Trabalho de Conclusão de Curso
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- Carlos Eduardo Wagner Ramalho
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1 1 Trabalho de Conclusão de Curso IMPACTO DO TRAUMATISMO DENTAL NA QUALIDADE DE VIDA DE PRÉ ESCOLARES DO MUNICÍPIO DE FLORIANOPOLIS-SC Sthefani Bastos Schmidt Universidade Federal de Santa Catarina Curso de Graduação em Odontologia
2 2 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA Sthefani Bastos Schmidt IMPACTO DO TRAUMATISMO DENTAL NA QUALIDADE DE VIDA DE PRÉ ESCOLARES DO MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS-SC Trabalho apresentado à Universidade Federal de Santa Catarina, como requisito para a Conclusão do Curso de Graduação em Odontologia. Orientadora: Prof. Drª. Mariane Cardoso Florianópolis 2014
3 3 Sthefani Bastos Schmidt IMPACTO DO TRAUMATISMO DENTAL NA QUALIDADE DE VIDA DE PRÉ ESCOLARES DO MUNICIPIO DE FLORIANÓPOLIS-SC Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado, adequado para obtenção do título de Cirurgiã- Dentista e aprovado em sua forma final pelo Departamento de Odontologia da Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 24 de Julho de Banca Examinadora:
4 4 Aos meus pais, Robert João Schmidt e Marinês Bastos Schmidt, por todo o amor e os esforços dedicados a mim e ao cumprimento de mais esta jornada
5 5 AGRADECIMENTOS A Deus, pelo dom da vida, razão da minha existência. Aos meus pais Robert e Marinês por serem meus alicerces e por torcerem pelo meu sucesso. Ao meu irmão Robert, pelo amor, amizade e companheirismo em todas as horas A toda à minha família, tios, tias, primas e primos, por sempre torcerem pelo meu sucesso. Em especial, aos meus avós Rubi Léa, Ilza e Antônio, por todo amor e carinho dedicados a mim sempre Ao meu namorado, Thiago, por todo amor, carinho, cumplicidade e paciência nestes anos de faculdade. À minha orientadora Prof.ª. Mariane Cardoso, por quem tenho grande admiração carinho, pelo esforço de me orientar neste desafio, pela paciência e dedicação, sabedoria repassada e pela confiança a mim depositada. Aos professores do curso de Odontologia, que além de passarem os seus conhecimentos me ajudaram a enfrentar as minhas dificuldades. As mestrandas Loraine, Carla ao Professor Marcos e as minhas colegas Kerli e Barbara, pela dedicação, amizade e companheirismo nesta jornada. A minha dupla de clínica: Mayara, pela amizade, companheirismo e aprendizado. À Ana Clara, Andressa, Bruna, Fabio, pela amizade, bons momentos e ombro amigo nas horas de sufoco. Aos demais colegas do curso de odontologia da 09/2 UFSC E a todos aqueles que direta ou indiretamente contribuíram com a realização desta conquista, meus sinceros agradecimentos.
6 6 Olhar para trás após uma longa caminhada pode fazer perder A noção da distância que percorremos, mas se nos detivermos em Nossa imagem, quando a iniciamos e ao término, certamente nos Lembraremos o quanto nos custou chegar até o ponto final, e hoje Temos a impressão de que tudo começou ontem." João Guimarães Rosa
7 7 RESUMO Objetivo: Verificar o impacto do traumatismo dental sobre a Qualidade de Vida Relacionada à Saúde Bucal de crianças pré-escolares do município de Florianópolis- SC. Materiais e métodos: Este estudo transversal foi realizado através de exames clínicos de 193 pré escolares entre 2 a 5 anos em creches municipais do município de Florianópolis, após autorização dos pais e/ou responsáveis. O exame clínico das crianças foi realizado por três examinadores previamente calibrados (Kappa >0,7). Foram coletados os seguintes dados clínicos: gênero, idade, traumatismo dental ( índice OMS), comprometimento estético e overjet. O questionário ECOHIS foi enviado aos pais e responsáveis para obter a percepção sobre a saúde bucal de seus filhos e da família. Resultados: Das crianças examinadas 52% eram meninos e 48% meninas; 31% tinha entre 2 e 3 anos, 69% entre 4 e 5 anos de idade; 71% apresentaram traumatismo (fratura esmalte-dentina, alteração de cor da coroa ou presença de abscesso/fistula), 23% apresentaram comprometimento estético; 36% apresentavam overjet 3mm e 60% overjet < 3mm. Os resultados demonstraram associação não significante (p>0,05) do traumatismo com o impacto negativo na qualidade de vida da criança. As análises univariada e multivariada de Poisson mostraram que não houve impacto negativo ao analisar o traumatismo para a subescala impacto na qualidade de vida da criança (p>0,05) e para a subescala impacto na qualidade de vida da família (p>0,05). Conclusão: A presença do traumatismo dental não causou impacto negativo na qualidade de vida dos pré-escolares estudados. Descritores: qualidade de vida, trauma dental, dente decíduo
8 8 ABSTRACT Objectives: To investigate the impact of dental trauma on Quality of Life Related to Oral Health for children in preschool. Materials and methods: This cross-sectional study was performed by clinical examination of 193 toddlers between 2 and 5 years in public schools after authorization from the parents and / or guardians. The clinical examination of the children was carried out by three calibrated examiners (kappa> 0.7). Gender, age, dental trauma (WHO), aesthetic relevance and overjet: The following data were collected. The questionnaire ECOHIS was sent to parents and guardians get their perception on the oral health of their children and family. Results: From the sample 52% were boys and 48% girls; 31% (2-3 years old), 69% (4-5 years old), 71% had fracture enamel-dentin crown color change or the presence of abscess fistula; 23% had impaired aesthetic, 36% had 3mm overjet and 60% overjet <3mm. Results showed no significant association (p> 0.05) trauma to the negative impact on quality of life of the child. Univariate and multivariate Poisson analysis showed no negative impact to analyze the trauma for the subscale "impact on quality of life of the child" (p> 0.05) and for the subscale "impact on the quality of family life" (p> 0.05). Conclusion: the presence dental trauma caused no negative impact on quality of life of preschool children. Descriptors: quality of life, dental trauma, deciduous tooth
9 9 LISTA DE TABELAS Tabela 1- Analise descritiva das variáveis analisadas...31 Tabela 2-Prevalência da Qualidade de Vida Relacionada à saúde bucal em pré escolares...32
10 10 LISTA DE ABREVIATURAS DE SIGLAS (ECOHIS) Early Childhood Oral Health Impact Scale (QV) Qualidade de vida (QVRSB) Qualidade de vida relacionada a saúde bucal (FIS) Seção de Impacto da família (CIS) Seção de Impacto da criança (OMS) Organização Mundial da Saúde (LDTs) lesões dentárias traumáticas (DAS) Questionário sobre ansiedade materna (TD) Traumatismo dentário (AMT) Traços de maloclusão (ECC) Lesão de carie na primeira infância (SC) Santa Catarina
11 11 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO REVISÃO DE LITERATURA Qualidade de Vida Relacionada à Saúde Bucal de crianças Traumatismo na dentição decídua OBJETIVOS Objetivo Geral: Objetivos específicos: MATERIAIS E MÉTODOS Delineamento da pesquisa: Considerações éticas: Seleção da Amostra: Projeto Piloto: Exame clinico: Análise do Comprometimento Estético: Avaliação do trauma: Aplicação do questionário (B-ECOHIS) aos pais/responsáveis RESULTADOS DISCUSSÃO CONCLUSÃO REFERÊNCIAS Apêndice A- Parecer Consubstanciado do CEP Apêndice B- Termo de Consentimento Livre e Esclarecido Apêndice C- Questionário de qualidade de vida ECOHIS Apêndice D- Ficha de Anotação do Exame Clínico... 42
12 12 1 INTRODUÇÃO O traumatismo buco-dentário é um sério problema de saúde que pode acarretar dor, perda de função, estética pobre e problemas psicológicos, tanto para a criança quanto para os seus pais. O trauma pode ser representado desde uma pequena fratura do esmalte até a perda definitiva do elemento dentário. Alterações como perda de estrutura dentária, sensibilidade, presença de dor, mobilidade, reabsorções radiculares e necrose pulpar, podem ser observadas nos indivíduos que sofreram trauma dental. (SOUZA et al., 2008; TRAEBERT e CLAUDINO, 2012). O trauma dental é mais comum em crianças pré-escolares, uma vez que, durante este período, a criança está aprendendo a engatinhar, ficar de pé, andar e correr. A causa mais habitual das lesões dentárias traumáticas em idade precoce são as quedas e colisões acidentais, devido à habilidade motora da criança estar em desenvolvimento. As quedas acostumam ocorrer principalmente dentro da própria casa aonde vive. Na maioria dos estudos, o gênero de maior prevalência em relação ao traumatismo dental é o sexo masculino, este fato pode acontecer por que em idade pré escolar, os meninos são mais agitados que as meninas, sofrem mais quedas e preferem brincadeiras mais perigosas. (DE PÁDUA et al., 2009; ALDRIGUI et al., 2011; CARVALHO et al., 2012). Quando o traumatismo afeta os dentes decíduos, o principal objetivo é evitar maiores consequências para o dente envolvido e, principalmente, para o germe de seu sucessor. (JACOMO, CARVALHO, CAMPOS, 2008). Injúrias ao dente e à face de crianças jovens são traumáticas não somente no sentido físico, como também no psicológico, levando à ansiedade e à angústia da criança e dos pais, pois, em sua maioria, são afetados os dentes anteriores. (TRAEBERT e CLAUDINO, 2012). Dentes traumatizados causam impacto negativo na qualidade de vida desde a impossibilidade de partir os alimentos e falar claramente até o constrangimento em sorrir, tendo em vista que os dentes mais afetados são os incisivos centrais superiores. Um dente anterior fraturado pode levar à incapacidade física, como dificuldade na mastigação, fonação ou ambos. Pode também proporcionar embaraço social e psicológico, como evitar sorrir, afetando o relacionamento social (MOTA et al., 2011; TRAEBERT e CLAUDINO, 2012).
13 13 Classificar a saúde em boa, má ou razoável, é também definir a qualidade de vida, pois ela surge das condições de classe social, das relações no trabalho da alimentação, da moradia, do saneamento básico, do meio ambiente saudável, do acesso à educação, transporte, ao lazer, aos serviços de saúde, enfim, de tudo o que diz respeito à vida. As pessoas percebem a importância da saúde bucal para a qualidade de vida sob uma variedade de formas nos domínios físico, social e psicológico, sendo que a capacidade de se alimentar e a ocorrência de dor e desconforto costumam ser considerados os aspectos positivos e negativos mais relevantes para a qualidade de vida, respectivamente. Problemas orais, como cárie, traumatismos dentários, problemas de erupção dentária, patologia dos tecidos moles bucais e oclusopatias, podem levar a impactos funcionais, sociais e psicológicos devido a quadros de dor, insônia, dificuldade de alimentação e do ato de sorrir (TESCH et al., 2007; BARBOSA et al., 2009; BAPTISTA et al., 2012). Nota-se a importância da avaliação do impacto dessa condição na qualidade de vida relacionada à saúde bucal, através de instrumentos específicos, os quais são construídos sob a forma de questionários, que procuram medir, por meio de respostas organizadas e escalas numéricas, a influência das condições de saúde nos domínios físico, psicológico, material e social, na criança e na família. O ECOHIS inclui itens originados do COHQOL que foram testados e considerados relevantes para avaliar a qualidade de vida relacionada a saúde bucal de crianças com idade entre 2 a 5 anos. O instrumento possui uma subescala para a criança e outra para a família e deve ser preenchido pelos responsáveis das crianças. Ele acessa tanto o impacto da saúde bucal na vida diária da criança, como o impacto relativo aos tratamentos dentários que ela possa ter realizado. (TESH et al., 2007). O tratamento do indivíduo com qualquer acometimento dentário também tem influência na sua qualidade de vida, este deve contemplar além da cura física, o restabelecimento dos aspectos psicossociais. Para que a abordagem das crianças com traumatismos dentários seja feita de maneira efetiva é fundamental que a repercussão do seu tratamento sobre a qualidade de vida seja considerada. Assim, tornam-se cada vez mais necessários instrumentos que auxiliem o cirurgião dentista e demais profissionais responsáveis por estas crianças e adolescentes para avaliar não só a presença da doença bucal, como também a qualidade de vida desses indivíduos. (ANTUNES et al., 2011; BARBOSA et al., 2010)
14 14 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1- Qualidade de Vida Relacionada à Saúde Bucal de crianças Um estudo realizado por Veigas et al. (2009) avaliou o impacto do traumatismo dentário (TD) sobre o bem estar funcional, social e psicológico de crianças e de suas famílias, bem como a prevalência do trauma dental na dentição decídua e seus fatores predisponentes. Este estudo transversal, foi realizado com 388 crianças, com idade entre 60 a 71 meses, de ambos os sexos. Os dados sobre a qualidade de vida das crianças, foram coletados por meio de um questionário, o ECOHIS (Childhood Oral Health ImpactScale) qual foi enviado aos pais/responsáveis para que eles respondessem as perguntas. A análise dos dados envolveu o teste do qui quadrado e a análise de regressão de Poisson múltipla. Concluiu-se que a qualidade de vida das crianças e de suas famílias não foi influenciada pela ocorrência de trauma dental detectado no exame clínico, mas as famílias e crianças que tiveram o trauma dental percebido pelos pais/responsáveis tiveram uma chance maior de impacto sobre a qualidade de vida. Goetmess (2011) Avaliou a influência da ansiedade dental materna, sobre a percepção oral e a qualidade de vida relacionada a saúde bucal (QVRSB) em crianças pré-escolares. Participaram da pesquisa 608 das mães que levaram os seus filhos para participar da Campanha de vacinação. As mães responderam um questionário sobre a ansiedade dental (DAS) e nível socioeconômico, uso de serviços odontológicos. E para a percepção da qualidade de vida relacionada a saúde bucal de seus filhos, utilizou-se o questionário ECOHIS. Conclui-se que o impacto maior sobre a qualidade de vida relacionada à saúde bucal foi observado em crianças que apresentavam carie dental não tratada, cujas mães não tinham concluído o ensino primário e aqueles que não tiveram o uso regular dos serviços odontológicos. A ansiedade teve um efeito negativo sobre a percepção do impacto dos problemas de saúde bucal da criança na família, afetando o sofrimento dos pais. Abanto et al. (2011) Avaliaram o impacto da cárie na primeira infância (ECC), lesões dentarias traumáticas, e traços de maloclusões (TMA), na qualidade de vida relacionada a saúde bucal (QVRSB) de crianças entre 2 a 5 anos de idade. Os pais de 260 crianças responderam o questionário sobre qualidade de vida (ECOHIS). Dois dentistas calibrados examinaram a gavidade da cárie de acordo com o indice ceo-d, e as
15 15 crianças foram categorizadas em, 0 = livre de cárie 1-5= baixa gravidade; ±6= alta gravidade. Lesões dentárias traumaticas e traços maloclusões foram examinados de acordo com a classificação de Andreasene Andreasen (1994). A gravidade da carie na primeira infancia (ECC) mostrou um impacto negativo sobre a qualidade de vida relacionada a saúde bucal. (P<0,001). Lesões dentárias traumaticas (TDI) e traços de maloclusão (TMA) não mostraram impacto negativo sobre qualidade de vida relacionada a saúde bucal (QVRSB) em nenhum domínio (P>0,05) do ECOHIS. Os resultados mostraram que a gravidade da carie na primeira infancia (ECC), teve um impacto negativo sobre o QVRSB de crianças pré-escolares e seus pais. Aldrigui et al. (2011) Avaliou o impacto das lesões dentárias e maloclusões em crianças de 2 a 5 anos de idade. Os pais de 260 crianças responderam ao questionário (ECOHIS) sobre sua percepção da qualidade de vida relacionada a saúde bucal. Dois cirurgiões-dentistas avaliaram os tipos de traumatismos e presença de traços de maloclusão anterior, sendo estas: mordida aberta anterior e overjet. Lesões não complicadas foram definidas como aquelas em que o tecido pulpar não foi exposto e o dente não foi deslocado (coroa com fratura de esmalte, coroa fratura de esmalte e dentina, concussão, subluxação). Lesões complicadas foram consideradas envolvendo (exposição do tecido pulpar e / ou luxação do dente, fratura complicada da coroa, fratura da raiz, luxação lateral, luxação extrusivaluxação intrusiva e avulsão).a presença de traços de maloclusão anterior, não mostrou um impacto negativo sobre a média geral da qualidade de vida em saúde bucal. Lesões traumáticas, apenas as complicadas, como avulsão dental, produziram um desconforto estético que às vezes só é resolvido quando os dentes são substituídos. Além disso, luxação lateral, luxação extrusiva e intrusiva, causaram mudança de posição dos dentes e podem prejudicar a harmonia do sorriso, Conclui-se que as lesões traumáticas complicadas sendo avulsão, luxação lateral, luxação extrusiva e intrusiva, tiveram um impacto negativo sobre a saúde bucal das crianças, diferente das lesões de maloclusão que não mostraram diferenças significativas. Martins et al. (2011) através de um estudo comparativo, avaliou os fatores determinantes da qualidade de vida relacionada à saúde bucal (OHRQoL) de crianças pré-escolares e suas famílias residentes em zona urbana e em zonas rurais de extrema pobreza. Foi realizado um estudo transversal com 391 crianças e seus pais, das zonas urbana e rural de Diamantina/MG, selecionadas aleatoriamente durante a Campanha Nacional de Vacinação Infantil. Os pais das crianças responderam à versão brasileira do
16 16 Early ChildhooOral Health Impact Scale(B-ECOHIS). Os exames clínicos das crianças foram realizados para avaliar cárie dentária, defeitos de desenvolvimento de esmalte, fluorose dentária, lesões ou variações da normalidade da mucosa bucal e má oclusão. Análise estatística envolveu análise descritiva, teste de Mann-Whitney, teste do quiquadrado e regressão linear múltipla. O nível de significância estabelecido foi de 5%. Diferenças significativas foram encontradas entre local de residência e: gênero (P= 0,008), número de filhos (P=0,001) e defeitos de desenvolvimento de esmalte (P= 0,035). Problemas bucais como cárie dentária e defeitos de desenvolvimento de esmalte afetaram negativamente a qualidade de vida de crianças pré-escolares e suas famílias. Na zona urbana, o número de dentes cavitados e defeitos de desenvolvimento de esmalte contribuíram para diminuição da qualidade de vida das crianças pré-escolares e suas famílias. Na zona rural, somente o número de dentes cavitados comprometeu significativamente a vida diária dos pré-escolares e suas famílias. Ribeiro et al. (2012) teve como objetivo avaliar a qualidade de vida e bem-estar subjetivo das crianças respiradoras orais e validar o questionário de qualidade de vida. Participaram da pesquisa, crianças respiradoras orais entre 2 e 12 anos que foram atendidas no Ambulatório do Respirador Oral do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais e convidadas a participar desta pesquisa. O questionário de qualidade de vida do respirador oral, foi aplicado em crianças e seus acompanhantes em momentos distintos e avaliados de acordo com a intervenção realizada. A avaliação de bem-estar subjetivo foi realizada através de entrevista com questionamento direto sobre felicidade, qualidade de vida, seus determinantes e interferência do padrão respiratório. As crianças respiradoras orais em geral são felizes, sendo as relações familiares e o lazer os principais determinantes. O questionário de qualidade de vida do respirador oral poderá contribuir para a avaliação e acompanhamento das crianças respiradoras orais pelos profissionais de saúde. É importante a avaliação do bem-estar subjetivo e de questionamentos sobre interferências nas atividades de lazer, humor e sono, assim como nas relações interpessoais. Veigas et al. (2012), avaliaram o impacto do traumatismo dentário sobre a qualidade de vida de 388 crianças pré-escolares na faixa etária entre 60 e 71 meses e suas famílias. Foi realizado exame clínico das crianças e enviado um questionário abordando a história do trauma dental, dados demográficos, e a Escala de Impacto sobre a Saúde Bucal na Primeira Infância (ECOHIS) para os pais/cuidadores. O impacto na qualidade de vida relacionada à saúde bucal QVRSB das crianças e suas famílias foi de
17 17 aproximadamente (49%) e (35%), respectivamente. O modelo de regressão de Poisson ajustado revelou que o QVRSB das crianças e suas famílias foi significativamente relacionado com o relatório de ocorrência do traumatismo em dentes decíduos. Fatores socioeconômicos foram associados com a qualidade de vida das crianças e suas famílias. Poucos estudos na literatura odontológica têm avaliado o impacto do traumatismo dental na qualidade de vida das crianças, é, portanto, importante que seja investigado essas questões ainda mais. As famílias e crianças que tiveram traumatismo dentário percebidos pelos pais/cuidadores, tiveram uma maior chance de relatar um impacto na qualidade de vida. Kramer et al. (2013) avaliaram o impacto da qualidade de vida relacionada a saúde bucal, em crianças e seus familiares do município de Canoas - RS. O estudo foi realizado com crianças, com idade de 2 a 5 anos de todas as escolas públicas do munícipio, e os pais foram convidados a responder o questionário (ECOHIS). Dos resultados obtidos 17,4% dos pais, relataram que seu filho teve um impacto negativo em pelo menos um item do questionário (ECOHIS). A prevalência de ter qualquer impacto sobre QVRSB era quase três vezes maior para as crianças com cárie dentária 95%,em comparação com aqueles que estavam livres de cárie, e cerca de 1,5 vezes maior para os que apresentavam trauma dental. Os resultados também mostraram que crianças que tinham pais com condições bucais desfavoráveis tinham maior chance de ter uma pior qualidade de vida relacionada a saúde bucal. 2.2-Traumatismo na dentição decídua Souza et al. (2008) avaliaram a prevalência dos traumas dentários de crianças atendidas na disciplina de Odontopediatria da Universidade Federal do Ceará. Durante o período de janeiro de 2002 a dezembro de 2005, 312 pacientes apresentaram-se à clínica citada, totalizando 489 dentes traumatizados, sendo as informações contidas em suas fichas clínicas coletadas e submetidas à análise estatística. A amostra foi constituída por 61,9% meninos e 38,1% meninas, numa proporção de 1,6:1. A maior frequência de trauma ocorreu na primeira infância (33,7%), sendo a média da idade de 5 a 6 anos. A causa mais comum de trauma foi queda (63,5%) e a maioria (60,3%) das injúrias traumáticas ocorreram em casa. Os incisivos centrais superiores foram os dentes mais
18 18 afetados (82,7%). Luxação intrusiva foi o tipo de trauma mais comum na dentição decídua (32,3%), e fratura coronária de esmalte e dentina sem exposição pulpar, na dentição permanente (46,7%). A maioria dos pacientes procurou atendimento 1-7 dias após a ocorrência do trauma (25,0%). Na dentição decídua as injúrias traumáticas por luxação foram mais prevalentes, e na dentição permanente, ocorreram mais fraturas coronárias nesta amostra. Goetmess et al.(2009) descreveram a prevalência de fraturas dentárias em crianças na dentição decídua no estado do Rio Grande do Sul. A coleta de dados foi realizada por cirurgiões-dentistas previamente treinados. No estado do Rio Grande do Sul, foram coletados dados de pessoas nos 7pólos regionais do estado (Sul, Serra, Norte, Missioneira, Vales, Metropolitana e Centro-oeste), a fim de garantir representatividade de todas as regiões. Do total, eram crianças pré-escolares, sendo da faixa etária de 18 a 36 meses e com 5 anos de idade. Houve prevalências encontradas de traumatismo e de cárie nos diferentes grupos etários avaliados. Dessa forma, dados quanto à presença de fratura dentária de crianças foram obtidos. A prevalência de fratura dentária em crianças no estado foi 2,1%, sendo de 1,5% em crianças de 18 a 36 meses e 1,8% aos 5 anos, na dentição decídua. Evidenciou-se que traumatismo dentário apresenta tendência de aumento com idade. Kramer et al. (2009) Verificou a prevalência de injúrias traumáticas na dentição decídua e fatores associados em pré-escolares do município de Canela/RS. Foram examinadas 1095 crianças, de ambos os sexos, na faixa etária entre zero e cinco anos. A coleta de dados foi realizada durante a Campanha Nacional de Multivacinação e envolveu a aplicação de um questionário para a coleta das variáveis demográficas, experiência odontológica anterior, relato dos responsáveis e exame físico para detecção de sinais clínicos de trauma. A prevalência de traumatismo observada foi de 23,6%, sem diferença significativa entre os sexos. A faixa etária mais afetada foi entre dois e três anos e o dente mais atingido foi o incisivo central superior (83,8%). As lesões aos tecidos duros representaram 71,7% da amostra, enquanto que as lesões aos tecidos de sustentação representaram 11,2%. A alta prevalência de injúrias traumáticas observadas nos pré-escolares de Canela, assim como sua localização e distribuição, contribuem para o estabelecimento de um perfil epidemiológico da população brasileira. Destaca-se também a associação verificada entre a presença de sinal clínico de trauma e o relato do responsável, assim como a indicação de que episódios de trauma, muitas vezes, justificam a primeira consulta ao cirurgião- dentista.
19 19 Jorge et al. (2009) investigaram a prevalência do traumatismo dental em 519 crianças de 1-3 anos de idade na cidade de Belo Horizonte/Brasil. O exame bucal foi realizado por nove examinadores calibrados, durante uma campanha de vacinação. A prevalência de trauma dental foi de 41,6%. A lesão de maior ocorrência foi fratura de esmalte (37,2%). A porcentagem de pacientes que recebeu atendimento odontológico nas primeiras 24 horas foi de 4,1% da amostra. Não houve diferença estatisticamente significativa entre sexos. As etiologias mais relatadas foram às quedas 28,8% e colisões 6,8%. Não houve associação estatisticamente significativa entre a prevalência de trauma dental e hábitos de sucção não nutritivos, cárie dentária ou incompetência labial. Carneiro Pádua et al.(2010) Realizou um estudo com os seguintes objetivos: I) avaliar a prevalência das lesões dentárias traumáticas (LDTs) em pré-escolares; II) comparar a prevalência em escolas públicas e particulares; III) avaliar a necessidade de tratamento das LDTs. Foi realizado um levantamento transversal em crianças de 12 a 71 meses, de ambos os gêneros, residentes no município de Catalão de escolas públicas e particulares. Todas as escolas particulares do município foram convidadas a participar da pesquisa (14 escolas). A coleta de dados foi realizada através da entrega de uma ficha contendo identificação e termo de consentimento livre e esclarecido às crianças, para essas entregarem aos seus pais. O exame clinico foi realizado nas próprias escolas, na cadeira escolar com o auxílio de espelho bucal, pinça clínica, sob luz natural. O exame dentário para LDTs (lesões dentarias traumáticas) incluiu somente dentes decíduos anteriores. Segundo os exames, crianças de ambas as escolas sofreram traumatismos, sendo que, a alteração de cor da coroa foi o tipo mais encontrado pelas crianças de escolas particulares e fratura de coroa envolvendo apenas esmalte pelas crianças de escolas públicas. O dente mais acometido foi o incisivo central superior, sem diferença estatística entre os lados direito e esquerdo. A prevalência das LDTs foi de 14,8%. O incisivo central superior foi o dente mais afetado sem diferença entre os lados. As meninas apresentaram menos trauma que os meninos (p<0,05) e a prevalência foi menor em escolas públicas (p<0,05). O trauma mais comum nas instituições públicas foi fratura de coroa envolvendo apenas esmalte, e nas privadas foi alteração de cor da coroa. Os resultados mostraram grande necessidade de tratamento, 41,4% para escolas públicas e 27,1% para particulares. Conclui-se que a prevalência das LDTs foi 14,8%,
20 20 crianças de escolas particulares tiveram mais trauma e existe grande necessidade de tratamento. Moura et al. (2011) Através de um estudo retrospectivo, acompanharam dentes decíduos intruídos e observaram a ocorrência de seqüelas. Para a realização do estudo, foram avaliados prontuários de pacientes com história de traumatismo alvéolo dentária na dentição decídua, e selecionaram os prontuários de pacientes que sofreram intrusão com, no mínimo, dois anos de acompanhamento, verificando-se: 1-graus de intrusão e de reerupção; 2-presença de mobilidade dentária; 3-coloração e posição do dente após reerupção; 4-presença de fístula; 5-condição do canal pulpar e da região periapical; 6- presença de reabsorção radicular; e tratamento executado. Dentre os 435 pacientes atendidos, foram encontrados 83 casos de intrusão e 29 desses foram incluídos na amostra, totalizando 39 dentes decíduos traumatizados. Assim, as intrusões representaram 19,1% dos traumatismos observados. Embora o sexo feminino fosse o mais acometido (55,2%), não existiu correlação entre sexo e prevalência de dentes decíduos traumatizados. Em relação aos dentes atingidos, o mais acometido foi o 61 (34,4%), seguido pelo 51 (31,0%). Ainda, em 31,0% dos casos, os dois incisivos centrais superiores foram acometidos. O estudo aponta, ainda, que queda da própria altura foi a etiologia prevalente, com 58,6% dos casos. Do total de dentes, 27 tiveram reerupção total, três reerupção de 2/3 da coroa e nove esfoliaram ou foram extraídos. Observando-se as seqüelas, descoloração dentária foi a mais frequente, sendo encontrada em 23 dentes (79,3%). Quanto ao tratamento, dos 39 dentes, 28 foram apenas acompanhados (71,8%), nove necessitaram de endodontia (23,1%) e dois de extração (5,1%). Conclui-se que o monitoramento da reerupção espontânea dos dentes intruídos e a observação cuidadosa do aparecimento de sequelas são as melhores alternativas, pois algumas complicações podem aparecer vários meses após o traumatismo. Veigas et al.(2011) determinaram a prevalência de traumatismo dentário em dentes decíduos e investigaram fatores predisponentes. De um total de 388 crianças préescolares brasileiros entre 60 e 71 meses de idade. Realizaram um questionário abordando dados demográficos e a história do trauma dental para os pais / cuidadores responder. A prevalência do traumatismo dental foi de 62,1%. A fratura mais prevalente observada foi a de esmalte 61,7%. Foram encontradas associações estatisticamente significativas entre trauma dental e o aumento da sobressaliência [OR = 2,24, IC95% = 1,11-4,55] bem como mordida cruzada anterior [OR = 0,38, IC 95% = 0,17-0,87]. Não
21 21 foram encontradas associações estatisticamente significativas entre o traumatismo dental em crianças e o número de pessoas no domicílio, renda familiar, vulnerabilidade social, escolaridade dos pais/cuidadores. De Amorin et al. (2011) determinaram a prevalência de injúrias traumáticas em dentes decíduos de crianças menores de 7 anos atendidos em uma clínica odontológica pediátrica privada em Goiânia, Brasil. Um grupo de 150 crianças sem lesões traumáticas e com características semelhantes às de o grupo de trauma foram utilizadas para estudar os fatores predisponentes. A prevalência TDI foi de 11,9%, sem diferença significativa entre os sexos. Os incisivos centrais superiores foram os dentes mais frequentemente afetados 83,3%, e o tipo mais frequente de lesão foi subluxação 35,1%. O traumatismo foi mais prevalente na faixa etária de 13 a 36 meses 47,7%. A queda com 50,3% foi a causa mais comum. A casa foi o principal local de ocorrência do trauma 43,5%, seguido pela escola 10,1%. O primeiro exame ou tratamento ocorreu nas primeiras 24 horas em 46,5% dos casos. A análise dos fatores associados a predisponentes clínicos com o traumatismo dental não revelou diferença na cobertura dos lábios, no entanto, overjet 3 mm e o overbite negativo foram significativamente associados com traumatismo. Riveira et al. (2012) descreveram a distribuição de trauma dentoalveolar em dentes decíduos por sexo, idade, etiologia, onde ocorreu o trauma, diagnóstico da lesão e do tratamento dos dentes afetados. A amostra foi composta por 207 crianças beneficiárias do Odontopediátrico Centro de Referência de Simon Bolivar, com idades entre 1-7 anos que sofreram trauma do dente dentoalveolar anterior, durante os anos de , que corresponde de acordo com a classificação proposta por Andreasen (ano), as lesões que afetam o dente de suporte do tecido, lesão incluíram: subluxação, luxação lateral, luxação intrusiva, luxação extrusiva e avulsão. Os resultados obtidos permitem -nos observar um percentual maior de lesões em meninos com 60%, sendo a faixa etária mais comum entre 4 e 6 anos, os incisivos centrais superiores são os dentes mais afetados (39-40%). A etiologia mais comum corresponde a uma queda de 25%, sendo mais prevalente na escola ou jardim de infância ( 20%). O diagnóstico de trauma DENTOALVEOLAR mais frequentemente corresponde a subluxação aparecendo em 53% dos casos. O controleé o tratamento feito nestas trauma dentoalveolar. Segundo Carvalho et al. (2012) através de um estudo transversal, avaliou a prevalência de trauma dental em crianças brasileiras com idade entre 6-7 anos, no Nordeste e fazer correlação com o genero. O estudo foi realizado com crianças
22 22 que frequentam 20 escolas públicas da cidade do Recife, Brasil. A coleta de dados, foi realizada por quatro dentistas calibrados, em salas de aula, com iluminação natural, para identificar lesões dentarias traumaticas. A prevalencia de trauma dental, nas duas dentições foi de 9,1% (n=163). Crianças do sexo masculino foram significativamente mais afetados pelo trauma (P >0,05) A indicação comum de trauma dental foi, descoloração da coroa (5,0%), seguida por fratura de esmalte (2,9%), fratura de esmalte e detina (0,5%), luxação extrusiva (0,3%), luxação lateral (0,2%), seguida de luxação intrusiva (0,2%). Os incivos centrais superiores foram os dentes mais afetados pelo trauma. Conclui-se que a prevalência de trauma dental em dentes decíduos e permantentes foi baixa entre as idades de 6 a 7, e mostrou que crianças do sexo masculino foram significatimente mais afetadas por trauma em realçao ao sexo feminino.
23 23 3 OBJETIVOS 3.1-Objetivo Geral: O objetivo deste trabalho foi avaliar a frequência de lesões dentárias traumáticas em dentes decíduos em crianças na faixa etária de 2 a 5 anos, regularmente matriculadas nas creches do município de Florianópolis, Santa Catarina, e relacionar a qualidade de vida das mesmas e das suas respectivas famílias através do questionário ECOHIS. 3.2-Objetivos específicos: -Estimar a frequência do traumatismo dentário -Avaliar o impacto do traumatismo dentário na qualidade de vida relacionada a saúde bucal, levando-se em consideração as perspectivas das crianças. - Avaliar o impacto do traumatismo dentário na qualidade de vida relacionada a saúde bucal das respectivas famílias das crianças.
24 24 4 MATERIAIS E MÉTODOS 4.1-Delineamento da pesquisa: A pesquisa foi realizada através de um estudo transversal, sobre a ocorrência do trauma dental em dentes decíduos e o impacto do traumatismo dentário relacionado a Qualidade de Vida de crianças de 2 a 5 anos de idade regularmente matriculados nos Núcleos de Desenvolvimento Infantil (NEI) e nas Creches do Município de Florianópolis - Santa Catarina. 4.2-Considerações éticas: O projeto foi previamente submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos da Universidade Federal de Santa Catarina sendo aprovado (Apêndice A). A coleta de dados foi iniciada após a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido pelos pais e/ou responsáveis (Apêndice B) para a participação das crianças na pesquisa informando seus objetivos e procedimentos clínicos adotados. 4.3-Seleção da Amostra: Foram selecionadas, aleatoriamente, 193 crianças matriculadas em Creches municipais de Florianópolis com idade entre 2 a 5 anos. Os critérios de inclusão usados para a amostra, foram crianças que tinham sido autorizadas a participarem da pesquisa pelos seus pais, somente crianças com a dentição decídua completa, de ambos os sexos, sem doença sistêmica e neurológica. Foram excluídas da pesquisa as crianças que não comparecerem no dia do exame e que se recusaram a participar do exame Projeto Piloto: O estudo piloto foi realizado na Creche do Hospital Universitário (HU-UFSC) e envolveu 22 pré-escolares de 2 a 6 de idade para testar a metodologia, a compreensão dos instrumentos e realizar a calibração dos examinadores e anotadores. Para realização do projeto piloto a coleta de dados desenvolveu-se em duas etapas. A primeira etapa
25 25 constituiu-se do exame clínico da criança para detectar a presença de trauma dental. A segunda etapa foi constituída por meio de um questionário, (B-ECOHIS) enviado aos pais, para avaliar a qualidade de vida relacionada a saúde bucal das crianças préescolares. (Apêndice C). 4.5-Exame clinico: O exame clínico foi realizado por cirurgiões-dentistas previamente calibrados (Kappa> 0,7). Os profissionais estavam corretamente paramentados, com uso de luvas, máscaras, gorros e jalecos. Os exames foram realizados em sala de aula, com a utilização de espalho clínicos, sonda exploradora e sonda periodontal. A iluminação foi feito com o auxílio de lanterna de led, As crianças foram examinadas individualmente, sentadas em cadeiras tendo uma anotadora para preencher as fichas individualmente de cada examinador (Apêndice D). 4.6 Análise do Comprometimento Estético: O comprometimento estético foi definido como presente/ausente através de padrões estabelecidos pela avaliação dos examinadores durante a calibração dos exames clínicos (Kappa > 0,7). 4.7-Avaliação do trauma: Os tipos de trauma dental anterior foram classificados de acordo com a classificação de Andreasen & Andreasen (1994), a qual está baseada no sistema adotado pela Organização Mundial da Saúde. Tal classificação incluirá: Fratura de esmalte; Fratura de esmalte e dentina Alteração de cor Fistula/ abcesso Ausência dental. A medida overjet, foi analisada clinicamente em virtude de ser um fator predisponente à ocorrência do trauma dental. O overjet maxilar anterior é a medida da relação horizontal entre os incisivos e deve ser feita com os dentes em oclusão cêntrica.
26 26 Foi medida com a sonda periodontal paralela ao plano oclusal, e classificada da seguinte forma: (Apêndice D) Classe III Topo <3mm/Normal 3mm 4.8- Aplicação do questionário (B-ECOHIS) aos pais/responsáveis Após a realização dos exames, a versão brasileira do (B-ECOHIS) foi enviado aos pais e responsáveis para avaliar a qualidade de vida relacionada a saúde bucal das crianças e suas famílias. O questionário (B-ECOHIS) é composto por 13 questões divididas em dois domínios: a Seção de Impacto na Criança - CIS (parte 1) e a Seção de Impacto na Família - FIS (parte 2). A Seção de Impacto na Criança apresenta quatro subescalas: sintomas da criança, função da criança, psicologia infantil e autoimagem/interação social da criança. A Seção de Impacto na Família possui duas subescalas: angústia dos pais e função da família. O questionário é avaliado por meio de uma escala gradativa de cinco pontos, com as seguintes opções de resposta: "nunca" = 0; quase nunca = 1; às vezes = 2, com frequência = 3; "com muita frequência" = 4; não sei = 5. Os escores de cada pergunta são somados para determinar a pontuação total, que varia de 0 a 52. Escores mais altos denotam impacto mais negativo na qualidade de vida (Apêndice C) Análise estatística O teste Qui quadrado foi utilizado para verificar se houve associação entre as variáveis analisadas (comprometimento estético, trauma dental, overjet). A regressão de Poisson foi empregada para averiguar o traumatismo para a subscala impacto na qualidade de vida da criança e para a subscala impacto na qualidade de vida da família. Em ambos os testes estatísticos o nível de significância foi fixado em p<0,05.
27 27 5 RESULTADOS A amostra do presente estudo foi composta de 193 pré-escolares dos NEIs e Creches de Florianópolis, entre 2 e 5 anos de idade. Das 193 crianças examinadas, 144 apresentaram lesões traumaticas, correspondendo a (74,6%) e apenas 49 crianças não apresentaram nenhum tipo de trauma, correspondendo a (25,4%). Tabela 1: Tabela 1: Analise descritiva das variáveis analisadas (n=193) Características das crianças N % Gênero ,0% Masculino 91 48,0% Feminino Idade 2 anos de idade 15 7,7% 3 anos de idade 44 22,7% 4 anos de idade 67 34,8% 5 anos de idade 67 34,8% Trauma Fratura de esmalte Fratura de esmalte e dentina Alteração de cor Fistula e abcesso Ausência dental Outros traumas Não apresentaram trauma ,2% 16,1% 5,7% 2,6% 1,5% 1,5% 25,4% Estética Ausente ,7% Presente 45 23,3% Overjet 3mm 70 36,3% < 3mm ,7% Topo 3 1,5% Classe III 3 1,5% Dentre os dentes que sofreram trauma os incisivos centrais superiores foram os dentes mais afetados. Sendo que o dente 51 apresentou 69 (35%) e o dente 61 apresentou 62 (32%) de todas as crianças examinadas.
28 28 Tabela 2: Prevalência da Qualidade de Vida Relacionada à saúde bucal e dos questionários ECOHIS em pré escolares. Florianópolis, Brasil, (n =193) Domínio/item Média ± DP Prevalência (%) CRIANÇA Domínio Sintoma Dores nos dentes 0.37 ± Domínio função Dificuldade beber 0.27 ± quente/frio Dificuldade para 0.24 ± comer alguns. alimentos Dificuldade em 0.17 ± pronunciar palavras Faltou a creche 0.17 ± Domínio psicológico Dificuldade em 0.20 ± dormir Sentiu-se irritada 0.24 ± Domínio interação imagem/social Evitou sorrir ou rir 0.11 ± Evitou falar 0.14 ± IMPACTO SOBRE FAMILIA Domínio angustia Sentiu-se aborrecida 0.40 ± Sentiu-se culpada 0.40 ± Domínio função família Faltou ao trabalho 0.27 ± Impacto financeiro 0.23 ±
29 29 As análises univariada e multivariada de Poisson mostraram que não houve impacto negativo ao analisar o traumatismo para a subescala impacto na qualidade de vida da criança (p>0,05) e para a subescala impacto na qualidade de vida da família (p>0,05).
30 30 6 DISCUSSÃO A ocorrência de crianças afetadas por traumatismo dentário foi de 74,6% em relação as crianças que não apresentaram nenhum tipo de trauma 25,3%. Considerando a prevalência alta. Entretanto este estudo mostrou diferença significativa quanto ao gênero, sendo que o sexo masculino demostrou maior frequência de traumatismo. Isso corrobora com os dados de Pádua et al. (2010); Riveira et al. (2012); Carvalho et al. (2012). Este fato pode acontecer por que em idade pré-escolar, os meninos são mais agitados que as meninas, sofrem mais quedas e preferem brincadeiras mais perigosas. Kargull et al. (2003) afirmou que meninos são mais envolvidos em trauma por possuírem níveis mais elevados de epinefrina, dopamina e estresse emocional. No trabalho de Souza et al. (2008) evidenciou-se uma tendência de meninas sofrerem mais trauma por razão de queda enquanto que os meninos traumatizam-se mais devido a outros fatores. No entanto, De Amorin et al. (2011) ressalta que os meninos foram mais agitados que as meninas no passado, mas atualmente as atividades entre os gêneros são muito semelhantes. A idade de maior ocorrência é bastante controversa, possivelmente em função dos diferentes delineamentos dos estudos. No presente estudo a faixa etária entre 4 e 5 anos apresentou maior frequência de sinais clínicos de trauma, semelhante ao trabalho de Goetemees et al.(2009) onde relatam que com o aumento da idade as crianças apresentam maior tendência de sofrerem lesões dentárias traumáticas. Aldrigui et al.(2011) relata que durante o período pré escolar, a criança está aprendendo a engatinhar, ficar de pé, andar e correr. O estágio rudimentar de desenvolvimento de reflexos e a falta de coordenação podem levar a quedas, propiciando maior tendência de trauma dental nesta fase. Já a faixa etária de dois anos, mostrou menos sinais clínicos de traumas, semelhante ao trabalho de Kramer et al. (2011) aonde foi observou que lesões traumáticas são pouco comuns no primeiro ano de vida, em função da época de erupção dos dentes decíduos e da limitação dos movimentos da criança nesta fase. Porém, a partir do momento em que a criança adquire autonomia e começa a explorar o ambiente, é natural que aumente a incidência de injúrias traumáticas. Em relação às consequências geradas pelo traumatismo dental, Jácomo et al.(2008) relatam que quanto menor for a idade do paciente na época do traumatismo, mais severas serão as alterações de
31 31 desenvolvimento envolvendo a coroa do dente permanente. As formas de traumatismo identificadas com maior frequência neste estudo foram fraturas envolvendo apenas esmalte e fraturas envolvendo esmalte e dentina. Este resultado é semelhante a maioria das pesquisas de base populacional como os de Robson (2004), Jorge et al. (2009), Veigas et al. (2009), De Pádua. et al.(2010). Segundo Kramer et al. (2009) estudos retrospectivos, em geral, apresentam as fraturas coronárias como mais prevalentes. Por outro lado, nos estudos prospectivos as lesões serão apenas diagnosticadas se o paciente procurar atendimento, o que raramente ocorre em traumas menores. Nestes, as lesões aos tecidos de sustentação costumam apresentar maior prevalência. Desta forma, os resultados das pesquisas podem não corresponder à realidade. Em relação ao comprometimento estético, 148 crianças não apresentaram alterações estéticas, o que corresponde a (76,7%) em relação as crianças que apresentaram comprometimento estético, 45 correspondendo (23,3%). Ao contrário de outros estudos, no trabalho de Andreasen (2002) crianças com alterações estéticas apresentam maior chance de terem auto percepção negativa em relação a sua boca do que as sem alteração estética, o que revela a insatisfação da criança em ter um comprometimento estético dental. As crianças enxergam o seu problema estético dental e isso as afeta negativamente. Quanto à localização, parece haver um consenso na literatura, de que o arco superior é o mais afetado, e o dente mais atingido é o incisivo central superior, sem diferença significativa entre o lado direito e esquerdo. No presente estudo os incisivos centrais superiores representaram (67%) dos dentes afetados. De Pádua et al.(2010) relatou em seu trabalho que os incisivos superiores são dentes mais protruidos que os inferiores. Esse fato propicia esses dentes a serem os mais acometidos e tendem a serem os primeiros a receberem um golpe, produzindo lesões dentarias traumáticas. A posição vulnerável destes dentes no arco, favorece o impacto sobre os mesmos (DA COSTA et al., 2011). Em relação ao overjet, tem sido discutido por vários autores qual seria o valor considerado de um overjet aumentado ou não. Traebert et al. (2010) afirma em seu trabalho, que ter um tamanho de overjet maior do que 3mm aumenta a chance de sofrer traumatismo dentário, seguindo a mesma linha de pensamento Robson (2004) afirma que a chance de uma criança com proteção labial inadequada ter traumatismo é duas
32 32 vezes maior que a chance de uma criança com proteção labial adequada ter problemas bucais. É importante conhecer o impacto das alterações bucais na qualidade de vida de crianças, pois essas informações podem auxiliar no planejamento de ações e políticas. Geralmente, os indicadores de qualidade de vida associada à saúde são construídos sob a forma de questionários compostos de itens (perguntas) que procuram medir, por meio de respostas organizadas sob a forma de escalas numéricas, o quanto aspectos da vida das pessoas, nos domínios físico, psicológico, material e social, entre outros, são afetados pelas condições de saúde (BERNABÉ et al., 2007; TESCH FC et al. 2007). A qualidade de vida da criança neste estudo foi avaliada pelo questionário ECOHIS, semelhante aos trabalhos de Veigas et al. (2012), Abanto et al. (2011). A presença do traumatismo dental não causou impacto negativo na qualidade de vida dos pré-escolares estudados. Diferente de alguns trabalhos como o de Aldrigui et al., (2011) aonde relatam que lesões dentarias traumáticas, geram maior impacto negativo na qualidade de vida das crianças, pelo fato, de ser mais fácil para os pais lembrarem episódios recentes que causaram grande desconforto e dor para a criança, além das mudanças repentinas na estética. Um estudo realizado em Belo Horizonte MG mostrou ser alto o impacto negativo gerado pelo traumatismo: crianças com dentes fraturados e não tratados demonstraram 20 vezes a chance de sofrerem impacto em sua qualidade de vida diária, se comparadas com crianças sem dentes traumatizados. Crianças com dentes fraturados relataram um impacto negativo ao comer ou saborear a comida, higienizar seus dentes, sorrir, dar gargalhadas ou mostrar seus dentes sem embaraço, ao manter seu estado emocional normal, sem traços de irritação e no contato social com outras pessoas. Instrumentos desenvolvidos para mensurar a qualidade de vida relacionada à saúde bucal de crianças também deve investigar o impacto destes problemas sobre a qualidade de vida da família, já que são fatores inseparáveis. Neste estudo, considerando apenas as perguntas relativas ao impacto sobre a família, 26% apresentou pelo menos um impacto, sendo que o item ficou aborrecido e sentiu-se culpado foram o impacto mais frequentemente mencionado. No estudo realizado por Tesch (2005), este item juntamente com o sentiu-se culpado foram os impactos mais citados. Com relação aos itens faltou ao trabalho e teve impacto financeiro praticamente não houve nenhum impacto. Isso se deve ao fato da maioria das mães ficarem em casa tomando conta de seus filhos como também de serem atendidas por um serviço público.
33 33 Portanto, ter conhecimento de que os problemas bucais e seus tratamentos causam impactos sobre a qualidade de vida da criança e de seus responsáveis é essencial. Assim, podemos elaborar estratégias que permitam tratar os problemas de saúde bucal das crianças de forma mais ampla, valorizando a implicação destes problemas no contexto de vida da criança e também de seus familiares. Esta conduta certamente valoriza o aspecto humano de nossa profissão (Tesch, 2005).
34 34 7 CONCLUSÃO Com base nos resultados obtidos, pôde-se concluir que: -Os traumatismos dentários ocorreram numa frequência alta, a idade mais acometida por traumas foram entre 4 a 5 anos. Sendo que os incisivos superiores foram os dentes mais atingidos e as fraturas de esmalte e esmalte/dentina foram mais prevalentes. - Não houve impacto negativo ao analisar o traumatismo para a subescala impacto na qualidade de vida da criança. -Não houve impacto negativo ao analisar o trauma para a subescala impacto na qualidade de vida da família.
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39 39 9 ANEXOS Apêndice A- Parecer Consubstanciado do CEP
40 Apêndice B- Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 40
41 Apêndice C- Questionário de qualidade de vida ECOHIS 41
42 Apêndice D- Ficha de Anotação do Exame Clínico 42
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