OS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO INFANTIL DO MUNICÍPIO DE HUMAITÁ-AMAZONAS

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1 OS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO INFANTIL DO MUNICÍPIO DE HUMAITÁ-AMAZONAS Zilda Gláucia Elias Franco Universidade Federal do Amazonas. Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Educação: Currículo PUC/SP. Resumo A formação dos professores da Educação Infantil (EI) é um tema que vem sendo discutido e que tem ocupado um lugar central nos debates das universidades, dos autores, instituições de educação e dos programas de governo. O presente trabalho tratase da temática Os Profissionais da Educação Infantil do Município de Humaitá-AM e teve como objetivo identificar quem são os profissionais que atuam na Educação Infantil das escolas municipais de Humaitá. Para tanto, fez-se necessário uma pesquisa qualitativa, de campo, através da coleta de dados realizada na Secretaria Municipal de Educação SEMED, e para maiores informações foram realizadas entrevistas semiestruturadas com dez (10) professoras da Educação Infantil das cinco (5) escolas municipais. Para o desenvolvimento dessa pesquisa, utilizamos como referencial teórico, Lima (2013), Tardif e Lessard (2012) e Kramer (2011) e Oliveira-Formosinho (2011). Os resultados, com base no ano escolar de 2013, demonstraram que o município tem, na área urbana, cinco (05) instituições municipais de Educação Infantil pré-escolar, com trinta (30) profissionais licenciados em Normal Superior, sendo que 90% têm especialização específica na EI e em outras áreas e 10% não possuem especialização em nenhuma área. Constatamos ainda, que as docentes possuem pós-graduação, porém, a SEMED/escola não ofertaram atividades de formação aos professores no ano de Como a formação é também uma busca do profissional, os professores realizam investimentos na formação com seus próprios recursos, buscando especializar-se visando a prática pedagógica e o ensino-aprendizagem dos alunos. A formação continuada ocorre também, entre conversas, troca de experiências e cursos oferecidos pelas universidades, bem como em livros, pesquisas na internet e programas na TV Escola. Palavras-chave: Educação Infantil. Formação de professores. Ensino. Introdução A formação dos professores da Educação Infantil (EI) é um tema que vem sendo discutido e que tem ocupado um lugar central nos debates das universidades, dos autores, instituições de educação e dos programas de governo. Os dados do Censo 2011 divulgados pelo Instituto Nacional de Ensino e Pesquisa-INEP ressaltam que tem diminuído o número de professores sem formação no ensino superior nas escolas de educação básica do país, porém, ainda constata um alto índice de professores sem formação devida, na qual muitos destes estão atuando na educação infantil, totalizando 43,1% nas creches e na pré-escola (LIMA, 2013). Diante deste cenário, o problema principal dessa pesquisa fica na seguinte pergunta da investigação: Quem são os professores da Educação Infantil que atuam no 9835

2 2 município de Humaitá-AM? Quais as práticas de formação que participam? Para responder essas questões o trabalho de pesquisa tem como objetivo identificar quem são os profissionais que atuam na Educação Infantil das escolas municipais de Humaitá- AM. Procedimentos A metodologia utilizada para a realização da investigação foi a pesquisa qualitativa, que segundo Lakatos e Marconi (2009), aproximam melhor o pesquisador do objeto pesquisado, permitindo um contato maior entre eles, refere-se às informações diretamente construídas no diálogo com o indivíduo entrevistado. A pesquisa de campo, realizada em 2014, norteou o trabalho. Luckesi et.al (2001), explicam que, consiste em suprimir as dúvidas, para alcançar informações e conhecimentos no lugar que expresse, com maior proximidade, a realidade investigada. Os dados foram coletados através de entrevista semiestruturada e a coleta de dados na Secretaria Municipal de Educação SEMED, através da Coordenação Pedagógica Urbana do munícipio. Os profissionais da educação infantil do município de Humaitá-AM Humaitá é um município brasileiro que está localizado no interior do estado do Amazonas aproximadamente 777 km² da capital de Manaus. Situado à margem esquerda do Rio Madeira, ao lado da Rodovia Transamazônica cortado por rios, lagos e igarapés e cercado pela floresta tropical. A Educação Infantil no município é um ensino destinado somente à segunda faixa etária de crianças com 4 a 5 anos de idade. Até o ano de 2013 a cidade não ofertou a primeira faixa etária de 0 a 3 - creche, pois não possuía instituições e nem equipamentos necessários para atender esse público. Os dados aqui apresentados foram coletados na Secretaria Municipal da Educação e Desportos SEMED, disponibilizados pela Coordenação Pedagógica Urbana do Município referente aos anos de 2013, da área urbana. O município manteve 05 (cinco) instituições de EI abrangendo a demanda de Jardim I, 04 (quatro) anos e Jardim II, 05 (cinco) anos. O total de turmas ofertadas na Educação Infantil foram: 30 (trinta) classes, sendo 30 (trinta) professores, com aproximadamente 801 (oitocentos e um) alunos matriculados, com média de 26,7 alunos por turma. No que se refere à formação dos profissionais que atuam na Educação Infantil pré-escolar do município, identificou-se que 16 (dezesseis) professores possuem formação em Normal Superior e Pedagogia, e Especialização em Educação Infantil; 6 (seis) têm formação em Normal Superior e Pedagogia, Especialização em Educação 9836

3 3 Infantil e Especialização em outra área como: Alfabetização, Gestão, Psicologia Escolar e outros; 7 (sete) possuem formação em Normal Superior e Especialização em outra área como: Alfabetização, Gestão, Psicologia Escolar e outros e 1 (um) com formação em Normal Superior e Pedagogia. Os professores atendem a lei nº de 04 de abril de 2013 que altera a Lei n 9.394/96, e estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. De acordo com os relatos da Coordenação Pedagógica Urbana de Humaitá, o município, no ano de 2013 não ofereceu cursos de formação aos docentes de educação infantil. Ressalta ainda, que a maioria dos professores, para obter uma formação continuada ou mesmo uma especialização agem por conta própria, ingressam em instituições ou em cursos privados, pagando com próprio recurso. Com a palavra: os profissionais da Educação Infantil A pesquisa realizou entrevistas semiestruturadas com dez (10) docentes das escolas municipais de Educação Infantil de Humaitá. As identidades dos participantes foram mantidas ocultas com o objetivo de preservá-los. Os mesmos serão nomeados de acordo com as letras iniciais identificadas pela letra P seguida de um número conforme a ordem de entrevista. Todas professoras são do gênero feminino, com idades variando entre 38 a 53 anos e o tempo de atuação no magistério varia entre 02 a 20 anos de profissão na EI, trabalhando nos turnos que alteram entre matutino, vespertino e matutino/vespertino, em escolas distintas. Indagado às docentes: Recebeu formação continuada da instituição que atua/ da Secretaria Municipal de Educação (SEMED) /de outros em 2013? Obtivemos as seguintes respostas: P1, P5, P6, P7, P8, P9, P10 responderam que não. P6: eles não oferecem formação de professores para Educação Infantil, mas para o ensino fundamental. P2; P3 e P4 responderam que sim. P4 comentou todos os anos. Identificamos que sete (7) das entrevistadas responderam que não receberam formação no ano de Conforme os relatos, uma das entrevistadas ressaltou que anos atrás elas sempre recebiam formação nos períodos de férias ou em semanas de planejamentos, porém no ano de 2013 não ofertaram nenhum tipo de formação. P2, P3 e P4 responderam que receberam formação, mas não explicitaram quais. Questionamos às entrevistadas: Considera importante a formação continuada? Justifique sua resposta. Todas as docentes responderam que sim. Segue a fala de P9: Acredito que a formação continuada seja um fator de mudança nas práticas pedagógicas, é preciso sempre está atento a tudo que nos diz respeito no âmbito 9837

4 4 educacional, então, a formação continuada muitas vezes nos traz aquilo que procuramos para que possamos fazer um trabalho pelo menos razoável, pois nos falta muito para atingirmos uma educação melhor. As entrevistadas acreditam que a formação continuada é relevante para sua prática pedagógica, pois promove reflexões que muitas vezes elas não conseguem perceber no dia a dia. Indagamos às docentes: Busca por conta própria formação continuada para atuar no ensino da Educação Infantil? Onde? Justifique. A professora P1 e P2 responderam que não, mas somente P1 fez comentário, Diante de tantos empecilhos, busco prestar concursos para outras áreas. Através da resposta de P1 identificamos o termo empecilho que pode referir-se às diversas dificuldades enfrentadas pelos profissionais da educação nos últimos tempos. Dentre essas encontramos muitas vezes a dupla jornada de trabalho e o próprio ritual das atividades realizadas pelo docente que, segundo Tardif e Lessard (2012), envolvem dois preparação das aulas, correção de atividades, relatórios, confecção e organização de material pedagógico, reunião com pais que abarcam tempos sociais, coletivos e individuais e todos os desdobramentos dos acontecimentos escolares que são numerosos e diversificados. Oito (8) entrevistadas responderam que sim, com comentários. Destacamos: P4: Sim. Em livros, programas de televisão, apostilas, internet. Pois procuro cada vez mais me enriquecer dos conteúdos. P8: Compartilhamos juntos nossas experiências e procuramos sempre inovar. As entrevistas demonstram que os professores são renunciam perante as dificuldades ou pela falta de formação continuada. [...] para ser professor, mais do que ensinar é preciso gostar de aprender, o que implica compreender que a formação científica, cultural, e política não para, mas continua (KRAMER 2011, p.129). Verifica-se o auxílio profissional mútuo. As relações emocionais que envolvem alunos, professores e troca de experiências, colaboração que acontece em diferentes planos podendo ser no primário, entre professores do mesmo nível, no planejamento de ensino, confecção de materiais, ideias e sugestões de atividades, divisão das tarefas pedagógicas que podem levar ao espírito de equipe, tão importante na escola (TARDIF e LESSARD, 2012). Considerações Finais 9838

5 5 O presente trabalho buscou elucidar a formação dos profissionais do ensino da Educação Infantil no município de Humaitá-AM e a base teórica nos proporcionou desenvolver uma análise muito satisfatória no desenvolvimento da pesquisa. Constatou-se que a SEMED e a escola não ofertaram formação aos docentes em 2013 e os professores se preocuparam em buscar aperfeiçoamento para a prática pedagógica realizando pesquisas na internet, em livros e compartilhando ideias. Realizam investimentos na formação com seus próprios recursos, buscando especializar-se visando a prática pedagógica para que o ensino-aprendizagem seja satisfatório. Observou-se que os professores têm perspectivas de que sejam ofertados cursos que visem o aperfeiçoamento em materiais pedagógicos, bem como curso de Psicopedagogia visando compreender como ocorre o processo do desenvolvimento humano. Acreditamos que a pesquisa apresentada contribui significativamente para o conhecimento e reflexão da temática à SEMED, pelas estatísticas de levantamentos de dados atualizados relacionados à formação, satisfação e perspectivas dos entrevistados. A formação docente é um elo consistente entre teoria e prática. O desenvolvimento profissional implica numa caminhada que acontece em todo o ciclo de vida do professor fazendo-o crescer, ser, sentir, agir (OLIVEIRA-FORMOSINHO, 2011). Referências Presidência da República. Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei Nº , de 4 de abril de Disponível em: < Acesso em: 11 dez KRAMER, S. Formação de profissionais de educação infantil: questões e tensões. In: MACHADO, M. L. de A. (Org.). Encontros e desencontros em educação Infantil. 2. ed São Paulo: Cortez, p LAKATOS, E.M. e MARCONI, M.A. Metodologia Científica. São Paulo: Atlas, LIMA, M. C. B. A Formação do Professor da Educação Infantil: Entre Dilemas e Perspectivas. In: 28º Simpósio Mundial da OMEP, Primeira Infância no XXI: direito das crianças de viver, brincar, explorar e conhecer o mundo: artigos dos cursistas II / (Org.). SALMOZE, M. A.; CHAVES, Alessandra M. de Q.; SILVA, H. S. Campo Grande, MS: ed. UFMS, LUCKESI, C. C. Et al. Fazer universitário: uma proposta metodológica. 12. Ed. São Paulo: Cortez,

6 6 OLIVEIRA-FORMOSINHO, J. O desenvolvimento profissional das educadoras de infância: ente os saberes e os afectos, entre a sala e o mundo. In: MACHADO, M. L. de A. (Org.). Encontros e desencontros em educação Infantil. 2. ed São Paulo: Cortez, p TARDIF, M.; LESSARD, C. O trabalho docente: elementos para uma teoria da docência como profissão das interações humanas. Tradução de João Batista Kreuch. 7. Ed. Petrópolis, RJ: Vozes,