DO COMBATE AO CANCRO CÍTRICO À VANGUARDA MUNDIAL DA CIÊNCIA E SUSTENTABILIDADE PARA A CITRICULTURA REVISTA

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1 ANO VIII I Nº 43 I 2º SEMESTRE DE DO COMBATE AO CANCRO CÍTRICO À VANGUARDA MUNDIAL DA CIÊNCIA E SUSTENTABILIDADE PARA A CITRICULTURA REVISTA

2 HISTÓRIA ESCRITA O FUNDECITRUS RECONHECE A CONTRIBUIÇÃO DE TODOS OS PROFISSIONAIS QUE AJUDARAM E AJUDAM A ESCREVER A HISTÓRIA DA INSTITUIÇÃO.

3 A VÁRIAS MÃOS

4 PALAVRA DO PRESIDENTE Fundecitrus, 40 anos Lourival Carmo Monaco Presidente do Fundecitrus A celebração dos 40 anos é uma fase de reflexões. A modernização proporcionada pelo avanço científico possibilita planejar o futuro, quando as instituições se preparam, em um ambiente de constantes mudanças, com o objetivo de continuar se adaptando para a execução de sua missão. Modelo de comportamento do setor privado, o Fundecitrus nasceu para combater o cancro cítrico, que colocava em risco uma cadeia produtiva que havia resistido à principal ameaça da época, a tristeza dos citros. Desde então, fortaleceu-se a compreensão de que a defesa do nosso negócio depende da nossa capacidade de encarar a realidade com as armas do investimento científico e tecnológico no longo prazo. Uma ideia inovadora dos citricultores, que floresceu e frutificou com a energia de dedicados dirigentes e funcionários. Essa compreensão dos produtores, razão da existência da instituição, e o capital intelectual permitiram que o Fundecitrus fosse incorporado ao DNA da citricultura. O conhecimento acumulado favoreceu a atuação eficaz nos momentos de dificuldades. Os resultados no combate à CVC, morte súbita dos citros, pinta preta e podridão floral foram lastreados por conhecimento gerado internamente ou em colaboração. Tornaram-se protocolo para o processo produtivo no Brasil e no exterior. Em relação ao greening, podemos dizer que somos um dos pou- cos produtores que têm condições de enfrentar com sucesso a doença. Consciente da exigência do mercado, o Fundecitrus respondeu a um desejo antigo de conhecer com detalhes e confiabilidade o perfil da nossa citricultura. Credibilidade é fundamental para o ganha-ganha da cadeia produtiva. Nossa citricultura tem de prosseguir competitiva e sustentável, criando oportunidades de emprego e justiça social. Os cenários atuais demandam a participação do Fundecitrus, junto com os citricultores, em novas áreas de atividades. A recuperação do suco como alimento saudável exige ações de valorização do produto natural. O greening continuará exigindo dedicação dos pesquisadores e citricultores. Tecnologias serão adotadas, reforçando o comprometimento da cultura com as boas práticas comerciais, sociais e ambientais. A colheita mecânica será alcançada. O baixo volume das pulverizações preservará a água. Novas estratégias de plantio e manejo estarão disponíveis. E, finalmente, variedades tolerantes ou resistentes vão fortalecer o conceito de sustentabilidade. Esse universo que se projeta terá como consequência uma população de técnicos e trabalhadores qualificados, com segurança do trabalho e preservação ambiental. O apoio dos citricultores às pesquisas é fundamental. Os problemas existentes não poderão ser enfrentados com o conhecimento que se tem hoje. 4 REVISTA

5 ÍNDICE A REVISTA CITRICULTOR é uma publicação de distribuição gratuita entre citricultores, editada pelo Fundo de Defesa da Citricultura - Fundecitrus. Avenida Dr. Adhemar Pereira de Barros, 201, Vila Melhado, Araraquara (SP) CEP: Nº ISSN: Contatos Telefones: e (16) comunicacao@fundecitrus.com.br Website: Jornalista responsável: Jaqueline Ribas (MTb /SP) Reportagem e edição: Rodrigo Brandão e Beatriz Flório Projeto gráfico: Valmir Campos Assistentes: Tainá Caetano Camila Souza 8ENTREVISTA Presidente do Fundecitrus por dez anos, Ademerval Garcia fala sobre sua trajetória na instituição ANOS História do Fundecitrus acompanhou os desafios do setor citrícola ENTREVISTA Para Osmar Bergamaschi, ex-presidente do Fundecitrus, a informação é a principal ferramenta no combate ao greening Tiragem: 6 mil exemplares A CITRICULTOR PASSOU POR UMA SÉRIE DE REFORMULAÇÕES EDITORIAIS E GRÁFICAS. AGORA, A REVISTA DO FUNDECITRUS É TRIMESTRAL. 24 CASO DE SUCESSO Ações em áreas vizinhas são fundamentais para controle do greening CANCRO CÍTRICO Pulverizações no período correto previnem infecção 30 REVISTA 5

6 NOTAS Informações detalhadas pelo código ou no site FOTOS: ARQUIVO FUNDECITRUS NORTE E NOROESTE Novos casos de morte súbita Citricultores das regiões norte e noroeste do estado de São Paulo relataram, nos meses de julho e agosto, o aparecimento de plantas com morte súbita dos citros (MSC), doença que provoca o definhamento e a morte repentina da árvore carregada de frutos. Os casos ocorreram em Olímpia, Guapiaçu, Américo de Campos, Barretos, Paranapuã e São João das Duas Pontes nos dois últimos municípios, foram os primeiros registros da doença. MASTERCITRUS Capes mantém alta avaliação REESTIMATIVA DA SAFRA 2017/18 Crescimento de 2,63% A reestimativa da safra de laranja 2017/18 do cinturão citrícola de São Paulo e Triângulo/Sudoeste Mineiro, divulgada em setembro pelo Fundecitrus, aponta uma produção de 374,06 milhões de caixas. Esse valor corresponde a um aumento de 2,63% em relação à estimativa inicial, publicada em maio, de 364,47 milhões de caixas. O crescimento da safra foi provocado pelas chuvas acima da média nos meses de abril, maio e junho deste ano, que causaram aumento do peso das laranjas e, consequentemente, redução do número de frutos necessários para compor uma caixa. A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) reavaliou o Mestrado Profissional em Controle de Doenças e Pragas dos Citros MasterCitrus, oferecido pelo Fundecitrus, e manteve a nota 4, de no máximo 5, para o curso. Realizado na sede da instituição, em Araraquara (SP), o mestrado tem modalidade de pós-graduação strictu sensu e é voltado para profissionais que atuam na citricultura. O próximo processo seletivo será em REVISTA

7 CONTROLE DO CANCRO CÍTRICO 400 pessoas capacitadas O Fundecitrus treinou mais de 400 profissionais do setor citrícola sobre o novo controle do cancro cítrico em sete cursos realizados, de julho a outubro, em diferentes regiões do estado de São Paulo. Os treinamentos abordaram as novas estratégias de controle da doença estabelecidas pela Resolução da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo nº 10 de 20/02/2017 (Resolução SAA-10), que oficializou a adoção do Sistema de Mitigação de Risco (SMR) no estado. #UNIDOSCONTRAOGREENING Intensificação do combate O Fundecitrus está com uma nova equipe para desenvolver ações contra o greening em locais onde não é feito o controle da doença, nas áreas urbana e rural, em todas as regiões do parque citrícola de São Paulo e Minas Gerais. Os novos funcionários, em parceria com prefeituras e empresas do setor, vão fazer a abordagem e conscientização e efetuar a troca de murtas e pés de laranja, limão e tangerina infectados pelo greening por outras árvores ornamentais e frutíferas. V SIMPÓSIO MASTERCITRUS Mais de cem profissionais da citricultura reunidos O V Simpósio MasterCitrus reuniu, em 15 de setembro, cerca de cem profissionais da citricultura no auditório da Universidade de Araraquara (Uniara). Foram abordados resultados de pesquisas sobre as medidas de controle e prevenção de podridão floral, pinta preta, greening, psilídeo e cancro cítrico. O encontro contou com a participação do coordenador geral dos cursos de Ciências Agrárias da Capes, Luiz Carlos Federizzi, que destacou a importância e credibilidade do mestrado do Fundecitrus. PSILÍDEO População aumenta Após registrar crescimento no mês de agosto, a população do psilídeo Diaphorina citri aumentou 115% em setembro de acordo com o Sistema de Alerta Fitossanitário do Fundecitrus. Em comparação com agosto e setembro de 2016, o aumento foi de 81%. Segundo o pesquisador do Fundecitrus Marcelo Miranda, os números refletem a maior ocorrência de brotos. A incidência de brotações em agosto e setembro de 2017 foi 50% maior do que no mesmo período do ano passado, explica. O Alerta Fitossanitário emite comunicados aos produtores nos períodos de alta população do inseto. REVISTA 7

8 ENTREVISTA PARTE DA HISTÓRIA ADEMERVAL GARCIA FOI PRESIDENTE DO FUNDECITRUS POR DEZ ANOS Em 1994, Ademerval Garcia assumia a presidência do Fundecitrus para guiar a instituição por novos caminhos, priorizando e fortalecendo a geração de conhecimento. Para isso, Garcia trouxe para a equipe o renomado pesquisador francês Joseph Marie Bové. Os estudos e importantes descobertas realizadas a partir de então levaram ao reconhecimento internacional da comunidade científica e tornaram o Fundecitrus referência para o setor citrícola no mundo. Sob sua gestão, foram iniciadas as ações e pesquisas sobre o greening (huanglongbing/hlb), antecipando-se à chegada da doença ao Brasil. Advogado por formação, Garcia logo transferiu-se para a área de Administração e teve toda a sua carreira ligada ao agronegócio. A partir da década de 1970, atuou na fundação e instalação de empresas alimentícias no País, trabalhou na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/ USP) e, de 2009 a 2014, liderou projeto sobre suco de frutas em multinacional no exterior. Por 20 anos, esteve à frente da Associação Brasileira de Exportadores de Cítricos (Abecitrus). Simultaneamente, presidiu o Fundecitrus até Segundo ele, parte de sua contribuição advém do fato de não possuir formação agronômica. Quando você não é técnico, você traz conhecimento de todo lado. Isso é o que fizemos com o Fundecitrus e o que o Fundecitrus continua fazendo até hoje, diz. Para a edição comemorativa dos 40 anos da instituição, Garcia concedeu entrevista à revista Citricultor. QUAIS ERAM OS PRINCIPAIS DESAFIOS DA CITRICULTURA E DO FUNDECITRUS EM MEADOS DA DÉCADA DE 1990? Naquela época, o mercado internacional era crescente, e o principal desafio era aumentar o volume de produção. E a sanidade dos pomares era, como continua sendo, uma variável muito importante. A grande ameaça ainda era o cancro cítrico, com cerca de 4% dos pomares contaminados. O primeiro empuxo de modernização foi a criação de um sistema estatístico, liderado por professores da Unesp de Jaboticabal, para saber onde e como estava a doença. E aí, com total apoio da indústria e dos citricultores, conduzimos uma campanha empregando 4 mil inspetores, 400 veículos, farta comunicação cobrindo o estado inteiro 8 REVISTA

9 ADEMERVAL GARCIA PRESIDIU O FUNDECITRUS DE 1994 A 2004 E PRIORIZOU A GERAÇÃO E DISSEMINAÇÃO DO CONHECIMENTO e as regiões do norte do Paraná e Triângulo Mineiro. Foi assim que o Fundecitrus deixou de ser o Fundo Paulista de Defesa da Citricultura para se tornar o Fundo de Defesa da Citricultura. Seis anos depois, a incidência do cancro cítrico estava em 0,8%. Começamos a usar esses inspetores para treinar o produtor, instruir, educar, para dar confiança, pois outras doenças estavam chegando e deveríamos estar preparados para combatê-las, proteger o produtor e a produção. EM 2000, O FUNDECITRUS PARTICIPOU DE UM DOS FEITOS MAIS IMPORTANTES DA CIÊNCIA BRASILEIRA, O SEQUENCIAMENTO DO GENOMA DA BACTÉRIA XYLELLA FASTIDIOSA, QUE CAUSA A CLOROSE VARIEGADA DOS CITROS (CVC OU "AMARELINHO"). COMO ISSO ACONTECEU? FERNANDO MORI O estado de São Paulo tem uma entidade de pesquisa, a Fapesp [Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo], que é extremamente eficiente, e eles resolveram fazer um estudo de genoma, o que era uma coisa muito moderna, feita nos EUA, França, mas o Brasil era completamente ausente nisso. A ideia era desenvolver o genoma do milho como forma de treinar a capacidade brasileira para novos voos. E quando o professor Bové soube disso, ele disse: Nós temos uma oportunidade enorme aqui. Mantém esse objetivo de criar conhecimento, mas vamos usar outro genoma, o da Xylella fastidiosa. Esse realinhamento deu para o projeto uma responsabilidade muito maior do que ele teria, porque se estava buscando um conhecimento ultrassofisticado para eliminar um problema fitossanitário seríssimo. Isso permitiu que a Fapesp desenvolvesse as conexões da Xylella. NA DÉCADA DE 1990, A CVC FOI O PRINCIPAL DESAFIO FITOSSANITÁRIO, COMO O CANCRO HAVIA SIDO ANTES. CHEGOU A 50%, HOJE NÃO CHEGA A 3%. Isso surgiu da filosofia de que o Fundecitrus tinha que andar na frente, ao invés de atrás, combatendo doenças instaladas. Nós começamos a evitar que a doença se instalasse. No caso da CVC, por exemplo, começou-se a controlar viveiro. Isso com muita resistência do produtor e do governo, mas o bom senso foi ajudando. E o viveiro telado, com produção protegida de mudas, fez com que muitas doenças fossem controladas, especialmente a CVC. EM RELAÇÃO AO GREENING, O FUNDECITRUS TAMBÉM ANDOU NA FRENTE? Também. No caso do greening, o professor Bové foi quem nos ensinou o que era isso, não havia greening em nenhum país produtor de suco de laranja. A partir de 1998, organizamos seminários em Araraquara, publicações, treinamos os nossos inspetores de campo para reconhecerem a doença. Naturalmente, houve resistência no início, tanto do meio acadêmico quanto dos próprios mantenedores do Fundecitrus, mas a ideia prosperou rapidamente e todo o apoio financeiro e técnico veio em tempo e hora. Novamente a filosofia da prevenção e preparo funcionou a contento. REVISTA 9

10 ENTREVISTA EM 1994, SOB A GESTÃO DE GARCIA, FOI CRIADO O DEPARTAMENTO CIENTÍFICO DO FUNDECITRUS ESTIMA-SE QUE 90% DAS PLANTAS DA FLÓRIDA ESTEJAM CONTAMINADAS PELO GREENING. EM SP E MG, O ÍNDICE DA DOENÇA É DE 16,73%. A QUE VOCÊ ATRIBUI ESSA DIFERENÇA? A grande diferença é que nós tivemos que nos virar sozinhos. O governo ajudou, mas não ficamos dependentes dele. E a Flórida ficou, então isso é parte. A outra parte é um aspecto cultural: o Brasil é um país de colonização portuguesa, e a cultura portuguesa é patrimonialista. As fazendas brasileiras têm cerca e portão. As americanas, não. Esse aspecto faz com que a fazenda brasileira possa ser melhor protegida do que a americana. Por outro lado, a legislação trabalhista brasileira, que é muito antiquada, tem algumas coisas que são boas: a terceirização no Brasil ainda é muito incipiente, você tem que ter seus próprios empregados, então é possível controlar questões que interferem na contaminação dos pomares. Nos Estados Unidos, isso tudo é terceirizado, o trânsito de gente na fazenda é muito grande. No Brasil, não. O trânsito aqui é muito restrito. Eu acho que isso foi determinante para a evolução da doença lá, o que, na verdade, eu diria, é muito ruim. POR QUÊ? O declínio da atividade nos Estados Unidos é muito ruim porque eles são o maior mercado mundial de suco. Não convém ao Brasil que o consumo de suco caia como vem caindo. A importação tem uma barreira grande, que encarece o nosso produto lá, e a produção local já não é mais suficiente. Isso não apenas faz desaparecer uma citricultura, mas também o maior mercado do mundo. EXISTEM DUAS FIGURAS FUNDAMENTAIS PARA O QUE O FUNDECITRUS É HOJE. VOCÊ, NA GESTÃO, E O BOVÉ, NA PESQUISA. POR QUE ELE FOI IMPORTANTE? Ele era o tipo de pessoa que conversava sobre tudo. Era membro da Academia Francesa de Ciências, da Academia Brasileira de Ciências, professor emérito da Universidade de Bordeaux [França]. Ele tinha uma imensa penetração no ambiente científico do mundo e o apoio da liderança da pesquisa no Brasil. E o que ele fez, também, que eu acho que foi muito importante, ele adotou, treinou e capacitou a equipe do Fundecitrus. Então, definitivamente, se a gente faz uma dupla, o que me honra muito é o meu trabalho de gestão e o trabalho dele de inteligência. Bové foi realmente o grande provedor e o grande abridor de portas para o Fundecitrus. COMO VOCÊ IMAGINA A CITRICULTURA E O FUNDECITRUS NOS PRÓXIMOS 40 ANOS? Eu acho que do mesmo jeito que ele foi reinventado lá atrás, talvez tenha que se reinventar mais algumas vezes. Eu penso que o conhecimento adquirido pelo Fundecitrus o capacita a ampliar os seus horizontes. 10 REVISTA

11 Acho que o Fundecitrus deveria prestar mais atenção no aspecto ambiental e que seria importante colocar na agenda uma perspectiva de trabalho com ARQUIVO FUNDECITRUS "O que me honra muito é o meu trabalho de gestão e o trabalho dele [Joseph Bové] de inteligência" outras frutas, pois com as doenças e com a redução do mercado muitos citricultores têm que diversificar a produção. É possível identificar quais são essas demandas, e o Fundecitrus verificar até onde outras frutas podem ser agregadas no portfólio, porque há muita coisa em comum: por exemplo, do mesmo jeito que a CVC ataca laranja, ataca uva e café. Além disso, a laranja vai continuar sendo o melhor suco de fruta que existe no mundo. É o mais bonito, colorido, o único que se consegue tomar três vezes por dia, todo dia. A laranja vai sempre ter uma função de mercado. Então, se eu tivesse que imaginar o Fundecitrus daqui a 40 anos, ou talvez daqui a dez, eu diria que ele estaria mais envolvido na área ambiental, na agricultura de precisão e em outras frutas. Pode ser que eu esteja pensando muito longe, mas é o que eu sempre fiz. REVISTA 11

12 40 ANOS DIVERSAS FORMAS DE DEFESA PRESIDENTE DO FUNDECITRUS RESSALTA OS COMPROMISSOS TÉCNICOS, ECONÔMICOS, EDUCACIONAIS, SOCIAIS E AMBIENTAIS DA INSTITUIÇÃO Assaz o senhor sabe: a gente quer passar um rio a nado, e passa; mas vai dar na outra banda é num ponto muito mais embaixo, bem diverso do em que primeiro se pensou. Viver nem não é muito perigoso? Distinta pelo saber e esteticamente perfeita, definições do Houaiss para, respectivamente, célebre e sublime, a passagem de Grande sertão: veredas, de João Guimarães Rosa, serve de ilustração para a história de 40 anos do Fundecitrus. Da instituição fundada oficialmente em 16 de setembro de 1977 para combater o cancro cítrico, duas décadas depois da identifica- ção do primeiro foco da doença no estado, em Presidente Prudente (SP), restaram apenas a forma de manutenção financeira, com contribuições dos citricultores que fornecem à indústria de suco de laranja e da própria indústria, e, mais importante, o traço de caráter que leva alguém a empreender ou tomar decisões por conta própria, novamente uma definição do Houaiss, agora para iniciativa. Prático, o citricultor, engenheiro agrônomo com mestrado e doutorado pela Universidade da Califórnia e atual presidente da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva da Citricultura, ligada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), e do Fundecitrus, Lourival Carmo Mo- 12 REVISTA

13 FOTOS: ARQUIVO FUNDECITRUS naco lê processo onde Guimarães Rosa sugere travessia e lê evolução onde o autor sugere correnteza. O Fundecitrus sempre esteve atualizado em relação às demandas da citricultura, afirma Monaco. Para exemplificar, Monaco recorre ao próprio cancro cítrico, desafio fitossanitário que jamais saiu da agenda da instituição. Até a vigência do Sistema de Mitigação de Risco, em março deste ano, a supressão [eliminação de árvores e talhões contaminados] era a única forma disponível de controlar a doença, diz. Nesse período, lembra Monaco, o Fundecitrus participou da Campanha Nacional de Erradicação de Cancro Cítrico (CANECC), na década de 1970, e, nos anos 1980, criou a Campanha Estadual de Prevenção ao Cancro Cítrico (CEPRECC), passou, com uma equipe própria de agrônomos, a orientar os citricultores sobre prevenção e realizou o chamado censo, como ficou conhecida à época a operação para mapear o parque paulista e levantar todos os pomares afetados pela doença. A década de 1990 é marcada pela criação do Departamento Científico, prossegue Monaco. De lá para cá, em parceria com diversas instituições científicas, nós [Fundecitrus] sequenciamos o genoma da bactéria Xanthomonas citri subsp. citri, estabelecemos o tempo de vida dela, comprovamos a inocuidade da poda para a erradicação da doença, determinamos a metodologia de inspeção e estudamos a influência do minador dos citros, as épocas e intervalos mais apropriados para a aplicação de bactericidas e até a redução do volume de calda, enumera. Com todo esse conhecimento adquirido, ajudamos o Mapa a embasar a Instrução Normativa Nº 37 e estamos ajudando a Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA) do Estado de São Paulo a implantar a SAA-10, legislações que versam sobre o SMR, uma reivindicação dos citricultores paulistas completa. Em outubro, o Fundecitrus sediou uma reunião da Câmara Setorial, mediada por Monaco, com representantes de secretarias estaduais de unidades federativas que adotaram o SMR e citricultores de São Paulo para tratar de ajustes nesse status fitossanitário. Algo absolutamente natural quando uma mudança drástica entra em vigor, assinala Monaco. Para além da questão pontual, cujos pleitos serão avaliados pelo Mapa, o evento simboliza o quão engajado o Fundecitrus está a favor do pleno funcionamento de todos os elos da cadeia. Essa capilaridade dá pistas do caminho que será seguido daqui em diante. RAMIFICAÇÕES Monaco diz que o Fundecitrus FOTO DA FACHADA PUBLICADA NO JORNAL DO FUNDECITRUS, DE JANEIRO DE À DIREITA, A FACHADA ATUAL REVISTA 13

14 40 ANOS PARA MONACO, A VISÃO ESTRATÉGICA DA CADEIA PRODUTIVA DEVE SER AMPLIADA tem um papel muito claro dentro do cinturão citrícola de São Paulo e Triângulo e Sudoeste Mineiro: adquirir conhecimento por meio de pesquisas e intercâmbios e transferir tecnologias para os citricultores pelo contato direto com agrônomos, eventos específicos e materiais técnicos. Nesse sentido, a comunicação tem função estratégica, avalia. O presidente do Fundecitrus sabe como poucos o valor da ciência para os resultados que vão permitir a manutenção e até a elevação da competitividade da citricultura de São Paulo e Minas Gerais. Ele foi presidente da Finep, agência nacional de fomento a estudos e projetos de ciência, tecnologia e inovação, e secretário estadual de Agricultura de São Paulo, dentre outras funções e cargos que ocupou ao longo de sua extensa trajetória profissional, como pesquisador científico e, depois, diretor-geral do Instituto Agronômico de Campinas (IAC). No entanto, segundo Monaco, resumir o Fundecitrus a uma instituição científica é ter uma visão parcial da instituição. Fundecitrus é a sigla de Fundo de Defesa da Citricultura. E existem diversas formas de defender a citricultura. Essa defesa, como a entendemos, extrapola o âmbito fitossanitário, explica. O Fundecitrus, hoje, exerce influência regional, nacional e mundial, afirma. Estamos presentes tanto em eventos técnicos de um ou dois dias voltados aos citricultores, abordando uma doença ou praga específica, tirando dúvidas, levando informações, quanto em fóruns e congressos internacionais, completa. Mesmo dentro dessa trinca composta por ciência, transferência de tecnologia e comunicação, a atuação do Fundecitrus pode ser considerada bastante ampla e complexa. Em relação ao greening, por exemplo, a instituição coordena uma série de pesquisas, que vão desde o comportamento do psilídeo e estudos biológicos detalhados, como a dinâmica da brotação, passando pela manifestação da doença nos pomares, que 14 REVISTA

15 DESDE A INAUGURAÇÃO DO LABORATÓRIO DE CONTROLE BIOLÓGICO EM MARÇO DE 2015, O FUNDECITRUS JÁ PRODUZIU 1,7 MILHÃO DE TAMARIXIA RADIATA, INIMIGO NATURAL DO PSILÍDEO mostraram como as bordas são mais sensíveis à infecção, até biotecnologia, dentre outras. Logo que o greening foi identificado no Brasil [em 2004], nós recomendamos o tripé de manejo [aquisição de mudas sadias, erradicação de plantas doentes e controle do inseto vetor]. Hoje, o tripé deu lugar aos dez mandamentos. A lista de recomendações mais do que triplicou, argumenta. Para justificar sua visão de que o Fundecitrus vai além da ciência, campo em que se tornou referência mundial, Monaco destaca também duas atividades da instituição. O Mestrado Profissional em Controle de Doenças e Pragas do Fundecitrus MasterCitrus, voltado principalmente para engenheiros agrônomos e biólogos, desde 2009 capacita profissionais da citricultura em estratégia, planejamento e execução de ações contra as doenças que acometem os pomares de laranja, limão e tangerina. A Pesquisa de Estimativa de Safra (PES), realizada pelo Fundecitrus desde a temporada 2015/16, também contribuiu para incrementar o prestígio internacional da instituição. O evento de divulgação do número de caixas de laranja da safra é transmitido em tempo real pelo nosso site, com tradução para o inglês. A audiência este ano chegou a quase mil acessos, de diversos países, diz. Embora o número em si desperte interesse mercadológico daí a responsabilidade do Fundecitrus na confidencialidade dos dados, Monaco diz que, para a instituição, o mais importante é o trabalho por trás do número. Para chegar à quantidade, percorremos mais de 500 mil quilômetros. Com o Inventário de Árvores, ampliamos o conhecimento do perfil de nossa citricultura em sua diversidade de clima e condições sociais e econômicas para o exercício de boas práticas agrícolas e comerciais, justifica. SUSTENTABILIDADE Como produzir em larga escala (aspecto econômico), assegurando a geração de empregos e impostos (aspecto social), com o menor impacto possível (aspecto ambiental)? Do ponto de vista estritamente técnico, o greening é um desafio fitossanitário. Como a doença tem potencial para destruir todo o parque citrícola, acabando com uma cadeia do agronegócio que movimenta anualmente US$ 14,5 bilhões, arrecada US$ 180 milhões em impostos para cerca de 350 municípios e gera 200 mil empregos diretos e REVISTA 15

16 40 ANOS PACOTE DE MANEJO CONTRA O GREENING, RECOMENDADO PELO FUNDECITRUS, AJUDA A MANTER CITRICULTURA DE SP E MG COMPETITIVA ADRIANO CARVALHO indiretos, o greening é um problema econômico e social, avalia Monaco. Portanto, o combate ao greening não é só um problema dos citricultores e das autoridades governamentais competentes: é também um problema da sociedade, conclui. Justamente para mobilizar a sociedade nessa luta, que pode colaborar eliminando ou trocando murtas e plantas de citros em quintais, chácaras e ranchos por outras espécies ornamentais ou frutíferas, o Fundecitrus ampliou as ações da campanha #UNI- DOSCONTRAOGREENING. Normalmente, as mensagens ficam restritas à comunidade de citricultores. Desta vez, foram veiculadas na televisão, portais jornalísticos e placas de outdoor, além dos trabalhos presenciais de conscientização realizados junto a diversas prefeituras do Interior, em parceria com empresas do setor. Pelo terceiro ano consecutivo, a incidência da doença manteve-se por volta de 17%. A estabilização é positiva, mas o patamar é alto são mais de 30 milhões de árvores doentes. O receio é que qualquer aumento no índice impossibilite o controle. Se a doença vem causando, ano a ano, imensos prejuízos na Flórida [sudeste dos Estados Unidos], que, durante anos, foi considerada modelo de produtividade para o mundo, imagine a capacidade de destruição do greening, comenta Monaco. A situação na Flórida é cada vez mais dramática. De acordo com a última estimativa do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, da sigla em inglês), o parque citrícola norte-americano colherá 50 milhões de caixas há dez anos, foram colhidas 162,1 milhões de caixas. É verdade que essa safra foi fortemente impactada pelo furacão Irma, mas o greening é o principal responsável pela vertigem. Estima-se que 90% das árvores da Flórida estejam doentes. Outro problema social da doença é que a incidência é maior nas pequenas propriedades. Basicamente, essa é uma questão epidemiológica, e não necessariamente de sofisticação das medidas de manejo. O inseto vetor da bactéria se instala nas primeiras plantas do pomar: é o que se convencionou chamar efeito de borda. Como as plantas de borda das pequenas propriedades representam, proporcionalmente, uma parcela significativa do número total de árvores, o controle é muito mais difícil. O compromisso social do Fundecitrus é sério e irreversível. Fazemos de tudo para alertar sobre os perigos do greening e levar aos citricultores cada possibilidade de melhoria no controle, diz Monaco. Uma delas, o Alerta Fitossanitário, 16 REVISTA

17 PAIXÃO PELA CITRICULTURA Na tarde de 1º de agosto, alguém toca à sala do gerente geral do Fundecitrus, Juliano Ayres, e o avisa de que um pequeno incidente na copa havia se tornado um problema sério, que demandava a intervenção dele. Preocupado, deixa seu posto e desce ao recinto, onde é recebido por funcionários da Comunicação, Administrativo, Departamento Científico e Pesquisa de Estimativa de Safra (PES) sob palmas e parabéns a você. Ele caíra no velho truque da surpresa, que comemorava seus 20 anos de ingresso na instituição. De 1997 a 2014, quando passou a ocupar o cargo de gerente geral, Ayres, engenheiro agrônomo com pós-graduação pela Unesp de Jaboticabal e pela Universidade Politécnica de Valência, na Espanha, comandou a equipe de pesquisadores do Fundecitrus. Hoje, minha função é ainda mais estratégica. Estou na interface do Conselho Deliberativo e Presidência com o dia a dia da instituição e da instituição com todos os elos da cadeia citrícola, diz. Na gestão do doutor Monaco [Lourival Carmo, presidente], o Fundecitrus consolidou sua vocação de inteligência, com foco em produtividade, competitividade e sustentabilidade, afirma. Em junho, na 39ª Semana da Citricultura, no Centro de Citricultura Sylvio Moreira, em Cordeirópolis (SP), Ayres recebeu o Prêmio GCONCI (Grupo de Consultores em Citros) Hall da Fama da Citricultura Brasileira Ele dedicou a honra ao Fundecitrus. PARA JULIANO AYRES (À DIREITA), JOSEPH BOVÉ FOI UM CIENTISTA BRILHANTE, DECISIVO PARA A MODERNIZAÇÃO DO FUNDECITRUS lançado no formato de sistema online em agosto de 2012 nas regiões de Santa Cruz do Rio Pardo, Avaré e Araraquara, combina eficiência e responsabilidade ambiental. À época, a tecnologia cobria 80 mil hectares em três regiões. Hoje, o Alerta cobre mais de 260 mil hectares em dez regiões. Com o manejo regional, citricultores de determinada região pulverizam conjunta e simultaneamente. Com todo mundo atuando ao mesmo tempo, o psilídeo fica sem rota de fuga, e a população baixa. Assim, figuram no mesmo plano eficácia, economia e menor quantidade de defensivo agrícola. No Fundecitrus, tudo se entrelaça. Fazer mais com menos. Essa temática é intrínseca a todos os estudos de redução de volume de calda. Diminuição de ingredientes ativos, menos água e menos tempo de máquinas em operação, com menor consumo de combustível. Tudo isso, desde que as aplicações sejam feitas nas épocas e intervalos adequados, questões também estudadas pelo Fundecitrus, proporcionam controles tão ou até mais eficientes do que propunham as teorias anteriores ou mesmo o costume dos citricultores, diz Monaco. Isso é sustentabilidade, reforça. Nesse contexto, a soltura de Tamarixia radiata vespinha que, ao se reproduzir, mata as ninfas (fase jovem) do psilídeo nas áreas que não recebem controle químico contribui para a diminuição da população do vetor do greening. Os estudos sobre controle biológico ainda são incipientes. Estamos tentando levantar outras espécies de inimigos naturais para as pragas da citricultura. Mas, em ciência, nós sabemos que aquilo que hoje é latente, amanhã pode se tornar solução, comenta Monaco. Essa imprevisibilidade vem ao encontro de outro célebre e sublime ensinamento proposto por Guimarães Rosa no mesmo Grande sertão : Digo: o real não está na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente é no meio da travessia. MONACO DIZ QUE OS 40 ANOS DO FUNDECITRUS OFERECEM OPORTUNIDADE ÍMPAR PARA AVALIAR OS CAMINHOS SEGUIDOS E OS DESAFIOS FUTUROS REVISTA 17

18 O FUNDECITRUS DE HOJE O Fundecitrus se tornou referência mundial no desenvolvimento de ciência e tecnologia para a citricultura. Ao longo dos anos, os estudos realizados pela instituição e por universidades, empresas privadas e centros de pesquisa parceiros possibilitaram que a citricultura paulista enfrentasse os principais desafios fitossanitários e se mantivesse no primeiro lugar mundial em produção de laranja para suco industrializado. Além das pesquisas, o Fundecitrus tem como uma de suas principais missões a transferência do conhecimento gerado nos laboratórios para o campo. Para isso, conta com uma equipe de engenheiros agrônomos que atua diariamente em contato com os citricultores, realiza treinamentos frequentes, produz e distribui materiais técnicos gratuitos e cria mecanismos que facilitam a aplicação das novas tecnologias no manejo dos pomares. Conheça os principais números do ano agrícola de junho de 2016 a maio de 2017: PESQUISA DE ESTIMATIVA DE SAFRA (PES) 120 profissionais envolvidos 800 mil quilômetros percorridos árvores derriçadas talhões avaliados para o inventário de árvores 900 talhões monitorados para acompanhamento de queda e crescimento de frutos 1 estimativa e 4 atualizações ao longo do ano TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA 5 engenheiros agrônomos e 17 técnicos Alerta Fitossanitário: 153 municípios cobertos, propriedades monitoradas e armadilhas instaladas Produção de 880 mil Tamarixia radiata e liberação de 780,5 mil Mais de mil usuários do Sistema de Pulverização Integrado do Fundecitrus (SPIF) 100 usuários do Sistema de Previsão de Podridão Floral 18 REVISTA

19 A INSTITUIÇÃO 23 anos de pesquisa 113 funcionários 10 doenças e pragas estudadas 4 laboratórios 1,3 mil m² de laboratórios 40 ENTIDADES PARCEIRAS NO BRASIL E NO MUNDO, COMO: Embrapa, UFSCar, USP, Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (USP Piracicaba), Unesp, Unicamp, Uniara, Fapesp, CNPq, Capes, APTA, Centro de Citricultura, Estação Experimental de Bebedouro, UFPR, Iapar, Universidade da Flórida, Universidade da Califórnia, USDA, CRDF, INRA, Universidade Politécnica de Valência, CSIC e CRI EDUCAÇÃO 64 mestres formados pelo MasterCitrus desde 2009 Capacitação de mais de 4 mil pessoas em cursos, palestras, treinamentos e Dia de Campo 165 palestras e participações em eventos 62 participações em bancas examinadoras e aulas 89 mil materiais técnicos distribuídos PESQUISA E DESENVOLVIMENTO 11 pesquisadores 87 pesquisas em andamento Greening e psilídeo: 54% Pinta preta: 12,7% Cancro cítrico: 10,4% Leprose: 8% Biotecnologia: 8% Podridão floral: 6,9% 798,4 hectares de pesquisas no campo 70 áreas com experimentos em 33 municípios de São Paulo e Paraná 73 publicações científicas diagnósticos de greening e CVC REVISTA 19

20 ENTREVISTA INFORMAR É PRECISO DISSEMINAÇÃO DO CONHECIMENTO COMO PRINCIPAL ARMA CONTRA O GREENING Depois de anos presente na citricultura de países da Ásia e África, o greening (huanglongbing/ HLB) chegou ao continente americano nos anos 2000: os primeiros casos foram registrados no Brasil em 2004, no estado de São Paulo. No ano seguinte, a doença foi identificada na Flórida, Estados Unidos. No final da década de 1990, o Fundecitrus já havia se antecipado e iniciado trabalhos para melhor compreensão do greening e atualização dos citricultores, mas a identificação da doença em solo brasileiro representava uma ameaça real à maior citricultura do mundo e exigiu ações rápidas e precisas por parte da instituição, que optou pela informação para o enfrentamento racional e consistente. De um lado, o Fundecitrus estreitou laços com instituições e cientistas; de outro, levou esse conhecimento aos citricultores, que puderam adotar as medidas mais eficientes para evitar, combater e conter o greening. A chegada de Osmar Bergamaschi ao Fundecitrus coincidiu com o período inicial da doença. Graduado em Administração e com mais de 20 anos de experiência como diretor de multinacional de agricultura e biotecnologia, Bergamaschi foi presidente do Fundecitrus de 2005 a Ele recebeu a revista Citricultor para falar sobre as primeiras ações adotadas pela instituição diante do greening, que ainda é considerado o maior desafio fitossanitário do setor. VOCÊ CHEGOU AO FUNDECITRUS EM 2005, UM ANO APÓS A IDENTIFICAÇÃO DO GREENING NO BRASIL E QUANDO A DOENÇA ESTAVA SENDO IDENTIFICADA NA FLÓRIDA. COMO FOI ESSE MOMENTO? Na verdade, a comprovação científica ocorreu dias antes da minha chegada ao Fundecitrus. O greening era a grande ameaça que pairava no setor, e todo mundo esperava que pudesse não acontecer, mas aconteceu. Chegando ao Fundecitrus e me deparando com a comprovação científica da bactéria, a primeira coisa foi, juntamente com os técnicos, decidir o que faríamos e como faríamos. Então, intensificamos a troca de experiências e contatos com especialistas, particularmente de áreas 20 REVISTA

21 OSMAR BERGAMASCHI PRESIDIU O FUNDECITRUS DURANTE OS PRIMEIROS ANOS DE IDENTIFICAÇÃO DO GREENING E TRAVOU FORTE LUTA CONTRA A DOENÇA FERNANDO MIRA de convivência com greening, como pesquisadores da África do Sul e técnicos da China, seguido obviamente de uma movimentação muito grande de reuniões, simpósios e troca de experiências com cientistas e pesquisadores locais, das universidades, do Centro de Citricultura, da Secretaria Estadual de Agricultura [SAA], do Mapa [Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento], juntamente com o time técnico do Fundecitrus. O QUE FOI FEITO EM SEGUIDA? O primeiro desafio era esse, o que fazer? Qual a melhor forma de controle, dadas as condições da citricultura no Brasil? E o segundo: qual o tamanho desse problema? Qual o nível de "São 40 anos de muito trabalho, perseverança e sucesso" infestação? E a segunda providência foi aprovar, junto com o Conselho, a contratação de cerca de 500 inspetores dedicados exclusivamente ao monitoramento e controle do greening. E acho que separar totalmente a equipe de monitores de cancro [cítrico] e de greening foi uma decisão sábia. Bom, contratamos rapidamente e tivemos que treiná-los para fazer um trabalho inicial, e acho que essa foi uma grande realização na época, eu diria que em 90 ou 100 dias nós já tínhamos um time pronto para fazer a primeira pesquisa amostral para identificar onde estava a doença e o nível de infestação existente. E assim fizemos, e eu me lembro que o resultado dessa primeira pesquisa nos surpreendeu. A gente sabia que existiam alguns municípios já com nível de contaminação significativo, mas a gente se surpreendeu ao saber como a doença já estava se alastrando tão rapidamente. Do ponto de vista do controle, graças a essa troca de informações entre os técnicos e cientistas, a gente definiu um procedimento para o Brasil que foi totalmente referendado, aprovado pelo Conselho, Secretaria Estadual de Agricultura e Mapa. Mas nós tínhamos também que ter o elemento legal para poder fazer es- REVISTA 21

22 ENTREVISTA PALESTRA DO PRIMEIRO CICLO DE TREINAMENTOS SOBRE SANIDADE DA CITRICULTURA, PROJETO LIDERADO POR BERGAMASCHI, EM 2005 sas inspeções e erradicações. E também foi uma batalha, porque se esbarrava em questões técnicas, mas que foram felizmente resolvidas a tempo, e a gente pôde, então, num prazo bastante curto, começar a fazer as inspeções e erradicações no campo. NA RELAÇÃO COM OS PRODUTORES, HAVIA DOIS CENÁRIOS: UM DE INSPEÇÃO E ERRADICAÇÃO E OUTRO DE INFORMAÇÃO. COMO FOI ISSO? Essa é uma questão que nos preocupava muito. Imagine-se ARQUIVO FUNDECITRUS no lugar de um citricultor, agora convivendo com esse problema, vir alguém, de repente, e erradicar o pomar. A gente chegou à conclusão de que era necessário um programa de educação e conscientização. E, nessa época, criamos também uma equipe que visitava regularmente os produtores, informando sobre a doença, tivesse ou não tivesse o greening. E foi muito bem sucedida essa iniciativa. Ao lado disso, nós fizemos também um convênio muito interessante com os sindicatos rurais de toda essa área de abrangência no entorno de 100 quilômetros de Araraquara, onde a gente conseguia marcar reuniões por meio dos sindicatos e levava uma média de 50 a 60 citricultores, à noite, onde nossos técnicos informavam, conscientizavam, respondiam perguntas, tiravam dúvidas, ouviam reclamações e queixas, o que era importante também. NA SUA OPINIÃO, O QUE MARCOU ESSES 40 ANOS DO FUNDECITRUS? O QUE ESPERAR PARA O FUTURO? São 40 anos de muito trabalho, perseverança e sucesso. Eu espero que tenha mais 40, 40, e 40, e entrando cada vez mais nessa linha de desenvolver mais tecnologias e comunicá-las ao setor. É a forma que o Fundecitrus tem na sua gênese de continuar contribuindo para a citricultura do Brasil. 22 REVISTA

23 VAMOS JUNTOS MANTER A NOSSA CITRICULTURA NO TOPO DO MUNDO Acesse o hotsite da campanha Em agosto e setembro, ações realizadas pelo Fundecitrus ajudaram a levar a mensagem da campanha #UNIDOSCONTRAOGREENING para diversas cidades. Comerciais veiculados na EPTV Central, afiliada da Rede Globo, que cobre 42 cidades da região de Araraquara, importante área citrícola que apresenta alta incidência de greening. A estreia aconteceu no intervalo do Jornal Nacional. Especial publicitário realizado no portal de notícias G1 São Carlos e Araraquara e no G1 Piracicaba e região. Durante 30 dias, matérias com fotos e vídeos foram divulgadas nesses sites, abordando as principais informações sobre o greening e seu controle. Hotsite com informações sobre a doença e seu impacto econômico e social ( Placas de outdoor instaladas em 15 municípios paulistas. #UNIDOSCONTRAOGREENING REVISTA 23

24 CASO DE SUCESSO BEATRIZ FLÓRIO No início de cada ano, o produtor Frederico Fonseca Lopes redesenha as principais estratégias de combate ao greening (huanglongbing/hlb) que serão adotadas em suas propriedades em Tambaú (SP), com 100 mil pés de laranjas Rubi, Pera e Valência. Citricultor desde 2002, Lopes identificou o primeiro caso da doença em seus pomares em Desde então, permanece atento ao conhecimento produzido sobre o assunto para manter a incidência de greening controlada e bem abaixo do índice de sua região, 25,43% o terceiro mais alto do parque citrícola de São Paulo e Minas Gerais. O objetivo é aperfeiçoar o controle, adotando novas tecnologias e técnicas de manejo, diz. Dentre as práticas estabelecidas para 2017, Lopes mais que dobrou o número de armadilhas amarelas instaladas para a captura de psilídeos, incluindo-as também no interior dos talhões; expandiu a área de borda pulverizada semanalmente; e aumentou a frequência do controle químico. No entanto, reconhecendo a influência externa e a necessidade de monitorar as áreas próximas, ele iniciou, em 2014, diversas atividades na vizinhança que se tornaram parte fundamental do trabalho contra o greening. Tudo é documentado e analisado para os próximos planejamentos. Hoje, em um raio de dois quilômetros, inspeções em busca de brotos de plantas de citros ocorrem quinzenalmente em terrenos desocupados; armadilhas foram instaladas e pulverizações regulares são realizadas em pomares vizinhos com manejo pouco rigoroso; e a soltura de Tamarixia radiata, inimigo natural DE OLHO NOS VIZINHOS MONITORAMENTO DE ÁREAS EXTERNAS CONTRIBUI PARA CONTROLE DO GREENING EM POMARES DE TAMBAÚ do psilídeo, também é feita nesses locais. Temos uma parceria com nove vizinhos, conta. Em outubro, uma ação conjunta com o Fundecitrus conscientizou a população da região e erradicou árvores cítricas de quintais e chácaras das redondezas. Em troca, os moradores receberam gratuitamente mudas frutíferas de outras espécies (saiba mais sobre a iniciativa na página 7). Um novo ano se aproxima, e os planos futuros para a manutenção da sanidade dos pomares começam a ser idealizados por Lopes. Um ponto já é conhecido: a ampliação do trabalho feito além das cercas. Para o citricultor, a combinação das medidas disponíveis leva ao efetivo controle do greening, e a ciência guia esse caminho. O sucesso está na integração de todas as frentes de manejo, do monitoramento à pulverização e erradicação. Investigação, inteligência e informação passam a auxiliar muito na eficácia das ações, afirma Lopes. NOVAS TECNOLOGIAS E PRÁTICAS SÃO CONSTANTEMENTE INCORPORADAS PARA APERFEIÇOAR MANEJO DENTRO E FORA DAS PROPRIEDADES DE FREDERICO FONSECA LOPES 24 REVISTA

25 Um portfólio robusto para seus frutos crescerem com mais qualidade. Maior peso médio Maior percentual de retenção de frutos no pé Melhor coloração INSETICIDAS ACARICIDAS Imunit Kumulus DF Tutor FUNGICIDAS Comet Orkestra SC HERBICIDAS Heat Aplique somente as doses recomendadas. Descarte corretamente as embalagens e restos de produtos. Incluir outros métodos de controle dentro do programa do Manejo Integrado de Pragas (MIP) quando disponíveis e apropriados. Uso exclusivamente agrícola. Uso temporariamente restrito no estado do Paraná para o seguinte alvo na cultura de citros: Comet para Elsinoe australis. Registro MAPA: Imunit nº 08806, Kumulus DF nº , Tutor nº 02908, Comet 08801, Orkestra SC nº e Heat nº BASF Citros. Qualidade para o fruto, rentabilidade para o produtor facebook.com/basf.agrobrasil REVISTA 25

26 LEVANTAMENTO INCIDÊNCIA TOTAL E POR SETOR DE GREENING, CANCRO CÍTRICO E CVC GREENING/HLB 16,73% DE ÁRVORES SINTOMÁTICAS SETORES PERCENTUAL DE ÁRVORES SINTOMÁTICAS CANCRO CÍTRICO 8,68% DE ÁRVORES SINTOMÁTICAS SETORES PERCENTUAL DE ÁRVORES SINTOMÁTICAS CVC 2,89% DE ÁRVORES SINTOMÁTICAS SETORES PERCENTUAL DE ÁRVORES SINTOMÁTICAS NORTE 5,48 NOROESTE 4,04 NORTE 5,74 NOROESTE 30,29 NORTE 2,34 NOROESTE 7,81 CENTRO 24,76 CENTRO 14,10 CENTRO 2,02 SUDOESTE 7,87 SUDOESTE 0,28 SUDOESTE 0,52 SUL 32,26 SUL 1,66 SUL 4,45 GREENING AFETA 32 MILHÕES DE ÁRVORES EM SP E MG INCIDÊNCIA ABSOLUTA DA DOENÇA É ALTA E EXIGE INTENSIFICAÇÃO DO CONTROLE E UNIÃO DA CADEIA CITRÍCOLA SÓ O CONTROLE RIGOROSO, QUE COMPREENDE TAMBÉM A ELIMINAÇÃO DE PLANTAS DOENTES, PODE BAIXAR O NÍVEL DO GREENING O levantamento da incidência de doenças de citros realizado em 2017 pelo Fundecitrus identificou que o greening (huanglongbing/ HLB) manteve-se estável, que o cancro cítrico cresceu e que, por outro lado, a clorose variegada dos citros (CVC ou amarelinho ) está em queda no cinturão citrícola de São Paulo e Sudoeste/Triângulo Mineiro. O trabalho avaliou uma amostra de talhões cerca de 5% do total, com as principais variedades de laranja (Hamlin, Westin, Rubi, Valência Americana, Valência Argentina, Valên- cia, Natal, Valência Folha Murcha, Seleta, Pineapple e Pera Rio). A seleção dos talhões foi feita por sorteio, utilizando a técnica de amostragem proporcional. Em cada talhão, 11 árvores foram inspecionadas durante os meses de março a junho. A metodologia empregada foi modificada em relação à usada em 2015 e 2016 para aumentar a precisão do levantamento sem a necessidade de ampliar a amostra. GREENING O greening está presente em 26 REVISTA

27 INCIDÊNCIA DE GREENING, CANCRO CÍTRICO E CVC POR REGIÃO (%) HLB 2,20 SÃO JOSÉ DO RIO PRETO HLB 5,49 HLB 21,63 CC 11,61 MATÃO CC CVC 15,74 4,82 VOTUPORANGA CC CVC 54,16 10,41 CVC 5,77 TRIÂNGULO MINEIRO HLB CC CVC HLB CC CVC 7,70 9,08 3,12 0,58 0,62 1,54 TMG VOT SJO BEB ALT MAT PFE DUA BRO LIM BEBEDOURO ALTINÓPOLIS HLB CC CVC 6,39 2,07 0,61 HLB 25,43 PORTO FERREIRA CC CVC 1,80 4,00 LIMEIRA HLB CC CVC 39,48 1,52 4,93 AVA DUARTINA HLB CC CVC 22,67 16,79 0,27 ITG HLB 36,80 BROTAS CC CVC 3,42 1,18 ITAPETININGA HLB CC CVC 2,11 0,56 0,07 HLB 9,75 AVARÉ CC CVC 0,19 0,66 16,73% das laranjeiras comerciais de São Paulo e Minas Gerais. Apesar da incidência permanecer no mesmo patamar dos últimos dois anos 17,89% em 2015 e 16,92% em 2016, o índice é alto. São cerca de 32 milhões de árvores doentes. O número absoluto é grande e preocupante, avalia o gerente geral do Fundecitrus, Juliano Ayres. De acordo com Ayres, São Paulo é a única citricultura do mundo com produção em larga escala que tem conseguido manter sua competitividade mesmo com os efeitos do greening. Isso significa que as ações preconizadas pelo Fundecitrus têm sido incorporadas por parte dos citricultores, mas é preciso aumentar a participação e intensificar o controle porque o alastramento pode inviabilizar o parque, afirma. Os setores mais afetados pelo greening são o Sul, com 32,26% de plantas doentes, e o Centro, com 24,76%. Em relação às regiões, Limeira é a mais impactada em todo o parque (39,48%). Brotas (36,80%), Porto Ferreira SETORES SUL E CENTRO SÃO OS QUE MAIS SOFREM COM O GREENING; NAS REGIÕES DE LIMEIRA E BROTAS, O ÍNDICE ULTRAPASSA 35% DE ÁRVORES DOENTES REVISTA 27

28 LEVANTAMENTO FOTOS: ARQUIVO FUNDECITRUS qual os produtores de uma mesma região realizam pulverizações em conjunto, simultaneamente. AUMENTO DO ÍNDICE DE CANCRO CÍTRICO EXIGE ADOÇÃO DE MEDIDAS DO MANEJO INTEGRADO, COMO PLANTIO DE QUEBRA-VENTOS (25,43%), Duartina (22,67%) e Matão (21,63%) também apresentam altas incidências. O levantamento apontou ainda que propriedades menores são mais atingidas pelo greening: em pomares com até 10 mil plantas, o índice da doença é de 36,03%; com 10,1 a 100 mil plantas, 29,15%; com 100,1 a 500 mil plantas, 14,88%; e com mais de 500 mil plantas, 2,37%. Essa proporcionalidade é explicada pelo efeito de borda, pois a maior parte das árvores contaminadas está nos primeiros 100 a 200 metros das plantações, que são as portas de entrada para o psilídeo, inseto transmissor da doença. Nas propriedades menores, o número de plantas nas bordas em relação ao número total de plantas é maior, daí a importância do manejo regional integrado, no CANCRO CÍTRICO O cancro cítrico afeta 12,92% dos talhões de São Paulo e Minas Gerais, indicando crescimento em relação aos últimos anos a incidência foi de 1,39% em No entanto, o número é considerado baixo: são aproximadamente 16 milhões de árvores com sintomas, 8,68% do total. O pesquisador do Fundecitrus Franklin Behlau destaca que, com o fim do programa de erradicação em São Paulo, é esperado que a incidência de plantas com cancro cítrico continue crescendo no estado. O foco agora é a adoção de um conjunto de medidas que visam à produção de frutas sem sintomas da doença. O manejo é realizado pelo plantio de mudas sadias, uso de variedades menos suscetíveis, aplicação de bactericidas à base de cobre, plantio de quebra-ventos, controle do minador de citros e desinfestação de máquinas e ferramentas, elenca. A doença está presente em todas as regiões do parque. O setor Noroeste é o mais afetado (30,29%) e a região com maior ocorrência é Votuporanga, com 54,16% das árvores doentes. O cancro cítrico está presente em todos os estratos de idade de árvores. As laranjeiras entre seis e dez anos apresentam a maior incidência da doença (13,87%) e as árvores com mais de 10 anos têm a menor incidência (2,81%). Pomares com até 10 mil árvores possuem 23,13% de plantas com sintomas e propriedades com mais de 500 mil árvores, 1,19%. 28 REVISTA

29 CVC USO DE MUDAS CERTIFICADAS, PRODUZIDAS EM VIVEIROS PROTEGIDOS, FOI UMA DAS PRINCIPAIS MEDIDAS QUE CONTRIBUÍRAM PARA A REDUÇÃO DA INCIDÊNCIA DA CVC Depois de ter sido considerada a pior ameaça à citricultura brasileira na década de 1990 e ter atingido mais de 40% das árvores nos anos 2000, a incidência de CVC é de apenas 2,89% no parque paulista e mineiro, confirmando a tendência de queda. O baixo índice de CVC deve-se, principalmente, à intensificação do controle do greening. Como os produtos utilizados para o controle do psilídeo são os mesmos recomendados para as cigarrinhas transmissoras da CVC, as aplicações mais frequentes para o manejo do HLB resultaram em maior eficiência de controle do "amarelinho". Adicionalmente, o uso de mudas certificadas produzidas em viveiros protegidos, obrigatório desde 2003, contribuiu significativamente para a redução da CVC nos pomares jovens o levantamento não encontrou nenhuma árvore com a doença em plantações com até dois anos de idade. O setor mais afetado pela CVC é o Noroeste (7,81%), seguido pelo Sul (4,45%). Considerando as regiões, Votuporanga (10,41%), São José do Rio Preto (5,77%), Limeira (4,93%) e Matão (4,82%) apresentam os maiores índices. REVISTA 29

30 CANCRO CÍTRICO PROTEÇÃO DOS FERIMENTOS PULVERIZAÇÕES NOS MOMENTOS CORRETOS DIMINUEM ÍNDICES DE CONTAMINAÇÃO ÁRVORES MOLHADAS DURANTE PODA OU COLHEITA DEVEM RECEBER COBRE 24H ANTES OU ATÉ 8H DEPOIS DA FORMAÇÃO DOS FERIMENTOS ARQUIVO FUNDECITRUS Plantas molhadas durante atividades como poda ou colheita, que causam lesões mecânicas pelas quais a bactéria do cancro cítrico penetra, devem receber aplicação de cobre 24 horas antes ou até oito horas depois da formação dos ferimentos para protegê-los da contaminação pela doença. No entanto, se as plantas estiverem secas e não houver previsão de chuva para os sete dias seguintes a partir do surgimento dos ferimentos, a pulverização não é necessária (veja gráfico ao lado). Um estudo coordenado pelo pesquisador do Fundecitrus Franklin Behlau em estufa localizada na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Araraquara (SP), mostrou que, em pomares onde o cancro cítrico está presente e há água na superfície das plantas, quanto mais tempo entre a formação do ferimento e a aplicação de cobre, maior será o número de lesões mecânicas contaminadas. Quando o cobre foi aplicado após 24 horas da ocorrência dos ferimentos, mais de 60% destes apresentaram formação de lesões de cancro cítrico. O número de ferimentos com cancro ultrapassou os 80% quando a pulverização foi feita depois de 48 horas e chegou a quase 100% quando não houve aplicação de cobre. Por outro lado, quando a aplicação de cobre ocorreu em momento próximo à forma- 30 REVISTA

31 PREVENÇÃO Formas de evitar a doença Algumas práticas evitam o surgimento de ferimentos nas plantas e, assim, reduzem as chances de contaminação pelo cancro cítrico: ESPAÇAMENTO CORRETO EN- TRE AS RUAS: a distância adequada contribui para a redução do atrito das máquinas com as plantas durante as pulverizações e faz com que as podas de manutenção sejam menos frequentes e drásticas. Ferimento com cancro cítrico (%) IMPORTÂNCIA DA IDADE DO FERIMENTO PARA A CONTAMINAÇÃO Idade do ferimento, em dias, no momento da chegada da bactéria do cancro cítrico PODAS DE MANUTENÇÃO NO INVERNO: a realização de podas durante o inverno, período com menos chuvas, diminui os riscos de contaminação. REDUÇÃO DO TAMANHO DAS PLANTAS: a diminuição do tamanho e vigor das plantas em função do porta-enxerto tende a facilitar a colheita e reduzir os ferimentos provocados por escadas ou outras ferramentas que auxiliam na coleta dos frutos nas partes mais altas das plantas. Além disso, árvores menores reduzem a necessidade de podas frequentes. ção dos ferimentos, o percentual de contaminação foi inferior a 10%. Os resultados obtidos esclarecem dúvidas muito frequentes entre os citricultores: eles indicam a necessidade e o momento certo para a aplicação de cobre em plantas com ferimentos em pomares com cancro cítrico, o que aumenta a efetividade da ação na proteção das árvores e elimina pulverizações desnecessárias, que elevam os custos de produção. O cancro cí- trico provoca queda prematura dos frutos, reduzindo a produtividade dos pomares, e o cobre é o produto mais utilizado no manejo da doença. Ele cria uma espécie de camada protetora em ramos, folhas e frutos, impedindo a entrada da bactéria, que é transportada pela água por meio da ação do vento e do homem (vestuário, máquinas, ferramentas). Behlau alerta para o risco do trabalho em pomares após chuvas ou irrigação. O ideal é evitar trabalhar com plantas molhadas. Porém, se isso não for possível, a recomendação é aplicar cobre um dia antes ou até oito horas depois da poda ou colheita em pomares com a presença da doença, afirma. Se a aplicação demorar, a bactéria penetra na planta e o cobre não consegue mais realizar o controle. Sua ação é preventiva, esclarece. As chances de contaminação também diminuem conforme aumenta a idade do ferimento. Como as lesões mecânicas tendem a cicatrizar em até sete dias, não é preciso aplicar cobre se não houver previsão de chuvas nesse período, explica. "O IDEAL É EVITAR TRABALHAR COM PLANTAS MOLHADAS", DIZ FRANKLIN BEHLAU, PESQUISADOR DO FUNDECITRUS REVISTA 31

32 Um case. Um causo. De 40 anos. De tanto percorrer o futuro, o Fundecitrus ficou à frente de seu tempo. Com pesquisa de estimativa de safra, mestrado profissional e trabalhos de ciência e sustentabilidade, a instituição tornou-se um dos centros de inteligência do setor citrícola mais respeitados do mundo. Ao expandir as fronteiras do conhecimento, conquistou a confiança dos citricultores, que mantêm suas porteiras abertas para o Fundecitrus. Eles sabem que as soluções práticas desenvolvidas pelo Fundecitrus ajudam na defesa fitossanitária e na produtividade dos pomares. 32 REVISTA

METODOLOGIA. Amostragem estratificada proporcional: talhões das principais variedades de laranjas (97% das laranjeiras).

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