Agrofloresta Pedagógica: Cultivando a Agroecologia no Espaço Escolar

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1 Agrofloresta Pedagógica: Cultivando a Agroecologia no Espaço Escolar Agroforestry Educational : Farming Agroecology School in Space MIRANDA, Edézio Carlos Santos Silva 1 ; JUSTINO, Millena Aparecida 2 ; PEREIRA, Wellington da Silva 3 ; OCHOSKI, Marjorie 4 ; SOARES, Ana Maria Dantas 5. 1 Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, RJ, edezio.florestal@gmail.com; 2 Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, RJ, millenaajustino@yahoo.com.br; 3 Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, RJ, wellington-wsp@hotmail.com; 4 Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, RJ, marjorie.ochoski.ef@gmail.com; 5 Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, RJ, adantas@ufrrj.br. Resumo: A experiência relatada foi realizada por bolsistas e colaboradores da Sala Verde Centro de Integração Socioambiental, projeto vinculado à Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e que apresenta suas instalações inseridas no espaço escolar do Centro de Atenção à Criança e ao Adolescente CAIC Paulo Dacorso Filho, Campus Seropédica- UFRRJ. A agrofloresta foi implantada em uma área onde o planejamento inicial seria a construção de um estacionamento, entretanto a obra não foi realizada e o espaço ficou inutilizado. Desta forma, o objetivo do trabalho foi promover recuperação da área com solo degradado e transformar o espaço em uma ferramenta dinamizadora de atividades de Educação Ambiental e práticas agroecológicas. A experiência proporcionou a interação de toda comunidade escolar no ambiente revitalizado, permitindo a realização de práticas transdisciplinares e proporcionando uma aprendizagem ecológica, social e cultural. Palavras-chave: educação ambiental, sustentabilidade, meio ambiente Abstract: The experiment reported was done by fellows and employees of Green Room Environmental Integration Center, project linked to the Rural Federal University of Rio de Janeiro and presenting his inserted facilities at school the Care Center for Children and Adolescents - CAIC Paul Dacorso Son, Campus Seropédica - UFRRJ. The agroforestry was located in an area where the initial plan would be to build a parking lot, but the work was not carried out and the room was unusable. Thus, the objective was to promote recovery of the area with degraded soil and transform the space into a proactive tool for environmental education activities and agro-ecological practices. The experience provided the interaction of the whole school community in the revitalized environment, allowing the realization of transdisciplinary practices and providing an ecological, social and cultural learning. Keywords: environmental education, sustainability, environment.

2 Contexto A Agroecologia é uma ciência que abarca todas as agriculturas que questionam os paradigmas produtivistas, opondo-se à filosofia e metodologia de cultivo convencional. Nesse sentido, torna-se essencial compreender as relações de interação dos sistemas vivos do meio ambiente as quais garantem condições adequadas para produção de alimentos através de técnicas e ferramentas, tais como a Agrofloresta. A relação homem-natureza está cada vez mais distante à medida que a ciência e tecnologia avançam, essa relação distanciada acaba gerando a perda do conhecimento de práticas tradicionais antigas de cultivo e cuidado com a natureza. Nesse contexto, a Sala Verde Centro de Integração Socioambiental, em parceria com o Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Ambiental, Diversidade e Sustentabilidade (GEPEADS), vêm fortalecendo o desenvolvimento de práticas condizentes com a sustentabilidade ambiental a partir de atividades educativas envolvendo a Horta Escolar Agroecológica e seus componentes, tais como a farmácia viva, o jardim vertical e canteiros em formato de mandala. O objetivo deste trabalho consistiu em promover a implantação de mais um componente nesta Horta Escolar Agroecológica, uma agrofloresta, inserida no ambiente escolar do Centro de Atenção Integral à Criança e ao Adolescente CAIC Paulo Dacorso Filho, localizado no Campus Seropédica da UFRRJ, com a finalidade de recuperar uma área degradada e construir um espaço para o desenvolvimento de atividades educacionais ao ar livre, utilizando fundamentos agroflorestais para promover reflexões acerca dos processos ecológicos. De acordo com Capra (2005) a alfabetização ecológica considera a agroecologia dentre os principais métodos pedagógicos para a sustentabilidade planetária, pois trabalha os fluxos de energia e ciclos da natureza numa perspectiva diferente da comum criando vínculos e percepção da importância na conservação da natureza. A concepção de que a agrofloresta é um organismo vivo, que funciona como parte de um sistema inteligente é uma nova visão de mundo, e o ser humano é parte do sistema inteligente, e não o ser inteligente (Götsch, 1995). O manejo dinâmico da agrofloresta promove uma mudança constante em seu cenário, e desta forma amplia constantemente as possibilidades de temas geradores que podem ser trabalhados em seu contexto. Descrição da Experiência A experiência foi realizada por bolsistas e colaboradores da Sala Verde Centro de Integração Socioambiental, projeto vinculado à Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e que apresenta suas instalações inseridas no espaço escolar do Centro de Atenção à Criança e ao Adolescente CAIC Paulo Dacorso Filho, localizado no campus da UFRRJ que fica na cidade de Seropédica-RJ. O início da implantação da Agrofloresta foi realizado em abril de 2016 e o local definido para sua criação

3 consistiu em uma área onde o propósito inicial seria a construção de um estacionamento, entretanto a obra não foi realizada e o espaço ficou inutilizado. Desta forma, objetivo desta proposta consistiu em promover a recuperação da área com solo degradado utilizando práticas agroecológicas e transformar o espaço em uma ferramenta dinamizadora de atividades de Educação Ambiental e práticas agroecológicas. A experiência proporcionou a interação de toda comunidade escolar no ambiente revitalizado, permitindo a realização de práticas transdisciplinares e proporcionando uma aprendizagem ecológica, social e cultural. A recuperação foi feita através de pequenos mutirões, organizados pela equipe da CISA e colaboradores. As atividades realizadas foram a capina seletiva, adubação com esterco e composto orgânico, podas, plantio de frutíferas e espécies arbóreas de porte alto, plantio de culturas de ciclo curto (hortaliças) e adubação verde seguindo os fundamentos agroflorestais desenvolvidos por E. Götsch. (Götsch, 1995). O projeto realizou práticas com turmas de em média 25 estudantes da Educação Infantil e Ensino Fundamental, de faixa etária entre 4 a 11 anos, com atividades educativas na agrofloresta visando o reconhecimento de espécies de plantas e suas características, plantio de sementes de feijão para adubação verde, no qual os estudantes se dividiram em grupos e plantaram sementes de alguns tipos de Feijão como, Cajanus cajan (Feijão Guandu), Canavlia ensiformis (Feijão-de-Porco), Phaseolus vulgaris (Feijão Preto), Phaseolus lunatus L. (Feijão Fava) e Crotalaria juncea, assim como a colheita de culturas de Lactuca sativa (Alface), Sinapis alba (Mostarda), entre outras. Nas aulas foram abordados temas geradores de práticas agroecológicas estimulando as experimentações a partir do trabalho com a terra, conhecendo seus benefícios e sua importância. Tais atividades promovem a abordagem de valores de cooperação e cultura que estimulam a integração e participação dos indivíduos nos agroecossistemas. Figura 1. Plantio com sementes de adubação verde. Centro de Atenção Integral à Criança e ao Adolescente (CAIC) Paulo Dacorso Filho, SEROPÉDICA-RJ

4 Resultados Atualmente a área encontra-se em fase primária inicial de recuperação e é constantemente utilizada com atividades de projetos da equipe da CISA, e também pelos professores e por outros projetos em desenvolvimento na unidade escolar como as oficinas sobre as abelhas nativas sem ferrão, compartilhando conhecimentos sobre as nossas abelhas nativas e a importância de colaborar para sua permanência no ecossistema. Essa importância se dá pelo fato de que nas florestas brasileiras estas abelhas são os principais agentes de transporte de pólen e fecundação de 40 a 90% das árvores. No Brasil há mais de 300 espécies de abelhas sem ferrão, mas estimasse que aproximadamente 100 espécies delas estejam seriamente ameaçadas de extinção, por motivos que podem ser trabalhados temas críticos como a poluição do ar e das águas, a destruição das florestas, o uso de agroquímicos nas plantações de produção de alimento, pensando na preservação desses ambientes ricos da natureza. Além disso, foi despertado o interesse de professores desenvolverem atividades independentes no local que antes era pouco utilizado pela comunidade escolar. A revitalização para o uso do espaço como ferramenta de educação ambiental busca promover a reintegração do homem com a natureza, resultando em um ambiente dinâmico e produtivo, semelhante aos ecossistemas originais e podendo ser manejado de acordo com sua sucessão natural (Mutirão Agroflorestal, 2004). O projeto possibilitou que as crianças pudessem ter contato com diferentes componentes do micro ecossistema formado, vivenciando experiências tendo o contato com a terra, fauna, flora e com os conhecimentos acerca da conservação do meio ambiente, estimulando o desenvolvimento de uma consciência socioambiental. A iniciativa do projeto gerou possibilidades para a ampliação das ações em um espaço escolar com a agrofloresta, onde podem ser realizadas atividades de educação voltadas para o relacionamento do ser humano com o meio ambiente, não apenas envolvendo técnicas de cultivo de bases agroecológicas, mas também visando possibilitar reflexões que contribuam na consolidação de uma formação pautada na perspectiva socioambiental. Portanto, o uso da técnica aliado às dinâmicas lúdicas com princípios agroecológicos, cria-se uma ferramenta de aprendizado constante que vem aproximando educadores e educandos, e conectando áreas de conhecimento em um espaço rico e dinâmico.

5 Referências CAPRA, F. Alfabetização ecológica: a educação das crianças para um mundo sustentável. São Paulo: Ed. Pensamento-Cultrix, GÖTSCH, E. O Renascer da agricultura. Rio de Janeiro: AS-PTA, Mutirão Agroflorestal. Estatuto Social de fundação da associação civil sem fins lucrativos Mutirão Agroflorestal. São Joaquim da Barra PRIMAVESI, A.M. Manejo ecológico do solo: a agricultura em regiões tropicais. São Paulo: Nobel,2002.