UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (UFPI) Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente (PRODEMA)

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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (UFPI) Núcleo de Referência em Ciências Ambientais do Trópico Ecotonal do Nordeste (TROPEN) Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente (PRODEMA) Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente (MDMA) ASSENTAMENTOS RURAIS NO PIAUÍ: CARACTERIZAÇÃO ECONÔMICA E AMBIENTAL DO ASSENTAMENTO ANGICO BRANCO - CASTELO DO PIAUÍ DANIEL DA SILVA GOMES TERESINA-PI 2011

2 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (UFPI) Núcleo de Referência em Ciências Ambientais do Trópico Ecotonal do Nordeste (TROPEN) Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente (PRODEMA) Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente (MDMA) DANIEL DA SILVA GOMES ASSENTAMENTOS RURAIS NO PIAUÍ: CARACTERIZAÇÃO ECONÔMICA E AMBIENTAL DO ASSENTAMENTO ANGICO BRANCO - CASTELO DO PIAUÍ Dissertação apresentada ao Programa Regional de Pós- Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente da Universidade Federal do Piauí (PRODEMA/UFPI/TROPEN), como requisito à obtenção do título de Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente. Área de Concentração: Desenvolvimento do Trópico Ecotonal do Nordeste. Linha de Pesquisa: Políticas de Desenvolvimento e Meio Ambiente. Orientador: Profa. Dra. Jaíra Maria Alcobaça Gomes TERESINA-PI 2011

3 DANIEL DA SILVA GOMES ASSENTAMENTOS RURAIS NO PIAUÍ: CARACTERIZAÇÃO ECONÔMICA E AMBIENTAL DO ASSENTAMENTO ANGICO BRANCO - CASTELO DO PIAUÍ Dissertação apresentada ao Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente da Universidade Federal do Piauí (PRODEMA/UFPI/TROPEN), como requisito à obtenção do título de Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente. Área de Concentração: Desenvolvimento do Trópico Ecotonal do Nordeste. Linha de Pesquisa: Políticas de Desenvolvimento e Meio Ambiente. Teresina, 22 de setembro de BANCA EXAMINADORA Profa. Dra. Jaíra Maria Alcobaça Gomes (Orientadora) Universidade Federal do Piauí (PRODEMA/UFPI) Prof. Dr. Denis Barros de Carvalho (Membro Interno) Universidade Federal do Piauí (PRODEMA/UFPI) Profa. Dra. Marta Celina Linhares Sales (Membro Externo) Universidade Federal do Ceará (PRODEMA/UFC)

4 Dedico... A minha mãe, Noêmia da Silva Gomes; a minha noiva,aliny de Castro Maciel; e à memória de meu pai, João Damasceno Gomes e do professor José Ferreira Mota Júnior.

5 AGRADECIMENTOS À Deus, alicerce de minha vida em todos os momentos. A minha mãe, pela força, carinho e dedicação a mim dedicados. A minha noiva Aliny, por tudo que representa em minha vida e pelo apoio fundamental nesse momento. À professora Dra.Jaíra Maria Alcobaça Gomes, pela orientação competente e exigente, paciência e confiança, mesmo nas minhas faltas. À UFPI e aos professores e funcionários do Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente, pela oportunidade de crescimento profissional e pessoal. À SEDUC-PI, pela liberação de minhas atividades docentes. A todos que fazem a Unidade Escolar Governador Pedro Freitas, em especial aos professores Pedro Paulo, Vera Regina, Regina e Ronaldo Chaves. Ao INCRA-PI, pelas informações disponibilizadas. Ao Sindicato de Trabalhadores Rurais de Castelo do Piauí e a Associação de Pequenos Produtores do Assentamento Angico Branco, em especial, a José Garcia e Mônica. Aos colegas mestrandos da turma pelo excelente convívio e ajuda mútua. Ao grupo de pesquisa do Laboratório de Socioeconomia (Lase) do Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente UFPI/TROPEN.

6 RESUMO O problema da concentração de terras no Brasil tem origem ainda no período colonial. Por décadas, o acesso a terra no país foi privilégio apenas de uma minoria, que muitas vezes utiliza as propriedades para fins pouco produtivos, do ponto de vista agrícola. Somente na metade do século XX o tema reforma agrária ganha força no país e a partir dos anos 60 surgem os primeiros assentamento rurais. Entretanto, a simples posse da terra por parte dos assentados não é suficiente para que esses trabalhadores possam produzir e desenvolver a propriedade. O desenvolvimento de assentamentos passa, entre outros aspectos, pela assessoria técnica e apoio financeiro aos trabalhadores O assentamento Angico Branco, localizado no município de Castelo do Piauí, foi um dos primeiros projetos criados no centronorte piauiense. Esse imóvel possui uma área de ha e 57 famílias abrigadas em duas agrovilas. O objetivo geral dessa pesquisa foi caracterizar as condições econômicas e ambientais do assentamento Angico Branco. Os objetivos específicos foram a) descrever o histórico de criação do assentamento; b) comparar a situação econômica existente quando da criação do projeto com a encontrada atualmente; e c) identificar os problemas ambientais que ocorrem na propriedade. A metodologia utilizada na pesquisa foi o estudo de caso. Foram realizadas visitas ao assentamento pesquisado num período de dois anos, e consultados registros documentais da associação de pequenos produtores do assentamento e do Incra-PI. Os resultados obtidos apontam que o potencial produtivo do assentamento encontra-se subutilizado; que existe uma diminuição da população assentada e a ocorrência de problemas ambientais na região. Palavras-chave: Reforma Agrária. Assentamentos Rurais. Atividades Econômicas. Problemas Ambientais

7 ABSTRACT The problem of land concentration in Brazil started in the colonial period. For decades, the access to land in the country was a privilege of a minority that often use the properties for less productive purposes in terms of agriculture. Just in the half of the twentieth century the land reform theme started to be discussed with greater strength in Brazil and in the sixties the first rural settlements appear. However, the mere possession of land by the settlers is not enough so that these workers can produce and develop the property. The development of settlements passes, among other aspects, through technical assistance and financial support to workers of the Angico Branco settlement, located in the municipality of Castelo do Piaui, one of the first projects created in north-central Piauí. This property has an area of 2014 ha and 57 families housed in two rural villages. The aim of this research was to characterize the economic and environmental conditions of the Angico Branco settlement. The specific objectives were to describe the historic of creation of the settlement, to compare the economic situation that existed when the project was created with the economic situation found today and identify environmental problems that occur on the property. The methodology used in the research was case study. The settlement researched was visited over a period of two years and the documentary registers of the association of small farmers in the settlement and the INCRA-PI were consulted. These results indicate that the productive potential of the settlement is underused; there is a decrease of the settler population and the occurrence of environmental problems in the region. Keywords: Land Reform. Rural Settlements. Economic Activities. Environmental Problems

8 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Mapa 1 Assentamentos de reforma agrária no Estado do Piauí...29 Mapa 2 Território dos carnaubais na bacia hidrográfica do Paranaíba...31 Quadro 1 Características fisiográficas e ambientais do território dos carnaubais...32 Mapa 3 Assentamentos rurais criados pelo INCRA em Castelo do Piauí e região Mapa 4 Localização do assentamento Angico Branco PI...38 Quadro 2 Fauna e flora do assentamento Angico Branco...39 Fotografia 1 Açude do Inês: assentamento Angico Branco...40 Quadro 3 Assentamento Angico Branco: infra-estrutura física plurianual...41 Fotografia 2 Escola infantil e casas no assentamento Angico Branco Fotografia 3 Carnaubal no assentamento Angico Branco...47 Quadro 4 Listagem dos problemas ambientais no assentamento Angico Branco...51 Mapa 5 Assentamento Angico Branco...52 Imagem 1 Área de reserva do assentamento Angico Branco...53 Imagem 2 Assentamento Angico Branco: áreas de cultivo e de vegetação alterada...54

9 LISTA DE TABELAS Tabela 1 Situação dos trabalhadores anterior ao assentamento no Brasil...21 Tabela 2 Avaliação das condições de produção nos assentamentos brasileiros...21 Tabela 3 Estados brasileiros com maior número de assentamentos criados até Tabela 4 Estrutura fundiária piauiense Tabela 5 Número de famílias assentadas no Estado do Piauí...27 Tabela 6 Conflitos no campo no Piauí ( )...28 Tabela 7 Avaliação das condições de produção dos assentados piauienses...30 Tabela 8 População assentada no Projeto de Assentamento Angico Branco...43 Tabela 9 Diagnóstico da produção agropecuária esperada no assentamento Angico Branco...45 Tabela 10 Censo agropecuário do Assentamento Angico Branco ( )...46 Tabela 11 Principais problemas ambientais nos assentamentos do Piauí, nordeste e Brasil...50

10 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS APL Arranjo Produtivo Local CODEVASF Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco COMDEPI Companhia de Desenvolvimento do Piauí CONTAG Confederação Nacional dos Trabalhadores da Agricultura CPT Comissão Pastoral da Terra FETAG Federação dos Trabalhadores da Agricultura FHC Fernando Henrique Cardoso IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária INPA Intervenção Participativa de Atores INTERPI Instituto de Terras do Piauí MASTER Movimento dos Agricultores Sem Terra OEA Organização dos Estados Americanos PA Projeto de Assentamento PDA Plano de Desenvolvimento do Assentamento PEVS Pesquisa da Extração Vegetal e Silvicultura PLANAP Plano de Ação para o Desenvolvimento Integrado da Bacia doparnaíba PNRA Plano Nacional de Reforma Agrária PRONAF Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar PRRA Plano Regional de Reforma Agrária PT Partido dos Trabalhadores SR Superintendência Regional STR Sindicato de Trabalhadores Rurais UDR União Democrática Ruralista ULTABS União dos Lavradores Agrícolas do Brasil UnB Universidade de Brasília

11 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO REFERENCIAL TEÓRICO Assentamentos rurais no Brasil: origens e desdobramentos Política fundiária brasileira pós-redemocratização Distribuição geográfica dos assentamentos no Brasil Reforma Agrária no Piauí Perfil dos assentados piauienses METODOLOGIA DA PESQUISA Caracterização da área de estudo Procedimentos metodológicos RESULTADOS E DISCUSSÃO O assentamento Angico Branco: origem, localização e características físicas Infraestrutura Perfil dos assentados Atividades econômicas A extração do pó de carnaúba O manejo dos carnaubais Problemas ambientais CONCLUSÃO REFERÊNCIAS...58 ANEXOS Anexo A Matéria do jornal Meio Norte relatando a disputa entre os assentados no PA Angico Branco e o empresário Edmilson Carvalho... 62

12 1INTRODUÇÃO A colonização ocorrida no Brasil deixou como herança, entre outras coisas, uma estrutura fundiária marcada pela forte concentração de terras. As atividades econômicas desenvolvidas ao longo dos anos demandavam grandes extensões de terra e, além disso, os mecanismos legais instituídos dificultavam o acesso à propriedade por parte das camadas menos favorecidas da sociedade. A exclusão de muitos do direito à propriedade, e posteriormente, o processo de modernização agrícola ocasionou a expulsão de milhares de trabalhadores do campo para o meio urbano. Esse processo de urbanização ocorreu de forma desordenada e esse fenômeno, aliado àineficácia das políticas de governo ao longo dos anos, condiciona as grandes cidades brasileiras, problemas como as submoradias, desemprego, violência e infraestrutura deficiente. Somente na década de 1960 foi instituída uma lei que regulamentava os dispositivos de reforma agrária e a definia como um conjunto de medidas que visa promover a melhor distribuição de terra, mediante modificação no regime de sua posse e uso, a fim de atender aos princípios da justiça social e ao aumento de produtividade. O Piauí está entre os dez Estados brasileiros com maior quantidade de assentamentos rurais existentes. A criação dessas unidades é a principal ação de reforma agrária no país. O desenvolvimento desses projetos passa não somente pela concessão de terra e crédito aos trabalhadores mas, sobretudo, pela assessoria técnica, capacitação, infraestrutura disponível e das características da região. A maior parte dos assentamentos rurais existente no Estado localiza-se na porção norte. O território dos carnaubais, localizado no centro-norte piauiense, foi classificado pelo INCRA como uma área que demanda maior atenção para regularização fundiária. Castelo do Piauí, município localizado nesse território, abriga um dos primeiros assentamentos criados na região, o Projeto de Assentamento (PA) Angico Branco. Localizado a 25 km de distância do município de Castelo do Piauí, o assentamento Angico Branco possui uma área de ha. O assentamento foi criado em maio de 1997 e abriga 57 famílias em duas agrovilas. O PA Angico Branco dispõe de uma melhor infraestrutura em relação aos demais assentamentos existentes na região, como energia elétrica, escola infantil, açudes, casas em tijolo e telha e etc. Assim, considerando a

13 infraestrutura existente e as características físicas da região, a questão de estudo que norteou este trabalho foi: quais as condições de produção, os aspectos socioeconômicos e os problemas ambientais existentes no assentamento Angico Branco? Assim, o objetivo geral dessa pesquisa foi caracterizar as condições socioeconômicas e ambientais do assentamento Angico Branco. Os objetivos específicos foram: descrever o histórico de criação do assentamento; comparar a situação socioeconômica existente quando da criação do assentamento com a encontrada atualmente e identificar os problemas ambientais existentes. Utilizou-se como metodologia de pesquisa o estudo de caso. Essa técnica, como outras estratégias de pesquisa, representa uma maneira de se investigar um tópico empírico seguindo-se um conjunto de procedimentos pré-especificados, como observação direta e entrevistas (YIN, 2001). Assim, foram realizadas visitas técnicas ao assentamento pesquisado, no período compreendido entre junho de 2009 e junho de 2011, onde se utilizou de registros fotográficos, entrevistas e análise de documentos disponibilizados pelo sindicato rural do município e pela associação de pequenos produtores do assentamento. Outras fontes de informações utilizadas foram os documentos que compõem o processo de criação do assentamento Angico Branco, disponibilizado pelo INCRA, e publicações desse instituto e de outros órgãos federais, como o IBGE e a Codevasf. A primeira parte do trabalho contém o referencial teórico sobre os assentamentos rurais no Brasil e no Piauí. Em seguida, é apresentada a metodologia da pesquisa e por fim são apresentados e discutidos os resultados da pesquisa.

14 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Assentamentos rurais no Brasil: origens e desdobramentos O processo de colonização ocorrido no Brasil, marcado pelas sesmarias, pela monocultura e pelo trabalho escravo, resultou numa grande concentração de terra e de riqueza. A ausência de uma política eficaz de redistribuição das propriedades, ao longo dos anos, condiciona ao país a manutenção de sua estrutura fundiária desigual. O acesso a terra às camadas mais pobres da população foi negado mediante instrumentos legais, que foram instituídos ao longo dos anos. Bombardi (2004) afirma que a história do campesinato brasileiro é marcada pela constante tentativa de bloqueio do livre acesso a terra a ex-escravos e aos imigrantes que chegavam ao país. Assim, durante todo o Brasil colônia e nas décadas seguintes à independência, a doação de terras era feita somente a poucos favorecidos, que tinham condição de produzir. A exclusão de imigrantes e ex-escravos pode ser visualizada também com a promulgação da 1ª lei que regulamentou o acesso a terra no país, instituída somente na metade do século XIX. Trata-se da Lei de Terras que, em linhas gerais, tinha o objetivo de extinguir o princípio da doação, estabelecendo a compra como único meio de aquisição de terras devolutas. Desse modo, essa lei favoreceu a monopolização da propriedade por fazendeiros e latifundiários, e obrigava os trabalhadores rurais a venderam sua força de trabalho às atividades existentes (IANNI, 1984). Não bastasse a alta concentração de terras, o que se observa no Brasil é a subutilização das propriedades. Segundo Furtado (2009), no ano de 1997, dos 400 milhões de hectares de terras privadas existentes no país, 100 milhões de hectares eram consideradas terras ociosas. Teixeira (2011), analisando dados do INCRA, afirma que o crescimento de terras com baixa produtividade no Brasil aumentou 75% entre 2003 e O autor afirma ainda que em 2010 existiam no país 228 milhões de hectares de terras ociosas. Somente no início do século XX é que ganham forças os movimentos populares organizados de luta pelo acesso a terra. Na primeira metade desse século surgiram organizações como as Ligas Camponesas, a União dos Lavradores Agrícolas do Brasil (ULTABS) e o Movimento dos Agricultores Sem Terra (MASTER). Nos anos 1960 foi criada e reconhecida a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG) (SANTOS, 2007).

15 Também nos anos 1960 foi instituída a lei nº 4.504, o Estatuto da Terra, que define reforma agrária como um conjunto de medidas que visa promover a melhor distribuição da terra, mediante modificação no regime de sua posse e uso, a fim de atender aos princípios da justiça social e ao aumento de produtividade. Segundo Castro (2005), o objetivo era definir políticas agrícolas e de reforma agrária assegurando a propriedade da terra a todos que desejassem cultivá-la, de modo a cumprir a função social estabelecida pelo próprio Estatuto. Ainda segundo Castro (2005), o Estatuto da Terra define que uma propriedade cumpre integralmente sua função social quando, simultaneamente: a) Favorece o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores que nela labutam, assim como de suas famílias; b) Mantém níveis satisfatórios de produtividade; c) Assegura a conservação dos recursos naturais; d) Observa as disposições legais que regulam as justas relações de trabalho entre os que a possuem e a cultivam. De acordo com Del Grossi et al. (2000), existem três grupos que constituem o público-alvo para a reforma agrária. Os parceiros, posseiros e arrendatários, que são trabalhadores com acesso precário a terra; os agricultores proprietários de imóveis cuja área não alcance a dimensão mínima da propriedade familiar, definida pelo módulo rural (minifundistas) e, por fim, os trabalhadores rurais sem-terra, inclusive os desempregados. Estes últimos constituem o maior público potencial para políticas agrárias O assentamento de famílias é a principal ação de reforma agrária promovida pelo Estado. Segundo Bergamasco e Noder (1996), assentamentos rurais podem ser entendidos como a criação de novas unidades de produção agrícola, por meio de políticas governamentais, visando o reordenamento do uso da terra, em benefício de trabalhadores rurais sem-terra ou com pouca terra. No II PNRA, o INCRA (2004) afirma que os assentamentos são núcleos populacionais que receberão assistência técnica e acesso ao conhecimento e às novas tecnologias apropriadas para a realidade das famílias assentadas. Os primeiros assentamentos rurais surgiram no Brasil, na década de 1960, com a criação do Estatuto da Terra. A expressão assentamento rural apareceu pela primeira vez no contexto da reforma agrária na Venezuela, em 1960 (BERGAMASCO; NODER, 1996).

16 Quanto à origem, os assentamentos rurais brasileiros são classificados por Bergamasco e Noder (1996) em cinco tipos. 1 Projetos de colonização: ocorre com a transferência forçada de trabalhadores das suas regiões de origem para outras regiões, com o objetivo de promover a integração econômica das áreas consideradas mais atrasadas do país. Esses foram os primeiros projetos de colonização de caráter estatal realizados na conjuntura do governo militar. 2 Reassentamento de populações atingidas por barragens de usinas hidrelétricas: também ocorrida no governo militar, em decorrência do desenvolvimento do setor energético com a construção das usinas hidrelétricas. 3 Planos Estaduais de valorização de terras públicas e de regularizaçãopossessória: ocorreram a partir de 1982, com a criação de assentamentos em esfera estadual e municipal, a partir do cadastramento de terras públicas ociosas e da regularização de propriedades envolvidas com posseiros. 4 Programa de reforma agrária via desapropriação por interesse social: esses projetos firmaram-se a partir de 1986, sob a égide do I Plano Nacional de Reforma Agrária no final dos governos militares e na transição para o regime democrático-parlamentar. 5 O processo de ocupação das reservas extrativistas para seringueiros da região amazônica e outras atividades relacionadas ao aproveitamento de recursos naturais renováveis: essas unidades decorrem das relações de trabalho (muitas vezes escravistas), que ocorrem na exploração desses recursos naturais e/ou dos conflitos constantes entre indígenas e os grupos que exploram as regiões extrativistas como grileiros, seringueiros e empresas agropecuárias. Desse modo, a reserva extrativista é uma alternativa real para o desenvolvimento econômico e ambiental da região amazônica e tem sido de referência para diversos setores extrativistas, como babaçuais, açaizais, cupuaçuzais, e outros. No Brasil, grande parte dos PAs (Projetos de Assentamentos) criados é fruto da luta de associações, sindicatos e movimentos sociais. É também a partir da ação desse segmento da sociedade que essas unidades produtivas vêm conseguindo avanços.

17 Na efetivação das áreas de assentamentos onde as famílias estavam assentadas, originaram-se as condições políticas e sociais ao nível de organização das famílias, para que estas pudessem reivindicar e garantir outros benefícios essenciais para os assentamentos: créditos (para incentivar e diversificar a produção), assistência técnica (para melhorar os conhecimentos das famílias no processo produtivo), eletrificação (utilização de outras fontes de energia para aumentar a produção e melhorar a qualidade de vida), construção de estradas (visando melhorar as condições de comunicação e transporte de pessoas e mercadorias entre as áreas assentadas e núcleos urbanos e rurais), hospitais (pretendendo dar assistência à saúde preventiva às famílias), educação (garantir os níveis de ensino à comunidade assentada) e condições de saneamento básico (água potável, fossas sépticas) (SANTOS, 2007, p, 46). Leite et al. (2004) afirmam que nos assentamentos criados por processo de desapropriação motivados por movimentos sociais, devido ao maior nível de organização dos trabalhadores, à atenção dada pela esfera pública é maior e os resultados obtidos são mais satisfatórios. Isso demonstra a importância da organização dos trabalhadores assentados para o desenvolvimento local. Além da organização dos trabalhadores, a formação/capacitação destes é outro requisito importante. Furtado (2009) diz que a capacitação dos moradores é uma ação imprescindível para o desenvolvimento dos projetos de assentamento. Essa autora defende uma estratégia pedagógica denominada de Intervenção Participativa dos Atores (INPA). A ideia da autora é que os assentados necessitam de um novo modelo de educação, que supere os métodos da educação tradicional. Assim, tal estratégia educativa prima pela construção do conhecimento, incentivo ao coletivismo, a participação, a iniciativa e o envolvimento de técnicos, lideranças e dos assentados. A autora cita o exemplo do assentamento Oiticica I, no município cearense de Baturité. Esse PA era tido como um exemplo de fracasso de esforços e de desperdício de recursos públicos. Dois anos após o processo de capacitação de atores (INPA), esse assentamento ainda passa por dificuldades, mas alguns importantes avanços foram sentidos, como o aumento da confiança entre os moradores; incremento da participação em decisões importantes; aumento da produção agropecuária e da coletividade na produção; diminuição da mortalidade dos rebanhos e outros. Oliveira (2003) afirma que a etapa inicial do desenvolvimento local é o mapeamento das capacidades e dos recursos existentes nas comunidades. Assim, é preciso diagnosticar as potencialidades do local e as capacidades das pessoas, visando seu engajamento no projeto de desenvolvimento, através do fortalecimento de suas capacidades.

18 Buarque (2002) afirma que o desenvolvimento local busca explorar as potencialidades locais, elevar as oportunidades sociais e a competitividade da economia local, assegurando ainda a conservação dos recursos naturais existentes. Para Silveira (2004), o desenvolvimento local é o processo de desabrochamento das capacidades, competências e habilidades de uma comunidade, tornando-a apta a autogestão e ao aproveitamento de suas próprias potencialidades locais, visando a melhoria da qualidade de vida das pessoas. Eid e Pimentel (2005) afirmam que existem diferentes abordagens de políticas públicas relacionadas ao desenvolvimento local: a centralizadora, na qual o governo define políticas através de seus técnicos; a fundamentada no mercado, onde quem desempenha as ações são empresas privadas e, por último, aquela centrada na participação da comunidade, adotada de baixo para cima, com mobilização local. O incremento nas relações de confiança e na participação entre os atores envolvidos nos projetos de assentamento culminaria, certamente, com a expansão de seu capital social. Abramovay (2009) define capital social como as características da organização social, como confiança, normas e sistemas, que contribuam para aumentar a eficiência da sociedade, facilitando as ações coordenadas. A formação das lideranças e o cooperativismo são requisitos básicos para o desenvolvimento dos assentamentos, na medida em que aumentam a capacidade de articulação dessa unidade produtiva com o território onde ele está inserido. Experiências problemáticas de assentamentos estão na sua precária capacidade de articulação com outros atores da região e sua estrita dependência dos poderes públicos federais. Ao contrário, as experiências bem sucedidas caracterizam-se sistematicamente pela ampliação do círculo de relações sociais dos assentados no plano político, econômico e social. Por mais que as condições naturais (solo, relevo, clima) sejam importantes na determinação do desempenho dos assentamentos, não são poucos os casos em que os limites físicos foram vencidos pela capacidade organizativa (ABRAMOVAY, 2009, p. 301). O desenvolvimento de assentamentos passa ainda pelo incentivo à exploração de outras potencialidades, além da produção agrícola. Graziano (2001) afirma que é necessário que a reforma agrária explore outras opções de inserção produtiva, não necessariamente agrícolas, como a agroindústria doméstica, a exploração de nichos de mercado ou a prestação de serviços. Para o autor, pequenos assentamentos baseados apenas na produção de grãos não são mais viáveis. Assim, a reforma agrária desse século não precisa ser essencialmente agrícola. Ela deve sim combinar atividades agrícolas e não agrícolas.

19 O impacto da criação de projetos de assentamento pode ser sentido também no meio urbano. A criação de assentamentos rurais pode alavancar o desenvolvimento de uma região através da dinamização do mercado. Sobre isso, Leite (2000) afirma que: Os assentamentos tendem a promover um rearranjo do processo produtivo nas regiões onde se instalam, muitas vezes caracterizada por uma agricultura com baixo dinamismo. A diversificação da produção agrícola, a introdução de atividades mais lucrativas, mudanças tecnológicas refletem-se na composição da receita dos assentados, afetando o comércio local, a geração de impostos, a movimentação bancária etc. (LEITE, 2000, p. 48). Leite (2009) discute o impacto da criação de projeto de assentamentos. O autor faz essa análise a partir de três dimensões: política, social e ambiental. Na dimensão política o autor chama atenção para as alterações demográficas e nas relações sociais. Se as famílias assentadas forem de outra região, isso implicará em alterações demográficas que se refletem no colégio eleitoral e no nascimento de novas forças políticas. Se os assentados são da própria cidade, pode haver mudanças nas relações e no status de determinados grupos, mediada pelo acesso a terra, e que se traduz em alterações nos padrões de relação com as forças políticas e economicamente significativas em nível local. Na dimensão social, Leite (2009) destaca que a organização dos assentados em associações e cooperativas acaba por trazer à cena pública, processos e demandas que são capazes de mexer com a dinâmica do município. O mercado é dinamizado pela venda de produtos oriundos dos assentamentos, como é o caso das feiras, da venda direta a supermercados e outros, ocasionando um novo tipo de concorrência e oferta de produtos. O assentamento promove, ainda, uma dinamização da movimentação bancária, com a chegada dos projetos de financiamento e o aumento da arrecadação de impostos. Na dimensão ambiental, Leite (2009) afirma que é bastante recorrente a seleção de áreas inapropriadas para o desenvolvimento da agricultura (má qualidade de solos, erosão acentuada) destinadas para criação e assentamentos. Isso tem intensificado o desgaste dos solos, limitando a capacidade de produção e desenvolvimento. Essa questão demonstra a necessidade de se discutir os critérios de seleção das áreas, a forma como ela é dividida entre os assentados e a natureza da assistência técnica recebida pelo assentamento. Ainda no que se refere ao impacto que a criação de assentamentos pode trazer ao meio ambiente, Coimbra (2008) afirma que as instituições responsáveis pela reforma agrária foram obrigadas a criar mecanismos condutores ao desenvolvimento sustentável dos projetos

20 de assentamento. Entretanto, o autor afirma que tais mecanismos são precários no aspecto qualitativo. A agricultura familiar pode ser o caminho para o desenvolvimento do meio rural brasileiro. Veiga (2000) discute o impacto da opção feita pelo Brasil pela agroindústria das grandes propriedades, em vez da agricultura familiar. Utilizando o exemplo dos Estados Unidos, o autor afirma que nas regiões onde predominou a agricultura patronal existem poucas escolas, Igrejas, clubes, associações, jornais, empresas e bancos. Nessas localidades, as condições de moradia são precárias, quase não existem equipamentos de lazer e a delinquência infanto-juvenil é alta, ao contrário do que ocorre onde predominou a agricultura familiar, caracterizada por dinamismo econômico e melhores condições de vida. Castro (2005) analisa as dificuldades encontradas pelos assentados no desenvolvimento das propriedades. Segundo a autora, nos assentamentos de responsabilidade do INCRA ocorre uma relação de dependência total dos assentados, e a gestão termina sendo implementada por técnicos desse instituto. Além disso, com a emancipação da propriedade, essa posse torna-se um problema, na medida em que os trabalhadores agora precisam administrar, planejar e controlar negócios, o que vai de encontro a sua tradição cultural, acostumados a executar ordens e tarefas. Outra dificuldade apontada por Castro (2005) refere-se à gestão financeira. Segundo a autora, ao chegarem ao assentamento poucos trabalhadores possuem experiência de relação de troca com mercados locais e regionais; não possuem conhecimento suficiente para gerenciar o dinheiro, para investir ou assumir compromissos contratuais com o banco, e muitos são analfabetos. No ano de 1996, o INCRA realizou o I Censo da Reforma Agrária, em parceria com a UnB. Bergamasco (1997), analisando o resultado do estudo, afirma que naquele ano, 39,4% dos assentados no Brasil possuíam alfabetização incompleta e 97,6% dos titulares dos lotes de assentamentos no Brasil estavam fora de qualquer programa de estudos. A limitação na formação reflete-se nas condições de trabalho. O estudo revelou que 80% dos assentados não possuíam outra habilidade não agropecuária, e o restante são pedreiros, garimpeiros ou motoristas. No que se refere à ocupação dos trabalhadores anterior ao assentamento, o I Censo da Reforma Agrária demonstrou que a grande maioria trabalhava na agricultura. A tabela 1 apresenta a situação dos trabalhadores antes do assentamento.

21 Tabela 1 Situação dos trabalhadores anterior ao assentamento no Brasil SITUAÇÃO PERCENTUAL Arrendatário ou parceiro 19,7 Posseiro 16,6 Ocupante 9,1 Assalariado na agropecuária 12,4 Proprietários de terra 16,3 Fonte: Adaptado INCRA (1997) Em 2010, o INCRA realizou, em parceria com a UFRGS, um estudo intitulado Pesquisa Nacional da Qualidade de Assentamentos. Comparando os dados desse estudo com o I Censo da Reforma Agrária (1997) pode-se observar alguns avanços. No que se refere à educação, o número de analfabetos caiu de 39,4% para 19,5%. Em 1997 apenas 20% dos assentamentos possuíam energia elétrica e em 2010 esse índice subiu para 88%. No que se refere às condições de moradia, o I Censo da Reforma Agrária apontou que 28,8% dos assentados consideravam como boa sua situação; 38,1% como regular e 24,6% como precária. A pesquisa mais recente afirma que 53,75% dos assentados consideravam boas suas condições de moradia; 15,81% classificam como regular e 10,8% como ruim. Sobre as condições para produção, a Pesquisa da Qualidade de Assentamentos, INCRA (2010), avaliou a opinião dos moradores sobre a fertilidade do solo, o tamanho do lote e conhecimentos sobre técnicas de produção. A tabela 2 apresenta os resultados. Tabela 2 Avaliação das condições de produção nos assentamentos brasileiros VARIÁVEL ÓTIMO BOM RAZOÁVEL RUIM PÉSSIMO SEM RESPOSTA Fertilidade da terra 6,17 46,57 29,13 11,28 3,31 3,54 Avaliação do tamanho do lote, considerando a área útil 9,74 48,79 23,7 9,06 4,23 4,48 Conhecimento de técnicas de produção 4,82 31,84 31,39 15,95 9,03 6,96 Fonte: INCRA (2010) Os dados apresentados demonstram satisfação dos beneficiários nos aspectos analisados. A pesquisa demonstrou também um bom nível de organização, na medida em que 77,87% dos assentados afirmam participar de alguma associação ou cooperativa. Entretanto, o acesso a crédito ainda deixa a desejar. O estudo mostra que apenas 52,22% dos entrevistados já obtiveram credito do PRONAF; 25,6% ao crédito fomento e 4,3% ao PROCERA. Os

22 recursos mais utilizados foram o apoio inicial e aquisição de material de construção (INCRA, 2010) Política fundiária brasileira pós-redemocratização Foi no início dos anos de ditadura que foi instituído o Estatuto da Terra, instrumento que regulamentou as desapropriações e a reforma agrária no país. Foi também a partir desse período que o campo brasileiro passou, com mais ênfase, pelo processo de modernização agrícola, aumentando significativamente a produção, e ao mesmo tempo excluindo grande parte dos trabalhadores do processo produtivo. O desemprego no campo e as oportunidades geradas pela indústria nas cidades acentuaram o êxodo de trabalhadores, principalmente para o sudeste. Ao mesmo tempo, a política de reforma agrária do governo militar, que reprimiu fortemente os movimentos sociais, não passou de projetos de colonização, especialmente nas regiões norte e centro-oeste, não alternado em nada a estrutura fundiária do país (SANTOS, 2007). No final da década de 1980, os movimentos sociais voltam a ganhar força e a problemática da reforma agrária volta a ser tema de discussão no país. Ainda em 1979 ocorre em Brasília o III Congresso Nacional de Trabalhadores Rurais, quando a CONTAG reacende a luta pela reforma agrária. Em 1985, foi estabelecido o I Plano Nacional de Reforma Agrária (PNRA), cuja implementação ficou muito abaixo das metas propostas, em decorrência, em grande parte, da atuação de organizações conservadoras de latifundiários como a UDR (SANTOS, 2007). Em 1989 ocorre a primeira eleição direta para presidente, após o fim da ditadura militar. Fernando Collor de Melo foi eleito, mas foi afastado em outubro de Itamar Franco assume a presidência, e em 1993 é realizada a segunda eleição direta para presidência. Os dois principais candidatos naquele pleito foram Fernando Henrique Cardoso (FHC) e Luiz Inácio Lula da Silva. Carvalho (1997) faz uma análise dos programas de governo propostos pelos candidatos à presidência da república, no pleito de Segundo o autor, em seu plano de governo, FHC reconhecia a necessidade de profundas mudanças no campo e considerava a reforma agrária como medida importante para a resolução do problema da segurança alimentar.

23 As metas do programa de FHC para o assentamento de famílias eram crescentes a cada ano, totalizando 280 mil famílias assentadas no final do mandato. Estas metas eram consideradas tímidas, embora realistas, dada a legislação vigente. Entretanto, o conceito de reforma agrária implícito no programa resumia-se a ações fundiárias mais agressivas, quando comparadas com os governos passados, sem a menor pretensão de uma alteração estrutural (CARVALHO, 1997). Sobre o plano de governo do candidato Lula, Carvalho (1997) afirma que este apresentou o programa mais comprometido com a reforma agrária. Neste, a RA era considerada como uma política de caráter estrutural, propondo a implantação de um processo de reforma, em substituição às ações fundiárias esparsas. A meta estipulada pelo candidato era de 800 mil famílias assentadas nos primeiros quatro anos de governo, comprometendo-se ainda com a demarcação das terras indígenas. Era assim, segundo o autor, a proposta de governo que mais esclarecia sobre os instrumentos que seriam utilizados, considerando a desapropriação como o principal instrumento de distribuição de terras (CARVALHO, 1997). Fernando Henrique Cardoso venceu aquela eleição e assumiu a presidência em Durante os 8 anos de seu governo (reeleito em 1998), a questão da reforma agrária esteve presente constantemente nos meios de comunicação, por conta da forte atuação dos movimentos sociais, especialmente o MST, com quem a relação do governo foi sempre instável. Grande parte da tensão que o tema reforma agrária carregava durante o governo FHC deveu-se aos massacres de trabalhadores ocorridos em Corumbiara-RO, em 1995, e em Eldorado de Carajás-PA, em Após esses conflitos, o presidente nomeou Raul Jugmann para o Ministério Extraordinário da Reforma Agrária (depois Ministério do Desenvolvimento Agrário), nome mais próximo dos movimentos sociais, como MST e a CPT, e da oposição (PT). Segundo Martins (2003), o governo de Fernando Henrique Cardoso herdou o desassossego social derivado de uma reforma agrária ditatorial e uma demanda muito além de suas possibilidades, por conta da desordem dos parâmetros da institucionalidade de um Estado, com orientações desencontradas e confusas em relação à reforma agrária. Ainda segundo Martins (2003), a política fundiária do presidente Fernando Henrique Cardoso teve por objetivo fazer a reforma agrária, e ao mesmo tempo instituir a normalidade

24 do conflito. Ou seja, definir as bases institucionais do conflito agrário, fazendo do Estado o mediador e gestor das soluções. Luiz Inácio Lula da Silva, que perdera a eleição para FHC nos pleitos de 1994 e 1998, assumiu a presidência da república em 2003 (sucedendo o próprio FHC). A relação do planalto com o MST e outros movimentos sociais aparentou mais estabilidade durante seu governo, na medida em que diminuíram, aparentemente, as ocupações e as ações radicais do movimento. O apaziguamento dos conflitos no campo, durante o governo Lula, pode ser atribuído, assim, a proximidade do presidente com os movimentos sociais. Além disso, é possível que durante seu governo a reforma agrária tenha obtido avanços que satisfaçam a militância. Entretanto, a análise do balanço da reforma agrária, publicado pelo INCRA em março de 2010, aponta que o governo Lula criou entre 2003 e 2009 um total de assentamentos em todo o país. Esse número é inferior a quantidade de unidades criadas pelo governo anterior no mesmo período (7 anos). 2.2 Distribuição geográfica dos assentamentos no Brasil Noder (1997) afirma que os assentamentos rurais criados no Brasil a partir dos anos 1980 são projetos criados muito mais para resolver conflitos localizados do que situações de pobreza e exclusão social, ou mesmo para resgatar o potencial produtivo da agricultura familiar. Assim, a maior concentração de assentamentos rurais ocorre nos Estados que apresentaram a maior incidência de conflitos no campo. Segundo o INCRA (2004), os conflitos por terra ocorrem no Brasil em todos os Estados, mas os que apresentaram maior incidência em 2003 foram o Pará, Pernambuco, Mato Grosso e Maranhão. A análise do número de assentamentos criados no Brasil nos últimos anos demonstra que estes Estados estão entre os que apresentam maior quantidade de unidades criadas.

25 Tabela 3 Estados brasileiros com maior número de assentamentos criados até 2009 ESTADO ASSENTAMENTOS CRIADOS PA 1021 MA 926 BA 629 PE 557 MT 539 PI 480 CE 416 TO 366 RS 329 PR 311 Fonte: INCRA (2010) A tabela 3 demonstra que cinco dos dez Estados brasileiros com maior quantidade em assentamentos criados são nordestinos. O primeiro colocado, entretanto, é da região norte. O Pará possui três superintendências regionais do Incra; uma localizada no sul do Estado, com sede em Marabá (SR 27); uma na porção oeste, em Santarém (SR 30); e a SR 01, com sede em Belém. O nordeste é a região brasileira que possui a maior quantidade de assentamentos criados. Segundo o INCRA (2010), até o final de 2009 existiam na região PAs e o Estado do Maranhão é o que abriga a maior quantidade desses imóveis, com 926 unidades. O Piauí é o quarto nesse ranking. Naquele ano o número de assentamentos existentes no Estado era de 480. A região norte, que possui a maior área do país, é a 2ª região que mais possui projetos de assentamento. Segundo o INCRA, até 2009 existiam PAs sob responsabilidade do instituto na região. O Estado do Pará, como dito, é o Estado brasileiro que mais possui assentamentos rurais. A terceira região brasileira em quantidade de assentamentos é o Centro-Oeste, com PAs existentes até Mato Grosso é o Estado que possui a quantidade de assentamentos na região. Nas regiões sul e sudeste o número de assentamentos rurais é bem inferior à porção norte do país. O sul é a quarta região com maior número de assentamentos criados pelo Incra, e o sudeste é a região que abriga a menor quantidade de assentamentos no país. Até 2009 eram apenas 708 unidades existentes no sudeste, um número 5,5 vezes menor que no nordeste, região com maior quantidade.

26 2.3 Reforma Agrária no Piauí O Piauí é o terceiro maior Estado da região nordeste em área, representando 16,2% da região e 2,95% do território nacional. A exemplo do que ocorreu no país, a população urbana do Estado ultrapassou a população rural, evoluindo esse percentual de 23% em 1960, para 65,7% em Segundo o IBGE (2010), a população do Estado é de 3,1 milhões de habitantes, concentrados principalmente na parte norte do Estado. A capital, Teresina, concentra 26,1% dessa população. Assim como em nível nacional, o Estado do Piauí apresenta uma estrutura fundiária marcada pela forte concentração das propriedades. Segundo Andrade (2009), no que diz respeito às questões fundiárias, as primeiras ações do poder público no Estado foram realizadas pelo governo federal, por meio de ações de colonização, como a criação, em 1932, do Núcleo Colonial de David Caldas, com 350 famílias, e em 1959, o Núcleo Colonial do Gurgueia (260 famílias). Entretanto, essas ações tiveram impacto diminuto na estrutura fundiária piauiense. A tabela 4 demonstra a estrutura fundiária piauiense. Tabela 4 Estrutura fundiária piauiense 2007 Grupo de área (ha) Nº de Imóveis % Área Total (ha) % Minifúndio , ,39 9,77 Pequena propriedade , ,00 16,83 Média Propriedade ,30 19,00 Grande propriedade , ,00 54,40 Total , ,620, ,00 Fonte: Andrade (2009) Os dados da tabela 06 demonstram que as grandes propriedades ocupam mais da metade dos hectares cadastrados. Segundo Andrade (2009), apenas 237 dos imóveis são classificados como produtivos. Esses dados demonstram a necessidade de uma ampla reforma agrária no Estado. Através da lei estadual nº 3.271/73 o Piauí incorporou as terras devolutas existentes, ao Patrimônio da Companhia de Desenvolvimento do Piauí (COMDEPI). Através da mesma lei autorizou a alienação de terras públicas a empresários interessados em investir no Piauí, mediante a apresentação de projetos de desenvolvimento (ANDRADE, 2009).

27 Em 1980, o governo estadual criou o Instituto de Terras do Piauí (INTERPI), órgão gestor do patrimônio público imobiliário do Estado. Esse órgão foi responsável, a partir de então, pelo assentamento de um número significativo de famílias no Piauí. Essas ações se deram através da aquisição de terras por compra direta e pelo uso de terras pertencentes ao Estado. Segundo o PRRA (INCRA, 2005), de sua criação até 2004, o INTERPI já assentou famílias no Piauí, principalmente na região sul do Estado. Os projetos de assentamentos existentes no Piauí são, em sua maioria, de responsabilidade do INCRA. Além destes e dos projetos criados pelo INTERPI existem outras unidades criadas por programas complementares de Reforma Agrária, como o Programa Fundo de Terra para a Reforma Agrária/Banco da Terra (1998) e o Programa Nacional de Crédito Fundiário (2002). Esses programas foram criados para atender demandas diferentes de acesso a terra, como aquelas áreas com dimensões inferiores às consideradas aptas para desapropriações por interesse social. Segundo o INCRA (2005) o programa Banco da Terra teve duração pequena no Piauí, atuando entre 1998 e Foram criados por esse projeto 53 PAs no Estado, beneficiando famílias. O programa Crédito Fundiário, criado em 2002, beneficiou até 2004 um total de famílias, distribuídas em 67 projetos de assentamentos. O INCRA foi o responsável por 66,4% das famílias assentadas no Estado até A tabela 5 apresenta o número de famílias assentadas no Piauí entre 1994 e Tabela 5 Número de famílias assentadas no Estado do Piauí PROGRAMA DE CRÉDITO PERÍODO/ANO INCRA INTERPI FUNDIÁRIO PROGRAMA BANCO DA TERRA TOTAL Fonte: INCRA (2005)

28 De acordo com o balanço da reforma agrária (INCRA, 2010), até o ano de 2009 foram criados, no Piauí, 480 projetos de assentamentos pelo INCRA. O Estado é o quarto colocado em quantidade de assentamentos existentes no nordeste e o sexto do país. Como dito, a criação de PAs no Brasil tem sido uma resposta aos conflitos gerados e a atuação de movimentos sociais. A tabela 05 demonstra os conflitos no campo, no Estado entre 1997 e Tabela 6 Conflitos no campo no Piauí ( ) Discriminação Anos Nº de conflitos Pessoas envolvidas Assassinatos Tentativas de assassinato Ameaças de morte Agressão física Torturas Presos Lesões corporais Fonte: INCRA (2005) De acordo com a tabela 6, mesmo não estando entre os Estados mais violentos do país no que se refere à questão do campo, o Piauí apresenta, anualmente, um grande número de pessoas envolvidas em conflitos. Santos (2007), analisando a evolução desses conflitos, afirma que a maior ocorrência de conflitos entre os anos de 1998 e 2000 foram consequência da falta de uma política de reforma agrária no Estado e, sobretudo, pelo fortalecimento da organização dos trabalhadores rurais em suas entidades representativas, tais como a FETAG e os STRs. No que se refere à distribuição geográfica dos PAs no Piauí, o que se observa é a maior concentração de unidades na porção norte do Estado. A predominância de PAs nesses territórios deve-se a uma maior atuação dos movimentos sociais nessa região e pela existência de grandes áreas sem utilização, culminando com a intervenção do INCRA. O mapa 1 apresenta a distribuição geográfica dos assentamentos no Piauí.

29 Mapa 1 Assentamentos de reforma agrária no Estado do Piauí Fonte: INCRA (2011) Perfil dos assentados piauienses A pesquisa da qualidade de assentamentos desenvolvida pelo INCRA em parceria com a UFRGS no ano de 2010, traçou um perfil dos assentados da reforma agrária no Brasil. Foram entrevistadas famílias em assentamentos rurais das cinco regiões do país. No geral, os dados obtidos apontaram a predominância de pessoas do sexo masculino (53,4%) e famílias que possuem, em média, 4 pessoas. A estrutura etária é a seguinte: 44, 82% são jovens (entre 0 e 20 anos); 47,63% são adultos (21 a 60 anos) e apenas 7,55% possuem mais de 60 anos. No que se refere à realidade dos assentados piauienses, a diferença entre homens e mulheres é muito pequena. O percentual de homens é de 49,91% e o de mulheres é de 49,33%. O percentual de jovens é bem superior a realidade nacional. No Piauí, 66,7% dos assentados possuem entre 0 e 20 anos. O percentual de adultos é de 29,06% e o de idosos é de apenas 4,24%, abaixo do percentual nacional. O nível educacional dessa população é bastante baixo. 19,5% dos assentados piauienses não são alfabetizados; 44,06% estudaram apenas até a 4ª série e 5,06% terminaram o ensino médio. O percentual de assentados que chegaram ao ensino superior é inferior a 1%

30 no Piauí. A pesquisa apontou, também, que 89,6% das crianças que moram em assentamentos rurais no Piauí estão matriculadas na escola. As condições de vida e moradia dos assentados piauienses também podem ser vislumbradas a partir da pesquisa do INCRA (2010). No que se refere à disponibilidade de água, 61,42% dos entrevistados afirmaram que a água disponível é suficiente para suas necessidades. A energia elétrica já está disponível a 88% dos assentados piauienses, mas destes, 56,3% reclamam da qualidade do serviço. O saneamento básico deixa a desejar. Apenas 1,71% possui rede de esgoto e apenas 15,04% das casas possui fossa séptica. A situação das vias de acesso também foi avaliada. 38,5% consideram péssimas as condições das estradas; 23,95% consideram ruim e apenas 8,7% classificaram como boa. A pesquisa do INCRA (2010) também avaliou as condições de produção dos assentados no Brasil. Os dados referentes ao Piauí estão na tabela 7. Tabela 7 Avaliação das condições de produção dos assentados piauienses VARIÁVEL AVALIAÇÃO Ótimo Bom Razoável Ruim Péssimo Fertilidade do solo 4,78 52,71 24,29 8,99 1,67 Conhecimento de técnicas de produção 7,78 31,46 26,01 19,79 6,58 Avaliação do tamanho do lote, considerando a área útil 6,49 56,44 17,64 8,15 1,04 Nível de satisfação com a comercialização dos produtos 5,74 28,08 18,99 31,66 6,5 Fonte: INCRA (2010) Os dados da tabela demonstram que mais da metade dos assentados piauienses está satisfeita com a fertilidade da terra e com o tamanho dos lotes. No que se refere ao conhecimento sobre técnicas de produção, 26,37% afirmaram que seus conhecimentos são ruins ou péssimos e, além disso, 38,16% não estão satisfeitos com a comercialização dos produtos (ruim ou péssima). Por fim, a pesquisa avaliou a satisfação dessa população com suas condições de vida, comparando com sua situação antes de ser assentado. Em todas as variáveis pesquisadas (moradia, renda, alimentação, saúde e educação) mais de 50% dos entrevistados piauienses afirmaram que as condições atuais são melhores do que as anteriores.

31 3 METODOLOGIA DA PESQUISA 3.1 Caracterização da área de estudo O assentamento Angico Branco, objeto dessa pesquisa, está localizado no município de Castelo do Piauí. Esta cidade e grande parte do território piauiense está inserido na bacia hidrográfica do rio Paranaíba. Esta bacia hidrográfica ocupa uma área de km² sendo a mais extensa bacia integralmente nordestina. Além do Piauí, que abriga 69,29% da área, a bacia do Parnaíba abrange municípios do Maranhão e do Ceará. (PLANAP, 2006) No contexto da bacia hidrográfica do rio Parnaíba o município de Castelo do Piauí está localizado no território dos carnaubais. Esse território abriga 26 municípios subdivididos em 3 aglomerados. Dentro desta subdivisão, Castelo do Piauí faz parte do aglomerado 6 juntamente com as cidades piauienses de Assunção do Piauí, Buriti dos Montes, Juazeiro do Piauí, Novo Santo Antonio, São João da Serra e São Miguel do tapuio. O mapa 02 apresenta o mapa da bacia hidrográfica do rio Parnaíba destacando o território dos carnaubais. Mapa 2 Território dos carnaubais na bacia hidrográfica do Paranaíba Fonte: PLANAP (2006) O Poti é o principal rio existente na região. A vegetação é caracterizada como área de transição entre o cerrado e a caatinga (ecótono) com predomínio da caatinga arbustiva e arbórea. O clima da região apresenta altas temperaturas que variam entre 21 C e 40 C e é

32 classificado como semi-árido. O quadro 01 apresenta as características fisiográficas e ambientais do território dos carnaubais. Características Cobertura vegetal Unidades conservação Relevo Geossistemas Precipitação Evaporação de Umidade relativa Insolação Principais rios e lagoas Temperatura Clima Água subterrânea Geologia Descrição Área de transição entre cerrado e caatinga, com predominância das áreas de caatinga arbustiva e arbórea nos Ags* 29 e 6. No AG 5 predominam áreas de parque/cerrado e parque/cerradão RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural) serra das Almas, em Crateús, criada em agosto de 2000, com área de ha, e RPPN Marvão, em Castelo do Piauí. Fazenda Boqueirão com ha. Criado pela Portaria (IBAMA) no 42 de 10/08/2000. Planalto da Ibiapaba, predominando os relevos de topos planos, com amplos interflúvios modelados nos arenitos da formação Serra Grande Cuesta da Serra Grande, depressão de Crateús e baixada de Campo Maior A precipitação média anual está entre 800 mm e mm, com maior concentração nos meses de janeiro a Março A evaporação média anual varia de mm a mm, acentuando-se nos meses de setembro a novembro Subúmido, com moderado excesso de água A insolação média anual é de cerca de horas/ano, sendo mais acentuada de julho a outubro Rio Poti, que abre uma garganta com desnível de cerca de 300 m. Longá, Correntes, Macambira, Jenipapo, Surubim, Maratoan, Acaraú Temperatura mínima anual variando de 21 C e máxima anual de 40 C. Semi-árido quente, com seis meses secos A formação Serra Grande é o principal sistema aqüífero da região, com maior potencial para o artesianismo. Sistema intergranular. O potencial hídrico varia de muito fraco a fraco Cuesta da Serra Grande apresenta uma morfologia dissimétrica, condicionada por estruturas monoclinais que lhe imprimem um caráter cuestiforme. Coberturas areno-argilosas, com solos profundos, textura média, permeáveis, ditos latossolos amarelos álicos e areias quartsozas álicas Depressão de Crateús caracterizada por feições planas irregulares, modeladas sobre embasamento cristalino tipo migmatito, granitóide, gnaisses e xistos. Solos rasos, pouco permeáveis, pedregosos. Brunos não cálcicos e podzólicos vermelho-amarelos, ambos eutróficos Data do período devoniano, constituída por formações Cabeça e Pimenteiras. Formação Cabeça formada de arenito creme-avermelhado, médio a grosseiro. Leitos espessos com estratificação cruzada Formação Pimenteira formada de folhelhos e siltitos marrons, cinza-escuros e pretos micáceos em níveis de cólitos piritosos com intercalações de arenitos, principalmente no topo Formação Longá caracterizada por áreas deprimidas da região de Campo Maior, constituídas por uma extensa depressão, contendo áreas alagadiças resultantes da impermeabilidade das seqüências eminentemente pelíticas Em toda a área nota-se a vegetação de parque, com mistura de savana/estepe Quadro 1 Características fisiográficas e ambientais do território dos carnaubais Fonte: PLANAP (2006) *aglomerados de municípios. Castelo do Piauí está no AG 6.

33 Segundo o IBGE (2010), a população de Castelo do Piauí é de habitantes, dos quais 62,6% residem na área urbana. Em termos absolutos, a cidade apresenta a 3ª maior população entre os municípios do território dos carnaubais (atrás de Campo Maior e São Miguel do Tapuio). No que se refere à estrutura etária, o IBGE (2010) apontou predominância da população jovem, com 46,4% desse contingente na faixa etária entre 0 e 19 anos; seguida da população adulta, com 43,7 % (entre 20 e 59 anos) e 9,9% acima dos 60 anos. Predomina no município a população do sexo feminino (50,6%). As atividades econômicas que estão em expansão no território dos carnaubais são a apicultura, a cajucultura,o extrativismo da carnaúba, a ovino-caprinocultura, o turismo e a extração de pedra. Apresentam tendência de crescimento a avicultura caipira, a piscicultura e a mamona. As atividades que estão em decadência são a suinocultura e o cultivo de algodão e de mandioca. PLANAP (2006). No que se refere ao extrativismo, destacam-se nesse território o pó de carnaúba, o tucum, o buriti, a madeira e a extração mineral (calcário, argila e rochas ornamentais). Castelo do Piauí é um dos cinco maiores produtores de pó de carnaúba do Estado. Entre 2007 e 2010 a produção anual tem variado entre 420 e 490 toneladas de pó segundo dados da PEVS/IBGE. As principais limitações dessa atividade existentes no território segundo o PLANAP (2006) são: a baixa qualificação da mão-de-obra; o desmatamento de áreas de carnaubais; o baixo padrão tecnológico utilizado pelas pequenas agroindústrias, que acabam por não produzir a cera de carnaúba; o baixo nível de organização dos produtores; a fragilidade do APL da carnaúba em relação à inclusão dos trabalhadores que lidam com a extração da palha da carnaúba e inexistência de uma política de incentivo ao aproveitamento dos produtos da carnaúba, com agregação de valor. O território dos carnaubais abriga 6,5% dos assentamentos piauienses. Segundo o Plano Regional de Reforma Agrária do Piauí (INCRA, 2005) existem no Estado três grandes regiões diferentes, no que se refere à demanda por Reforma Agrária. Grande parte do território dos Carnaubais é enquadrada como área de maior atenção para a regularização fundiária e arrecadação de terras públicas. São dois os assentamentos rurais criados pelo INCRA em Castelo do Piauí. O PA Angico Branco, que foi criado em 1997, e o PA Caraíbas, criado em Além destes existem ainda os projetos criados pelos programas complementares de reforma agrária:

34 Cumbe de baixo, Ingazeira, Espinhos, Palmeirinha, Picos, Buriti do Sobrado. O mapa 3 apresenta os assentamentos rurais criados na região de Castelo do Piauí pelo INCRA Mapa 3 Assentamentos rurais criados pelo INCRA em Castelo do Piauí e região Fonte: INCRA (2011) As principais limitações referentes ao uso da terra no território dos carnaubais apontadas pelo PLANAP (2006) são: a maioria dos agricultores trabalharem como arrendatários, meeiros e parceiros; a produção agrícola voltada apenas para o autoconsumo; o número de famílias vivendo em assentamentos, superior às assentadas oficialmente; o padrão tecnológico rudimentar nas práticas agropecuárias; as organizações pouco atuantes e em sua maioria existentes apenas para obtenção de crédito e a baixa capacitação dos trabalhadores. 3.2 Procedimentos metodológicos A escolha da região de Castelo do Piauí para realização da pesquisa se deve ao fato desse território ser enquadrado como área de maior atenção para regularização fundiária e arrecadação de terras públicas (INCRA, 2005). Por sua vez, o assentamento Angico Branco

35 foi escolhido por ser o mais antigo assentamento rural criado no município e pela maior disponibilidade de informações junto ao INCRA-PI. A metodologia empregada na pesquisa foi o estudo de caso. Segundo Yin (2001), o estudo de caso é uma inquirição empírica que investiga um fenômeno contemporâneo dentro de um contexto da vida real, quando a fronteira entre o fenômeno e o contexto não é claramente evidente, e onde múltiplas fontes de evidência são utilizadas. Assim como outras estratégias de pesquisa, o estudo de caso representa uma maneira de se investigar um tópico empírico, seguindo-se um conjunto de procedimentos pré-especificados, como observação direta e entrevistas. As informações primárias foram adquiridas mediante visitas técnicas ao Assentamento Angico Branco, que ocorreram no período entre junho de 2009 e junho de Durante as sucessivas visitas técnicas foi possível realizar observações, obter registros fotográficos e realizar entrevistas junto ao presidente da associação de produtores do assentamento e a alguns trabalhadores. A partir disso, foi possível conhecer a realidade vivenciada pelos moradores e caracterizar as atividades econômicas desenvolvidas. Também foram examinados os cadastros dos associados no sindicato de trabalhadores rurais de Castelo do Piauí e da associação de produtores do assentamento Angico Branco. Esses dados serviram para conhecer aspectos sociais dos moradores da comunidade, tais como origem, escolaridade, estado civil etc. O censo agropecuário do assentamento Angico Branco foi outro documento utilizado. Esse estudo foi realizado pela associação, entre os anos de 1998 e Foram ainda realizadas entrevistas junto ao presidente do STR de Castelo do Piauí e da associação de produtores do assentamento. Foram utilizadas algumas publicações do INCRA como fontes de informação secundária. O processo de criação do assentamento Angico Branco foi um desses documentos. Este caracteriza o imóvel rural, apresentando suas características naturais, as possibilidades produtivas e descreve seu surgimento. Outra publicação utilizada foi o balanço da reforma agrária no Brasil, disponível no site do INCRA. Esse material demonstra os números da reforma agrária no país nos últimos 15 anos, apresentando dados como o número de assentamentos criados e a área incorporada à reforma agrária em cada Estado e região. Ainda como publicação do INCRA, utilizou-se a pesquisa da qualidade de assentamentos (INCRA, 2010). Essa pesquisa foi realizada no ano de 2010 e foi conduzida

36 em parceria com a UFRGS. O trabalho teve como objetivo organizar indicadores sobre o desenvolvimento dos assentamentos rurais brasileiros. O universo da pesquisa é composto por famílias assentadas entre 1985 e 2008, sendo entrevistadas famílias em assentamentos rurais de 26 Estados brasileiros. Os dados obtidos para o Piauí foram confrontados com a realidade observada no assentamento Angico Branco, na pesquisa de campo. O mapeamento do assentamento, a demarcação da área de reserva legal e a identificação e medição das áreas de cultivo e das áreas com vegetação alterada, se deram com o uso de aparelho GPS, do aplicativo do INCRA i3geo e do software Google Earth. Através destes, foi possível determinar a área aproximada da reserva legal, bem como das áreas de cultivo e com vegetação alterada. O diagnóstico dos problemas ambientais existentes no assentamento pesquisado deuse através da metodologia de listagem (check list). Esse procedimento consiste em apresentar a relação dos impactos mais relevantes de um empreendimento, podendo associá-los às características ambientais afetadas e às ações que os provocam. Essa listagem pode constar de uma simples relação de impactos, como também atribuir pontos aos mesmos, de forma a indicar sua magnitude, ou, ainda, fazer uma comparação entre diversas alternativas para um empreendimento (OLIVEIRA, 2005).

37 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 Origem, localização e caracterização física O terreno em que foi criado o assentamento Angico Branco pertenceu ao exgovernador Jacob Manoel de Gayoso e Almendra. O coronel Gayoso, como era chamado, governou o Piauí entre 1955 e 1959, e foi ainda deputado estadual e federal. O ex-governador, que faleceu em 1976, era dono de muitas propriedades rurais na região da bacia do rio Poti. A fazenda Angico Branco foi adquirida pelo INCRA em novembro de 1984, com recursos do programa PROTERRA/FUNTERRA 1 (INCRA, 1997). Mesmo adquirido por meio de compra e venda, a criação do PA Angico Branco foi marcada por uma disputa entre os assentados e o dono de uma propriedade vizinha, o empresário do setor de transportes, Edmilson Carvalho. Segundo José Garcia, morador do assentamento desde sua fundação, o empresário invadiu parte do assentamento em 1982, e isso gerou uma disputa judicial entre este e o INCRA, que só se encerrou em O momento mais crítico da crise ocorreu em 1998, quando o empresário colocou 4 pistoleiros na região, para evitar que os assentados trabalhassem na área. O fato foi noticiado no jornal meio norte de novembro de 1998 (anexo A). O assentamento Angico Branco foi criado em maio de 1997, e possui uma área de ha. Esse assentamento abriga 57 famílias, que estão divididas em duas agrovilas. A agrovila fornos, localizada na porção sul do imóvel, abriga 20 famílias. A outra agrovila chama-se Angico Branco. Nesse núcleo, que se localiza na porção norte do imóvel, estão assentadas 37 famílias. O mapa 4 apresenta os assentamentos rurais criados pelo Incra, no Piauí, destacando a localização do PA Angico Branco. 1 Programa criado pelo governo federal em 1971 que cedia terra para trabalhadores sem terra, mas não contemplava incentivos de crédito e infra-estrutura básica.

38 Mapa 4 Localização do assentamento Angico Branco-PI Fonte: INCRA (2011) O assentamento Angico Branco está localizado a nordeste do município de Castelo do Piauí, e a distância entre o imóvel e a sede municipal é de 25 km. A estrada que faz essa interligação é do tipo carroçal, e esta se encontra em bom estado de conservação. No período chuvoso a estrada é cortada, em dois pontos, por riachos intermitentes. Entretanto, esses cursos d água não possuem grande vazão, e por isso não comprometem a passagem de veículos. Por meio de aparelho GPS e através do aplicativo i3geo (INCRA, 2011) constatou-se que a altitude na região que compreende o assentamento Angico Branco varia de 37 a 444 metros, e que estas cotas decrescem de nordeste para sudoeste. Segundo o INCRA (1997), o relevo da região é 40% plano, 40% forte ondulado e 30% suave ondulado e a vegetação da região é caracterizada como área de tensão ecológica (fragmentos de cerrado e caatinga). As principais espécies da fauna e da flora estão listadas no quadro 01.

39 FLORA FAUNA* Nome comum Nome científico Nome comum Nome científico Angico branco Albizianiopoides Calango Tropidurushispidus Mororó Bauhiniaforficata Camaleão Iguana iguana Pau D arco Tabebuia SP Caninana Spilotespullatus Sabiá Mimosa caesalpinifolia Cascavel Crotalusdurissus Jatobá Hyminaeacourbaril Cobra de duas cabeças Ambphisbaenasp Argamoso Tipuana fusca Cobra cipó Chironiusflavolineatus Imburana de Cheiro Amburunacearensis Jiboia Boa constrictor Jurema preta Mimosa acutistipula Jararaca Thamnodynastessp Angico de Bezerro Piptadeniamoniliformis Falsa coral Apostolepiscearensis Aroeira Astroniumurundeuva Cobra verde Phylodriassp Piquiá Aspidosperma SP Coral verdadeiro Micrurusibiboboca Mofumbo Combretumleprosum Guaxinim Procyonscancriovouros Angico Anadenantheracolumbrina Macaco prego Cebusapella Espinheiro preto Mimosa malacocentra Preá Galea SP Marmeleiro Mormon SP Soim Callithrixjacchus Mandacarú Cereus jamacaru Tatu Dasypusnovencincuts Carnaúba Coperniciaprounifera Mucura Didelphisalbiventris Juazeiro Ziziplusjoazeiro Raposa Cerdocyonthous Macambira Bromelialaciniosa Cotia Dasyproctaaguti Violeta Peltogynecatingae Morcegos Artibeuslituratus Imburana de espinho Magoniaglabrata Ciriema Criamacristat Araçá Psidium araçá Anum preto Crotophagaani Pajeú Triplarisbaturitensis Urubu Coragyspsatratus Angelim Andira SP Sabiá Turdusleucomelas Chichá Sterculia chicha Bem-Te-Vi Pitangussulphuratus Oiti Qualeagrandiflora Corrupião Icterusjamacaii Quadro 2: Fauna e flora do assentamento Angico Branco Fonte: INCRA (1997) * listadas apenas as classes repitilia, mammalia e ave. O quadro 2 apresenta o levantamento de espécies vegetais e animais (classes reptilia, mammalia e aves) realizado pelo INCRA, quando da criação do assentamento. Segundo os moradores entrevistados, algumas das espécies animais listadas não são mais vistas no imóvel, tais como guaxinim (Procyonscancriovouros), macaco prego (Cebusapella) e raposa (Cerdocyonthous). Segundo o PLANAP (2006) o clima da região que compreende o assentamento Angico Branco é semiarido a subúmido. As temperaturas variam entre 25 C e 35 C, e precipitação anual entre 700 e 1000 mm.. O período chuvoso é compreendido entre os meses de dezembro e maio (verão e parte do outono) e, segundo o INCRA (1997), a precipitação média anual no assentamento Angico Branco é de 800 mm. A região em questão compreende a microbacia hidrográfica do rio Poti. O assentamento Angico Branco possui alguns riachos intermitentes, que foram aproveitados para construção de dois açudes. O açude do Inês (figura 05) está localizado nas imediações

40 da agrovila fornos. Esse reservatório d água é utilizado principalmente na irrigação de culturas. No período seco os animais utilizam essa água para consumo. O outro açude está localizado na agrovila Angico Branco, e este teve sua construção concluída em janeiro de A fotografia 1 demonstra o açude do Inês durante o período seco e no período chuvoso. Fotografia 1 Açude do Inês: assentamento Angico Branco (outubro 2010 e maio de 2011) Fonte: O autor A associação de pequenos produtores do assentamento Angico Branco afirma que existe a intenção de que seja feito um projeto para levantar recursos para a prática da piscicultura nos açudes. Entretanto, não existe consenso dentro da associação, sobre a viabilidade do projeto, haja vista o fato de os açudes praticamente secarem no período de estiagem. 4.2 Infraestrutura Em 1996 foi criada a Associação dos Pequenos Produtores do Assentamento Angico Branco. Como dito anteriormente, a organização de trabalhadores em associações e/ou cooperativas pode favorecer aos moradores a conquista de melhorias nos respectivos assentamentos. No processo de criação do assentamento Angico Branco (INCRA, 1997), o INCRA realizou um diagnóstico da infraestrutura existente no imóvel e fez uma previsão do que deveria ser implantado nos quatro anos seguintes à criação do assentamento. A infraestrutura existente ali, anterior à implantação do projeto de assentamento, resumia-se a 13 casas de estrutura simples e uma estrada interligando a propriedade à sede do município. Segundo José Garcia, líder comunitário e um dos primeiros moradores, as casas

41 eram de antigos trabalhadores da fazenda, e de pessoas que aguardavam a criação do assentamento. O quadro 3 demonstra a previsão dos investimentos e da infraestrutura a ser implantada no assentamento nos quatro anos seguintes a sua criação. DISCRIMINAÇÃO UNIDADE ANOS/QUANT ANOS/QUANT ANOS/QUANT ANOS/QUANT Assentamento Fam 57 Cred. Alimentação Fam 57 Cred. Fomento Fam 57 Habitação Fam 57 Estrada penetração Km 25 Escola m² 01 Posto de saúde m² 01 Centro comercial m² 01 Armazém m² 01 Custeio Fam Quadro 3 Assentamento Angico Branco: infraestrutura física plurianual Fonte: INCRA (1997) Algumas das metas estabelecidas pelo instituto foram cumpridas. Em 1998, exatamente como previa o plano plurianual, foi entregue aos moradores uma escola de ensino infantil. A escola conta com apenas uma sala de aula, pátio e banheiro. Foram assentadas as 57 famílias previstas ainda no primeiro ano de existência e os créditos iniciais (alimentação e fomento) também foram disponibilizados. As ações que não foram realizadas foram a construção de um posto de saúde, de um centro comercial e de um armazém. A associação de pequenos produtores do assentamento afirma desconhecer a previsão de construção dessas melhorias no assentamento. A construção das casas, que tinha previsão de entrega em 1998, só teve início em maio de 2001 e conclusão em novembro do mesmo ano, segundo registros da associação de pequenos produtores do assentamento. Todas as 57 casas do assentamento Angico Branco foram construídas no mesmo padrão, com sala, cozinha, dois quartos e banheiro interno. As residências são em tijolo e telha, e piso em cimento.

42 Fotografia 2 Escola infantil e casa no assentamento Angico Branco Fonte: O autor A associação de pequenos produtores do PA Angico Branco possui registros das demais melhorias implantadas no assentamento. Segundo esses registros, no ano 2000 foi entregue um poço equipado, e em 2001 foram concluídos quatro quilômetros de estrada interligando as duas agrovilas do assentamento. A energia elétrica começou a ser implantada em março de 2002 (início da colocação dos postes de energia entre o município e o assentamento), mas só foi interligada em julho de No que se refere aos investimentos previstos, os créditos alimentação e fomento foram disponibilizados aos assentados em 1997, como previa o plano de execução (quadro 02). Segundo a associação de pequenos produtores, esses recursos foram destinados à aquisição de instrumentos de trabalho, insumos agropecuários, produtos alimentícios e outros. Segundo o Incra(1997), o crédito alimentação, disponibilizado aos assentados no Angico Branco, foi de R$ 340,00 por família, totalizando R$ ,00, e o fomento foi de R$ 740,00, totalizando R$ ,00. No ano de 2003, trinta assentados filiados à associação receberam recurso dos PRONAF. Segundo a associação de pequenos produtores, essa foi a única vez que os moradores do assentamentos foram contemplados com recursos do PRONAF. Segundo a Pesquisa Nacional da Qualidade de Assentamentos, apenas 49,4% dos assentados piauienses já receberam recursos desse programa. O assentamento Angico Branco não possui rede de esgotos, uma realidade comum em 98% dos assentamentos do Piauí, segundo o INCRA (2010). Entretanto, a disponibilidade de água não aparenta ser um problema nesse assentamento. Todas as casas possuem cisternas, que captam a água no período chuvoso. A comunidade conta ainda com dois açudes, um em cada agrovila. O açude do Inês, como é chamado pelos moradores, foi concluído em

43 dezembro de 2004, e fica situado na agrovila fornos. Um novo açude foi concluído em 2011 e abastece a agrovila Angico Branco. No Piauí, 61,42% dos assentados afirmam que a água disponível é suficiente para suas necessidades e atividades (INCRA, 2010). 4.3 Perfil dos assentados Através da análise dos cadastros da associação de pequenos produtores do assentamento e de entrevista ao presidente da mesma entidade, pode-se traçar um perfil dos moradores do assentamento Angico Branco. Alguns dados obtidos podem ser comparados com a Pesquisa Nacional da Qualidade de Assentados (INCRA, 2010). Todos os chefes de família assentados no Angico Branco nasceram na cidade de Castelo do Piauí ou na vizinha cidade de Juazeiro do Piauí, desmembrada do primeiro município em No que se refere à educação, os dados apontaram que 68% dos chefes de família do assentamento Angico Branco são analfabetos ou não terminaram o ensino fundamental. Segundo a Pesquisa Nacional da Qualidade de Assentamentos (INCRA, 2010), no Piauí, o percentual de assentados analfabetos ou com pouca escolaridade é de 63,5%. A Associação de Pequenos Produtores do Angico Branco realizou, entre 1998 e 2001, o censo agropecuário e de população do assentamento. O trabalho, que era realizado no segundo semestre de cada ano, teve sua realização suspensa a partir de Segundo a associação de pequenos produtores, a suspensão dessa prática se deu, nas palavras do presidente, por atropelos no decorrer dos anos e pelas mudanças sucessivas na direção. De acordo com dados, em 1998 a população residente no assentamento era de 281 pessoas. Nos anos seguintes houve uma gradativa redução da população. A tabela 8 apresenta a população do assentamento Angico Branco ao longo dos anos. Tabela 8 População assentada no PA Angico Branco ANO POPULAÇÃO * 176 Fonte: Associação de pequenos produtores do assentamento Angico Branco * Analise dos cadastros da associação 2010

44 A justificativa dada pela associação, para redução do número de habitantes no assentamento Angico Branco deve-se a saída de jovens para estudar, e a migração de trabalhadores. Muitos assentados possuem parentes residindo na sede do município. Assim, devido à distância e ao horário das aulas do ensino médio, muitos jovens moram na cidade e passam apenas os finais de semana na comunidade. Existe também a migração de pessoas. Ainda que temporariamente, muitos trabalhadores viajam para trabalhar em outras regiões do país, e as famílias vão para casa de parentes nesse período. Segundo a associação, existem casos de famílias que chegam a ficar seis meses fora do assentamento. De acordo com a associação, 100% dos chefes de família do assentamento estudado são filiados à entidade. O alto percentual de participação em sindicatos e associações é demonstrado na pesquisa do INCRA (2010). Segundo o estudo, no Piauí, 91,65% dos assentados participa de alguma dessas entidades. Entretanto, segundo o presidente da associação de pequenos produtores do assentamento Angico Branco, a frequência às reuniões e o pagamento de contribuições e/ou parcelas de financiamento deixa a desejar. No que se refere às condições de produção foi observado que a maioria dos assentados está satisfeita com a fertilidade da terra e com o tamanho dos lotes. Entretanto, quando questionados sobre o conhecimento de técnicas de produção, a grande maioria afirma que seus conhecimentos são apenas razoáveis. A satisfação com a comercialização dos produtos é também apenas razoável. A associação acredita que um incentivo importante seria copiar o que existe em outros locais do país, onde o poder público compra parte da produção dos assentamentos e utiliza nas escolas públicas e entidades assistidas. Todos os assentados nesse projeto nasceram na região. Isso é importante porque há entre eles uma ligação com esse lugar, que é seguramente maior do que se estes sujeitos fossem de outras cidades. Mesmo com as dificuldades encontradas na produção, no acesso à educação, à saúde e tantas outras, os moradores demonstram satisfação em morar no assentamento, orgulho por aquele chão e esperança em melhorias nas condições de vida.

45 4.4 Atividades econômicas no assentamento Angico Branco As principais atividades econômicas desenvolvidas no assentamento Angico Branco são o plantio de milho e feijão e a criação de ovinos e caprinos. Essas atividades são predominantemente para comercialização. Além destas, o plantio de mandioca, a criação de aves, suínos e bovinos e a extração de pó de carnaúba são outras atividades realizadas. O projeto de criação do assentamento Angico Branco (INCRA, 1997) apresenta uma previsão da produção agropecuária esperada. As culturas listadas no documento são: arroz, feijão, milho e mandioca, e a criação de bovinos, caprinos e ovinos. A tabela 9 demonstra a previsão feita pelo INCRA (1997). Tabela 9 Diagnóstico da produção agropecuária esperada no assentamento Angico Branco ATIVIDADES ÁREA (HA) PRODUÇÃO Unidade Quantidade Valor em reais AGRICULTURA Arroz 39 Ton ,00 Milho 39 Ton ,00 Feijão 39 Ton ,00 Mandioca 39 Ton ,00 PECUÁRIA Bovinos cab ,00 Caprinos cab ,00 Suínos cab ,00 Aves cab ,00 Fonte: INCRA (1997) Como dito anteriormente, a Associação de Produtores do PA Angico Branco realizou, nos primeiros anos após sua criação, o censo agropecuário do assentamento. O levantamento feito pela entidade demonstrou que as culturas mais desenvolvidas no assentamento são o milho e o feijão. De acordo com a Pesquisa da Qualidade de Assentamentos (INCRA, 2010), em nível nacional, entre os mais de 200 produtos da reforma agrária, o leite, o milho e o feijão são os que mais se destacam na formação da renda das famílias. A tabela 10 apresenta o censo agropecuário do PA Angico Branco.

46 Tabela 10 Censo agropecuário do Assentamento Angico Branco ( ) Agricultura (sacos colhidos) Pecuária (cabeças) ANO Milho Feijão Arroz Farinha Bovinos Caprinos Ovinos Suínos Aves Animal Fonte: Associação de Pequenos Produtores do Assentamento Angico Branco Da comparação entre a produção esperada pelo INCRA (1997) e a diagnosticada pelo censo realizado pela associação, algumas afirmações podem ser feitas. No que se refere à produção agrícola, chama atenção, inicialmente, a baixa produção de arroz. O documento do INCRA apontava esse produto como o que teria a segunda maior produção no assentamento. Entretanto, os dados demonstram que essa cultura esteve sempre abaixo do milho e do feijão e, além disso, a pesquisa de campo demonstrou que essa cultura foi abandonada pelos moradores. O milho é a cultura mais desenvolvida na comunidade, sendo sua produção duas vezes maior que a de feijão e três vezes superior a de arroz, no período analisado. Esse produto é utilizado na subsistência, como alimento para os animais, e parte do excedente é vendido na cidade de Castelo do Piauí. No que se refere à pecuária foi verificado que em todos os rebanhos presentes no assentamento, a quantidade existente supera o número de cabeças estimado pelo INCRA (1997) no período analisado. O rebanho bovino, mais oneroso e com maior exigência de cuidados, é o que se apresenta em menor número. Segundo o presidente da associação de produtores, o número de cabeças de gado, hoje, não deve chegar a O extrativismo do pó de carnaúba O extrativismo de pó de carnaúba é outra fonte de renda no assentamento Angico Branco. A carnaúba (Copernicia prunifera) é uma planta nativa do nordeste brasileiro, presente especialmente no Piauí e no Ceará. Geralmente ocorre em pontos mais próximos dos rios, preferindo solos argilosos, aluviais e com capacidade de suportar alagamento prolongado durante o período chuvoso, possuindo ainda grande resistência ao calor (ALVES, 2008). Segundo Gomes et al. (2006), as regiões de ocorrência natural da carnaúba estão sujeitas ao clima tropical e tropical semiárido. São plantas que, em função da adaptação à

47 aridez, são enquadradas como xerófilas. Assim mesmo, a disponibilidade de umidade no solo é fundamental para seu processo de germinação. O principal aproveitamento econômico da carnaúba dá-se pela retirada do pó que recobre suas palhas. Do pó se produz a cera de carnaúba, um material empregado em diversos setores da indústria, tais como de cosméticos, produtos de limpeza, papelaria, informática e produtos da área médica/saúde. Além do pó, a carnaúba tem ainda outras utilizações. A raiz é usada na produção de xaropes; o fruto (amêndoa) é utilizado para produção de farinha, leite e óleo; a palha pode ser utilizada na fabricação de peças artesanais, e o tronco, que por ser bastante resistente e não suscetível ao cupim, é utilizado na confecção de artefatos torneados (bengalas, utensílios domésticos, caixas) e de moveis rústicos (ALVES, 2008). A atividade extrativa de pó de carnaúba tem sua importância ampliada, na medida em que ocorre no período de estiagem, quando a produção agrícola é reduzida. O PA Angico Branco possui aproximadamente 10 ha ocupados por carnaúbas, localizados na porção norte do assentamento. Segundo a associação de pequenos produtores do assentamento, a atividade gera, anualmente, em torno de 100 milheiros de palha, que rendem de 7 a 8 kg de pó por milheiro, resultando em aproximadamente 800 kg de pó de carnaúba. A fotografia 3 apresenta a área de carnaubal do assentamento Angico Branco. Fotografia 3 Carnaubal no assentamento Angico Branco Fonte: O autor A exploração do carnaubal é feita através de um leilão. Apenas trabalhadores ativos na associação de pequenos produtores podem participar da concorrência pelo direito de explorar o carnaubal. Segundo a entidade, o lance médio do vencedor gira em torno de R$ 850,00 a R$ 900,00 reais. O valor é pago à associação antes do início do processo de retirada das palhas.

48 O vencedor do leilão emprega os apenas trabalhadores residentes no próprio assentamento. Segundo a associação de trabalhadores isso não é regra, mas sempre ocorre. Entretanto, a atividade só emprega entre 5 e 10 trabalhadores por ciclo. São pessoas responsáveis pelo processo de corte, recolhimento e transporte das palhas. Segundo o vencedor do leilão no ano de 2010, a renda dos trabalhadores contratados para o processo de extração de pó de carnaúba é paga após a venda da matéria-prima. As diárias dos trabalhadores variam de R$ 10,00 a R$ 12,00, de acordo com a função desempenhada. Ainda segundo o informante, o processo de retirada, transporte e secagem levou pouco mais de um mês em O processo de batição das palhas é feito por meio de máquina. Segundo o vencedor do leilão no ano de 2010, o comprador do pó produzido, que não teve o nome informado pelo mesmo, foi o responsável pela contratação do caminhão para o processo de retirada do pó. O valor do serviço é descontado na venda final do produto. Ainda segundo o mesmo informante, a negociação do produto final não ocorreu antes da realização do leilão. O assentado afirma que desconhece qualquer interferência de futuros compradores na realização do leilão, e que o vencedor da concorrência tem se alternado durante os sucessivos anos. Assim mesmo, o informante afirma que já ganhou a concorrência em 3 oportunidades. As condições de trabalho são bastante precárias. Não existem inovações no processo produtivo e os trabalhadores não se utilizam de equipamentos especiais de proteção, apenas de camisa com mangas longas e chapéu. As ferramentas são rústicas, tais como vara de bambu, foice, facão, carroça etc. Segundo o presidente da associação de pequenos produtores, nunca houve qualquer incidente grave decorrente dessa atividade O manejo do carnaubal Os 10 ha de carnaúbas existentes no assentamento Angico Branco estão localizados numa área plana localizada na porção norte da propriedade. Em alguns pontos as palmeiras encontram-se bastante próximas entre si, e a presença de arbustos e outras plantas de médio porte dificultam o acesso a estas. A grande densidade de palmeiras e a presença de arbustos ao redor destas pode acarretar em perca de produtividade, pela dificuldade de acesso e transporte das palhas até o local de secagem.

49 A associação de pequenos produtores afirma que antes do processo de retirada das palhas é feita uma limpeza da área (roço) para facilitar o processo de extração. Entretanto, segundo o próprio informante, mesmo com a limpeza os trabalhadores encontram dificuldades em acessar parte da área de carnaubal. A limpeza da área é complementada com a queima do material retirado. Segundo o vencedor do leilão em 2010, a queima é feita numa área afastada das palmeiras, para evitar prejuízos a estas e a atividade extrativista. Entretanto, a prática de queimadas nessa região pode comprometer a fertilidade do solo e acelerar seu processo erosivo, na medida em que ocorre uma acentuação do escoamento superficial, em função da diminuição da capacidade de retenção de água do solo. A presença de outras atividades econômicas no interior da área de carnaubal é outro fator limitante da atividade extrativa. Identificou-se, em campo, a ocorrência da pecuária bovina, caprina e suína na região, além do cultivo de hortaliças e frutíferas. A prática da pecuária pode se tornar prejudicial ao carnaubal, na medida em que os animais comprometem a renovação das palmeiras, por consumirem as plantas em crescimento e os frutos maduros que caem no solo, evitando assim o nascimento de novas plantas. Segundo um dos trabalhadores que atuaram no ano de 2010, a retirada das palhas é feita com cuidado para evitar que haja a remoção do olho da palmeira, e assim a morte prematura da planta. Entretanto, para aumentar a produtividade, grande parte das folhas das plantas são retiradas na atividade, o que gera um prejuízo natural à palmeira, e pode reduzir sua produtividade ao longo dos anos. A atividade extrativa de pó de carnaúba no assentamento Angico Branco demonstra a fragilidade dessa atividade e da organização da comunidade assentada. Da atividade, por não ter sido verificada qualquer assistência técnica por parte de algum órgão/entidade ligado ao setor, e pela maneira como é realizada a atividade extrativa e o manejo da área. Da comunidade assentada, porque a atividade acaba beneficiando uma minoria da população e mesmo as outras potencialidades inerentes à carnaúba (fruto, produção de xaropes, peças artesanais e outros) não são aproveitados. A própria continuidade da atividade pode estar ameaçada a médio/longo prazo, ao se levar em conta a reduzida área de concentração e seu manejo inadequado, com a prática da pecuária extensiva, queimadas e a retirada indiscriminada das folhas, ações que comprometem a renovação das palmeiras e a produtividade do pó cerífero.

50 4.5 Problemas Ambientais Segundo o INCRA (2010) os principais problemas ambientais existentes nos assentamentos piauienses são: queimadas, deposição inadequado do lixo, desmatamento e contaminação por agrotóxico. A tabela 11 demonstra os dados do Piauí, nordeste e Brasil. Tabela 11 Principais problemas ambientais nos assentamentos do Piauí, nordeste e Brasil Contaminação por agrotóxico Contaminação de nascentes/rios Assoreamento dos rios Deposição inadequada do lixo Desmatamento Queimadas Piauí 24,15 4,9 3,72 36,03 24,71 40,29 Nordeste 14,19 7,69 11,11 30,77 30,48 42,14 Brasil 11,38 7,28 11,52 23,49 24,35 32,39 Fonte: INCRA (2010) Comparando os dados do Piauí com o nordeste e o restante do país, verifica-se que a maior diferença existente encontra-se na contaminação por agrotóxicos, que no Estado ocorre em 24,15% dos assentamentos, enquanto que nas demais esferas analisadas esse índice não chega a 15%. Por outro lado, o assoreamento dos rios, que em nível regional e nacional ocorre em 11% dos assentamentos, aparece apenas em pouco mais de 3% dos assentamentos no Estado. A partir das sucessivas visitas técnicas realizadas no assentamento Angico Branco, da observação de aspectos ligados a produção e ao modo de vida da população e ainda por meio de imagens aéreas pode-se fazer a listagem dos principais problemas ambientais existentes no assentamento O quadro 4 apresenta a listagem (check list) dos impactos observados.

51 IMPACTO AMBIENTAL Destinação inadequada do lixo Uso inadequado de pesticidas e agrotóxicos Caça predatória Queimadas EFEITOS SOBRE O MEIO E A POPULAÇÃO - Emissão de elementos nocivos a saúde humana pela queima do material; - Mau cheiro que atrai insetos e pode causar doenças - Contaminação dos alimentos produzidos - Contaminação dos cursos d água existentes - Descuido com as embalagens possibilitando a contaminação de pessoas - Redução da população de algumas espécies na região - Impacto no equilíbrio ecológico da região - Perda de nutrientes do solo - Possibilidade de mortalidade de alguns animais Desmatamento - Erosão do solo - Perda de biodiversidade - Ameaça aos cursos d água existentes Quadro 4 Listagem dos problemas ambientais no assentamento Angico Branco Fonte: elaboração do autor O lixo produzido no assentamento Angico Branco é composto basicamente de plásticos diversos (sacolas, embalagens de produtos alimentícios e de limpeza), vidros, metais e papel. Por não haver coleta desse material, e tampouco um local específico dentro do assentamento para seu depósito, o lixo produzido nesse PA tem como principal destino a queima. Essa prática provoca a emissão de elementos nocivos à saúde humana e ao meio ambiente. O restante é simplesmente depositado no quintal das casas, o que além de provocar mau cheiro, atrai insetos e pode causar doenças. Apesar de em pequena escala, o uso de pesticidas também foi verificado na pesquisa de campo. Segundo a associação de pequenos produtores esse material é utilizado apenas para eliminação de pequenas pragas nos cultivos de milho e feijão. A região que compreende o PA Angico Branco possui alguns cursos d água intermitentes que, em função do uso desse material, podem estar sujeitos à contaminação. Além disso, foi verificado também o descuido com as embalagens, que não são devolvidas após a utilização do material. A caça predatória é outro problema verificado na região. Segundo os moradores, os animais mais visados são tatu (Dasypusnovencinctus), preá (Galeasp.), ciriema (Cariamacristata), cotia (Dasyproctaaguti) e pássaros diversos. A caça é realizada principalmente na área da reserva legal, onde a mata mais preservada, tanto no assentamento quanto nas propriedades vizinhas, concentra maior quantidade de animais. De acordo com

52 relatos de moradores, essa prática já se encontra em decadência, devido à crescente dificuldade em encontrar animais na região. Através de aparelho GPS foi possível marcar pontos específicos no assentamento pesquisado, como as duas agrovilas, a área de carnaubal, regiões com vegetação alterada, os limites da reserva legal, além de riachos e açudes. Os pontos marcados foram identificados no software Google Earth, onde se obteve uma imagem aérea da região, datada de julho de A delimitação do perímetro do assentamento se deu com o auxilio do aplicativo i3geo (realidade fundiária brasileira) disponibilizado pelo INCRA. O mapa 5 apresenta o georeferenciamento dos pontos marcados. O mapa foi produzido a partir do i3geo (INCRA, 2010). Mapa 5 Assentamento Angico Branco Fonte: Elaboração do autor (SOFTWARE I3GEO, INCRA, 2010).

53 A partir da imagem aérea do Google Earth foi possível fazer o cálculo aproximado das áreas de reserva legal 2, áreas destinadas a cultivo e da área que apresenta vegetação alterada. Esse procedimento foi possível através de recursos desse programa, que permitem a medição de áreas selecionadas. Essas áreas foram transformadas, por aproximação, em figuras geométricas (quadriláteros, triângulos, quadrados) e em seguida tiveram suas áreas calculadas. A imagem 1 apresenta esse procedimento na área de reserva legal do assentamento pesquisado. Imagem 1 Área de reserva do assentamento Angico Branco Fonte: elaboração do autor (Google Earth) A área acima corresponde à reserva legal da agrovila Angico Branco, localizada a noroeste do PA (ver figura 08). Os pontos marcados no aparelho GPS estão destacados na cor amarela e correspondem aos limites dessa reserva. A área total calculada corresponde a aproximadamente 219,3 ha o que equivale a 10,8% do PA. Existe uma outra área de reserva legal, que corresponde a agrovila fornos. Essa área não pode ser demarcada devido a dificuldade de acesso. Entretanto, a porção sudeste do assentamento, mais próxima a agrovila fornos apresenta-se aparentemente preservada, o que pode corresponder a essa segunda área de reserva (ver imagem 2). O mesmo procedimento foi realizado para mensurar o total aproximado, correspondente às áreas de cultivo e às áreas com vegetação alterada. As áreas de cultivo identificadas estão localizadas nas proximidades das duas agrovilas e principalmente ao longo 2 Área de cada propriedade rural destinada à preservação da cobertura vegetal natural, em faixas percentuais variáveis de acordo com a fisionomia ou a região do País, onde não e permitido o corte raso e nem a alteração do uso do solo ou a exploração com fins comerciais. Art 60, Código Florestal Brasileiro

54 da estrada que faz sua interligação. São regiões planas e também próximas aos reservatórios d água existentes. Da análise realizada conclui-se que existiam aproximadamente 221,2 ha de áreas cultivadas no assentamento Angico Branco no ano de Esse valor corresponde a 10,9% da área total do assentamento. No que se refere a áreas com vegetação alterada, a área mensurada foi de 253,4 ha, um valor que equivale a 12,5% da área total do PA. A imagem 2 apresenta as áreas de cultivo e degradadas identificadas. Imagem 2 Assentamento Angico Branco: áreas de cultivo e de vegetação alterada Fonte: elaboração do autor (Google Earth) Os valores encontrados demonstram que dos 2.014,1 ha do assentamento pesquisado, 474,6 ha encontram algum tipo de alteração na vegetação natural (cultivo e áreas degradadas). Essa área equivale a 23,5% de todo assentamento. De fato, grande parte da vegetação no

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