborador se desdobra para alcançar as metas e garantir o objetivo da empresa, mais as metas aumentam e o colaborador acaba se esquecendo de cuidar da sua própria saúde. Mesmo que o empregador seja conhecedor da NR17 que informa todos parâmetros a serem adotados nesses tipos de atividades muitas vezes são excluídas do dia a dia e não levada a sério como deveria [4]. Empresas que investem em treinamentos e palestras alertando os malefícios e os riscos que a má gestão na área de ergonomia pode trazer a saúde são menos atingidas pelos afastamentos do trabalho. O IBGE realizou uma pesquisa Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) e mostrou que no ano de 2013 quase 4 milhões de trabalhadores relataram terem sofrido LER/ DORT, a algumas décadas essa doença tem sido primeiro lugar dos motivos de afastamento pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) [2]. Tabela 1 Grau de limitação de atividades diárias devido a DORT. Respostas Pessoas % Não limita 6 41,84 Um pouco ,85 Moderadamente ,58 Intensamente ,12 Muito intensamente ,61 Fonte: IBGE (2013)
5 32 Em busca de melhorar se não possível sanar o problema de ergonomia na área produtiva, recomendou-se a implementação da rotatividade das pessoas nas tarefas que exigem maior movimentos repetitivos, dessa maneira o colaborador não ficaria tão exposto aos riscos do LER/ DORT. Na década de 70 as montadoras começaram a investir em automação industrial e o mundo todo se vislumbrou com a capacidade de num futuro próximo os robôs viessem a substituir o homem e que além disso pudessem exercer suas tarefas da melhor forma e sem o cansaço [3]. A automação além de ser um meio de inovação e diferencial para os concorrentes também se torna uma saída viável para as empresas que buscam o bem estar de seus funcionários, as indústrias por exemplo que possuem algum tipo de trabalho manual no final das linhas de produção e visam eliminá-las, a saída seria automatizar essa mão de obra, com a tecnologia cada dia mais avançada já existem robôs que fazem quase todos os tipos de movimentos que o ser humano possa fazer com os membros superiores, neste caso o encaixotamento dos produtos podem ser quase 100% mais assertivo e com qualidade do que a mão de obra do homem, porém não deixando de ressaltar que os robôs e quaisquer tipos de tecnologia deve ser visto como um agregado ou ferramenta que será programada pelo homem para o ajudá-lo a resolver os problemas e executar melhor suas tarefas e jamais para substituí-lo. Pessoas pensam e criam. Máquinas apenas executam. [3]. V. METODOLOGIA Para atender o objetivo deste trabalho foi realizado um estudo de caso em um determinado posto de trabalho dentro de uma indústria que fabrica produtos de bens de consumo. O procedimento utilizado para extrair as informações pertinentes ao trabalho foi de maneira assistida e com a coleta de dados diretamente com o colaborador, tais como: Quantas horas trabalhadas diariamente, posicionamento do corpo diante da máquina, tempo de descanso, se existe esforço excessivo, dentre outras questões. Com esse levantamento, foi associado às respostas do colaborador com seu perfil e estrutura corporal, para a análise das informações obtidas foi necessário uma avaliação médica. Outras fontes de pesquisas foram websites, livros e
6 33 revistas. VI. RESULTADOS E DISCUSSÕES A implantação da automatização da máquina, possibilitou que os colaboradores da área reformulassem o método de trabalho e os serviços internos oferecidos, infelizmente a automatização não veio a tempo de evitar que alguns colaboradores tivessem sua saúde prejudicada. Com a realização desse estudo observou-se, muitas posturas inadequadas, máquinas e equipamentos fora da especificação da qualidade da empresa, com ajustes técnicos realizados pela própria operação e sem um acompanhamento de um técnico de segurança do trabalho. Muitas tarefas executadas por estes profissionais de maneira incorreta podem levar a distúrbios osteomusculares como visto na literatura, a automatização da máquina é um projeto justamente para sanar ou minimizar esses problemas dentro da corporação. VII. CONCLUSÃO Através da análise dos resultados obtidos pelo estudo de caso junto aos colaboradores da área da indústria de bens de consumo, verificou-se uma série de riscos que necessitavam de rápidas e conscientes atitudes no sentido de controlar os mesmos, quando não é possível saná-los. Razão que não contribuí para o objetivo da automatização são os custos para a realização do mesmo, porém quando a instituição tem como valores a saúde de seus colaboradores o investimento se faz necessário e à um longo prazo seus resultados só tendem a serem positivos para a corporação, tais como absenteísmo baixo, menos queixas de colaboradores perante seus postos de trabalho, mais disposição dos mesmos, pois não irão dispender novamente de tanta força bruta ao realizar o trabalho, e um dos pontos mais importantes para a empresa é a redução de custos pois com a automatização de uma End Off Line (EOL), não será necessário a mesma quantidade de colaboradores para tal atividade.
7 34 VIII. REFERÊNCIAS MATTAR, Rames. L.E.R. (Lesão por esforço repetitivo). Drauzio Varella Disponível em: < em 19/09/2017. Ministério da Saúde. Comitê Assessor das LER/DORT. (1999). Protocolo de investigação, diagnóstico, tratamento e prevenção de LER/DORT. Brasília FERRO, José Roberto. Cuidados ao trocar um ser humano por uma máquina. Revista Época Negócios, São Paulo, p. 27, Guia Trabalhista. NR 17 Ergonomia. Disponível em: < Acesso em 05/09/2017.
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