DOENÇAS DA PUPUNHEIRA (Bactris gasipaes Kunth)
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- Vitória Olivares Pacheco
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1 DOENÇAS DA PUPUNHEIRA (Bactris gasipaes Kunth) Luadir Gasparotto 1 ; Álvaro Figueiredo dos Santos 2 ; José Clério Rezende Pereira 1 1 Embrapa Amazônia Ocidental, Cx. Postal 319, CEP , Manaus, AM; 2 Embrapa Florestas, Cx. Postal 319, CEP , Colombo, PR. ANTRACNOSE Descrição: A antracnose, causada pelo fungo Glomerella cingulata (fase anamórfica: Colletotrichum gloeosporioides), afeta frutos e folhas e ocorre em todas as regiões onde se cultiva pupunheira (GASPAROTTO et al. 2013). Nas plantas enviveiradas e recémtransplantadas para o campo, o problema é mais acentuado em plantas estressadas por falta d'água e/ou de nutrientes. Os ferimentos nos frutos, causados por insetos e pássaros, na fase de pré-colheita, e os oriundos de manuseios inadequados dos cachos, na colheita, no transporte e na comercialização, facilitam a infecção pelo patógeno. Este sobrevive em restos vegetais e esporula nos períodos quentes e úmidos, muito comuns na região tropical (POLTRONIERI et al. 1999). Sintomas: As manchas foliares são irregulares, com contornos nítidos, iniciando-se normalmente nas bordas do limbo e progredindo em direção à nervura central. As manchas, após necrose dos tecidos, apresentam-se secas, com o centro esbranquiçado, contornadas por um halo estreito marrom-avermelhado e os tecidos adjacentes permanecem, aparentemente sadios e amarelados (Figura 1). Quando o ataque é severo em plantas jovens, pode causar seca total dos folíolos e até a morte da planta. Nos frutos, as lesões apresentam, inicialmente, coloração clara e, posteriormente, aumentam de tamanho e adquirem contornos irregulares a arredondados, tornam-se deprimidas e recobertas por uma massa mucilaginosa de coloração alaranjada, nas quais são encontrados os conídios (Figura 2A-B). Uma semana após o aparecimento dos sintomas, surgem pontuações negras, constituídas por setas nos acérvulos. O patógeno coloniza a polpa e provoca o seu apodrecimento, com maior intensidade na fase de pós-colheita, podendo atingir 100% dos frutos (VERZIGNASSI et al. 2008). 1
2 Figura 1. Folha da pupunheira apresentando sintomas de antracnose causados por Colletotrichum gloeosporioides. (Foto: Luadir Gasparotto) Figura 2. Frutos de pupunheira apresentando sintomas de antracnose e sinais do fungo Colletotrichum gloeosporioides, observados em condições de infecção natural no campo (A) e após inoculação artificial (B). (Fotos: Ruth Linda Benchimol) 2
3 Controle: O controle da antracnose deve ser adotado especialmente na fase de muda (Santos et al. 2008): 1) por ser uma doença favorecida pelo estresse das plantas, estas devem receber adubação equilibrada, uma vez que o excesso de nitrogênio torna as plantas estioladas e favorece o ataque do patógeno; 2) em locais sujeitos a ventos, a área deve ser protegida por quebraventos, pois o vento rasga as folhas e facilita a infecção do fungo; 3) as irrigações devem ser adequadas, minimizando o excesso de umidade no ambiente interno do viveiro; 4) evitar o acúmulo de água no interior do viveiro e usar piso com boa drenagem; 5) separar, remover e agrupar as mudas em canteiros isolados, dispondo-se em baixo estande as mudas com sintomas iniciais da doença; 6) remover e queimar as mudas mortas, assim como folhas mortas dos viveiros, uma vez que o fungo sobrevive em restos culturais, para não servir de fonte de inóculo para as mudas sadias. Por fim, deve-se fazer criteriosa seleção antes do plantio, descartando as mudas com pouco desenvolvimento e com manchas foliares, reduzindo assim, a introdução do patógeno no plantio definitivo. Nos frutos, logo após a colheita, inspecionar os cachos e remover os frutos com sintomas da doença. No Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento não há fungicidas registrados para o controle da doença. PODRIDÃO-NEGRA Descrição: Constatada na Costa Rica e na região Norte do Brasil, é causada por Chalara paradoxa (Sin.: Thielaviopsis paradoxa), cuja forma teliomórfica corresponde a Ceratocystis paradoxa. Uma vez que os frutos são muito procurados por pássaros e insetos, os ferimentos causados por estes facilitam a infecção pelo patógeno, que provoca podridão e perdas de até 5% da produção de frutos. Sintomas: Inicialmente, os frutos infectados apresentam podridão no epicarpo. Em estádios avançados da doença, entretanto, observa-se micélio negro desenvolvendo-se externa e internamente, com esporulação do patógeno sobre o tecido necrosado, caracterizando-se por uma podridão negra (Figura 3A-B), cujo odor assemelha-se ao exalado pelo fruto do abacaxizeiro (POLTRONIERI et al. 1999). 3
4 A B Figura 3. Frutos de pupunheira apresentando sintomas de podridão-negra (A) e sinais do fungo Ceratocystis paradoxa (B). (Fotos: Luadir Gasparotto) Controle: Logo após a colheita, recomendam-se a inspeção de todos os cachos e a remoção dos frutos doentes. MANCHA-DE-CURVULARIA Descrição: Doença causada pelos fungos Curvularia eragrostides, detectado no Estado do Pará (BENCHIMOL; ALBUQUERQUE 1998) e C. senegalensis identificado no Estado do Paraná (SANTOS et al. 2003), afetando plantas enviveiradas e recém-plantadas no campo. Sintomas: Inicialmente surgem lesões arredondadas, amareladas, translúcidas em ambas as faces da folha. Posteriormente, as lesões apresentam forma elíptica, tornando-se gradualmente de cor marrom brilhante para marrom-escura e, finalmente, a lesão apresenta no centro depressão contornada por halo amarelo. Em plantas com deficiência nutricional ou com estresse hídrico, a doença é severa; há coalescência das lesões, provocando secamento das folhas afetadas (POLTRONIERI et al. 1999). Controle: Recomenda-se manter as plantas sob condições adequadas de nutrição e umidade e fazer inspeções periódicas no viveiro, removendo-se as folhas afetadas. No Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento não há fungicidas registrados para o controle da doença. 4
5 PODRIDÃO-DO-ESTIPE Descrição: Essa doença, associada ao Phytophthora palmivora e Fusarium spp. (ALVES et al. 2006), afeta pupunheiras jovens e adultas. Para Phytophthora spp., há relatos de ocorrência nos estados do Pará, Tocantins, Goiás, Pernambuco, Bahia, São Paulo, Paraná e Santa Catarina; enquanto que a sua associação com Fusarium spp. foi relatada em São Paulo, Santa Catarina, Paraná e Amazônia (GASPAROTTO et al. 2013). Nos plantios do Estado de São Paulo, foram detectadas as espécies F. subglutinans, F. moniliforme, F. solani, F. oxysporum e F. anthophilum (PIZZINATO et al. 2001). Sintomas: As plantas doentes caracterizam-se pelo amarelecimento da primeira e da segunda folhas abertas e da folha bandeira ou vela (folha não aberta) (SANTOS et al. 2008) (Figura 4). Em seguida, pode ocorrer amarelecimento e seca das demais folhas, podendo chegar a provocar a morte da planta-mãe e, às vezes, dos perfilhos e, subsequentemente, de toda a touceira. Ao se realizar cortes longitudinais e transversais no estipe da pupunheira, observa-se o escurecimento dos tecidos internos e podridão generalizada (SANTOS et al. 2008) (Figura 5). Figura 4. Muda de pupunheira apresentando folha morta, sintoma causado por Phytophthora palmivora. (Foto: Álvaro Figueiredo dos Santos) 5
6 Figura 5. Sintomas da podridão-do-estipe, causados por Phytophthora palmivora, caracterizados por apodrecimento interno do cerne do estipe da pupunheira. (Foto: Álvaro Figueiredo dos Santos) Controle: Para evitar a introdução do patógeno no viveiro ou a sua disseminação a partir de uma ou mais plantas doentes, proceder ao monitoramento das plantas, fazendo criteriosa seleção e retirada e queima das plantas doentes; não reaproveitar recipientes ou substratos provenientes de plantas doentes; adquirir sementes de fornecedores idôneos, pois esses patógenos são transmitidos pelas sementes. Além disso, usar substratos livres de propágulos desses fungos. No Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento não há fungicidas registrados para o controle da doença. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, S.; SANTOS, A.F.; TESSMANN, D.J.; VIDA, J.B. Patogenicidade de isolados de Fusarium spp. e Phytophthora palmivora associados com a podridão do estipe da pupunheira no Paraná. Boletim de Pesquisa Florestal, (52): , BENCHIMOL, R.L.; ALBUQUERQUE, F.C. Ocorrência de Curvularia eragrostides em mudas de pupunheira no Estado do Pará. Fitopatologia Brasileira, (23):184,
7 GASPAROTTO, L.; SANTOS, A.F.; PEREIRA, J.C.R. Doenças das palmeiras. In: GASPAROTTO, L.; BENTES, J.L.S.; PEREIRA, J.C.R. (Ed.). Doenças de espécies florestais arbóreas nativas e exóticas na Amazônia. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica, No prelo. PIZZINATO, M.A.; BOVI, M.L.A.; SPIERING, S.H.; BINOTTI, C.S. Patogenicidade de cinco espécies de Fusarium a plantas de pupunheira (Bactris gasipaes). Summa Phytopathologica, (27): , POLTRONIERI, L.S.; GASPAROTTO, L.; BENCHIMOL, R.L. Doenças da cultura da pupunheira. In: DUARTE, M. R. L. (Ed.). Doenças de plantas no trópico úmido brasileiro. I. Plantas industriais. Belém: Embrapa Amazônia Oriental, p SANTOS, A.F.; BEZERRA, J.L.; TESSMANN, D.J.; POLTRONIERI, L.S. Ocorrência de Curvularia senegalensis em pupunheira e palmeira real no Brasil. Fitopatologia Brasileira, (28):204, SANTOS, A.F.; TESSMANN, D.J., VIDA, J.B. Doenças das palmeiras para palmito. In: SANTOS, A. F.; CORREA J.R.C.; NEVES, E.J.M. (Eds.). Palmeiras para produção de palmito-juçara, pupunheira e palmeira real. Colombo: Embrapa Florestas, p VERZIGNASSI, J.R.; POLTRONIERI, L.S.; BENCHIMOL, R.L. Antracnose em frutos de pupunheira no Pará. Revista de Ciências Agrárias, (49): ,
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