PESQUISA-AÇÃO COMO ESTRATÉGIA PARA A EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA: DESAFIOS DA FORMAÇÃO ACADÊMICA QUE BUSCA TRANSFORMAR REALIDADES SOCIAIS
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1 PESQUISA-AÇÃO COMO ESTRATÉGIA PARA A EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA: DESAFIOS DA FORMAÇÃO ACADÊMICA QUE BUSCA TRANSFORMAR REALIDADES SOCIAIS Adriana Do Amaral - Faculdade de Educação / Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) Olga Von Simson - Faculdade de Educação / Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) A presente proposta é parte da dissertação de mestrado, em desenvolvimento, Pesquisa-ação e Memória para uma Educação Ambiental em uma abordagem de pesquisa qualitativa enfocando ambientes urbanos, junto ao movimento de horta comunitária em solo urbano vista como ação promotora de saúde e sustentabilidade, Campinas/São Paulo - Brasil. A horta comunitária Vila Esperança foi idealizada como ação promotora de saúde a partir do convênio celebrado entre Organização Mundial de Saúde (OMS), Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), Prefeitura Municipal de Campinas, Prefeitura Municipal de Pedreira, Serviço de Saúde Cândido Ferreira, Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e a Ong IPES ( ). Em 2007, foi organizada a oficina "Comunidade Saudável" pela Secretaria Municipal de Saúde de Campinas, Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e a Ong IPES, onde participaram cerca de 100 representantes do poder público (de várias secretárias e equipamentos públicos locais), universidade, ongs e lideranças comunitárias da região dos Amarais. A oficina teve uma pergunta orientadora como proporcionar uma comunidade saudável na região dos Amarais? Entre as várias demandas e
2 propostas, o problema do lixo em áreas públicas sobressaiu por ser um espaço degradante, insalubre, criadouro de insetos, animais peçonhentos e roedores. A solução apontada pelo grupo foi ressignificar o espaço com uma horta comunitária, como empreendimento de valor significativo para a população local (migrantes, ex-trabalhadores rurais), por muitos se identificarem com o trabalho rural, contribuindo para manter as áreas limpas e saudáveis, estimulando a alimentação saudável, bem como, proporcionar reflexões socioambientais. Atualmente a horta comunitária ocupa uma área de 4.500m² localizada na faixa de terra, parte da planta da Avenida Uriassu de Assis Batista. Ela conta com dez agricultores e agricultoras, contemplados pelo curso de Horta Orgânica (SENAR-SP/Sindicato Rural de Campinas) e integra os projetos Universidade na Comunidade Pró-reitoria de Extensão PREAC/UNICAMP e "Mosaico: histórias para uma educação ambiental" - Pró-reitoria de pesquisa PRP/UNICAMP. A pesquisadora atua na região dos Amarais desde 2007 como colaboradora do movimento Horta Urbana Vila Esperança como membro da Ong IPES (formada por professores e estudantes da UNICAMP) e educadora ambiental do Coletivo Educador Ambiental de Campinas (COEDUCA) e está envolvida diretamente nas atividades de implantação e organização do empreendimento, diálogos com o poder público e comunidade local colaborando para as atividades agrícolas da horta. Este contexto propicia a utilização da metodologia de pesquisa-ação por ser uma forma de apreendermos como o trabalho de implantação e consolidação da horta comunitária Vila Esperança se (re)organiza entre as
3 diversidades culturais dos parceiros e os contextos envolvidos. A horta comunitária como espaço de aprendizagem para uma Educação Ambiental visa favorecer um outro ponto de partida para aprender a saber olhar, sentir, viver e interagir entre nós, pois somente aprenderemos a preservar ou a tornar sustentável e biodiverso o Meio Ambiente quando aprendermos a criarmos entre e para nós, um mundo igualitário, diferenciado, solidário e livre. (BRANDÃO, 2007). A pesquisa-ação em desenvolvimento visa proporcionar uma educação ambiental contextualizada, identificando e colaborando com as demandas da horta urbana, (re)conhecendo as transformações territoriais da região dos Amarais e seus impactos socioambientais e na saúde, através do trabalho com a comunidade e parceiros, com diálogos e relatos de (antigos) moradores, lideranças comunitárias e agricultores da Horta Comunitária Vila Esperança. A universidade estruturada em ensino, pesquisa e extensão pode favorecer ao universitário de graduação e pós-graduação uma formação assistida e contextualizada sobre a realidade da sociedade, colaborando para a melhoria da qualidade de vida, sobretudo em comunidades carentes. Desta forma, a academia pode elaborar atividades sociais, de forma organizada e sistematizada, produzindo conhecimentos específicos sobre a sociedade, em seus aspectos históricos e psicossociais. Estes conhecimentos poderão ser produzidos com a comunidade, proporcionando troca de saberes, gerando intervenções mais adequadas e o atendimento das reais demandas locais, gerando o empoderamento da comunidade com novas práticas sociais mais conscientes e coletivas.
4 Na presente dissertação de mestrado, utilizamos as metodologias de pesquisa-ação, embasadas na história oral, e em estudos de documentos históricos e através de referências bibliográficas favorecendo um olhar intertextual do contexto da cidade e da comunidade local, permitindo identificar aspectos relevantes e desvelando a realidade cotidiana. A pesquisadora acompanha e colabora com o planejamento da implantação da horta comunitária, mantendo um caderno de memória das atividades da horta e através da metodologia de história oral, coleta depoimentos dos agricultores (muitos antigos moradores da região) sobre as transformações territoriais da região, questões socioambientais, saúde, experiências no campo e trabalho rural, bem como, a implantação da horta comunitária em solo urbano. A metodologia de pesquisa-ação é uma forma de investigação baseada em uma autorreflexão coletiva empreendida pelos participantes de um grupo social visando melhorar suas próprias práticas sociais e educacionais, compreendendo-as e seu contexto onde acontecem. A investigação caminha na direção da transformação de uma realidade, implicada diretamente na participação dos sujeitos envolvidos no processo, cabendo ao pesquisador os papéis de pesquisador e de participante. Cabe a ele ainda sinalizar para a necessária emergência dialógica da consciência dos sujeitos na direção de mudança de percepção e de comportamento. (FRANCO, 2005) Segundo Elliot (1998), a pesquisa-ação é um processo em espirais de reflexão e ação, constituída em: i) diagnóstico da situação/problema; ii) formulação de estratégias; iii) desenvolvimento das ações e avaliação; iv) ampliação da compreensão da nova situação; v) procedimentos práxicos para
5 a nova situação prática. A História Oral (HO) é uma metodologia de pesquisa qualitativa voltada para o estudo do tempo presente e baseada na voz de testemunhas, vem sendo utilizada por ciências diversas: Sociologia, Antropologia, História, Psicologia, etc. Na Sociologia, a HO permite por meio de análise e interpretação fundamentar uma ação racional e coerente (práxis). O depoente é um fenômeno social que favorece identificar aspectos importantes de sua sociedade e do seu grupo, comportamentos e técnicas, valores e ideologias podem ser capturados através de sua história de vida, contribuindo para uma ampliação do conhecimento científico sobre as vivências do homem em sociedade. A metodologia de História Oral (trajetória de vida) permite identificar nos relatos de depoentes as transformações históricas e socioambientais acontecidas na região dos Amarais, assim como, os avanços na promoção de saúde favorecendo o senso de pertencimento e valorização do conhecimento local. A história do cotidiano da comunidade é aprofundada com os recursos da hemeroteca do Centro de Memória da UNICAMP. Reconstruir a memória de forma compartilhada permite estabelecer sólidos relacionamentos senso de pertencimento. A memória compartilhada mostra-se uma estratégia de ação para o trabalho comunitário ao favorecer a construção de redes de relacionamentos, envolvendo participantes de diferentes gerações de um mesmo grupo social, na reconstrução de vivências e experiências do passado da própria comunidade permitindo um mergulhar em valores, necessidades, desejos, perspectivas de vida em sua singularidade que forma o comunitário. Através das metodologias aqui discutidas (História Oral e Pesquisa-
6 Ação) é possível organizarmos processos conscientes de transformação social nos quais pesquisador e pesquisados atuam de forma consciente e compartilhada. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRANDÃO, C. (2007). Prefácio.In.: Encontros e caminhos: formação de educadoras(es) ambientais e coletivos educadores. Vol. 2. Ferraro Junior, L. A. (Org.). MMA, Departamento de Educação Ambiental. Brasília, Brasil. ELLIOT, J Recolocando a pesquisa-ação em seu lugar original e próprio. Mercado da Letras, p Campinas. Brasil LANG, A. B. S.G. et. al. (2001). História Oral e pesquisa sociológica: a experiência do CERU. 2 ª ed. Humanitas. São Paulo, Brasil. VON SIMSON, Olga História Oral, memórias compartilhadas e empoderamento: um balanço de experiências de pesquisa. s/d,campinas. Brasil.
Atualmente o grupo de agricultores e agricultoras da horta recebe. orientações para a produção de hortaliças orgânicas. O programa é estruturado
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