4 Aplicação dos Eletroníveis na Barragem de Mazar
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- Eduarda Mangueira Jardim
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1 55 4 Aplicação dos Eletroníveis na Barragem de Mazar 4.1. Barragem de Mazar A barragem de Mazar é uma BEFC de 166 m de altura localizada na parte sudeste do Equador, no rio Paute, a 100 km da cidade de Cuenca. A barragem possui taludes a montante de 1,4(H):1,0(V) e a jusante de 1,5(H):1,0(V), com volume de enrocamento de m 3. O vale é assimétrico, com uma ombreira direita íngreme de talude 0,6(H):1,0(V), ombreira esquerda com relação média de 1,3(H):1,0(V) e muito estreito, com relação A/H 2 (Área da face dividida pelo quadrado da altura) de 1, Construção da barragem O rio foi desviado em dezembro de 2006, sendo que a ensecadeira, um enrocamento de 45 metros de altura com núcleo central, foi construído entre dezembro de 2006 e janeiro de Em seguida foram construídos os acessos temporários e feita a limpeza das fundações, de modo que a primeira camada da Zona 3C pôde ser colocada já em janeiro de No fim de julho de 2007, aproximadamente m 3 de enrocamento tinham sido colocados, 70% correspondendo à Zona 3C, como pode ser observado na seção máxima na Figura 4.1. (Orejuela, 2007). Figura 4.1 Seção máxima da barragem de Mazar
2 56 A Zona 3C foi compactada com 6 passadas de rolo vibratório de 13,5 toneladas, em camadas de 0,80 m, enquanto a Zona 3B foi compactada com camadas de 0,50 m. Já a Zona 2B foi compactada com 6 passadas de rolo vibratório de 10 toneladas, em camadas de 0,40 m e junto à ombreira com rolos de 1 tonelada em camadas de 0,20 m. Para a compactação, foi utilizado um volume de água equivalente a 300 l/m 3. O material da Zona 3C é proveniente de uma escombreira originada pela escavação subterrânea e produto da escavação do leito direito do rio Paute. A Zona 3B possui material retirado de pedreira constituída de xistos quartizíticos, cloríticos e/ou sericíticos. O material da Zona 2B foi processado da rocha proveniente dos rios Paute e Negro, sendo bem graduado, composto de areia e pedregulho de tamanho máximo de 7,5 cm. O material da Zona 2A, colocado ao pé da barragem, consiste em material triturado proveniente do rio Negro, com tamanho máximo de 14 cm. Na Figura 4.2 é apresentado o avanço construtivo do corpo da barragem e da berma a montante até fevereiro de Na Figura 4.3 é mostrada a vista à jusante da barragem em outubro de EXECUTADO EM JANEIRO/07 EXECUTADO EM FEVEREIRO/07 EXECUTADO EM MARÇO/07 EXECUTADO EM ABRIL/07 EXECUTADO EM MAIO/07 EXECUTADO EM JUNHO/07 EXECUTADO EM JULHO/07 EXECUTADO EM AGOSTO/07 EXECUTADO EM SETEMBRO/07 EXECUTADO EM OUTUBRO/07 EXECUTADO EM NOVEMBRO/07 EXECUTADO EM DEZEMBRO/07 EXECUTADO EM JANEIRO/08 EXECUTADO EM FEVEREIRO/08 EXECUTADO EM MARÇO/08 EXECUTADO EM ABRIL/08 Legenda EXECUTADO EM MAIO/08 EXECUTADO EM JUNHO/08 EXECUTADO EM JULHO/08 EXECUTADO EM AGOSTO/08 EXECUTADO EM SETEMBRO/08 EXECUTADO EM OUTUBRO/08 EXECUTADO EM NOVEMBRO/08 EXECUTADO EM DEZEMBRO/08 EXECUTADO EM JANEIRO/09 EXECUTADO EM FEVEREIRO/09 Figura 4.2 Avanço da construção da barragem até Fevereiro de 2009.
3 57 Figura 4.3 Vista do talude de jusante da barragem de Mazar em 26 de outubro de 2008 ( Características da face de concreto As seguintes recomendações com relação à face de concreto foram obtidas com auxílio de uma análise tridimensional para determinação das tensões e deformações no enrocamento e na face de concreto da barragem de Mazar: Adoção de lajes subparalelas (lajes de arranque) nas ombreiras para evitar concentração de deslocamentos nessa região. A laje possui espessura variável, determinada pela fórmula: e = 0,30 + 0,006 h (m) (4.1) Onde h é entre distância do ponto da laje e a crista (Figura 4.5) Adoção de lajes de 7,5 m de largura na região de compressão. As demais lajes são de 15 metros de largura. Na Figura 4.4 é apresentada a vista do talude a montante em março de 2009, quando as lajes se encontravam em construção. A espessura da laje varia segundo a seguinte expressão: e = 0,30 + 0,003 h (m) (4.2) Armadura da laje de 0,5% nas duas direções. Adoção de juntas verticais com espaçamento de 3,2 cm.
4 58 Figura 4.4 Vista do talude de montante da barragem de Mazar em março de Na Figura 4.5 são mostradas as características geométricas da seção da laje. Nota-se a presença de lajes de arranque, cuja espessura também é dada pela equação 3.1. Figura 4.5 Características geométricas da face de concreto da barragem de Mazar.
5 Instalação dos eletroníveis Os eletroníveis foram instalados em quatro seções da face de concreto, denominadas A (32 unidades), B(11 unidades), C (18 unidades) e D (19 unidades), totalizando 80 unidades. Na Figura 4.6 é apresentado o desenho da face de concreto, com as linhas de posicionamento dos eletroníveis. Pode também ser observada a localização das juntas horizontais de construção da face. As regiões hachuradas correspondem às lajes de arranque. Figura 4.6 Linhas de instrumentação com eletroníveis da face de concreto da barragem de Mazar. O dimensionamento dos cabos foi realizado considerando a distância entre cada eletronível e a casa de leitura, a ser posicionada na crista da barragem na posição da linha A, acrescida de 10 metros para garantir o correto manuseio dos cabos sem a necessidade de realizar emendas. Foram utilizados cabos KmP 4x18, com 7,65mm de diâmetro, em um total de metros, com comprimentos variando de 10 a 282 metros, e posteriormente enrolados em carretéis adequados. Na Figura 4.7 podem ser vistas as seções instrumentadas com eletroníveis, nas quais se podem observar as características geométricas da fundação.
6 60 a) Escala m Perfil do Enrocamento Face de Concreto Perfil do terreno b) Escala m c) Escala m d) Escala m Figura 4.7 Geometria da fundação nas seções instrumentadas com eletroníveis. (a) Seção A; (b) Seção B; (c) Seção C e (d) Seção D. A instalação dos eletroníveis ocorreu em etapas, acompanhando a execução da face de concreto. A Seção A foi instrumentada em quatro etapas, as seções C e D em três
7 61 etapas e a Seção B em duas etapas. A primeira etapa de instalação ocorreu no período entre 7 e 15 de outubro de Naquela ocasião puderam ser instalados 17 eletroníveis na seção A, ou seja, EN-A1 a EN-A17. Na Figura 4.8 é apresentado o detalhe da fixação do EN-A2. O procedimento de instalação será descrito no item 4.5 do presente capítulo. No Capítulo 5 serão discutidos os resultados obtidos nessa etapa inicial. Figura 4.8 Vista das linhas de eletroníveis das seções A e C instalados na face da barragem de Mazar em março de Figura 4.9 Detalhes da base de fixação e da proteção (EN-A2). A segunda etapa de instalação da Seção A (1ª das Seções C e D) ocorreu no período de 11 a 18 de março de 2009, quando foram instalados 31 eletroníveis nas seções A (11 unidades), C (15 unidades) e D (5 unidades), já que a laje na região da seção B estava em construção. Não foram instalados todos os eletroníveis das seções, pois a parte superior da face ainda não havia sido executada, como pode ser observado nas Figuras 4.4 e 4.9. Na Figura 4.8 se observa um trecho da face com os eletroníveis das linhas A e C instalados na região construída da laje. Após a instalação, os carretéis contendo os cabos que ligam os eletroníveis à casa de leitura foram armazenados na parte superior da laje (Figura 4.10). A segunda etapa de instalação da Seção D ocorreu em 4 de junho de 2009, quando foram instalados 13 eletroníveis, totalizando 18 eletroníveis na seção, enquanto a segunda etapa da seção C ocorreu no dia 12 de julho de 2009, quando foram instalados 2 eletroníveis (C16 e C17), correspondendo também à terceira etapa da Seção A, quando foram instalados 3 eletroníveis (A29 a A31). A primeira etapa de instalação da Seção B ocorreu no dia 24 de julho de 2009, quando foram instalados 10 eletroníveis (B1 a B10). Figura 4.10 Carretéis dos cabos armazenados na parte superior da laje após instalação dos eletroníveis.
8 62 A última etapa de instalação ocorreu em 27 de Agosto de 2009 quando foram instalados os eletroníveis D19, C18, A32 e B11, concluindo a instalação dos 80 eletroníveis. Na Tabela 4.1 são apresentadas as cotas de instalação dos eletroníveis, enquanto na Tabela 4.2 são mostradas as etapas de instalação descritas anteriormente. Tabela 4.1 Cotas de instalação dos eletroníveis. Seção A Cota (m) Seção B Cota (m) Seção C Cota (m) Seção D Cota (m) EN-A ,43 EN-B ,20 EN-C ,00 EN-D1 2056,00 EN-A ,99 EN-B ,50 EN-C ,00 EN-D2 2057,00 EN-A ,49 EN-B ,50 EN-C ,00 EN-D3 2060,00 EN-A ,96 EN-B ,50 EN-C ,00 EN-D4 2064,00 EN-A ,47 EN-B ,50 EN-C ,00 EN-D5 2069,00 EN-A ,47 EN-B ,50 EN-C ,00 EN-D6 2075,00 EN-A ,48 EN-B ,50 EN-C ,00 EN-D7 2081,50 EN-A ,97 EN-B ,00 EN-C ,00 EN-D8 2088,00 EN-A ,46 EN-B ,50 EN-C ,00 EN-D9 2094,50 EN-A ,98 EN-B ,50 EN-C ,00 EN-D ,00 EN-A ,48 EN-B ,50 EN-C ,00 EN-D ,50 EN-A ,98 EN-C ,50 EN-D ,00 EN-A ,47 EN-C ,00 EN-D ,50 EN-A ,98 EN-C ,00 EN-D ,00 EN-A ,49 EN-C ,00 EN-D ,50 EN-A ,47 EN-C ,50 EN-D ,00 EN-A ,48 EN-C ,50 EN-D ,50 EN-A ,50 EN-C ,50 EN-D ,50 EN-A ,00 EN-D ,50 EN-A ,00 EN-A ,00 EN-A ,50 EN-A ,00 EN-A ,50 EN-A ,00 EN-A ,50 EN-A ,00 EN-A ,50 EN-A ,50 EN-A ,50 EN-A ,50 EN-A ,50 Tabela 4.2 Etapas de instalação dos eletroníveis. A B C D 10/10/2008 A1 a A /3/2009 A18 a A28 - C1 a C15 D1 a D5 5/6/ D6 a D18 12/7/2009 A29 a A31 - C16 e C17-24/7/ B1 a B /8/2009 A32 B11 C18 D19
9 Montagem dos Eletroníveis Os 80 eletroníveis utilizados possuem precisão de 12 segundos de arco e faixa linear de valores de ± 3º. O sensor fornece excelente estabilidade, sendo constituído de uma ampola hermética de vidro e quatro eletrodos de platina penetrando o líquido eletrolítico. Para posicionar e proteger os eletroníveis, foi realizada usinagem de cilindros de alumínio para produção de cápsulas próprias para receber as ampolas, como pôde ser visto no desenho contendo as dimensões na Figura 3.5. As cápsulas possuem no seu lado externo uma protuberância de 1,5 mm para encaixe nos perfis metálicos de fixação na face da barragem (Item 4.5) e apoio para a fixação na barra de calibração (Item 4.4). As emendas dos fios dos eletroníveis com os cabos foram protegidas por luvas termo retráteis, de forma a garantir uma vedação local dos contatos. Após o posicionamento das ampolas e sua conexão com os cabos, (Figura 4.11), as cápsulas foram preenchidas por resina de Epóxi catalisada (Resinpoxi MA 040), com a finalidade de fixação da ampola na cápsula, além da proteção e impermeabilização das conexões. Para tanto, os eletroníveis foram apoiados em uma bancada plana durante 24 horas para secagem completa da resina (Figura 4.12), com os eletrodos mantidos na posição horizontal a fim de garantir o correto funcionamento dos eletroníveis. Na Figura 4.13 pode ser observada a cápsula após a colocação da resina. Figura 4.11 Vista do eletronível ligado aos cabos e posicionado no interior da cápsula Figura 4.12 Vista dos eletroníveis apoiados em bancada plana para secagem completa da resina.
10 64 Figura 4.13 Vista do eletronível preparado para ser inserido na câmara de pressão. Figura 4.14 Vista dos eletroníveis após a colocação da resina. Para finalizar a etapa de montagem dos eletroníveis, foi necessário vedar a passagem do cabo pelo orifício da cápsula. Para tanto, utilizou-se um selante de silicone (Dow Corning 7091) e uma peça de plástico, com abertura central de diâmetro igual ao do cabo, com a finalidade de confinar o silicone e proteger a região de contato. Com o objetivo de avaliar o comportamento do eletronível com relação à estanqueidade à pressão que será submetido após o enchimento do reservatório, foi realizado um ensaio no Laboratório da Engenharia Mecânica (Laboratório de Sensores a Fibra Ótica) da PUC-Rio. Neste ensaio, inicialmente o instrumento foi fixado em uma chapa metálica, aparafusado por intermédio da mesma plaqueta metálica utilizada na fixação na barra de calibração e envolto por uma borracha para encaixe adequado ao vaso do equipamento, como é mostrado na Figura Em seguida, foi introduzido na câmara de pressão preenchido por água. Após a eliminação do ar dentro da câmara, aplicou-se uma pressão crescente até 300 m.c.a., superior a qualquer pressão existente no reservatório da barragem e tomaram-se as leituras durante todo o processo de incremento de pressões. Na Figura 4.15 se pode ver a câmara de pressão, o equipamento de leitura da pressão aplicada e à direita a unidade de leitura manual dos eletroníveis.
11 65 Figura 4.15 Vista do equipamento utilizado para o ensaio de estanqueidade Sistemas de aquisição de dados Foram utilizadas duas formas de leitura dos eletroníveis, descritas a seguir. A unidade de leitura manual, ou seja, o Mini Data-Logger da CMCS (Construction Monitoring Control Systems) foi utilizado durante o processo de instalação dos eletroníveis na face de concreto para estabelecer a suas leituras iniciais e para obter leituras periódicas nos primeiros meses de instalação, ainda na fase de construção do corpo de enrocamento e berma a montante. O outro método de leitura consiste em um sistema automático de leitura e gravação dos dados dos eletroníveis desenvolvido na PUC-Rio, denominado Sistema de Monitoramento de Eletroníveis (SME). Apesar de o sistema ter sido desenvolvido no decorrer do presente trabalho, este não foi aplicado na barragem até o momento, sendo que se pretende proceder à sua instalação antes do enchimento do reservatório para acompanhar a movimentação da laje em tempo real Unidade de Leitura (Mini Data-Logger) A unidade de leitura desenvolvida pela CMCS consiste em um dispositivo de três canais de leituras que podem ser usados independentemente, ou seja, é possível instalar até três eletroníveis para obter as leituras de cada um deles separadamente. O equipamento, que é apresentado na Figura 4.16, possui um visor de 6 dígitos e um teclado com funções
12 66 Figura 4.16 Vista da unidade de leitura (Mini Data-Logger) de programação, mudança de canal e ajuste de data e hora. Esse equipamento funciona com 4 pilhas AA. O visor da unidade de leitura possui um intervalo de divisões, onde uma divisão corresponde a pouco mais de um segundo do arco, para o eletronível utilizado na presente aplicação. Na Figura 4.17 são ilustrados alguns detalhes das conexões que podem ser feitas na unidade de leitura. Vale ressaltar a existência de uma porta paralela na qual se pode conectar o computador, caso se queira obter os dados através de software específico. Contudo, se optou por adotar a metodologia de anotar as leituras diretamente lidas no visor. Na porta serial é acoplada uma pequena caixa para três canais que possibilita a ligação de até três eletroníveis simultaneamente. O equipamento possui dimensões aproximadas de uma calculadora, sendo de fácil portabilidade, além de possuir um simples sistema de conexão. Figura 4.17 Detalhes da unidade de leitura manual (Mini Data- Logger) da CMCS e da conexão com os eletroníveis. (Wha, 1999) Sistema de Monitoramento dos Eletroníveis (SME) O SME é um programa auto-executável desenvolvido numa plataforma NI LabView 8.5 conjugada com o módulo de conversão A/D-D/A NI USB6229, do qual são utilizados 32 canais analógicos de entrada e 4 canais analógicos de saída. Com o objetivo de monitorar até 96 eletroníveis, o sistema utiliza 3 módulos conversores (A, B e C), cada um deles controlado por um programa próprio (SME-A, SME-B
13 67 e SME-C) e associado a 2 módulos para condicionamento de eletroníveis (Figura 4.18). Além de aquisitar os dados provenientes dos eletroníveis, os conversores são responsáveis pela geração dos sinais senoidais que excitam os mesmos. Os módulos de condicionamento recebem os sinais senoidais dos eletroníveis e fazem a retificação, gerando níveis c.c. (corrente contínua) de tensão (proporcionais às inclinações medidas), que são então transferidos para os conversores. Na Figura 4.19 pode ser visto o computador conectado aos três conversores, que por sua vez estão conectados aos condicionadores ainda abertos. Na Figura 4.20 pode ser visto em detalhe o painel de conexão dos condicionadores aos conversores. Figura 4.18 Ilustração das conexões entre os eletroníveis, módulos conversores e condicionadores.
14 68 Figura 4.19 Vista dos equipamentos do sistema de monitoramento de eletroníveis (SME). Figura 4.20 Vista do painel do condicionador. Quando ativados, os programas SME (A, B e C) iniciam imediatamente a leitura e processamento dos dados, que são mostrados no painel nas formas numérica e gráfica e atualizados de acordo com o intervalo programado. A gravação dos dados, em arquivo.xls ou.txt, é iniciada somente após habilitada pela chave gravação. Qualquer alteração executada nos parâmetros do painel só é válida para a operação em curso, não sendo possível salvá-las para uso futuro. A tela do programa pode ser vista na Figura 4.21.
15 69 Figura 4.21 Tela do programa SME (Sistema de Monitoramento de Eletroníveis) Calibração dos Eletroníveis Para a calibração dos eletroníveis foi utilizada uma barra metálica contendo dez aberturas para seus posicionamentos, bem como roscas para a fixação das cápsulas com o auxílio de plaquetas metálicas aparafusadas, conforme descrito no Capítulo 3. A barra (Figura 4.22) foi fixada por uma rótula em uma de suas extremidades, sendo que na outra foi montado um sistema com rosca sem fim para variação dos ângulos. O passo da rosca é de 2,11 mm, e a distância entre os apoios da barra de 1,32 m. Sendo assim, pode-se obter o grau desejado aproximado pelo arco tangente do triângulo, que possui como cateto oposto o deslocamento obtido pelo número de passos da rosca e, como cateto adjacente, a distância entre as extremidades apoiadas da barra. A amplitude dos ângulos atingidos é superior a ± 3º.
16 70 Sistema de rosca sem fim Eletronível de referência (dummy) Figura 4.22 Barra de Calibração dos eletroníveis (Laboratório de Geotecnia PUC-Rio). O fator de calibração do eletronível de referência fornecido para o mini data-logger da CMCS (FC = 4, ) foi utilizado para corrigir as leituras obtidas pelo sistema descrito anteriormente, ou seja, cada intervalo de leitura do eletronível de referência representa um ângulo que pode ser obtido utilizando o seu fator de calibração (FC dummy ). Sendo assim: 6 FC dummy L 4,9 10 L (4.3) Onde: θ é o ângulo em radianos FC é o fator de calibração ΔL é a variação da leitura do eletronível de referência Vale ressaltar que o trecho de linearidade observado no eletronível de referência foi de aproximadamente ± 1º (±0,02 rad), enquanto o trecho de linearidade dos eletroníveis calibrados foi de ± 3º (±0,06 rad), conforme previsto pelas especificações do fabricante descritas anteriormente. Como pode ser observado na Figura 4.23, que contém dados de um conjunto de nove eletroníveis acrescidos do eletronível de referência, através do sistema de variação dos ângulos instalado no Laboratório de Geotecnia da PUC-Rio, obteve-se linearidade nas curvas de calibração, sendo que o valor do coeficiente de determinação (R 2 ) para tais curvas foi igual a 1 para todos os eletroníveis. No entanto, o trecho de linearidade do eletronível de referência com calibração padrão ( ) foi de 4, , sendo necessária a correção dos ângulos obtidos, indicada pela equação 4.3. As curvas corrigidas estão apresentadas na Figura 4.24.
17 Ângulo Ângulo (rad) (rad) Ângulo Ângulo (rad) (rad) 71 Calibração A A A y = 4.79E-06x A14 B01 A A A08 A Leituras Leitura Figura 4.23 Curvas de calibração de um conjunto de 9 eletroníveis e do eletronível de referência utilizando o mini-logger. Calibração EN Ref y = 4.90E-06x A11 A09 A07 B01 A15 A13 A12 A14 A08 EN Ref Leitura Leituras Figura 4.24 Curvas de calibração corrigidas pelo eletronível de referência utilizando o mini-logger Calibração com a utilização do Mini Data-Logger Inicialmente a calibração foi realizada anotando-se 25 diferentes ângulos e as correspondentes leituras para cada conjunto de nove eletroníveis, além do dummy. O incremento adotado foi de 3 voltas na rosca sem fim, ou seja, de grau (0,0048 rad), chegando-se a uma amplitude total de 72 voltas, ou seja, ± (± 0,0577 rad). Na Tabela 4.3 são apresentados os resultados da calibração de um conjunto de nove eletroníveis. O trecho destacado nos resultados corresponde ao trecho de linearidade do dummy. No Apêndice A estão contidas as tabelas com os
18 Ângulo (rad) 72 resultados da calibração de todos os 80 eletroníveis, além o gráfico final no qual o eixo das abscissas corresponde às leituras e o eixo das ordenadas os ângulos em radianos. As retas obtidas nesses gráficos possuem inclinações que representam os fatores de calibração. A partir de quatro conjuntos de calibração, ou seja, após 36 eletroníveis calibrados, optou-se por variar apenas 13 ângulos com incrementos de 2 voltas (11 2 de grau ou 0,0032 rad) na rosca sem fim por uma questão de praticidade, já que a linearidade já poderia ser obtida com essa variação menor. Sendo assim, foi obtida uma amplitude total de 26 voltas, ou seja, ± (± 0,0193 rad). O maior fator de calibração para o data-logger obtido foi o do eletronível A05 com um valor de 7, , enquanto o menor valor obtido foi de 5, para o eletronível A20. O valor médio dos fatores de calibração foi de 6, com desvio padrão de 0,4306. A série de fatores de calibração apresenta 3 modas (trimodal): 6, , 6, e 7, e mediana de 6, Na Figura 4.25 são mostradas as curvas de calibração com inclinações máxima e mínima, enquanto na Figura 4.26 são apresentados os coeficientes de calibração para o mini data-logger dos 80 eletroníveis instalados na barragem de Mazar. Leituras Figura 4.25 Gráfico das curvas de calibração máxima e mínima no mini-logger.
19 Tabela 4.3 Resultado da calibração de um conjunto de nove eletroníveis para o mini data-logger da CMCS 73 Voltas tg (º) (rad) Ref D4 B4 C2 D2 C5 C6 C3 D6 D ,058-3,306-0, ,053-3,031-0, ,048-2,756-0, ,043-2,481-0, ,039-2,205-0, ,034-1,93-0, ,029-1,654-0, ,024-1,379-0, ,019-1,103-0, ,014-0,827-0, ,01-0,552-0, ,005-0,276-0, ,005 0,276 0, ,01 0,552 0, ,014 0,827 0, ,019 1,103 0, ,024 1,379 0, ,029 1,654 0, ,034 1,93 0, ,039 2,205 0, ,043 2,481 0, ,048 2,756 0, ,053 3,031 0, ,056 3,214 0, Calibrações (ajuste linear) Coef ang -4,92E-06 7,00E-06 6,97E-06 6,43E-06 6,67E-06 7,15E-06 6,83E-06 6,97E-06 6,62E-06 7,13E-06 Coef linear -0,0015 0,0003 0, ,0001 0,0007 0,0008 0,0001 0,0007 0,0019 R 2-0,
20 Fator de Calibração 74 Eletroníveis Figura 4.26 Gráfico dos fatores de calibração dos eletroníveis para o Mini Data-Logger Calibração com a utilização do Sistema de Monitoramento de Eletroníveis (SME) Após três conjuntos de calibração, ou seja, 27 eletroníveis calibrados, o Sistema de Monitoramento de Eletroníveis (SME) já estava disponível para utilização. Sendo assim, se passou a efetuar as calibrações utilizando os dois sistemas (SME e Data-logger). O procedimento de calibração foi exatamente o mesmo, contudo o eletronível de referência foi lido com o data-logger, por possuir calibração padrão para este equipamento. O maior fator de calibração para o SME obtido foi para o eletronível A05 com um valor de 2, , enquanto o menor valor obtido foi de 1, para o eletronível A20. O valor médio dos fatores de calibração foi de 1, com desvio padrão de 0,0117. A série de fatores de calibração também apresenta 3 modas (trimodal): 1, , 1,83-1 e 1, e mediana de 1, Na Figura 4.27 são apresentados os coeficientes de calibração para o SME dos 80 eletroníveis instalados na barragem de Mazar.
21 Fator de Calibração 75 No Apêndice A também estão contidas as tabelas com os resultados da calibração dos 53 eletroníveis pelo SME. Eletroníveis Figura 4.27 Gráfico dos fatores de calibração dos eletroníveis para o SME Compatibilização entre Fatores de Calibração obtidos com o data-logger e com o SME Os 27 primeiros eletroníveis calibrados não possuíam fator de calibração para o SME. Por isso foi necessário fazer uma correlação entre as leituras obtidas pelo data-logger e o SME. O procedimento para obtenção da correlação foi a leitura simultânea com a utilização dos dois sistemas. Para isso, foi necessário emendar cabos externos ao SME para permitir o contato com a leitora. Na Figura 4.28 se pode observar a correlação entre as leituras obtidas. A inclinação da curva representa o fator de conversão das leituras. Portanto, os 27 fatores de calibração obtidos pelo Mini Data-Logger foram multiplicados pelo
22 Leituras do sistema de Monitoramento dos eletroníveis Leituras do Sistema de Monitoramento de Eletroníveis 76 fator de conversão (3, ) para obtenção dos fatores de calibração para o SME. No Apêndice A são apresentados os fatores de calibração obtidos. Correlação entre as leituras obtidas na leitora manual e no SME y = 3.68E-05 R 2 = Leituras do Mini Data-Logger Figura 4.28 Leituras Gráfico do de Mini compatibilização Data-Logger entre as leituras do SME e Mini Data-Logger 4.5. Procedimento de Instalação e Proteção dos Eletroníveis Figura 4.29 Desenho em corte da face de concreto com incrementos positivos de leitura ( L) dos eletroníveis na deflexão para jusante. Para instalar os eletroníveis foram produzidos perfis metálicos com abertura central para encaixe dos eletroníveis e roscas para colocação dos parafusos de fixação dos eletroníveis por meio da mesma plaqueta metálica utilizada na barra de calibração. Os eletroníveis foram instalados de forma que incrementos positivos de leitura indiquem deflexões para jusante (Figura 4.29). Os perfis possuem ângulo reto, sendo que uma de suas faces é fixada na face da barragem por meio de parafusos e na outra é fixado o eletronível, como pode ser observado na Figura Para proceder à instalação foram posicionadas plataformas nas cotas de posicionamento dos instrumentos ao longo das seções instrumentadas (Figura 4.31).
23 77 Figura 4.30 Eletronível fixado na face de concreto da Barragem de Mazar por meio de perfil metálico. Figura 4.31 Plataformas de instalação ao longo de uma seção instrumentada. É importante ressaltar que se optou pela adoção de uma leitura inicial negativa com o objetivo de ampliar a faixa de leitura, sem atingir o limite de linearidade, uma vez que, com o enchimento do reservatório o incremento de leitura dar-se-á positivamente. Por isso foi necessário utilizar o Mini Data-Logger durante a fixação dos eletroníveis (Figura 4.32).
24 78 Figura 4.32 Colocação da proteção metálica. Figura 4.33 Instalação e tomada da leitura de instalação com o Mini Data-Logger. Após o posicionamento do eletronível, aplicou-se mesmo o selante de silicone (Figura 4.33) que foi utilizado para vedar a passagem do cabo pelo orifício da cápsula, como uma proteção adicional à penetração de água no instrumento. Figura 4.34 Vista dos eletroníveis protegidos por concreto e cabos protegidos pela meia cana metálica. Figura 4.36 Vista da Seção C instrumentada com eletroníveis. (a) (b) Figura 4.35 Eletronível protegido com selante de silicone, antes (a) e após (b) a aplicação. Com a finalidade de proteção mecânica contra eventuais impactos como troncos, metais, ou quaisquer outros elementos capazes de danificar o instrumento, se utilizou uma proteção metálica fixada sobre o perfil metálico descrito anteriormente. Como pôde ser observado na Figura 4.30, ao redor do perfil existem esperas de parafuso para receber a proteção metálica, que é então fixada por meio de porcas, como pode ser observado na Figura A última etapa da fixação dos eletroníveis na face da barragem foi a proteção final de concreto sobre a proteção metálica e a colocação da meia-cana metálica sobre os cabos que são conduzidos até a casa de leitura, como é mostrado na Figura Finalmente, na Figura 4.36 é se pode ver a Seção C instrumentada e com acabamento final.
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