Ata da audiência pública realizada em Ponte Alta do Tocantins- TO, em 23 de outubro de 2014, do Projeto MPEDUC

Transcrição

1 Ministério Público Federal Procuradoria da República no Estado do Tocantins Ata da audiência pública realizada em Ponte Alta do Tocantins- TO, em 23 de outubro de 2014, do Projeto MPEDUC No dia 23 de outubro de 2014, às 9h, no auditório da Câmara Municipal de Ponte Alta do Tocantis-TO, o Ministério Público Federal, pelo Procurador da República Dr. Fernando Antônio Alves de Oliveira Júnior, e o Ministério Público do Estado do Tocantins, pelo Promotor de Justiça Dr. Milton Quintana, realizaram audiência pública com o objetivo de executar a 4ª (quarta) etapa do Projeto Ministério Público pela Educação MPEDUC, que foi implementado no Município de Ponte Alta do Tocantins-TO, nos termos do Inquérito Civil n / O evento foi direcionado para a coleta de informações sobre as condições atuais da educação básica do Município de Ponte Alta do Tocantins-TO. Na abertura, a mesa foi composta pelo Procurador da República, Dr. Fernando Antônio Alves de Oliveira Júnior, pelo Promotor de Justiça de Ponte Alta do Tocantins-TO, Dr. Milton Quintana, pelo representante do Prefeito, Sr. João Coelho, pelo Presidente da Câmara de Vereadores, Sr. Antônio Neto Velozo, pela representante da Secretaria de Educação e Cultura do Estado Seduc-TO, Sra. Maria de Lourdes Leôncio Macedo e pela Secretária de Educação do Município, Sra. Eliete de Alecrim. Os componentes da mesa de abertura fizeram apresentações e agradecimentos gerais. Em seguida, a mesa foi descomposta, permanecendo apenas o Procurador da República e o Promotor de Justiça, que conduziram a audiência pública. Iniciando os trabalhos, o Procurador da República apresentou-se e proferiu explicações sobre o Projeto MPEDUC, bem como sobre os objetivos da realização da audiência pública. Ainda, o Procurador fez explicações sobre o Ideb e sobre os principais recursos que os municípios recebem do MEC/FNDE. Em seguida, o Promotor de Justiça de Ponte Alta do 104 Norte, Rua NE 03, Conjunto 02, Lote 43, CEP Palmas TO Fone/Fax (63) de 6

2 Tocantins-TO falou sobre os problemas de acesso à educação do município, sobre a atuação da Promotoria de Justiça em busca pela efetivação do direito à educação no município e sobre a importância da atuação dos conselhos de controles sociais. A senhora Emires, presidente do Conselho de Alimentação Escolar do Estado do Tocantins - CAE-TO, apresentou-se e fez explicações sobre a composição, as atribuições e as atividades do conselho. Quando a presidente do CAE-TO informou que os recursos do PNAE têm o objetivo de complementar a alimentação escolar, e não custear toda a alimentação, já que a demanda da alimentação escolar é de responsabilidade do Município e do Estado, duas pessoas que estavam no auditório informaram que as escolas estaduais de Ponte Alta do Tocantins não recebem verbas do Estado para custear a alimentação escolar, sendo as refeições custeadas apenas com as verbas do Governo Federal, que são insuficientes para a demanda. A presidente do CAE-TO registrou, também, que no ano de 2014, o conselho planejou fiscalizar 250 (duzentas e cinquenta) escolas estaduais, mas a Seduc- TO concedeu ao CAE-TO condições para fiscalizar apenas 36 (trinta e seis) escolas. A presidente do CAE-TO disse que a Secretária de Educação do Município não pode fazer parte do Conselho de Alimentação do Município e ficou surpresa ao saber que isso ocorre em Ponte Alta do Tocantins. Disse, também, que os integrantes do conselho não podem ter cargo ou função de confiança. A presidente do CACS-Fundeb do Tocantins, Sra. Milena Correia Milhomem, apresentou-se e fez explicações sobre a composição, as atribuições e as atividades do conselho. A presidente disse que, das verbas do Fundeb, no mínimo 60% (sessenta por cento) deve ser direcionada para o pagamento de professores, destacando que no Estado este percentual está sendo aplicado em mais de 90%. A presidente do CACS-Fundeb do Município de Ponte Alta do Tocantins, Sra. Deusirene Ribeiro Alves, informou que o conselho não tem muita atuação no município, mas está buscando mudar essa situação e realizar atividades efetivas. Falou sobre as dificuldades de reunir os integrantes do conselho, dos quais muitos têm cargos de confiança e, por isso, têm medo de participar das reuniões do conselho. A presidente disse que é alto o índice de evasão escolar em Ponte Alta do Tocantins-TO e que tem 2 de 6

3 servidores do município recebendo salários pagos com verbas da educação trabalhando em outras áreas. A Sra. Cristina Magda da Silva Coelho, conselheira do Conselho de Alimentação Escolar do Município de Ponte Alta do Tocantins-TO, falou sobre as atribuições do conselho e sobre como funciona a compra da merenda escolar. Disse que o município não tem nutricionista. A Secretária de Educação do Município falou que Ponte Alta do Tocantins-TO enfrenta muitas dificuldades na área da educação, mas o município está trabalhando para resolver os problemas. Disse que vai pedir a renúncia à composição do CAE do município. A Sra. Fátima Aparecida Gonçalves Neres informou que a construção da Escola Santa Tereza está em análise no FNDE e está faltando o parecer final do engenheiro do Ministério da Educação para a liberação dos recursos, o que deverá ocorrer até dezembro. Respondendo a um questionamento do Sr. Daniel sobre o tamanho da escola que será construída, a Sra. Fátima informou que havia a previsão de construção de uma escola com doze salas, mas devido ao baixo número de alunos o MEC não aceitou esse projeto. A Sra. Maria de Lourdes, representante do Seduc-TO, informou que a rede estadual de ensino também tem muitas dificuldades, destacando que a atuação de toda sociedade pode contribuir para a melhoria da educação. Em seguida, foi iniciada a participação popular. O Sr. Luiz Fernando da Rocha, presidente do sindicato dos professores, falou sobre a necessidade de efetivar os direitos garantidos na Lei n. 17/2012, que trata do plano de cargos e salários dos professores do município. Disse que servidores de outras áreas estão recebendo salários oriundos das verbas da educação. Disse que a Lei n. 17/2012 prevê que um professor deve ficar à disposição do Conselho de Acompanhamento e Controle Social do Fundeb, o que não ocorre no município. Disse que está aberto um concurso público no município com previsão de vagas para professores, mas o município não tem a necessidade de nomear novos professores. Ao final, registrou que o prefeito deveria ter comparecido na audiência pública. O Sr. Daniel Antônio Alves Rosa, presidente da associação do Assentamento Santa Tereza, disse estar indignado com a situação da escola do assentamento. Informou que estão há oito anos aguardando a construção de uma escola de tempo integral no assentamento, 3 de 6

4 que atenderia as 150 (cento e cinquenta) crianças que têm na região. Disse que, nos últimos três meses, as crianças estudaram apenas dezessete dias. Falou que há muitos problemas no transporte escolar, destacando que os ônibus do município são novos (têm apenas dois anos) e estão quebrados. Disse que no distrito Extrema foi feito um poço artesiano próximo a uma fossa e a água que as crianças estão tomando está contaminada. Disse que o município não faz manutenção nas escolas. O Sr. Paulo César Ramos Barbosa registrou que o Prefeito deveria ter comparecido no evento. Falou sobre os problemas no transporte escolar, destacando que o carro passa às 3h30 para buscar as crianças e não tem nenhum responsável pela segurança dos alunos. O Sr. Erasmo Ribeiro de Sá falou sobre dificuldades no transporte escolar e que as crianças passam fome nas escolas da zona rural. O Sr. Domingos Tiríbio Jacoluna falou sobre as dificuldades do transporte escolar, dizendo que o município era mais bem atendido pelas caminhonetes do que está sendo pelos ônibus, porque, embora de maneira irregular, os alunos eram transportados assiduamente nas caminhonetes para as escolas, o que não tem ocorrido com os ônibus. Disse que, dos treze ônibus escolares que o município tem, apenas três funcionam. Disse que nove alunos são transportados em um Fiat Uno no percurso de aproximadamente setenta quilômetros até chegar na Escola Municipal Boa Vista. O Sr. José Aires Amaral Filho disse que a má gestão da educação em Ponte Alta do Tocantins-TO está causando muitos prejuízos. Disse que a Escola Sabino Ferreira tem estrutura física inadequada, que o PCCS dos professores não é cumprido e que os professores não recebem formação continuada. Disse que os professores que exercem cargos de coordenação, direção e trabalham na zona rural não recebem a gratificação adequada prevista na lei. Disse que foi aprovado o Plano Nacional de Educação, mas Ponte Alta do Tocantins-TO precisa fazer um Plano Municipal de Educação. O Sr. Avelino Soares Barbosa destacou os problemas do transporte escolar, que fazem com que alunos saiam muito cedo de casa para irem para as escolas e retornem muito tarde, pela falta de transporte escolar adequado. Disse que foram inaugurados laboratórios na Escola Estadual Odolfo Soares, mas sem equipamentos e, por isso, os laboratórios não 4 de 6

5 funcionam. Falou sobre a necessidade de atuação da escola e do Conselho Tutelar no combate à evasão escolar. Disse que o Estado não investe em formação continuada dos professores. A Sra. Jemima Gertrudes Barreira Cavalcante disse que assumiu a Seduc do município por cinco meses em 2013 e saiu para cursar mestrado. Disse que o Ideb de Ponte Alta do Tocantins-TO caiu para 3.2 e já foi 4. Disse que Ponte Alta do Tocantins-TO tem um sistema municipal de ensino quase pronto e a administração dos recursos da educação precisa ser passada para o Fundo Municipal da Educação. Disse que será criado o Plano Municipal de Educação. Disse que os conselhos municipais de controle social e alguns dados da educação são manipulados e que falta engajamento da população na busca por uma educação melhor. Falou sobre a má gestão da educação e que os alunos e professores enfrentam muitos problemas com a estrutura das escolas. Disse que o PCCS do município tem muitas falhas, apontando a previsão de ano sabático, no qual cada professor que não apresentar faltas em sete anos de trabalho terá um ano inteiro de folga. Disse que falta investimento em formação continuada para os professores, registrando que ministrou um curso de formação para os professores em janeiro de 2014 e até hoje não recebeu. Disse que o ensino multisseriado é um espinho, mas nucleando poderia funcionar. Disse que o município não tem necessidade de fazer concurso para professores. O Sr. Raimundo Pereira de Souza disse que tem três netos que estudam na Escola Santa Tereza I e eles pediram para que fosse repassado um recado ao Ministério Público, no sentido de que não seja permitido o transporte de alunos em carroceria de caminhonetes. Disse que havia a previsão da construção de uma escola de tempo integral no assentamento e a escola não foi construída. Disse que as crianças estudaram apenas dezessete dias em três meses. O Sr. Silvanio Aires, vereador, lamentou a ausência do Prefeito no evento. Disse que é preciso modificar a gestão da educação, registrando que há um excesso de servidores da pasta da educação. Falou que tem muitos servidores da educação com desvio de função. Disse que os problemas do transporte escolar poderiam ser resolvidos se os ônibus fossem consertados e revisados nos períodos de férias escolares. Disse que muitos motoristas, apesar de terem 5 de 6

6 habilitação, não têm formação para transportar alunos. Disse, também, que no município tem funcionários fantasmas e caminhonetes alugadas sem necessidade. O Sr. Sebastião Barbosa da Silva, vereador, falou sobre a necessidade da participação popular na busca pela melhoria da educação. A Sra. Zoleide de Sousa Soares, presidente da APAE do município, disse que o prédio onde a associação está instalada está em estado caótico. Disse que o município não faz manutenção no veículo destinado ao transporte dos alunos, bem como libera o veículo para outras finalidades. O Sr. Genézio Alézio disse que tem duas filhas que estudaram na Escola Extrema. Disse que as crianças relatavam que a água da escola era podre e que a comida era precária. Disse que, depois de um tempo, as crianças adoeceram e chegavam todos os dias da escola com dores de cabeça. Relatou que foi obrigado a tirar as meninas da cidade e levá-las para Paraíso do Tocantins-TO, para a casa da mãe delas, para fazerem tratamento, porque uma está caindo os cabelos e a outra sente muitas dores no peito. Finalizando a participação popular, o Presidente da Câmara, Vereador Antônio Neto Velozo, disse estar envergonhado em participar da atual gestão, diante das reclamações que foram proferidas na audiência pública, e lamentou a ausência do prefeito no evento. Disse que a partir daquela data não faria mais parte da base de apoio ao governo municipal e ficaria ao lado do povo. Disse que as informações prestadas pela população são verdadeiras, com o fato de a água da escola do Povoado Extrema estar contaminada. Ao final, o Procurador da República citou os problemas relatados no evento, agradeceu a presença de todos e disse que a participação da população é fundamental para o MPEDUC. O Promotor de Justiça também registrou agradecimentos. A audiência foi gravada na íntegra, conforme mídia anexa. Eu, Alliny Naves Pereira Morais, assessora da Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão, escrivã ad hoc, lavrei e subscrevo o presente. C:\USERS\PRTO\DOCUMENTS\GROUPWISE\ATA_AUDIÊNCIA_PÚBLICA_PONTE_ALTA_DO_TOCANTINS_23_10_2014.ODT 6 de 6