CARCINOMA DE CÉLULAS ESCAMOSAS VULVAR EM FÊMEA BOVINA - RELATO DE CASO 1 VULVAR SQUAMOUS CELL CARCINOMA IN BOVINE FEMALE - CASE REPORT
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- Júlio César Palhares Aveiro
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1 CARCINOMA DE CÉLULAS ESCAMOSAS VULVAR EM FÊMEA BOVINA - RELATO DE CASO 1 VULVAR SQUAMOUS CELL CARCINOMA IN BOVINE FEMALE - CASE REPORT Jerusa Zborowski Valvassori 2, Maria Andréia Inkelmann 3, Marcia Vendrusculo Dos Santos 4, Júlia Ponsi Reghelin 5 1 Projeto de extensão realizado no curso Medicina Veterinária da UNIJUÍ 2 Aluna do curso de Medicina Veterinária da UNIJUÍ 3 Professora Doutora do Curso de Medicina Veterinária da UNIJUÍ - DEAg 4 Médica Veterinária 5 Médica Veterinária Introdução Carcinomas de células escamosas são tumores compostos de células epiteliais escamosas. Ocorrem em todas as espécies domésticas, porém o tumor ocular bovino é um dos mais comumente encontrados (WHITE, EVANS, 2006). A denominação carcinoma epidermoide é utilizada como sinônimo para esses tumores, considerando que são derivados da epiderme (JONES et al. 2000). Essa neoplasia pode ocorrer em qualquer parte da pele, podendo ocorrer na vulva das vacas, com maior incidência nas vulvas despigmentadas (RADOSTIS et al. 2010). Em bovinos, são mais comuns em raças com pelos brancos e pele pouco pigmentada (KAHN, 2008). Neoplasias da pele e anexos, como os carcinomas de células escamosas, desenvolvem-se principalmente em animais criados em países de clima tropical, como o Brasil, em especial pela exposição crônica dos mesmos à radiação ultravioleta (RIZZO et al., 2015). As radiações solares têm sido indicadas como fator predisponente importante para ocorrência dessa neoplasia, pois pode-se correlacionar a incidência deste e a exposição à luz solar (FOSTER, 2009). Hargis e Ginn (2009) dizem que além da radiação solar, outras possíveis causas podem levar a esta neoplasia como trauma, carcinógenos, papilomavírus na doença de Bowensímile, e alguma outra causa desconhecida. Segundo Kahn et al. (2008) os carcinomas de células escamosas são caracteristicamente invasivos nos tecidos moles e ósseos adjacentes. Jones et al. (2000) cita que esse tumor tem uma propensão especial para fazer metástases para os linfonodos regionais, e daí para órgãos viscerais. Este trabalho tem como objetivo relatar a ocorrência de um carcinoma de células escamosas na região vulvar de uma fêmea da espécie bovina durante a realização de um estágio em medicina veterinária. Metodologia Durante a realização de um estágio em medicina veterinária, foi atendido pelas Médicas Veterinárias um bovino, fêmea, raça azebuada, multípara com idade aproximada de sete a oito
2 anos. No atendimento teve como queixa principal uma lesão na vulva, com início há dois anos atrás. Segundo o proprietário a lesão se apresentou primeiramente como uma ferida pequena que não cicatrizava com evolução para uma grande lesão na região. No exame clínico pôde-se notar a extensa massa irregular e ulcerada na superfície. Após a avaliação clínica e a suspeita de um tumor, foi optado juntamente com o proprietário pela remoção cirúrgica da massa. A vaca foi submetida a jejum de 12 horas, após esse período foi administrado pela via intramuscular 2 ml de xilazina na concentração de 2% para promover a sedação do animal, posteriormente foi realizada a tricotomia ampla na região, e então administrado 50 ml de lidocaína, que se trata de um anestésico local, no subcutâneo da vulva. Inicialmente foi realizado incisão em forma elíptica como margem de aproximadamente 3 cm para a retirada da massa, seccionando ao redor até remover totalmente. Foi possível observar que era uma massa invasiva pois estendia-se até o reto do animal, onde se apresentava aderida na musculatura e na porção ventral do ânus. Para a sutura de aproximação o foi utilizado fio categute número 3, e para sutura de pele foi utilizado fio mononylon 0,8 mm e após foi finalizado o procedimento com a limpeza do local com solução fisiológica. A recomendação pós cirúrgica ao proprietário foi para realizar a lavagem diária e aplicação de spray prata tópico à base de clorfenvinfós, cipermetrina e sulfadiazina, visando auxiliar na cicatrização e pelo efeito repelente contra moscas. Foi receitado no pós operatório administração intramuscular de 8 ml de diclofenado por três dias e três aplicações intramuscular de 20 ml de Pencivet plus (Benzilpenicilina G Procaína, Benzilpenicilina G Benzatina, Sulfato de Dihidroestreptomicina, Piroxicam) com intervalo de 48 horas para cada aplicação. Uma amostra da massa foi colocada em um recipiente com formol na concentração de 10% e enviada ao Laboratório de Histopatologia Veterinária da UNIJUÍ, solicitou-se exame histopatológico, onde se confirmou o diagnóstico de neoplasia, sendo esta carcinoma de células escamosas. Resultados e Discussão A maioria dos carcinomas de células escamosas são lesões solitárias, entretanto podem se desenvolver múltiplos tumores associados à lesão solar (KAHN, 2008). Somente na fase final da doença, há metástases para os linfonodos regionais, nesse caso, os íleo-sacrais (FOSTER, 2009), pois lesões associadas à luz solar são lentas para metastatizar (HARGIS, GINN, 2009). Nos bovinos a localização preferencial é na região ocular e periocular (CARVALHO et al., 2012) e na região vulvar (KAHN, 2008). As lesões podem aparecer como endofíticas ou exo-endofítica, sendo as primeiras massas dérmicas irregulares e elevadas cobertas com superfície ulcerada e as últimas aparecendo como massas dérmicas irregulares e salientes cobertas por uma epiderme com papilas (KAHN, 2008). Segundo Hargis e Ginn (2009) a macroscopia desse tumor pode ser variável apresentando-se nodular, proliferativa, crostosas ou ulcerativa. O mesmo autor acrescenta que histologicamente podem ser observados cordões, fitas e ilhas de células escamosas, com presença de poucas ou muitas pérolas de queratina. Num carcinoma de células escamosas razoavelmente bem diferenciado, a sequência habitual de maturação dos ceratinócitos pode ficar um pouco preservada, entretanto, as células escamosas
3 não ficam restritas à superfície externa da neoplasia, pois massas irregulares e cordões alongados de células tumorais estendem-se por toda a neoplasia (JONES et al. 2000). No exame histopatológico da amostra do presente caso, as alterações microscópicas encontradas coincidiram com a literatura, no entanto, ainda se observou áreas de necrose e inflamação mista acentuada. O que evidencia essa neoplasia são pérolas de queratina, visto que é uma característica única (HARGIS, GINN, 2009). O tratamento de escolha é a excisão cirúrgica ampla (WHITE, EVANS, 2006), mas podem ocorrer recidivas (HARGIS, GINN, 2009), pois o tecido normal que circunda imediatamente os tumores malignos também é infiltrado por células neoplásicas, e o sucesso do tratamento com um único procedimento cirúrgico é influenciado pela inclusão de uma margem apropriada de tecido normal circunjacente ao tumor (WHITE, 2007). O exame histopatológico é de fundamental importância para o diagnóstico conclusivo e diferencial entre o carcinoma de células escamosas e outras neoplasias (SOUSA et al., 2011), pois Hedlund, (2008) salienta a importância da excisão cirúrgica do tumor, além de permitir o diagnóstico histológico pode ser curativa, melhorar a qualidade de vida do animal ou alterar a progressão da doença. Figura 1 Figura 2 Figura 3 Figura 1 Neoplasia na região vulvar ulcerada em uma fêmea bovina. Figura 2 Região vulvar após a excisão cirúrgica. Figura 3 Aspecto microscópico da neoplasia com coloração HE.
4 Considerações Finais Com a realização deste trabalho, contatou-se que o carcinoma de células escamosas se desenvolve principalmente em áreas despigmentadas da pele, e tem como principal causa as lesões celulares por radiações solares. Esta neoplasia é de maior ocorrência na região ocular de bovinos sendo este relato um caso incomum. A excisão cirúrgica é o tratamento de eleição. O exame histopatológico é importante para o diagnóstico, a excisão cirúrgica deve ser realizada precocemente e com margem para evitar recidivas do neoplasma. Referências Bibliográficas CARVALHO, F.K.L.; DANTAS, A.F.M.; CORREA, F.R.; NETO, E.G.M.; SIMÕES, S.V.D.; AZEVEDO, S.S. Fatores de risco associados à ocorrência de Carcinoma de Células Escamosas em ruminantes e equinos no semiárido da Paraíba. Pesquisa Veterinária Brasileira, Seropédica RJ, v. 32, n. 9, p , set FOSTER, R.A. Sistema Reprodutivo da Fêmea. In: McGAVIN, M.D.; ZACHARY, J.F. Bases da patologia em Veterinária. 4ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, Cap. 18, p HARGIS, A.M; GINN, P.E. O tegumento. In: McGAVIN, M.D; ZACHARY, J.F. Bases da patologia em Veterinária. 4ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, Cap. 17, p HEDLUND, C. S. Cirurgia dos Sistemas Reprodutivos e Genital. In: FOSSUM, T. W. Cirurgia de Pequenos Animais. 3ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, Cap. 26, p JONES, T.C.; HUNT, R.D.; KING, N.W. Patologia Veterinária. 6ª ed. Barueri, SP: Manoele, KAHN, C. M. (org.). Sistema Tegumentar. In:. Manual Merck de Veterinária. 9ª ed. São Paulo: Roca, p RADOSTITS, O.M.; GAY, C.C.; BLOOD, D.C.; HINCHCLIFF. Doenças da pele, conjuntiva e orelha externa. In: Clínica Veterinária: Um Tratado de Doenças dos Bovinos, Ovinos, Suínos, Caprinos e Equinos. 9ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, Cap. 14, p RIZZO, H.; CARVALHO, J.S.; HORA, J.H.C.; FEBRÔNIO, A.M.B. Tratamento clínico-cirúrgico de Carcinoma de Células Escamosas Vulvar em Bovinos do Estado de Sergipe. Scientia Plena, Sergipe, v. 11, n. 04, SOUSA, I.K.F.; MOREIRA, T.R.; SILVA, S.P.; SOUSA, S.N.G.; SOUSA, R.S.; TORMES, M.B.; NEVES, K.A.L. Carcinoma de Células Escamosas periocular em bovinos criados no Pará, Brasil. Revista de Ciências Agrárias Amazonian Journal of Agricultural and Environmental
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