EQUIPE INTERDISCIPLINAR E A QUALIDADE DO ATENDIMENTO AOS USUÁRIOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE: UMA REVISÃO DE LITERATURA 1
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- Vagner Azeredo Wagner
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1 EQUIPE INTERDISCIPLINAR E A QUALIDADE DO ATENDIMENTO AOS USUÁRIOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE: UMA REVISÃO DE LITERATURA 1 SCHIMDT, Alessandra 2 ; PESERICO, Anahlú 3 ; MOREIRA, Cristiane 4 ; SMEHA, Luiza 5 ; COMASSETTO, Mariana 6 ; KRUEL, Cristina Saling 7 1 Trabalho de pesquisa _UNIFRA. 2 Acadêmica do Curso de enfermagem (UNIFRA), Santa Maria, RS, Brasil. 3 Acadêmica do Curso de Enfermagem (UNIFRA). Membro do Grupo de Estudos e Pesquisa em Empreendedorismo Social da Enfermagem e Saúde (GEPESES/UNIFRA). Santa Maria, RS, Brasil. 4 Acadêmica do Curso de Enfermagem (UNIFRA), Santa Maria, RS, Brasil. 5 Acadêmica do Curso de Enfermagem (UNIFRA), Santa Maria, RS, Brasil. 6 Acadêmica do Curso de Enfermagem (UNIFRA), Santa Maria, RS, Brasil. 7 Professora do curso de psicologia (UNIFRA), Santa Maria, RS, Brasil. Mestre em Psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Doutoranda em Distúrbios da Comunicação Humana pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). : alessandrafcs@hotmail.com; anahlupeserico@hotmail.com; crismoreira1989@hotmail.com; lu_smeha@hotmail.com; marycomassetto@hotmail.com RESUMO Objetiva-se com este estudo investigar a produção científica nacional acerca do trabalho em equipes interdisciplinares, e as características necessárias a esta equipe para um atendimento de qualidade aos usuários dos serviços de saúde. Trata-se de uma revisão de literatura, tendo como principal fonte a base de dados Biblioteca Virtual da Saúde, mais especificamente na base de dados LILACS e a biblioteca eletrônica SCIELO. A partir dos estudos obtidos foi possível perceber que a comunicação é imprescindível para relação entre os profissionais da equipe interdisciplinar, destacando-se a necessidade de uma linguagem comum entre os profissionais da saúde, que possibilite o entendimento e bom desenvolvimento da sua atuação. Constatou-se ainda que outras características são necessárias à equipe de saúde para a efetiva atuação da equipe interdisciplinar, a saber, flexibilidade, criatividade, acolhimento, humanização, vínculo e compartilhamento de saberes. Conclui-se que a interdisciplinaridade facilita as relações de trabalho entre os profissionais, pacientes, e familiares os quais se aproximam das necessidades do doente contribuindo assim para uma assistência de melhor qualidade. Palavras-chave: Serviços de saúde; Interdisciplinaridade; Enfermagem. 1. INTRODUÇÃO Percebe-se que, no decorrer das últimas décadas, o conhecimento científico se subdividiu em campos cada vez mais numerosos. Diante disso, encontra-se uma atuação profissional isolada, focada somente em uma parte do corpo humano, considerada doente (DELATREE, 1990). Entende-se que é importante especializar-se profissionalmente, todavia 1
2 o excesso de especializações pode acarretar uma situação patológica, em que uma inteligência esfacelada produz um saber em migalhas (VILELA; MENDES, 2003). Frente a isso, vem se discutindo a idéia da equipe interdisciplinar, que permita exprimir numa linguagem única os conceitos, as preocupações das disciplinas, sem que estas permaneçam fechadas em suas linguagens especializadas. Assim, com uma linguagem comum, é possível que as trocas entre as disciplinas se tornem facilitadas e resulte em uma melhor integração de saberes. De acordo com, Gomes apud Souza (2009, p.111) Para que se avance na questão da interdisciplinaridade, é importante lembrarmos que essa não anula a disciplinaridade. Assim como não significa a justaposição de saberes, também não anula a especificidade de cada campo de saber. Ela, antes de tudo, implica numa consciência dos limites e das potencialidades de cada campo de saber para que possa haver uma abertura em direção de um fazer coletivo. No século XX surgiu o conceito de interdisciplinaridade, e a partir da década de 60, destacou-se como uma necessidade de superar o conhecimento fragmentado. Este conceito se constitui por meio da interação entre duas ou mais disciplinas, as quais tornam-se dependentes uma(s) da(s) outras(s) e resultam no desenvolvimento recíproco e na transformação de seus conceitos (VILELA; MENDES, 2003). Cabe, ainda, ressaltar que a palavra interdisciplinar transmite a idéia de soma, de cooperação, de integração entre várias disciplinas. A interdisciplinaridade exige comunicação, e implica em ir além de termos especializados, fechados, criando uma linguagem única para expressar conceitos e contribuições das várias disciplinas, possibilitando assim sua compreensão e trocas. Diferente é a multidisciplinaridade onde há uma associação de disciplinas com um objetivo em comum, mas sem que cada uma tenha que modificar seu modo de compreender os fatos, acontecimentos (ROCHA, 2005). Existem diferentes linhas de pensamento sobre como se é estabelecido a interdisciplinaridade, mas considera-se que somente é possível tratar deste tema a partir do momento em que essa comunicação gerar integração recíproca dos conceitos entre as disciplinas, estabelecendo novos conhecimento ou buscando a solução para um problema concreto (VILELA; MENDES, 2003 apud MEIRELES; ERDMANN, 1999). No trabalho em equipe é essencial a comunicação e a formação de uma linguagem única para propagar os conceitos e as contribuições das disciplinas, pois é dessa maneira que membros de uma mesma equipe podem trocar informações, questionar e estabelecer uma concordância, colaborando, assim, para um melhor atendimento aos usuários. Outro fator influenciável para a qualidade do atendimento aos usuários são as características da equipe e do profissional, tais como flexibilidade, criatividade, acolhimento, humanização, vínculo e compartilhamento de saberes. O trabalho da em equipe de maneira interdisciplinar proporciona um novo entendimento sobre o usuário e seu modo de vida, afastando- se a 2
3 idéia focada na doença e aproximando-se da visão dos mesmos como seres humanos com suas individualidades e relações familiares e sociais (MATOS, 2009). Considerando tais aspectos, objetiva-se com este estudo investigar a produção científica nacional acerca do trabalho das equipes interdisciplinares, e se essas interferem na qualidade de vida dos pacientes. 2. METODOLOGIA Foi realizada uma revisão da literatura sobre o tema, tendo como principal fonte a base de dados Biblioteca Virtual da Saúde, mais especificamente na base de dados LILACS e a biblioteca eletrônica SCIELO. Para a pesquisa foram utilizados os seguintes descritores: equipe de assistência ao paciente e comunicação interdisciplinar. 3. RESULTADOS E DISCUSSÕES Os profissionais da saúde estão atuando de forma isolada, onde visam atender somente uma parte do corpo humano, a qual está doente, assim subdividem o conhecimento cientifico em campos, e os pacientes em partes, não fazendo jus a interdisciplinaridade e a integração de saberes (DELATREE, 1990). Sobre isso, Vilela; Mendes, (2003) expõem que a especialização dos profissionais é importante, mas o excesso desta pode levar a situações patológicas, em que uma inteligência esfacelada produz um saber em migalhas. Com este estudo, almejamos salientar que para interdisciplinaridade acontecer é necessário comunicação, onde seja criada uma linguagem única, proporcionando o entendimento entre a equipe, tornando possível a realização de discussões, questionamentos e troca de conhecimento entre os profissionais, onde seja facilitada a interação entre os diversos saberes, proporcionando uma melhor qualidade no atendimento aos usuários dos serviços de saúde. Como explicam os autores: Peduzzi (1998) apud Matos; Pires; Sousa (2009, pag 778) Interação é entendida como uma prática comunicativa que se caracteriza pela busca de consensos entre os envolvidos no processo de trabalho em saúde, de modo que os mesmos possam argumentar, reciprocamente, em relação ao trabalho cotidianamente executado e construir um projeto comum. A articulação representaria as conexões entre os diferentes saberes e fazeres envolvidos no cuidado à saúde, conexões que se dão de modo ativo e consciente, sendo evidenciadas pelo agir dos profissionais. Vilela; Mendes, 2003 apud Meireles; Erdmann, (1999) considera que somente é possível tratar deste tema a partir do momento em que essa comunicação gerar integração 3
4 recíproca dos conceitos entre as disciplinas, estabelecendo novos conhecimento ou buscando a solução para um problema concreto. Sobre isso, Rocha (2005) também ressalta que é possível notar o quão relevante é a comunicação e a linguagem na interação da equipe interdisciplinar. Nos artigos estudados observam-se alguns fatores importantes para o bom desenvolvimento do trabalho em equipe. Além da comunicação, outras qualidades são imprescindíveis para que o trabalho interdisciplinar aconteça, tais como flexibilidade, criatividade, acolhimento, humanização, vínculo, autonomia e compartilhamento de saberes, como coloca Matos (2009, pag 780) afirma que O trabalho nas equipes interdisciplinares estudadas conjuga vários destes fatores: vínculo, acolhimento, humanização da assistência e melhora no acesso dos usuários aos profissionais e aos serviços de saúde. Possibilitam também uma maior participação do usuário nas decisões que envolvem sua vida e o processo saúde-doença favorecendo deste modo a criação de condições para que os usuários se coloquem como sujeitos e exerçam sua autonomia. Conclui-se ainda que a interdisciplinaridade facilita as relações de trabalho entre os profissionais, pacientes, e familiares os quais se aproximam das necessidades do doente contribuindo assim para uma assistência de melhor qualidade. Assim, Matos (2009) acrescenta que Os resultados revelam que a perspectiva interdisciplinar possibilita melhores relações de trabalho entre profissionais e entre eles e doentes/família, aproxima os profissionais das necessidades do doente e contribui para uma assistência de melhor qualidade. Contudo, não se deixa de reconhecer as especificidades de cada área do conhecimento, mas constata-se que uma pode contribuir para a outra, resultando num fazer coletivo e ressaltando assim, que interdisciplinariedade trás a ideia de soma, de cooperação, de integração tanto entre as equipes com equipe e pacientes. Conforme expõe Gomes apud Souza (2009) deve ser levado em consideração que a interdisciplinariedade não anula a disciplinariedade, e as especificidades de cada campo de saber, e sim implica numa consciência dos limites e das potencialidades de cada campo de saber para que assim possa haver uma abertura em direção de um fazer coletivo. No entanto, sabe-se que na prática ainda existem algumas dificuldades para que o trabalho em equipe se desenvolva, e é por isso, a necessidade de continuar trabalhando e discutindo a interdisciplinariedade, pois se deve observar o individuo como um todo, em suas várias dimensões e contexto para garantir um atendimento integral à saúde do mesmo. 4. CONCLUSÃO 4
5 A complexidade do ser humano e os problemas que afetam a sua saúde trazem importantes desafios para os profissionais da área da saúde, na maneira de pensar e realizar o seu trabalho. Entende-se assim a importância da interdisciplinaridade, uma vez que isoladamente, o profissional não consegue atender todas as dimensões do cuidado humano. O trabalho interdisciplinar consiste em executar ações que são comuns, sem abolir as especificidades de cada profissional, dando valor a diferentes saberes. É fundamental, além da comunicação entre a equipe que facilita a integração de saberes, a reunião estabelecida com seus membros, fazendo com que esta se conheça e aprenda a trabalhar junto, sem hierarquização. Este estudo revela ainda que a interdisciplinaridade possibilita melhores relações de trabalho, tanto entre os profissionais, como entre os pacientes, familiares e os profissionais, os quais se aproximam das necessidades do doente contribuindo assim para uma assistência de melhor qualidade. 5. REFERÊNCIAS DELATREE, P. Investigações interdisciplinares: objetivos e dificuldades. Projeto Mathesis / DEFCUL, 1990 [Acessado em 1º de maio de 2011] < MATOS, E.; DE PIRES, D. E. P.; SOUSA, G. W. Relações de trabalho em equipes interdisciplinares: contribuições para novas formas de organização do trabalho em saúde. Rev Bras Enferm, PEDUZZI, M. Equipe multiprofissional de saúde: a interface entre trabalho e interação [tese]. Campinas: Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Universidade Estadual de Campinas; Apud MATOS, E; PIRES, D. E. P de; CAMPOS, G. W. S. Relações de trabalho em equipes interdisciplinares: contribuições para a constituição de novas formas de organização do trabalho em saúde. Rev. bras. enferm. vol.62 no.6 Brasília Nov./Dec ROCHA, R. M. O enfermeiro na equipe interdisciplinar do centro de atenção psicossocial e as possibilidades de cuidar. Texto Contexto Enferm 2005 jul-set; 14(3): SAUPE, R.; CUTOLO, L. R. A.; WENDHAUSEN, A. L. P.; BENITO, G. A. V. Competência dos profissionais da saúde para o trabalho interdisciplinar. Interface - Comunic., Saúde Educ., v.9, n.18, p , set/dez SOUZA, D.R.P.; SOUZA, M.B.B. Interdisciplinaridade: identificando concepções e limites para a sua prática em um serviço de saúde. Rev. Eletr. Enf. 11(1):117-23, Retirado de: 5
6 Apud GOMES, R.; DESLANDES S.F. Interdisciplinaridade na saúde pública: um campo em construção. Rev Latino-am Enfermagem, 1994 VILELA, E. M.; MENDES, I. J. M. Interdisciplinaridade e saúde: estudo bibliográfico. Ver Latino-am Enfermagem 2003 julho-agosto; 11(4): VILELA, E. M.; MENDES, I. J. M. Interdisciplinaridade e saúde: estudo bibliográfico. Ver Latino-am Enfermagem 2003 julho-agosto; 11(4): Apud MEIRELES, B. H. S.; ERDMANN, A. L. A questão das disciplinas e da interdisciplinaridade como processo educativo na área da saúde. Texto contexto Enfermagem, 1999 jan/abr, 8(1):
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