COMISSÃO DE DEFESA DO CONSUMIDOR, MEIO AMBIENTE E MINORIAS PROJETO DE LEI Nº 4.260, DE 2001
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- Maria Antonieta de Sousa Coelho
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1 COMISSÃO DE DEFESA DO CONSUMIDOR, MEIO AMBIENTE E MINORIAS PROJETO DE LEI Nº 4.260, DE 2001 Define poluição sonora, ruídos, vibrações e dispõe sobre os limites máximos de intensidade da emissão de sons e sinais acústicos e normatiza a emissão de ruídos e vibrações resultantes de qualquer atividade. Autor: Deputado de Velasco Relator : Deputado Luciano Pizzatto I Relatório O Projeto de Lei nº 4.260, de 2001, de autoria do nobre Deputado de Velasco, propõe estabelecer os conceitos de poluição sonora, ruídos e vibrações e dispor sobre os limites máximos de intensidade permitidos para emissão, nas áreas urbanas, de sons, ruídos e sinais acústicos em geral. Como disposições gerais, estabelece que os limites máximos para emissão de sons, sinais acústicos, ruídos e vibrações resultantes de quaisquer atividades serão aqueles estabelecidos por leis específicas de cada município e que o desrespeito a esses limites implicará na responsabilidade civil e administrativa da unidade emissora. Como unidade emissora, define qualquer local sob ocupação de qualquer pessoa física ou jurídica, mesmo que temporária. No capítulo das definições específicas, o projeto define os termos técnicos inerentes ao controle da poluição sonora. Das definições vale ressaltar: - poluição sonora: toda emissão de som que, direta ou indiretamente, seja ofensiva ou nociva à saúde, à segurança e ao bem-estar da coletividade, ou transgrida as disposições fixadas nesta lei; - som: fenômeno físico provocado pela propagação de vibrações mecânicas em um meio elástico, dentro da faixa de freqüência de 16 Hz (Hertz) a 20 KHz (quilohertz), e possível de excitar o aparelho auditivo humano;
2 2 - ruído: qualquer som que cause ou tenda a causar perturbações ao sossego público ou produzir efeitos psicológicos ou fisiológicos negativos em seres humanos e animais; - distúrbio por ruído ou distúrbio sonoro: efeito de qualquer som que: a) ponha em perigo ou prejudique a saúde de seres humanos ou animais; b) cause danos de qualquer natureza à propriedade pública ou privada; c) possa ser considerado incômodo ou que ultrapasse os níveis máximos fixados nesta lei; - zona sensível a ruído ou zona de silêncio: é aquela que, em decorrência de sua destinação, uso ou ocupação, necessita de que nela seja assegurado baixo nível de ruído; - manifestações culturais, populares, folclóricas e religiosas: aquelas que arregimentam, em determinada época do ano e região geográfica ou cidade, aglomerações de pessoas com vistas à recreação, ao lazer cultural, turístico ou por sentimento religioso, motivadas por festividades, celebrações folclóricas ou religiosas ou comemorações cívicas e populares decorrentes das tradições e crenças locais, regionais ou nacionais; - liturgia: é o conjunto dos ritos ou coleção de formas ritualísticas ou partes destas, que visem aos ofícios divinos, litanias e as maneiras em que são administrados os sacramentos de uma determinada vertente religiosa, visando ao culto, à adoração pública ou serviços prestados em várias situações, ocasiões ou comemorações, da qual fazem parte a palavra ou sermão, as orações, impetrações, imprecações, atos, ações, gestos, manobras, músicas, cânticos, acompanhamentos musicais e seus afins, tudo para as diversas fases da celebração ou trabalho religioso, isolada ou conjuntamente; - infração: toda ação ou omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente. Para efeito de aplicação das normas de controle da poluição sonora, o projeto divide o dia nos seguintes períodos: - diurno, situado entre as sete e as dezenove horas; - vespertino, situado entre as dezenove e as vinte e duas horas; - noturno, situado entre as vinte e duas e as sete horas. O projeto designa como responsável pela implementação da lei, no nível nacional, o IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, o qual deverá, entre outras tarefas, elaborar um Programa Nacional de Controle de Ruídos
3 3 Urbanos, prestar apoio aos Estados e Municípios na elaboração e implementação de seus respectivos programas, controlar e fiscalizar as fontes de poluição sonora em áreas de competência da União e agir supletivamente pelos demais entes da Federação. Aos órgãos estaduais e municipais de meio ambiente competirá implementar a lei nos níveis locais, além de elaborar e estabelecer programas específicos de controle da poluição sonora. Os funcionários desses órgãos ficam autorizados a lavrar notificações e autos de infração e a instaurar processos administrativos decorrentes da desobediência do que a lei estabelece. Os níveis máximos de emissão a serem utilizados como parâmetros e os métodos para sua medição e avaliação serão estabelecidos de acordo com as normas NBR e NBR , da ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas - e suas atualizações ou substituições. O texto desce a detalhes quanto à aferição dos níveis sonoros e de ruídos e sobre as áreas em que as restrições são mais rigorosas, como escolas, creches, bibliotecas, hospitais, ambulatórios e áreas residenciais exclusivas, para as quais deve ser observado um raio de restrição de duzentos metros. Também detalha aspectos relativos aos níveos de ruído originários do tráfego de veículos. Como anexo, apresenta tabela dos níveis máximos permissíveis de ruídos, de acordo com as zonas de uso de solo urbano e os períodos do dia. Determina que nenhuma fonte móvel de emissão sonora em logradouros públicos poderá ultrapassar o nível de 95 decibéis, medida à sete metros do local de emissão, e que os níveis de sons e ruídos decorrentes da utilização de equipamentos na construção civil deverão adequar-se ao disposto na lei, salvo em situações de emergência. São excluídas das proibições propostas pelo projeto as emissões sonoras, sinais acústicos, vibrações e ruídos originários de: carros de som utilizados em propaganda político-eleitoral e em manifestações coletivas, até o limite de 65 decibéis e nos períodos diurno e vespertino; sinos e sistemas de alto-falantes de igrejas ou templos religiosos, desde que destinados exclusivamente para indicar as horas e para anunciar a realização de atos ou cultos; fanfarras e bandas de música em procissões, cortejos e desfiles cívicos; sirenes de ambulâncias, carros de bombeiros e viaturas policiais; desmonte de pedreiras, no período diurno e licenciados pelo órgão ambiental competente; comemorações e manifestações culturais, populares, folclóricas e religiosas decorrentes da liturgia de qualquer culto, nos dias a eles dedicados.
4 4 O projeto especifica as atividades capazes de produzir poluição sonora e que, por esta razão, dependerão de prévia autorização do órgão ambiental municipal, ou de entidade equivalente. Discrimina as infrações e respectivas penalidades, as quais podem ser: notificação por escrito, determinando os respectivos ajustes; multa simples; multa diária; embargo de obra ou atividade; demolição de obra; interdição parcial ou total de estabelecimento ou de atividade poluidora; apreensão de instrumentos, petrechos, equipamentos ou veículos utilizados para cometer infração; suspensão de venda e fabricação de produtos; intervenção em estabelecimento poluidor; destruição ou inutilização de produtos; cassação de alvarás de funcionamento; e restrição de direitos. O texto especifica as formas de aplicação das penalidades, os casos de reincidência e os direitos a serem restringidos. Determina que os valores arrecadados com a aplicação de multas deverão ser destinados ao Fundo Nacional de Meio Ambiente e a fundos estaduais e municipais de meio ambiente, conforme dispuser o órgão arrecadador. As multas não deverão ser inferiores ao benefício econômico esperado pelo infrator com sua conduta e terão como base a intensidade física relativa do som, pela qual será classificada a infração, confirme tabela anexa. As multas variarão entre 23 e Unidades Fiscais de Referência (UFIR). O texto detalha ainda os casos de atenuantes e agravamentos das infrações e as situações em que as multas poderão ser substituídas por serviços comunitários. Por último, o projeto estabelece que as denominações religiosas de qualquer confissão ou fé, seus locais de culto, atuais e futuros, ou onde se processe sua liturgia não são ou serão considerados estabelecimentos, obras e serviços para efeito do previsto no artigo 60 da Lei nº 9.605, de 13 de fevereiro de 1998 (Lei de Crimes Ambientais), o qual estabelece que é crime ambiental, com pena de detenção de um a seis messes de detenção: construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar, em qualquer parte do território nacional, estabelecimentos, obras ou serviços potencialmente poluidores, sem licença ou autorização dos órgãos ambientais competentes, ou contrariando as normas legais e regulamentares pertinentes. Aberto o prazo regulamentar, não foram apresentadas emendas ao projeto. Cabe a esta Comissão de Defesa do Consumidor, Meio Ambiente e Minorias pronunciar-se sobre o mérito do projeto, nos termos do inciso IV do art. 32 do Regimento Interno da Câmara dos Deputados.
5 5 II Voto do Relator O controle da poluição sonora nas cidades brasileiras é feito, na maioria dos casos, com base em leis municipais, os chamados códigos de posturas. Em muitos casos, esses códigos não existem, ou carecem de embasamento técnico. Tal situação, pela sua instabilidade, gera conflitos de vizinhança, conflitos que a justiça geralmente não consegue resolver adequadamente, por não dispormos de uma legislação que possa ser aplicada a todo o território nacional. Em muitas situações, a ausência de uma lei básica torna a poluição sonora subjetiva, com determinações às vezes absurdas de juizes e promotores, que impõem à coletividade sob suas jurisdições regras de convivência e de comportamento por eles arbitradas. Essas regras freqüentemente restringem manifestações culturais e religiosas já fortemente arraigadas na sociedade, as quais implicam na produção de sons e ruídos em períodos e locais determinados. A ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas, já elaborou e edita, de longa data, normas sobre os limites sonoros aceitáveis pelo ser humano e seus processos de aferição. Essas normas são utilizadas por arquitetos e engenheiros no planejamento do uso e ocupação do solo urbano e na elaboração de projetos urbanísticos e arquitetônicos. Servem, também, de base para a elaboração de leis estaduais e municipais sobre os limites e o controle da poluição sonora. No entanto, as normas técnicas não têm força de lei, são adotadas voluntariamente pelos profissionais de cada ramo, servindo apenas como aferição da correção de projetos, da execução de obras e serviços e da conformidade e qualidade de equipamentos, entre outros usos. O projeto de iniciativa do nobre Deputado de Velasco vem, portanto, preencher uma lacuna em nossa legislação ambiental federal. Ele, se convertido em lei, trará um mínimo de uniformidade para a atuação dos poderes públicos municpais no controle da poluição sonora, devendo, a partir de então, servir de base para a elaboração de leis municpais e estaduais mais coerentes entre si em todo o nosso país.
6 6 Há que ressaltar a preocupação do Autor em detalhara as várias particularidades que devem ser observadas quanto às manifestações culturais, religiosas e de lazer. O texto se preocupa em compatibilizar essas manifestações com a necessidade de preservar o sossego público, preservando os direitos fundamentais das pessoas de liberdade religiosa e de expressão cultural. O texto do projeto apresenta algumas incorreções de técnica poderá necessitar de ajustes quanto à constitucionalidade, por impor medidas administrativas ao Poder Executivo Federal e a estados e municípios. No entanto, tais aspectos fogem ao nosso campo de competência. Deverão, com certeza, ser avaliados pela Comissão de Constituição e Justiça e de Redação, a qual fará os ajustes necessários. Isto posto, encaminhamos nosso voto pela aprovação, quanto ao mérito, do Projeto de Lei nº 4.260, de Sala da Comissão, em de de Deputado Luciano Pizzatto Relator
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