UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA BÁRBARA TUANE DE AZEVEDO LIMA

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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA BÁRBARA TUANE DE AZEVEDO LIMA ESTUDO DA PREVALÊNCIA DAS LESÕES LOCALIZADAS EM LÍNGUA, DIAGNOSTICADAS NO LABORATÓRIO DE PATOLOGIA ORAL DA UFRN Natal-RN 206

2 BÁRBARA TUANE DE AZEVEDO LIMA ESTUDO DA PREVALÊNCIA DAS LESÕES LOCALIZADAS EM LÍNGUA, DIAGNOSTICADAS NO LABORATÓRIO DE PATOLOGIA ORAL DA UFRN Trabalho de conclusão de curso apresentado à UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE como parte integrante dos requisitos para obtenção do título de Cirurgiã-dentista. Orientador: Prof. Dr. Antônio de Lisboa Lopes Costa Natal-RN 206

3 Catalogação na Fonte. UFRN/ Departamento de Odontologia Lima, Bárbara Tuane de Azevedo. Estudo da prevalência das lesões localizadas em língua, diagnosticadas no laboratório de patologia oral da UFRN f. : il. Orientador: Prof. Dr. Antônio de Lisboa Lopes Costa Monografia (Graduação em Odontologia) Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências da Saúde, Departamento de odontologia, Natal, Patologia oral - Monografia. 2. Língua - Monografia. 3. Mucosa bucal - Lesões - Monografia. I. Martins, Ana Rafaela Luz de Aquino. II. Título. RN/UF/BSO Black D6

4 BÁRBARA TUANE DE AZEVEDO LIMA ESTUDO DA PREVALÊNCIA DAS LESÕES LOCALIZADAS EM LÍNGUA, DIAGNOSTICADAS NO LABORATÓRIO DE PATOLOGIA ORAL DA UFRN Aprovado em / / Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamentode Odontologia - UFRN, como requisito para a conclusão do Curso de Graduação em Odontologia. BANCA EXAMINADORA Prof. Dr. Antônio de Lisboa Lopes Costa ORIENTADOR Profª. Drª. Hebel Cavalcanti Galvão EXAMINADORA Profª. Drª. Lélia Batista de Souza EXAMINADORA 2

5 DEDICATÓRIA Aos meus amados pais, Edilzanete e Ivanir, por todo apoio e amor oferecidos. Por acreditarem em mim e não medirem esforços para tornar meus sonhos realidade.

6 AGRADECIMENTOS Este trabalho, muito além da finalidade acadêmica, representa a conclusão de uma etapa e o início de outra. Sou eternamente grata a todos aqueles, que estiveram comigo nessa etapa tão importante da minha vida. Agradeço primeiramente a Deus, por ter me dado saúde e força para superar as dificuldades. Por me abençoar, a cada dia e proporcionar evoluir Aos meus amados pais, Edilzanete e Ivanir, por todo amor e dedicação oferecidos. Obrigado por terem me proporcionado o dom da vida e por priorizarem sempre minha educação, por vocês que busco a determinação de tornar os meus sonhos realidade. Meus sinceros agradecimentos ao Professor Dr. Antônio de Lisboa Lopes Costa, pelo aprendizado, paciência e disponibilidade, que foi imprescindível para execução deste trabalho. Suas orientações e incentivos foram fundamentais para conclusão desta monografia. A mestranda Mariana Xerez e aos funcionários do laboratório de patologia Sandra e a Ricardo, que tanto me ajudaram no desenvolvimento desse trabalho. Ao grupo G5 do estágio CRUTAC, Aliane Bezerra, Daniele Souza, Davi Correia, Karen Oliveira, Lívia Gonçalves, Priscila Abrantes e Suemy Kitayama, pela experiência, convivência, amizade, ajuda, todos estarão guardados para sempre no meu coração. Aos demais amigos e colegas, pela convivência e amizade que obtive durante esses quatro anos e meio de graduação. Obrigado pelos momentos compartilhados, apoio a experiências vividas, em especial a Augusto Fernandes, pela ajuda e apoio na realização desse trabalho. A esta Universidade, que me abriu muitos caminhos e ampliou minha visão sobre o mundo, e a todo o corpo docente que fez parte da minha trajetória no curso de graduação. O que me proporcionou realizar o sonho de me tornar cirurgiã-dentista.

7 RESUMO Os estudos de prevalência das patologias que acometem a região maxilofacial são de fundamental importância para a área da saúde, pois sabemos que a língua é a mais frequente localização topográfica das neoplasias de boca. O objetivo do presente trabalho foi pesquisar a prevalência de lesões de língua diagnosticadas no laboratório de Patologia Oral da UFRN, entre os anos de 990 e 200. Foram selecionadas as fichas e laudos histopatológicos dos pacientes, as mesmas biopsiadas e que possuíam material arquivado no setor de Patologia Oral do DOD/UFRN, que totalizaram 483, onde 59% eram mulheres e 4% homens, e, a quinta década de vida foi a mais acometida. Em relação ao grupo histológico, as lesões reativas tiveram maior frequência (3,47%), em seguida notaram-se as lesões de tumor benigno de conjuntivo, com,39%. Também foi analisada a localização topográfica das lesões na língua, onde a região mais acometida foi a borda lateral com 39 lesões (28,78%). Este estudo busca contribuir para traçar um perfil das lesões da língua e, sobretudo, instrumentalizar o cirurgião-dentista quanto ao seu conhecimento de estomatologia, visando aprimorar estratégias de promoção e prevenção em saúde. Palavras-chave: língua, lesões, prevalência

8 ABSTRACT The prevalence studies of the pathologies that affect the maxillofacial region are of fundamental importance for the health area, since we know that the tongue is the most frequent topographic location of the mouth neoplasms. The objective of the present study was to investigate the prevalence of tongue lesions diagnosed in the Oral Pathology Laboratory of UFRN between 990 and 200. The files and histopathological reports of the patients were selected, wich were biopsied and had material filed in the sector Of Oral Pathology of the DOD/UFRN, which totaled 483, where 59% were women and 4% men, and the fifth decade of life was the most affected. In relation to the histological group, the reactive lesions had a higher frequency (3.47%), followed by benign neoplasm lesions of the connective tissue, with.39%. We also analyzed the topographic location of the lesions in the tongue, where the most affected region was the lateral border with 39 lesions (28.78%). Investigating the comparison between clinical and histopathological diagnoses, we see a great disagreement between them. This study aims to contribute to draw a profile of the lesions of the tongue and, above all, to instrumentalize the dental surgeon regarding his knowledge of stomatology, aiming to improve health promotion and prevention strategies Keywords: tongue, lesions, prevalence

9 SUMÁRIO INTRODUÇÃO E OBJETIVO METODOLOGIA RESULTADOS DISCUSSÃO CONCLUSÃO REFERÊNCIAS

10 : Introdução Os estudos de prevalência das patologias que acometem a região maxilofacial são de fundamental importância para a área da saúde. Sabemos que a língua é a mais frequente localização topográfica das neoplasias de boca, entretanto existem significantes variações demográficas entre alguns países 2, que está relacionado a fatores ambientais e ao estilo de vida das diferentes populações 3. A exposição a fatores de risco relacionados com o processo de industrialização, além de outros relacionados com as disparidades sociais contribuem para a distribuição epidemiológica dos diversos tipos de câncer no Brasil 4. No estado do Rio Grande do Norte ainda não temos um estudo de prevalência de lesões localizadas em língua. A maioria dos estudos envolvendo alterações na mucosa bucal não separa as regiões específicas dentro da cavidade, no entanto, as localizações mais comuns relatadas na literatura são terço anterior da língua, lábios, assoalho bucal e palato duro 5. Nesse contexto, quando se considera que a língua é um órgão extremamente acessível ao exame clínico e que é muito frequentemente acometido por várias lesões, desde as mais comuns até as mais raras, fica clara a necessidade de se estudar as alterações neste sítio 6, pois, o câncer de boca está entre os dez cânceres mais frequentes, apresentando a maior taxa de mortalidade no segmento de cabeça e pescoço 2. É de extrema importância esse estudo para a formulação de um perfil de necessidades de uma determinada região, direcionadas aos clínicos, aos epidemiologistas e aos grupos gestores. Uma vez que, traçado este perfil, é possível planejar tratamentos adequados e determinar as estratégias de prevenção individualizando as ações de acordo com as peculiaridades do grupo populacional ou região estudada. O conhecimento da prevalência dessas doenças é um ponto chave, pois, nos permite ter um melhor entendimento do diagnóstico presuntivo e nos orientar racionalmente o processo de diagnóstico 7. O presente estudo objetiva pesquisar a prevalência de lesões de língua diagnosticadas no laboratório de Patologia Oral da UFRN, entre os anos de 990 e 200. Serão analisadas informações como sexo, faixa etária, tipo de lesão e localização topográfica, no intuito de auxiliar na criação de indicadores 0

11 epidemiológicos locais confiáveis, e assim promover planos de prevenção e tratamento racionais para as condições patológicas eventualmente encontradas na população do estado do Rio Grande do Norte. 2: Metodologia Realizamos um estudo retrospectivo transversal, nos arquivos da disciplina de Patologia Oral do Departamento de Odontologia (DOD) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), por meio de uma análise das fichas clínicas e laudos histopatológicos no período de 990 a 200 (vinte anos). Foram selecionadas as fichas clínicas e laudos histopatológicos dos pacientes diagnosticados com lesões na região da língua e que possuíam material arquivado na disciplina de Patologia Oral do DOD/UFRN. Para o levantamento epidemiológico foram analisadas informações como sexo, faixa etária, tipo de lesão, localização topográfica e diagnóstico clínico e histopatológico. As lesões foram agrupadas, seguindo as categorias de acordo com Conceição et al. (200), com algumas alterações, e, que leva em consideração a classificação de Neville et al. (2009), o que resultou no Quadro. Quanto a localização topográfica na língua, foram padronizados os seguintes sítios anatômicos: dorso, ventre, borda lateral e ponta. Nos casos onde essa localização não estava especificada na ficha clínica, foi considerado como não informado (NI). Com relação aos dados etários coletados, foram divididos em décadas de vida, da seguinte maneira: de 0-0 anos (ª década de vida), de -20 anos (2ª década), de 2-30 anos (3ª década), de 3-40 anos (4ª década), de 4-50 anos (5ª década), de 5-60 anos (6ª década), de 6-70 anos (7ª década), de 7-80 anos (8ª década) e de 8-90 anos (9ª década) e acima da 9ª década.

12 Quadro : classificação das lesões de língua adotada no estudo Grupo histopatológico Lesões reativas Patologia epitelial (alterações benignas) Patologia epitelial (lesões potencialmente malignas) Patologia epitelial (neoplasias malignas) Patologia de gl. Salivares (tumorais e não tumorais) Tumor benigno de conjuntivo Alterações e cistos de desenvolvimento Neoplasias benignas de vasos sanguíneos e linfáticos Neoplasias malignas de vasos sanguíneos e linfáticos Doenças imunológicas Doenças infecciosas Processos inflamatórios não específicos Outros 2

13 3: Resultados: Entre 990 e 200, foram diagnosticados um total de 459 lesões em língua no laboratório de patologia oral da UFRN. Dessa amostra, os homens corresponderam a 42% (9 pacientes do sexo masculino), já as mulheres somaram 58% (268 pacientes do sexo feminino), (Figura ). Com relação a faixa etária, houve maior prevalência de lesões na quinta década de vida, com 93 pacientes (20,26%), seguida pela quarta, com 80 (7,43%), e terceira, com 59 (2,85%), (Figura 2). Em relação ao grupo histológico, as lesões reativas tiveram maior frequência (33,2%), dentre elas, como lesão principal a hiperplasia fibrosa inflamatória com 0 casos (23,97%) do total de 459. Em seguida notaram-se as lesões de tumor benigno de conjuntivo, com,98%, posteriormente o grupo outros (8,93%), após isso, segue as patologias epiteliais malignas com 7,84%, dentre elas a predominante foi o carcinoma epidermóide totalizando 7,63% dos casos (Tabelas e 2). Também foi analisada a localização topográfica das lesões na língua, onde a região mais acometida foi a borda lateral com 30 lesões (28,32%), seguida do dorso com 24 (27,02%) e ponta com 03 (22,44%) patologias (Figura 3). Investigando a comparação entre os diagnósticos clínicos e histopatológicos, vemos uma grande diferença entre eles em alguns grupos de lesões, como por exemplo alterações epiteliais benignas, com grande discordância. Já as alterações epiteliais malignas, temos um ótimo número de diagnósticos concordantes (Tabela 3). 3

14 NI 0% Mulheres 58% Homens 42% Homens Mulheres NI Figura : distribuição de pacientes segundo o gênero. Quantidade de pacientes por década de vida Figura 2: distribuição dos pacientes segundo a faixa etária ª déc. 2ª déc. 3ª déc. 4ª déc. 5ª déc. 6ª déc. 7ª déc. 8ª déc. 9ª déc. Acima da 9ª déc. 30 NI 4

15 Tabela : grupos histopatológicos mais frequentes. Grupo histopatológico Total de lesões Frequência Lesões reativas 52 33,2% Patologia epitelial (alterações benignas) 2 4,58% Patologia epitelial (lesões potencialmente malignas) 22 4,79% Patologia epitelial (neoplasias malignas) 36 7,84% Patologia de gl. Salivares (tumorais e não tumorais) 35 7,63% Tumor benigno de conjuntivo 55,98% Alterações e cistos de desenvolvimento 2 0,44% Neoplasias benignas de vasos sanguíneos e linfáticos 23 5,0% Neoplasias malignas de vasos sanguíneos e linfáticos 2 0,44% Doenças imunológicas 9 4,4% Doenças infecciosas 34 7,4% Processos inflamatórios não específicos 7 3,70% Outros 4 8,93% Total % Tabela 2: Distribuição das lesões por grupo histopatológico. Lesões reativas Categoria Granuloma piogênico Hiperplasia fibrosa inflamatória Hiperplasia fibroepitelial Hiperplasia linfoide Agregado linfoide sofrendo hiperplasia Hiperplasia linfoide reacional Nº total de biópsias Porcentagem do total de biópsias (%) 33,2% 3,70% 23,97% 4,79% 5

16 Patologia epitelial (alterações benignas) Hiperceratose Hiperparaceratose Hiperortoceratose Úlcera eosinofílica Úlcera traumática Glossite migratória benigna Nevo juncional Cisto epidermóide Patologia epitelial (lesões potencialmente malignas) Displasia epitelial leve Displasia epitelial moderada Displasia epitelial severa Patologia epitelial (neoplasias malignas) Carcinoma epidermóide Neoplasia maligna Patologia de gl. Salivares (tumorais e não tumorais) Sialolipoma Sialodenite Carcinoma adenoescamoso Carcinoma de células claras Mucocele Rânula Adenoma pleomórfico Tumor benigno de conjuntivo ,58% 2,40% 0,65% 0,44% 4,79% 2,8%,96% 0,65% 7,84% 7,63% 7,63% 6,32%,98% Fibroma Fibroma de células gigantes Lipoma Neurofibroma Neurilemoma Tumor de células granulares Leiomoima Tumor fibroso solitário Fibrolipoma ,05% 6,0% 0,65% 0,44% 0,44% 0,65% Alterações e cistos de desenvolvimento 2 0,44% 6

17 Cisto linfoepitelial Coristoma ósseo Neoplasias benignas de vasos sanguíneos e linfáticos Hemangioma Linfangioma Linfangiohemangioma Linfohemangioma Hemangioendoepitelioma Neoplasias malignas de vasos sanguíneos e linfáticos Sarcoma de Kaposi Hemangiolinfoma Doenças imunológicas Pênfigo Líquen plano Doenças infecciosas Papiloma Condiloma Infecção viral Histoplasmose Leucoplasia pilosa Processos inflamatórios não específicos: Processo inflamatório crônico inespecífico Processo inflamatório agudo inespecífico Outros ,0% 3,27% 0,65% 0,44% 0,44% 0,44% 4,4% 0,87% 3,27% 7,4% 6,32% 0,44% 3,70% 3,05% 0,65% 8,93% Trombo vascular 2 0,44% Vide descrição 39 8,50% Total % 7

18 Localização topográfica na língua Dorso Ponta Ventre Borda lateral NI Figura 3: localização topográfica das lesões na língua. 8

19 clínico. Tabela 3: concordância entre o diagnóstico histopatológico e o diagnóstico Diagnóstico histopatológico Diagnóstico clínico Não concordante Concordante Não informado Total Lesões reativas Patologia epitelial alterações benignas Patologia epitelial alterações potencialmente malignas Patologia epitelial alterações malignas Patologia de glândulas salivares tumorais e não tumorais Tumor benigno de conjuntivo Alterações e cistos de desenvolvimento Neoplasias benignas de vasos sanguíneos e linfáticos Neoplasias malignas de vasos sanguíneos e linfáticos Doenças imunológicas Doenças infecciosas Processos inflamatórios não específicos Outros

20 4: Discussão Na boca podem-se apresentar uma série de condições, o conhecimento da prevalência dessas doenças permite ter-se um entendimento melhor do diagnostico, orientando seu processo. Com base nesses fatores, pode-se ter um melhor conhecimento das doenças bucais e sua distribuição na população atendida, o que irá direcionar áreas de ênfase para políticas de prevenção, determinando em que tempo médio o tratamento será resolutivo 7. É necessário e muito importante realizar trabalhos epidemiológicos, a fim de que, com estes, possamos planejar e executar programas de saúde para a população, bem como, auxiliar nos conteúdos programáticos ministrados nos cursos de graduação e pós-graduação de odontologia e da área da saúde. O Brasil sendo um país de dimensões continentais é de fundamental importância que estes estudos sejam desenvolvidos em suas diversas regiões, já que diferenças culturais, climáticas, socioeconômicas, entre outras, apontam uma possível distinção na prevalência dessas lesões 9. A comparação dos resultados desse estudo com outros levantamentos epidemiológicos é dificultada na medida em que a metodologia varia entre os trabalhos encontrados na literatura. Deve ser levado em consideração que a maioria dos estudos encontrados são baseados em exames clínicos, ao passo que este trabalho analisa somente fichas clínicas e laudos histopatológicos arquivados na disciplina de Patologia Oral da UFRN. Os dados coletados pelo presente estudo entre 990 e 200 totalizaram 459 lesões em língua. O gênero feminino predominou com 58% do total de pacientes, enquanto que o gênero masculino somou 42%, corroborando com os trabalhos de Figueiredo et al. (204) e Conceição et al. (200). Isso pode ser justificado pelo maior cuidado que as mulheres remetem a sua saúde. Em relação a faixa etária, temos que a década de vida mais acometida foi a quinta (5ª) com 93 pacientes, seguida pela quarta (4ª) e sexta (3ª) décadas, também concordando com Figueiredo et al. (204) e Conceição et al. (200), onde as décadas mais acometidas foram a quinta (5ª) e a sexta (6ª). 20

21 Comparando os dados encontrados sobre as lesões com os presentes na literatura, vemos que há uma concordância. Em relação ao grupo histológico, as lesões reativas tiveram maior frequência (Conceição et al. 200), no presente estudo elas resultaram em um total de 33,2%, com grande distância da segunda categoria mais prevalente que foi a de tumor benigno de conjuntivo com,98%, seguida do grupo outros (8,93%) e neoplasias malignas com 7,84%. Estes dados concordam com o trabalho de Conceição et al. (200), onde as lesões reativas foram as mais prevalentes, seguidas das neoplasias malignas. Dentre o grupo de lesões reativas, a que obteve o maior número foi a hiperplasia fibrosa inflamatória com 0 casos, discordando de Conceição et al. (200) onde prevaleceu o fibroma e Figueiredo et al. (204), que encontrou a hiperplasia fibroepitelial como predominante. Na investigação realizada, as patologias epiteliais malignas representaram 7,84% da amostra, sendo na sua grande maioria (7,63%) carcinomas epidermóides. Os homens foram os mais afetados, somando 60% do total de pacientes acometidos pelo carcinoma. O mesmo é relatado por Figueiredo et al. (204) e Conceição et al. (200). Os demais grupos histológicos avaliados nesse estudo tiveram pouca significância estatística em relação aos já citados acima. Também foi pesquisada a localização topográfica das lesões na língua. Encontramos que o local mais acometido foi a borda lateral (30 lesões), com pequena diferença para segunda região mais prevalente que foi o dorso da língua (24 lesões). O mesmo foi relatado por Figueiredo et al. (204), porém, em seu estudo, o ventre foi o segundo mais acometido. Fazendo uma comparação entre os diagnósticos da ficha clínica e os laudos histopatológicos temos que, em 52 (33,2%) casos os diagnósticos clínicos foram confirmados pelo exame histopatológico, enquanto que em 237 (5,63%) os laudos não foram concordantes, em 28 fichas não foram informados os diagnósticos clínicos (6,0%). Discordando de Conceição et al. (200), que obteve que os resultados histopatológicos concordantes com o clínico foram os de maior número. É preocupante esse resultado encontrado pelo presente estudo, pois a hipótese diagnóstica é de suma importância para preparação do paciente com o tratamento 2

22 que o mesmo irá enfrentar, pois sabemos que há uma certa apreensão por parte deles em saber o que virá futuramente. Porém, as neoplasias malignas que requerem o tratamento mais invasivo e deteriorante, teve um bom número de diagnósticos concordantes, seguindo pelas doenças imunológicas e infecciosas. Isso pode se dar pelas características clínicas peculiares destas lesões em relação aos demais grupos, ou pelo fato de serem diagnosticadas tardiamente, onde não há muitas dúvidas sobre o tipo de lesão. Também deve ser lembrado o fato de que muitas neoplasias são bastante parecidas ou tem seu diagnóstico puramente histológico, que é o caso das lesões potencialmente malignas, pois os diferentes níveis de displasias epiteliais são vistos apenas no exame histopatológico. Uma porcentagem de fichas encaminhadas para o laboratório de patologia oral não estava preenchida corretamente em razão da falta de dados relacionadas ao diagnóstico clínico, a localização exata na língua, idade, entre outras informações. Tais percentuais sugerem um melhor preparo técnico-científico do profissional e um adequado preenchimento das fichas de biópsias, o que é de fundamental importância para a precisão diagnóstica. Em termos de saúde pública, isso seria bastante interessante, uma vez que a capacitação para a detecção de lesões malignas repercute muito mais nos índices de saúde do que uma suspeita equivocada entre lesões proliferativas benignas, por exemplo. Infelizmente, os altos índices de diagnóstico tardio do câncer bucal identificados nos serviços de referência para o câncer, justificam a sobrevida de apenas 40 a 50% dos pacientes, fundamentam a suposição de que uma boa parcela de casos ocorre em virtude da não especialização do profissional para o diagnóstico adequando. Nesse contexto, o cirurgião-dentista tem um papel importante, pois a prática da biópsia é necessária, também é indispensável que seja feita precocemente para um adequado acompanhamento, planejamento e tratamento, permitindo, assim, o crescimento das taxas de cura e sobrevida dos pacientes 6. 22

23 5: Conclusão Com os resultados encontrados foi possível concluir que o perfil epidemiológico dos pacientes atendidos nas clínicas do Departamento de Odontologia da UFRN (DOD-UFRN), baseia-se na prevalência das lesões reativas, tendo como principal representante a hiperplasia fibrosa inflamatória, e dos tumores benignos de conjuntivo. O gênero mais acometido foi o feminino e a faixa etário foi a quinta década de vida. Também temos o baixo índice de concordância entre os diagnósticos clínicos e histopatológicos. O que aumenta a importância do conhecimento dos odontólogos em relação as patologias bucais, para que seja ofertado aos pacientes o devido tratamento e diagnóstico precoce visando um melhor prognóstico das lesões encontradas. 6: Referências. Simões CA, Lins RC, Henriques ÁCG, Cazal C, de Castro, Lisboa JF. Prevalência das lesões diagnosticadas na região maxilofacial no laboratório de patologia oral da Universidade Federal de Pernambuco. IJD.International Journal of Dentistry 2008;6(2): Antunes AA, Antunes AP, Silva PV, Avelar RL, Santos TdS. Câncer da língua: estudo retrospectivo de vinte anos. Rev Bras Cir Cabeça Pescoço 2007;36(3): Filho FSA, de Andrade J, Sobrinho AR, Carvalho MB, Novo NF, Juliano Y. Estudo de variáveis demográficas, ocupacionais e co-carcinogenéticas no carcinoma espinocelular da base de língua nas mulheres. Rev Bras Otorrinolaringol 2003;69(4): Teixeira AKM, Almeida, Maria Eneide Leitão de, Holanda ME, Sousa FB, Almeida PCd. Carcinoma espinocelular da cavidade bucal: um estudo epidemiológico na Santa Casa de Misericórdia de Fortaleza. Rev bras cancerol 2009;55(3): Oliveira LRd, Ribeiro-Silva A, Zucoloto S. Perfil da incidência e da sobrevida de pacientes com carcinoma epidermóide oral em uma população brasileira. J Bras Patol Med Lab 2006;42(5):

24 6. Conceição LD, Magrin T, Gomes APN, Araújo, Aver LM. Estudo retrospectivo de biópsias em língua: aspectos epidemiológicos. RFO UPF 200;5(): Volkweis MR, Garcia R, Pacheco CA. Estudo retrospectivo sobre as lesões bucais na população atendida em um Centro de Especialidades Odontológicas. RGO.Revista Gaúcha de Odontologia (Online) 200;58(): Neville BW, Damm DD, Allen CM, Bouquot JE. Patologia oral e maxilofacial. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier; Xavier JC, Andrade SC, Arcoverde CAL, Lucena KCR, Cavalcanti, Távora UDN, Carvalho AAT. Levantamento epidemiológico das lesões bucais apresentadas por pacientes atendidos no Serviço de Estomatologia da Universidade Federal de Pernambuco durante o período de janeiro de 2006 a julho de IJD.International Journal of Dentistry 2009;8(3). 0. de Figueiredo, Zancanaro MA, Suzin TL, Frigo TZ, Salum FG, Cherubini K. Levantamento epidemiológico em portadores de patologias de língua atendidos no Serviço de Estomatologia e Prevenção do Câncer Bucomaxilofacial do Hospital São Lucas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS): estudo retrospectivo. Revista Odontológica do Brasil Central 204;23(64). 24