Superior Tribunal de Justiça

Transcrição

1 RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA Nº DF (2006/ ) RELATOR : MINISTRO FRANCISCO FALCÃO RECORRENTE : CENTRO DE GESTÃO E ESTUDOS ESTRATÉGICOS CGEE ADVOGADO : LUIZ ANTONIO MUNIZ MACHADO E OUTROS T. ORIGEM : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS IMPETRADO : SECRETÁRIO DE FAZENDA E PLANEJAMENTO DO DISTRITO FEDERAL RECORRIDO : DISTRITO FEDERAL PROCURADOR : CARLOS AUGUSTO FIGUEREDO SALAZAR E OUTROS EMENTA TRIBUTÁRIO. ISS. ORGANIZAÇÃO SOCIAL SEM FINS LUCRATIVOS. ATIVIDADE RELACIONADA À PROMOÇÃO DO DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO. ISENÇÃO. AUSÊNCIA DE LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA. IMPOSSIBILIDADE. I - Originariamente, cuida-se de Mandado de Segurança impetrado pela ora Recorrente, contra ato do Exmo. Sr. Secretário de Fazenda e Planejamento do Distrito Federal, que indeferiu o seu pedido de isenção tributária, referente à emissão do denominado "Ato Declaratório de Isenção do ISS". II - A impetrante, ora Recorrente, sustenta que, na qualidade de instituição constituída sob a forma de associação sem fins lucrativos, tendo por objetivo social a promoção do desenvolvimento científico e tecnológico, faz jus à isenção do ISS. III - Não se extrai força normativa suficiente do art. 150, VI, "c", da Constituição Federal, que revele haver tributação dos entes políticos, no caso da incidência tributária recair sobre organização social privada sem fins lucrativos, mesmo que reconhecida como de interesse e utilidade social. IV - Fosse o Recorrente instituição de ensino ou de assistência social, haveria, em tese, a possibilidade de delinear os efeitos normativos do preceito constitucional citado. Ocorre que, consoante se observa dos seus próprios objetivos institucionais, às fls. 28/29 destes autos, sua finalidade é a promoção do desenvolvimento científico e tecnológico, de modo que nem presta serviço relacionado ao ensino, nem revela atividade de assistência social. V - Nesse contexto, ante a impossibilidade de extrair-se a imunidade pretendida do preceito constitucional, verdadeira exceção ao poder geral de tributação do Estado, surge a necessidade de lei específica que discipline a outorga de isenção em relação às suas atividades, que também se apresenta como restrição, só que em nível infraconstitucional, à potestade tributária. VI - De fato, o Código Tributário Nacional (art. 97) é suficientemente claro ao dispor que somente a lei pode estabelecer as hipóteses de exclusão do crédito tributário (inciso VI), nesta constando a isenção (art. 175, inciso I). Sendo imperativo o comando que determina a interpretação literal da outorga de isenção (art. 111, inciso II), revela-se necessária a edição de legislação específica que discipline o comando isencional às atividades desenvolvidas pelas organizações sociais sem fins lucrativos, que atendam ao interesse e à utilidade públicas, situação discutida nos presentes autos. VII - Inexistindo nos autos documentos que comprovem a existência de legislação distrital disciplinadora da isenção pretendida pela Recorrente, não há como deferi-la nos Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 24/05/2007 Página 1 de 11

2 moldes pretendidos. VIII - Recurso Ordinário improvido. ACÓRDÃO Vistos e relatados os autos em que são partes as acima indicadas, prosseguindo no julgamento, após o voto-vista do Sr. Ministro JOSÉ DELGADO, decide a Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, negar provimento ao recurso ordinário em mandado de segurança, na forma do relatório e notas taquigráficas constantes dos autos, que ficam fazendo parte integrante do presente julgado. Os Srs. Ministros TEORI ALBINO ZAVASCKI, DENISE ARRUDA e JOSÉ DELGADO votaram com o Sr. Ministro Relator. Não participou do julgamento o Sr. Ministro LUIZ FUX (RISTJ, art. 162, 2º, primeira parte). Custas, como de lei. Brasília (DF), 03 de maio de 2007 (data do julgamento). MINISTRO FRANCISCO FALCÃO Relator Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 24/05/2007 Página 2 de 11

3 RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA Nº DF (2006/ ) RELATÓRIO O EXMO. SR. MINISTRO FRANCISCO FALCÃO: Trata-se de Recurso Ordinário em Mandado de Segurança interposto por CENTRO DE GESTÃO E ESTUDOS ESTRATÉGICOS - CGEE, contra Acórdão do Egrégio Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, assim ementado: "MANDADO DE SEGURANÇA. TRIBUTÁRIO. ORGANIZAÇÃO SOCIAL. PRETENDIDA ISENÇÃO TRIBUTÁRIA. ISS. LEI COMPLEMENTAR Nº 328/2000. PRIVILÉGIO EXCLUSIVO DAS FUNDAÇÕES. IRRELEVÂNCIA DA CIRCUNSTÂNCIA DE SER A ORGANIZAÇÃO DECLARADA COMO ENTIDADE DE INTERESSE SOCIAL E DE UTILIDADE PÚBLICA. DENEGAÇÃO DA SEGURANÇA. O benefício da isenção tributária prevista na Lei Complementar nº 328/2000 é exclusivo das fundações constituídas com a finalidade de promover o desenvolvimento científico e tecnológico. Em sendo assim, inexiste direito líquido e certo a ser amparado pela via mandamental, se a pretensão à isenção tributária é deduzida por entidade que exiba status de organização social, ainda que declarada de interesse social e de utilidade pública. Esta a exegese mais consentânea com o Código Tributário Nacional que, em seu art. 111, inadmite interpretação extensiva de normas tributárias que disponham sobre a outorga de isenção."(fl. 159) Originariamente, cuida-se de Mandado de Segurança impetrado pela ora Recorrente, contra ato do Exmo. Sr. Secretário de Fazenda e Planejamento do Distrito Federal, que indeferiu o seu pedido de isenção tributária, referente à emissão do denominado "Ato Declaratório de Isenção do ISS". A impetrante, ora Recorrente, sustenta que, na qualidade de instituição constituída sob a forma de associação sem fins lucrativos, tendo por objetivo social a promoção do desenvolvimento científico e tecnológico, faz jus à isenção do ISS, nos termos dos artigos 11, 12 e 15 da Lei Distrital nº 2.415, de 6 de julho de No presente Recurso Ordinário, afirma que: "(...) o direito invocado pelo Recorrente como supedâneo para o reconhecimento da isenção e imunidade pela autoridade ora recorrida, alicerça-se no reconhecimento indiscutível que as organizações sociais são destinatárias desse direito por serem legalmente declaradas de interesse social e de utilidade pública e na reciprocidade estabelecida legalmente para as organizações sociais nos âmbitos federal e distrital."(fl. 212) Argumenta, ainda, que o fato de ser reconhecida como de interesse e utilidade Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 24/05/2007 Página 3 de 11

4 social atrai a imediata aplicação dos artigos 11 e 15 da Lei nº 9.637/98, e 11 e 15 da Lei Distrital nº 2.415/99, de modo que se impõe a concessão da isenção pleiteada. O Ministério Público Federal, em parecer lançado pelo Eminente Subprocurador-Geral da República, Dr. Geraldo Brindeiro, manifestou-se pelo improvimento do Recurso Ordinário. (fls. 230/236) É o relatório. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 24/05/2007 Página 4 de 11

5 RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA Nº DF (2006/ ) VOTO O EXMO. SR. MINISTRO FRANCISCO FALCÃO(RELATOR): O Recurso merece ser conhecido, uma vez que presentes os pressupostos de admissibilidade exigidos. Consoante exposto no relatório, a questão controversa alude à possibilidade de deferir-se o pedido de isenção do ISS ao Recorrente, por ser organização social reconhecida como de interesse e utilidade pública. A meu ver, data maxima venia dos argumentos apresentados pelo Recorrente, o aresto recorrido não está a merecer reforma. Com efeito, não se extrai força normativa suficiente do art. 150, VI, "c", da Constituição Federal, que revele haver tributação dos entes políticos, no caso da incidência tributária recair sobre organização social privada sem fins lucrativos, mesmo que reconhecida como de interesse e utilidade social. Nesse contexto, o preceito constitucional referido dispõe que: "Art Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios (...) VI - instituir impostos sobre: a) patrimônio, renda, ou serviços, uns dos outros; (...) c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei;" Fosse o Recorrente instituição de ensino ou de assistência social, haveria, em tese, a possibilidade de delinear os efeitos normativos do preceito constitucional citado. Ocorre que, consoante se observa dos seus próprios objetivos institucionais, às fls. 28/29 destes autos, sua finalidade é a promoção do desenvolvimento científico e tecnológico, de modo que nem presta serviço relacionado ao ensino, nem revela atividade de assistência social. Nesse contexto, ante a impossibilidade de extrair-se a imunidade pretendida do preceito constitucional, verdadeira exceção ao poder geral de tributação do Estado, surge a necessidade de lei específica que discipline a outorga de isenção em relação às suas atividades, que também se apresenta como restrição, só que em nível infraconstitucional, à potestade tributária. De fato, o Código Tributário Nacional (art. 97) é suficientemente claro ao dispor Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 24/05/2007 Página 5 de 11

6 que somente a lei pode estabelecer as hipóteses de exclusão do crédito tributário (inciso VI), nesta constando a isenção (art. 175, inciso I). Sendo imperativo o comando que determina a interpretação literal da outorga de isenção (art. 111, inciso II), revela-se necessária a edição de legislação específica que discipline o comando isencional às atividades desenvolvidas pelas organizações sociais sem fins lucrativos, que atendam ao interesse e à utilidade públicas, situação discutida nos presentes autos. Destarte, não havendo nos autos documentos que comprovem a existência de legislação distrital disciplinadora da isenção pretendida pela Recorrente, não há como deferi-la nos moldes pretendidos. Ante o exposto, NEGO PROVIMENTO ao Recurso Ordinário. É o meu voto. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 24/05/2007 Página 6 de 11

7 CERTIDÃO DE JULGAMENTO PRIMEIRA TURMA Número Registro: 2006/ RMS / DF Número Origem: PAUTA: 07/11/2006 JULGADO: 07/11/2006 Relator Exmo. Sr. Ministro FRANCISCO FALCÃO Presidente da Sessão Exmo. Sr. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI Subprocuradora-Geral da República Exma. Sra. Dra. DEBORAH MACEDO DUPRAT DE BRITTO PEREIRA Secretária Bela. MARIA DO SOCORRO MELO AUTUAÇÃO RECORRENTE : CENTRO DE GESTÃO E ESTUDOS ESTRATÉGICOS CGEE ADVOGADO : LUIZ ANTONIO MUNIZ MACHADO E OUTROS T. ORIGEM : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS IMPETRADO : SECRETÁRIO DE FAZENDA E PLANEJAMENTO DO DISTRITO FEDERAL RECORRIDO : DISTRITO FEDERAL PROCURADOR : CARLOS AUGUSTO FIGUEREDO SALAZAR E OUTROS ASSUNTO: Tributário - ISS - Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza SUSTENTAÇÃO ORAL Dr. LUIZ ANTONIO MUNIZ MACHADO pela parte recorrente: CENTRO DE GESTÃO E ESTUDOS ESTRATÉGICOS CGEE. CERTIDÃO Certifico que a egrégia PRIMEIRA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão: Após o voto do Sr. Ministro Relator negando provimento ao recurso ordinário em mandado de segurança, pediu vista antecipada o Sr. Ministro José Delgado. Aguardam os Srs. Ministros Teori Albino Zavascki e Denise Arruda. Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Luiz Fux. Brasília, 07 de novembro de 2006 MARIA DO SOCORRO MELO Secretária Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 24/05/2007 Página 7 de 11

8 RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA Nº DF (2006/ ) VOTO-VISTA O SR. MINISTRO JOSÉ DELGADO: O acórdão recorrido entendeu que a parte recorrente, organização social, não tem direito à isenção do ISS, por a Lei Complementar nº 328/2000 dirigir-se, exclusivamente, às fundações constituídas com a finalidade de promover o desenvolvimento científico e tecnológico, o que não é o caso da recorrente. O relator acompanhou o posicionamento adotado pelo aresto vergastado, negando, conseqüentemente, provimento ao recurso ordinário ora examinado. Do exame que fiz dos autos, em face do pedido de vista, não tenho convicção diferente da assumida pelo relator. Estou convencido que merece ser acolhido, sem acréscimo ou redução, o parecer de fls. 233/236, lavrado pelo Subprocurador-Geral da República, nos termos seguintes: "Há que se reconhecer que não merece prosperar o presente recurso, uma vez que, por um lado, o recorrente não conseguiu provar que a legislação por ele trazida à baila lhe conferiria isenção tributária e, por outro, bem se houve o aresto invectivado ao resolver a questão ora posta sob exame na forma que o fez, invocando a legislação pertinente e afastando aspectos não relevantes a causa, sendo certo que o julgador não é obrigado a examinar a questão sob todos os ângulos em que deduzida, como tem reiteradamente ressaltado a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça. Assim é que o acórdão atacado fez menção expressa à Lei 2415/99 para consignar que o fato de a referida norma do Distrito Federal conferir à entidade recorrente a condição de entidade de interesse social e de utilidade pública não tem o condão de lhe conceder direito a isenções tributárias, porquanto o art. 176 do Código Tributário Nacional estabelece que a isenção é sempre decorrente de lei que especifique as condições e requisitos exigidos para a sua concessão e os tributos a que se aplica. Verifica-se, portanto que o acórdão atacado deu correta solução ao problema na linha da remansada jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, como se verifica no REsp RJ, Relator Ministro GARCIA VIEIRA, Primeira Turma, DJ : IMPOSTOS DE IMPORTAÇÃO E DE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS - REDUÇÃO PELA UNIÃO REFLEXO NO ICM OU ICMS - IMPOSSIBILIDADE. REDUÇÃO NÃO SE CONFUNDE COM ISENÇÃO. A REDUÇÃO DOS IMPOSTOS DE IMPORTAÇÃO E DE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS NÃO OBRIGA OS ESTADOS E O DISTRITO FEDERAL A REDUZIR O ICM OU ICMS, INCIDENTE Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 24/05/2007 Página 8 de 11

9 SOBRE IMPORTAÇÃO DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS, MESMO QUANDO A IMPORTADORA E BENEFICIÁRIA DO PROGRAMA ESPECIAL DE EXPORTAÇÃO BEFIEX. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. Naquela oportunidade, salientou Sua Excelência: Apontou a recorrente como violados vários dispositivos legais, versando sobre questões devidamente prequestionadas e comprovou a divergência nos moldes exigidos pelo artigo 26, parágrafo único da Lei 8038/90 e artigo 255 de nosso Regimento. Conheço do recurso pelas letras 'a' e 'c'. O recurso é admissível mas não merece provimento. A recorrente, beneficiada por Programa Especial de Exportação BEFIEX, importou teares com redução de 90% dos impostos federais, Imposto de Importação e Imposto sobre Produtos Industrializados (docs. de fls. 18/22 e 56/66). Pretende agora, com esta ação, seja declarado o seu pretenso direito de redução do ICM, hoje ICMS, na mesma proporção, incidente sobre a entrada destas máquinas no seu estabelecimento comercial, fato ocorrido já na vigência da atual Constituição Federal. Como se vê, a isenção dos impostos de importação e de produtos industrializados foi concedida pela União, através de aprovação de simples acordo de programa especial de exportação e do qual não participou nenhum Estado, nem o Distrito Federal. Mas, mesmo assim, pretende a autora seja estendida referida isenção ao ICMS, imposto estadual. A nosso ver, não tem ela nenhuma razão. Simples aprovação por parte da União e de empresa beneficiária de programa especial de exportação, do qual não participaram os Estados e o Distrito Federal e resultou apenas isenção de impostos federais, não tem força para isentar do ICM, imposto estadual. Na vigência da Constituição Federal anterior, a competência para instituir impostos sobre operações relativas à circulação de mercadorias era exclusivamente, dos Estados e do Distrito Federal (artigo 23, inciso II, a Constituição Federal anterior) e assim continua sendo na vigência da atual Constituição Federal (artigo 155, inciso I, letra 'b'). Ora, em regra, a isenção é competência do poder tributante, e só eram concedidas ou revogadas por convênios celebrados e ratificados pelos Estados, nos termos da Lei Complementar (artigo 23, parágrafo 6 ). Hoje a Constituição vigente, em seu artigo 151, inciso III, veda à União instituir isenções de tributos da competência dos Estados. A União, somente mediante lei complementar e atendendo a relevante interesse social ou econômico nacional, poderia conceder isenções de impostos estaduais (artigo 19, parágrafo 2 da Constituição Federal anterior), quando isentasse a operação de impostos federais. No caso, a isenção do 1CM seria através de simples termo de programa especial de exportação e não por lei complementar e é claro que não houve o relevante interesse social ou econômico nacional na importação de máquinas e equipamentos pela impetrante para serem revendidos. O interesse existente é apenas da empresa beneficiada. A Lei Complementar 24, de 7 de janeiro de 1975, em seu artigo 1 estabelece que: 'As isenções do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias serão concedidas ou revogadas nos termos de convênios celebrados e ratificados pelos Estados e pelo Distrito Federal, segundo esta lei'. E estas concessões dependiam sempre de decisão unânime dos Estados representados (artigo 2, parágrafo 2 ). O Estado, com base na Lei Complementar 04/69, só poderia isentar do ICM, as Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 24/05/2007 Página 9 de 11

10 operações previamente isentadas pela União dos impostos federais à isenção dos impostos de importação de produtos industrializados, como vimos, só poderia ser através de lei complementar e em atendimento a relevante interesse social ou econômico nacional (artigo 19, parágrafo 2 da Constituição Federal anterior) e não pela aprovação de simples programa especial de importação, do qual não participou nenhum estado. É bom lembrar que a Lei Complementar 04/69 foi editada com base no citado artigo 19, parágrafo 2 da Constituição Federal anterior e só concede isenção do ICM às 'entradas de mercadorias cuja importação estiver isentos dos impostos federais de importação e de produtos industrializados' (artigo 1º, inciso VI). Mas, a isenção é sempre decorrente de lei e que 'especifique as condições e requisitos exigidos para a sua concessão, os tributos a que se aplica...' (artigo 176 do CTN). No caso, não seria suficiente lei ordinária, porque só mediante lei complementar ou convênio firmado por todos os Estados e o Distrito Federal, poderia ser concedida isenção do ICM (fls. 1 a 4 do acórdão). 10. Ante o exposto, e pelas razões aduzidas, o parecer é pelo desprovimento do presente recurso especial." Isso posto, acompanhando o relator, nego provimento ao presente recurso. É como voto. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 24/05/2007 Página 10 de 11

11 CERTIDÃO DE JULGAMENTO PRIMEIRA TURMA Número Registro: 2006/ RMS / DF Número Origem: PAUTA: 07/11/2006 JULGADO: 03/05/2007 Relator Exmo. Sr. Ministro FRANCISCO FALCÃO Presidente da Sessão Exmo. Sr. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI Subprocurador-Geral da República Exmo. Sr. Dr. JOSÉ EDUARDO DE SANTANA Secretária Bela. MARIA DO SOCORRO MELO AUTUAÇÃO RECORRENTE : CENTRO DE GESTÃO E ESTUDOS ESTRATÉGICOS CGEE ADVOGADO : LUIZ ANTONIO MUNIZ MACHADO E OUTROS T. ORIGEM : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS IMPETRADO : SECRETÁRIO DE FAZENDA E PLANEJAMENTO DO DISTRITO FEDERAL RECORRIDO : DISTRITO FEDERAL PROCURADOR : CARLOS AUGUSTO FIGUEREDO SALAZAR E OUTROS ASSUNTO: Tributário - ISS - Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza CERTIDÃO Certifico que a egrégia PRIMEIRA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão: Prosseguindo no julgamento, após o voto-vista do Sr. Ministro José Delgado, a Turma, por unanimidade, negou provimento ao recurso ordinário em mandado de segurança, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Teori Albino Zavascki, Denise Arruda e José Delgado (voto-vista) votaram com o Sr. Ministro Relator. Não participou do julgamento o Sr. Ministro Luiz Fux (RISTJ, art. 162, 2º, primeira parte). Brasília, 03 de maio de 2007 MARIA DO SOCORRO MELO Secretária Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 24/05/2007 Página 11 de 11