ANÁLISE DAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS DO PRÉDIO DA FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO/UFPEL
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- Letícia Ribeiro Franco
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1 ANÁLISE DAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS DO PRÉDIO DA FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO/ A. TORRES C. PALIGA Prof. Arquitetura Prof. Arquitetura arielatorres@gmail.com charlei.paliga@ufpel.edu.br F. AL ALAM A. RODRIGUES Aluno Mestrado Arquitetura Aluna Mestrado Arquitetura fernando.wulff@ufpel.edu.br aretusarodrigues@hotmail.com M. KURZ S. PADILHA Aluna Mestrado Arquitetura Aluno Mestrado Arquitetura monicanavarini@yahoo.com.br staelpadilha@hotmail.com RESUMO A comunidade mundial da construção civil vem se deparando com uma dupla realidade, onde de um lado estão os avanços da tecnologia dos materiais e de execuções e no lado oposto os problemas com manifestações patológicas que são encontrados nas mais diversas edificações. O prédio da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Pelotas (Brasil) é um destes exemplos. Esta edificação está localizada na zona do porto da cidade de Pelotas/RS, no Brasil, e foi construído no ano de Apesar do pouco tempo de construção apresenta diversas manifestações patológicas que causam desconforto aos usuários e que necessita de intervenções. Para análise dos problemas encontrados utilizou-se o método do estudo de caso e a metodologia de Lichtenstein (1986). Através de visitas no local, pôde-se diagnosticar as manifestações patológicas existentes, sendo elas umidade, fissuras e trincas, descolamento de revestimentos e sujidades. 1. INTRODUÇÃO Desde a metade do século passado os processos construtivos vêm sofrendo alterações. Há uma busca incessante pela máxima economia e maior velocidade e, como consequência, o controle de qualidade das construções é cada vez menor. Esta falta de controle aumenta a probabilidade de ocorrência de problemas nas edificações, por isso o conhecimento técnico sobre patologia torna-se indispensável para os profissionais da construção civil [1]. As manifestações patológicas em edificações podem ser causadoras tanto de graves colapsos como apenas causadoras de desconforto visual aos seus usuários, estas podem não comprometer a estrutura da edificação, porém, para os leigos que transitam no local, uma simples fissura pode ser sinal para um grande desastre [2]. A Universidade Federal de Pelotas foi fundada em 1969 e em 1970 começaram os primeiros estudos para implantação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. Na época havia somente dois cursos de Arquitetura e Urbanismo na Região Sul do País em Porto Alegre e Curitiba fato este que contribuiu para a implantação do ensino nesta área na Universidade. Contribuindo para migração de estudantes para cidade de Pelotas, os quais são responsáveis pela essência acadêmica, científica, cultural e simbólica da cidade. Este prédio em análise está localizado na zona do porto da cidade 1
2 de Pelotas/RS, no Brasil, e foi construído no ano de Apesar de já ter sofrido intervenções de manutenção e ampliação, a edificação apresenta diversas manifestações patológicas, sendo estas ocasionadas por causas diversas. Estes danos causam desconforto aos usuários, gerando a necessidade de intervenções para restauração do prédio. 2. OBJETIVOS O principal objetivo do presente trabalho foi identificar, classificar e diagnosticar as manifestações patológicas da área ocupada pelo Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo no prédio da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal de Pelotas, Brasil. 3. METODOLOGIA Para análise dos problemas apresentados pela edificação em questão, simplificou-se a metodologia proposta por Lichtenstein (1986) [3]. A adaptação fez-se necessária, pois não foi objetivo do artigo analisar as propriedades físicoquímicas dos materiais, mas sim, a identificação visual dos problemas seguidos do seu diagnóstico, de acordo com Figura 1. Figura 1: Adaptação da metodologia de Lichtenstein (1986). A análise baseou-se através de vistorias no local e levantamento fotográfico, para posteriormente ser realizadas sugestões de medidas corretivas e preventivas para os problemas identificados. 3.1 Caracterização do Objeto de Estudo O prédio que abriga a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade federal de Pelotas foi contruído em 1944 e passou por reformas para adaptar-se as necessidades pedagógicas. Para abrigar o Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo, criado posteriomente, foi construído um anexo ao prédio original, composto por dois pavimentos. No pavimento térreo encontram-se a secretaria, três salas, sanitário, circulação e pátio externo e no pavimento superior encontram-se duas salas de aula, sanitários masculino e feminino e circulações, o acesso de um pavimento ao outro é realizado através de escada ou plataforma elevatória. 2
3 4. ANÁLISE DAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS Na vistoria in loco diagnasticou-se que as manifstações patológicas existentes no objeto em estudo foram: fissuras, descolamentos, sujidade, mofo/limo, corrosão e umidade. Para cada manifestação patológica encontrada foi realizada uma análise de possíveis causas e sugestões de medidas corretivas e preventivas. 4.1 Fissuras As fissuras foram a manifestação patológica com maior ocorrência neste levantamento, estas apareceram em praticamente todos os ambientes. Suas principais causas são: - sobrecarga, principalmente em torno das esquadrias; - retração e expansão da argamassa, gerando fissuras mapeadas; - movimentação térmica; - deformação de elementos estruturais de concreto armado, principalmente nas vigas de cobertura; - detalhes construtivos, geralmente em torno de algum móvel fixado à parede. As fissuras encontradas na edificação não causam problemas estruturais na mesma, e a maioria são fissuras superficiais, causando somente incomodo aos usuários do prédio, conforme demostrado na figura 02. Para um diagnóstico mais detalhado das fissuras maiores, deve-se fazer um acompanahamento destas através de réguas e/ou fissurometros para verificar se as mesmas estão ativas ou passivas, e após esta informação analisar cada caso especifico para definição da solução. Para as fissuras superficiais pode-se tratá-las, utilizando fita poliester, que atua como curativo flexível. 4.2 Descolamentos Figura 02: Fissura no peitoril da janela de uma das salas do pavimento supeior. Os descolamentos ocorrem de modo a separar uma ou mais camadas dos revestimentos de argamassa e podem apresentar extensão que varia desde pequenas áreas até abranger a totalidade da alvenaria. Podem se manifestar com empolamento, em placas ou com pulverulência [4]. No descolamento com empolamento, o reboco se destaca do emboço, formando bolhas cujo diâmetro aumenta progressivamente, mostrado na figura 03. As principais causas são: infiltração de umidade e hidratação retardada do óxido de magnésio da cal. Queda de porções ou da quase totatlidade do revestimento, não restando vestígios de aderência do revestimento à base caracterizam o descolamento em placas [1]. As causas prováveis são: ausência de aderância; base lisa; ausência de camada de chapisco; argamassa muito rica; argamassa aplicada em camada muito espessa; substrato com execsso de substância hidrófuga; interface com o substrato apresentando placas frequentes de mica [5]. 3
4 O descolamento com pulverulência apresenta ocorre quando a película de tintadesloca arrastando o reboco que se desagrega com facilidade, conforme figura 04. As causas prováveis são: camada de revestimento muito espessa; ausência de carbonatação da cal; traço com excesso de cal; argamassas muito pobres; execsso de finos no agregado [6]. Na edificação foram encontrados descolamentos com empolamento e com pulverulência, que podem ser tratados com renovação da camada de reboco e pintura. Figura 03: Descolamento com empolamento no pátio externo do pavimento térreo. Figura 04: Descolamento com pulverulência na circulação do pavimento térreo. 4.3 Sujidade A sujidade nas fachadas, mostrada na figura 05, pode ser descrita como o comportamento dos elementos de servir de suporte para deposição de poluentes atmosféricos e que, pela ação da chuva, são transportados para superfícies, tornando-se visíveis [7]. A presença da umidade aumenta significativamente a adesão da poeira atmosférica sobre os paramentos. 4
5 A manutenção periódica da edificação auxilío no não aparecimento de sujidades, e seu reparo deve ser com limpeza e, se necessário, pintura da superfície. 4.4 Mofo/Limo Figura 05: Sujidade no pátio externo. O mofo e o limo são microorganismos que se desenvolvem devido à condições favoráveis. No prédio em estudo a presença de umidade e a pouca exposição ao sol, além da temperatura da cidade onde o mesmo se localiza, favoreceram para a presença desdes microorganismos, a figura 06 demostra a presença de mofo na edificação. Figura 06: Mofo na parede de uma das salas do pavimento superior. Para eliminação do mofo/limo deve-se realizar uma lavagem com solução de hipocorito, e se possível, em alguns casos, eliminar o gerador da umidade. 4.5 Corrosão Na edificação em estudo, algumas intalações elétricas são externas, conduzidas por eletrodutos metálicos fixados nas paredes e tembém a plataforma elevatória existente é metálica. Esses elementos, devido a estarem expostos ao ambiente, o qual possui agentes agressivos, estão apresentando corrosão, conforme demostrado na figura 07. 5
6 Figura 07: Corrosão em eletroduto em uma das salas do pavimento superior. Para solução do problema deve-se utilizar um removerdor de ferrugem para as corrosões mais superficiais, e para as corrosões mais profundas deve-se fazer a substituição do elemento corroído. 4.6 Umidade As manifestações patológicas da umidade podem ocorrer em diversas partes das edificações, tais como paredes, lajes, tetos, fachadas e pisos e representam um dos problemas mais difíceis de serem corrigidos dentro da construção civil [8]. A umidade não é apenas uma causa de patologias, ela age também como um meio necessário para que grande parte das patologias em construções ocorra. Nas edificações pode manifestar-se de diversas formas e tem as seguintes origens: trazidas durante a construção, trazidas por capilaridade, trazidas por chuvas, condensação e resultantes de vazamento em redes hidráulicas [9]. Figura 08: Mancha de umidade com eflorescência em sala de aula do pavimento superior. Para este tipo de patologia sugere-se que seja retirada a camada de reboco atingida pela umida, aplicação de produto impermeabilizante e novamente realizar a camada de reboco. Esta sugestão baseia-se no fato de ser uma umidade ascendente e que não tem condições físicas de realizar uma nova impermeabilização na parte inferior da parede. 5. CONCLUSÕES Com base no presente trabalho, conclui-se que as manifestações patológicas observadas estão relacionadas à falha na execução, às propriedades dos materiais e à falta de manutenção da edificação, que podem ser reparadas conforme indicado neste estudo. Cabe esclarecer que tais manifestações não causam nenhum risco aos usuários, somente desconforto visual. Mesmo assim, o reparo faz-se necessário para evitar que os danos presentes evoluam e tornem-se perigosos para a segurança da edificação e dos usuários. 6
7 6. REFERÊNCIAS [1] TERRA, R. C. Levantamento de manifestações patológicas em revestimentos de fachadas das edificações da cidade de Pelotas. Dissertação de mestrado em Engenharia Civil. Universidade do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, [2] THOMAZ, E. Trincas em Edifícios: causas, prevenção e recuperação. São Paulo, Ed. PINI, [3] LICHTENSTEIN, N. B. Patologia das construções. Boletim técnico n. 06. São Paulo, USP, [4] BAUER, R. J. F. Falhas em revestimentos, suas causas e sua prevenção. São Paulo, Centro Tecnológico Falcão Bauer, [5] VEIGA, M.R.et al. Revestimentos de ligantes minerais e mistos com base em cimento, cal e resina sintética. In: Laboratório Nacional de Engenharia Civil. Curso de especialização sobre revestimento de paredes. Lisboa, LNEC, [6] BAUER, L. A. F. Materiais de Construção. Riode Janeiro, Livros Técnicos e Científicos Editora S.A, [7] FREITAS, J.G. A influência das condições climáticas na durabilidade dos revestimentos de fachada [manuscrito]: estudo de caso na cidade de Goiânia - GO. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil). Programa de Pós- Graduação em Geotecnia, Estruturas e Construção Civil. Universidade Federal de Goiás, [8] PEREZ, A. R. Umidade nas Edificações: recomendações para a prevenção de penetração de água pelas fachadas. Tecnologia de Edificações, São Paulo. Pini, IPT Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo, Coletânea de trabalhos da Div. de Edificações do IPT, p [9] VERÇOZA, E. J. Patologia das Edificações. Porto Alegre, Editora Sagra, p. 7
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