O AMOR E SUAS REPRESENTAÇÕES: UMA INCRÍVEL E GRANDIOSA MAGIA QUE ULTRAPASSA TEMPO E ESPAÇO. ¹CARDOSO, Silvana de Sousa Vieira; ²FARIA, Maurício

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1 1 O AMOR E SUAS REPRESENTAÇÕES: UMA INCRÍVEL E GRANDIOSA MAGIA QUE ULTRAPASSA TEMPO E ESPAÇO ¹CARDOSO, Silvana de Sousa Vieira; ²FARIA, Maurício ¹Graduanda do Curso de Letras da FUNEDI ²Professor da FUNEDI INTRODUÇÃO O amor está no ar e ele pode contaminar qualquer pessoa, independentemente do grau de sensibilidade de cada um. Ele está presente na vida do ser humano desde sua origem, seja ele fraternal, maternal e paternal, mas o amor ao qual pretende-se fazer referência é o amor-paixão conjugal que ocorre entre homens e mulheres. Por muitas vezes, esse sentimento referenciado como uma das razões de viver e sofrer, ele tem sido responsabilizado tanto pelas felicidades humanas quanto por suas mazelas (OLTRAMARI, 2009, p. 669). Tal ideia pode ser comprovada a partir do momento que se lê uma obra literária romanesca, ou seja, um romance cujo tema é o amor. Por isso, pode-se afirmar que esse sentimento está presente no cotidiano da vida dos casais, sejam eles solteiros ou não, nas mais diversas formas e intensidade. Além disso, o amor é um tema que sempre esteve inserido em diversas obras literárias, inclusive, em romances, cinemas e telenovelas, cujas representações amorosas são abordadas muitas vezes de forma semelhante e/ou divergente. No entanto, através dessa perspectiva foi realizada uma análise na obra de Goethe (2012), Os sofrimentos do jovem Werther, e na obra de Torero (2003), Pequenos amores, cujas representações amorosas chamam atenção do leitor. Goethe (2012) foi um dos grandes escritores da literatura europeia, fazendo parte do período do romantismo século XIX, enquanto que, Torero (2003) é um autor da literatura brasileira contemporânea século XXI. Uma vez que, os corpus, ou seja, os objetos estudados fizeram parte de períodos literários distintos, foi possível notar que os romances analisados apresentam características semelhantes ou divergentes em relação às representações amorosas. OBJETIVOS Analisar as representações amorosas na obra Os sofrimentos do jovem Werther, de Goethe (2012) e Pequenos amores, de Torero (2003) e refletir acerca delas tendo em vista a temática do amor como um fenômeno transcendente e atemporal na literatura e na sociedade. Além disso, verificar se as representações amorosas apresentadas em Goethe (2012) à luz do Romantismo do século XIX e na obra de Torero (2003), literatura contemporânea do século XXI, possuem semelhanças e divergências. METODOLOGIA A pesquisa apresentada foi realizada diretamente por meio de leituras bibliográficas. Inicialmente, foi realizada uma leitura analítica das obras Os sofrimentos do jovem Werther, de Goethe (2012) e Pequenos amores, de Torero (2003) para que se estabelecesse uma relação entre elas acerca das representações amorosas apresentadas pelos autores mencionados. Vale ressaltar que ao realizar a pesquisa teve-se a intenção de verificar sob a luz do ponto de vista dos escritores aludidos acima, quais eram as características semelhantes e divergentes que estavam presentes nas representações amorosas abordadas por eles em períodos literários distintos. Logo, foram realizadas também, leituras de obras de teóricos como Móises (2008), Bosi (2006), Cândido (2008) que contribuíram para a reflexão sobre o Romantismo do século XIX. Os autores Bauman (2004) e Bittencourt (2013) também entraram em cena no roteiro de leituras para que fossem discutidas as representações amorosas acerca da literatura contemporânea do século XXI. Além da leitura desses autores,

2 foram lidos artigos científicos, teses de doutorado e dissertações de mestrado para complementar a análise dos dois romances. 1

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES As relações amorosas, historicamente, acompanham homens e mulheres desde sua existência e, durante séculos, são alimentadas por um dos sentimentos mais declamados e desejados pelo ser humano, o amor. Em sendo assim, para discorrer sobre esse delicado e dilemático sentimento que envolve as representações amorosas, sejam elas ficcionais ou reais, foi realizada uma pesquisa analítica acerca da obra literária alemã Os sofrimentos do jovem Werther, de Goethe (2012) e a obra Pequenos amores, de Torero (2003). Ao aludir-se à primeira obra citada acima, vale ressaltar, que o autor alemão Goethe é um dos maiores escritores do romantismo europeu e ele teve forte influência sobre os autores e/ou escritores românticos brasileiros. Goethe conduz seu romance Os sofrimentos do jovem Werther em cartas, de maneira esplêndida e magistral, pois traz em sua essência a alma de um personagem fulgoroso que luta e sofre por um amor inacessível e, extremamente, profundo que não é correspondido. Trata-se de uma alma, uma história interior, que antecipa, inclusive, a opulência psicológica de Afinidades eletivas, (...) (BACKES, 2012, p. 8). Assim, percebe-se, claramente, que o sujeito, o eu mencionado no romance, se manifesta de forma vigorosa em suas ações. A saber, Goethe apresenta em sua obra uma representação amorosa, cujos personagens principais são Werther e Carlota. Ambos idealizam um sentimento intenso e verdadeiro, é o fulcro irradiante de um amor que toca mesmo sem estar presente (BACKES, 2012, p.11) e, que logo se transforma em paixão devastadora e mortal. Característica essa bastante presente nas relações amorosas do Romantismo no século XIX, por se tratar de um sentimento platônico, inalcançável e que muitas vezes estava ligado à dor e ao sofrimento de homens e mulheres, que não podiam ficar juntos por algum motivo social. Foi utilizada também, para tal análise a obra de Torero (2003), Pequenos amores. Ele é paulista e tem sido considerado um dos grandes talentos da nova ficção brasileira. Tal romance descreve uma pequena cidade chamada Paraíso, onde foi possível perceber as representações amorosas contemporâneas. O amor está no ar e prevalece, mesmo que seja passageiro e superficial. Há muitos amores, ainda que sejam pequenos amores esse sentimento é motivo de pranto ou riso de homens e mulheres. Observa-se que as relações amorosas apontadas por Torero são alimentadas por amores frágeis e, muitas vezes, proibidos, portanto, são contaminadas pelas traições que espalham cúmplices e vítimas pela pequena cidade Paraíso. Pequenos amores fala desse estranho vício de amar que nos mantém a todos vivos... ainda que às vezes, mate (TORERO, 2003). Independentemente, das diversas formas de se viver o amor, esse sentimento por mais avassalador que seja vale a pena, realmente, experimentá-lo e compreender as diversas formas em que ele se manifesta. Por quanto, ao fazer alusão das representações amorosas na obra de Goethe (2012) e Torero (2003), nota-se que há uma relação bastante interessante entre elas, pois mesmo que o amor seja um sentimento atemporal alguns homens e mulheres modernas não tem atribuído ao mesmo com tanto valor e intensidade como se percebe no Romantismo do século XIX. Além disso, vale ressaltar que por meio de tal análise foi possível notar o quanto a literatura está presente o tempo todo na vida do ser humano e que tanto ela quanto o amor são transcendentes e atemporais. Além do mais, percebe-se que as relações amorosas atuais estão cada vez mais frágeis e flexíveis e que ao longo do tempo passam por grandes transformações, devido à influência de diversos fatores socioculturais da era da modernidade. Conquanto, ao realizar uma pesquisa analítica, a partir das obras acionadas no texto acima, foi possível verificar as semelhanças e divergências nas representações amorosas apresentadas acerca da percepção de autores/escritores que fizeram parte de movimentos distintos da literatura. Portanto, ao realizar uma análise acerca das representações amorosas na obra de Goethe (2012) e de Torero (2003), não se pode deixar de problematizar a questão do amor, que é um tema de suma importância em nossa história intelectual (BITTENCOURT, 2013, p.15) e literária. Pois, a temática desse sentimento é bastante aludida na literatura como: romances, contos, crônicas e poesias. Assim, percebe-se, então, a ideia de amor como algo transcendental no contexto histórico das relações amorosas conjugais, sejam elas ficcionais ou reais. É como se o amor personificasse as relações amorosas, infinitamente, ao longo do tempo nas mais variadas formas, manifestando assim, uma roupagem nova que surge devido às transformações psicossociais e culturais.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Mediante a realização da pesquisa analítica das obras de Goethe (2012) e Torero (2003), é de fundamental importância um estudo apurado desses romances que repercutiram e marcaram a literatura portuguesa e/ou brasileira com suas narrativas incríveis sobre as relações amorosas remotas e atuais. Uma vez que essa pesquisa possibilitará ao leitor uma reflexão e maior contato com histórias que representaram parte da existência humana e que ainda permanece presente na contemporaneidade, embora se apresente com uma nova estética. A saber, a literatura é uma das maiores fontes de representação e/ou interpretação da experiência de vida dos indivíduos em uma sociedade, por isso ela é atemporal e universal. Em sendo assim, por meio de tais análises ainda é possível relatar que o amor romântico se faz presente no amor contemporâneo, pois cada ser da sua maneira, sonha e idealiza a pessoa amada. Desse modo, percebese que as formas de relacionamento amoroso mudaram, mas o ideal de um amor intenso, profundo e eterno persiste, apesar, de essa concepção estar um pouco distante da realidade que os casais vivenciam atualmente. Mas, para Enrique Rojas (1996, p. 50), essa realidade pode ser diferente ele afirma que é preciso construir uma nova pedagogia do amor, partindo de nós próprios e não do prazer sexual colocado à frente do amor. Nesse sentido, o amor deve ser visto como um fenômeno que visa no ser parceiro uma união existencial complementar e não um objeto de satisfação sexual. Assim, para que o amor e sua intimidade sejam vivenciados de forma intensa e perpétua, vale salientar que é extremamente importante investimento de tempo, arriscar o desconhecido e aceitar desafios em prol da felicidade dos amantes, ou seja, de quem ama o seu companheiro (a), verdadeiramente. Porquanto, vale ressaltar que, independentemente, do amor ser romântico ou moderno, ele prevalecerá, pois o relacionamento afetivo transforma e aproxima as pessoas umas das outras, embora também as afastam. Apesar disso, muitas vezes, impulsiona-as ao amadurecimento psíquico através de suas experiências sendo elas boas ou ruins. Assim, as relações amorosas serão sempre fonte de prazer e de felicidade, como também de sofrimento, episódios esses óbvios na obra Os sofrimentos do jovem Werther, de Goethe (2012) e Pequenos amores, de Torero (2003). Todavia, essas interações sociais entre homens e mulheres dependerão também, de fatores históricos da humanidade e, da forma como elas forem conduzidas pelos indivíduos. Desse modo, os casais é que irão traçar o próprio destino de seus romances. Por sua vez, serão felizes aqueles que souberem cultivar melhor o seu grande e tão sonhado amor, seja ele idealizado ou real. Quanto ao sentimento amor o que realmente importa é amar, sonhar e lutar pela pessoa amada sem medo de ser feliz. REFERÊNCIAS BAUMAN, Zygmunt. Amor líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos. Rio de Janeiro: Zahar, BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. 43. ed. São Paulo: Cultrix, BOSI, Ecléa. Memória e sociedade; lembrança de velhos. São Paulo: T. A. Queiroz, CANDIDO, Antonio. O romantismo no Brasil. São Paulo: Humanitas/FFLCH, USP, GOETHE, Johann Wolfgang. Os sofrimentos do jovem Werther. Porto Alegre: L&PM Pocket, JUNQUEIRA, Ivan. Escolas literárias no Brasil. Rio de Janeiro: ABL, MIRANDA, Cássio Eduardo Soares. Abordagem do discurso amoroso na perspectiva da análise do discurso e da Psicanálise F. Tese (Doutor em Estudos Linguísticos) Faculdade de Letras, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MOISÉS, Massaud. A literatura portuguesa. São Paulo: Cultrix, 2008.

5 OTRAMARI, Leandro Castro. Amor e conjugalidade na contemporaneidade: Uma revisão de literatura. Maringá. V. 14, n. 4, p , out/dez REVISTA DE FILOSOFIA CIÊNCIA & VIDA. São Paulo: Araguaia, n. 83, Jun ROJAS, Enrique. O homem moderno: a luta contra o vazio. São Paulo: Mandarim, 1996.