CLASSIFICAÇÃO DE FRUTOS DE PÊSSEGOS CV AMETISTA PRODUZIDOS ORGANICAMENTE SOB DIFERENTES COBERTURAS DE SOLO E COMPOSTOS ORGÂNICOS

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1 CLASSIFICAÇÃO DE FRUTOS DE PÊSSEGOS CV AMETISTA PRODUZIDOS ORGANICAMENTE SOB DIFERENTES COBERTURAS DE SOLO E COMPOSTOS ORGÂNICOS Autor(es): SILVA, Ana Celí Rodrigues; MORSELLI, Tânia Beatriz Gamboa Araújo; COUTINHO Enilton Fick Apresentador: Ana Celi Rodrigues da Silva Orientador: TÂNIA BEATRIZ GAMBOA ARAÚJO MORSELLI Revisor 1: Mariane Rosenthal Revisor 2: Rodrigo Rizzi Instituição: UFPel CLASSIFICAÇÃO DE FRUTOS DE PÊSSEGOS CV AMETISTA PRODUZIDOS ORGANICAMENTE SOB DIFERENTES COBERTURAS DE SOLO E COMPOSTOS ORGÂNICOS SILVA, Ana Celí Rodrigues 1 ; MORSELLI, Tânia Beatriz Gamboa Araújo 1 ; COUTINHO Enilton Fick 2 1 Programa de Pós Graduação em Agronomia - Área de Concentração em Produção Vegetal - FAEM/UFPel Campus Universitário - Caixa Postal Pelotas, RS - Brasil - CEP aceli@terra.com.br; morselli@ufpel.tche.br 2 Embrapa Clima Temperado Rodovia BR 392, km 78 - Caixa Postal Pelotas, RS Brasil - CEP enilton@cpact.embrapa.br 1 INTRODUÇÃO A cada ano cresce a demanda por alimentos orgânicos no Brasil em função da maior exigência do consumidor. Contudo, é recente a pesquisa agronômica na produção ecológica de alimentos, visto que estes sistemas de produção originaram a partir de movimentos populares e ONGs ligados à questão ambiental. Nos últimos anos tem aumentado o interesse da pesquisa, ensino e órgãos de extensão rural (WALDEMAR et al., 2002). Para contrapor a intensa degradação ambiental, cresce a produção e consumo dos chamados produtos orgânicos ou agroecológicos, que não utilizam agrotóxicos e adubos químicos solúveis industriais. Além de não estarem contaminados por produtos químicos, os alimentos orgânicos, conforme demonstram estudos, possuem maior teor de sais minerais e vitaminas e tendem a apresentar melhor sabor, aroma, consistência e conservação de acordo com Tagliari (2001). Não só os consumidores se beneficiam como também os agricultores estão tendo mais

2 satisfação ao produzirem agroecologicamente. Um dos principais aspectos quanto a isso é que, geralmente, os custos de produção são menores, visto que utiliza menos ou quase nenhum insumo químico adquirido fora da propriedade. Do contrário, os recursos naturais encontrados no próprio estabelecimento são aproveitados. Exemplo disso são os adubos orgânicos, como estercos de animais, as caldas e extratos vegetais. A fruticultura orgânica ainda se encontra incipiente, o que resulta em oferta muito irregular de produtos nas prateleiras dos supermercados e nas feiras. No entanto, o crescimento do mercado brasileiro para os produtos orgânicos tem sido significativo, estimado em 30% no ano de 2000, com as frutas e hortaliças orgânicas representando 2% do total comercializado pelas redes de supermercados no país. Contudo, o mercado ainda não está completamente consolidado, sendo difícil prever com precisão a evolução tanto do mercado de orgânicos, quanto do segmento de frutas. Dentre as frutas orgânicas brasileiras exportadas incluem-se a laranja (suco), a banana e a acerola (BORGES, 2003). A cultura do pessegueiro é de alta rentabilidade, sendo uma boa opção àqueles produtores que buscam alternativas para suas propriedades. Em geral, é uma opção principalmente para pequenas propriedades, mas também para produtores empresariais, sendo importante fonte de geração de empregos. (NAKASU, 2003). O presente trabalho teve o objetivo de estudar o efeito de diferentes tipos de cobertura vegetal e compostos orgânicos na produção e qualidade de pêssegos, cv. Ametista em um sistema de produção orgânico, nos períodos de outono/inverno e primavera/verão. 2- MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido em condições de campo no período de março de 2004 a fevereiro de 2005, em pomar orgânico não irrigado da Estação Experimental Cascata, Embrapa Clima Temperado Pelotas/RS. O experimento foi constituído de um pomar de pessegueiro com 11 anos, utilizando-se a cultivar Ametista (Prunus persica L. Batsch), enxertado sobre portaenxerto indefinido no sistemas de condução em vaso aberto e com espaçamento de 6,0 x 3,0m. Dentro do pomar, foi definida uma grade de amostragem com seis repetições de 02 (duas) plantas para cada tratamento. Colheu-se ao acaso, em quatro diferentes posições das duas plantas de cada parcela 100 frutos no estádio de maturação de vez. Os tratamentos foram constituídos de duas épocas: adubação verde de outono/inverno e adubação verde de primavera/verão, associados à aplicação de diferentes compostos orgânicos, descritos na Tabela 1. Tabela 1 Descrição dos tratamentos Tratamentos Outono/inverno Primavera/verão T 1 Capina Capina T 2 Capina + Esterco Capina + Esterco T 3 Capina + Húmus Capina + Húmus T 4 Roçada +Ervilhaca Roçada + Sorgo forrageiro T 5 Capina + Torta de mamona Capina + Torta de mamona

3 T 6 Vegetação espontânea Vegetação espontânea T 7 Roçada + Nabo forrageiro Roçada + Amendoim forrageiro T 8 Roçada + Aveia preta Roçada + Pasto italiano A classificação comercial foi realizada com o total de frutos colhidos por parcelas, seguindo critérios da portaria do Ministério da Agricultura (BRASIL, 1986) que estabelece as especificações de padronização, classificação e comercialização do pêssego. Segundo as normas, o pêssego é classificado em três tipos: frutos, de acordo com o diâmetro: frutos tipo 1 (>57mm), tipo 2 (47 a 57mm) e tipo 3 (< 47mm). Os resultados foram expressos em percentagem de frutos por tipo. O delineamento experimental utilizado foi de blocos completamente casualizados, com seis repetições e duas plantas por parcela. As médias foram comparadas pelo Teste de Tukey, (Probabilidades= 5%), utilizando-se o Sistema de Análise Estatística Sanest elaborado por Zonta & Machado (1984). 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Tabela 2, verifica-se que para a variável percentagem de frutos classificados como Tipo 1, destacaram-se os tratamentos T 3 (capina + húmus), T 5 (capina + torta de mamona) e T 8 (roçada + aveia preta, outono-inverno) e (roçada + pasto italiano, primavera-verão), sem diferirem do tratamento T 2 (capina + esterco); no Tipo 2 não diferiram os tratamentos T 1 (capina), T 4 (roçada + ervilhaca), T 6 (vegetação espontânea) e T 7 (roçada + nabo forrageiro, outono-inverno) e (roçada + amendoim, primavera-verão); no Tipo 3, o tratamento inferior foi o T 6 que diferiu significativamente dos demais tratamentos. Tabela 2 Percentagem de pêssegos Ametista classificados (segundo o diâmetro equatorial) como Tipo 1 ( 57mm), 2 (47-<57mm) e 3 (< 47mm), produzidos organicamente com diferentes tipos de cobertura vegetal e compostos orgânicos. Estação Experimental Cascata - Embrapa Clima Temperado, Pelotas/RS, Percentagem de frutos classificados Trat. Outono/inverno Primavera/verão Tipo 1 Tipo 2 Tipo 3 T 1 Capina Capina 49,08 bc¹ 34,06 abc 20,33 bc T 2 Capina + Esterco Capina + Esterco 53,41 ab 28,75 bcd 18,36 c T 3 Capina + Húmus Capina + Húmus 58,27 a 23,28 d 19,84 bc T 4 Roç. + Ervilhaca Roç.+ Sorgo forrag. 46,49 c 34,31 ab 23,00 bc T 5 Capina +Tort mam Capina + Tort mam 55,70 a 28,08 bcd 17,92 c T 6 Veg. Espontânea Veg. Espontânea 34,94 d 36,15 a 34,37 a T 7 Roç.+Nabo forrag Roç. + Amendoim 45,86 c 32,70 abc 25,77 b T 8 Roç.+ Aveia preta Roç.+ Pasto italiano 56,02 a 27,92 cd 17,65 c Média 49,97 30,66 22,20 CV % 7,18 11,06 15,72 ¹-Médias seguidas de mesma letra, na coluna, não diferem estatisticamente entre si ao nível de 5% de probabilidades de erro, pelo teste de Tukey. Fachinello et al. (2003) ao estudarem a avaliação da qualidade das frutas, baseada nos índices oficiais de classificação para pêssegos de indústria, verificaram que, em três safras, houve aumento no número de frutas na categoria 1, no sistema de Produção Integrada, destacando que estas frutas são as mais valorizadas no mercado.

4 Os frutos Tipo 1 apresentaram melhores resultados nos tratamentos com resíduos orgânicos mais capina e na cobertura de solo com aveia preta no outono/inverno e pasto italiano na primavera/verão. 4 CONCLUSÕES Nas condições em que foi desenvolvido o experimento pode-se concluir que cerca de 70% das frutas colhidas, no sistema orgânico de produção de pessegueiro cv Ametista, estão classificados nas categorias Tipo 1 e 2. Pode-se dizer que os resultados desse trabalho são um incentivo à utilização continuada da adubação alternativa e que esta opção poderá refletir diretamente, na manutenção da fertilidade do solo bem como nos seus atributos físicos e biológicos, repercutindo favoravelmente, nas características das frutas produzidas. Dessa forma, o manejo alternativo do pomar de pessegueiro pode se tornar uma ferramenta positiva para preservação do meio ambiente e rentável para os fruticultores. 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BORGES, A. L.; FRANCELLI, M.; RITZINGER, C. H. S. P.; REINHARDT, D. H.; SILVA, M. N. B.; TRINDADE, A. V.; SOUZA, L. S. Aspectos Gerais da Produção Orgânica de Frutas, In: STRINGHETA, P. C.; MUNIZ, J. N. Alimentos orgânicos: produção, tecnologia e certificação. Viçosa: UVF, p BRASIL. Ministério da Agricultura. Secretaria Nacional de Abastecimento. Normas de identidade, qualidade e embalagem do pêssego para indústria. Brasília, FACHINELLO, J. C., TIBOLA, C. S., VICENZI, M. et al. Integrated production of peaches: 3 years of experience in the area of Pelotas, Rio Grande do Sul state, Brasil. Rev. Bras. Frutic. [online]. ago. 2003, vol.25, no.2 [citado 26 Junio 2006], p Disponible en la World Wide Web: < ISSN NAKASU, B. H. Introdução. In: RASEIRA, M. C. B; QUEZADA, A. C.;Embrapa Clima Temperado (Pelotas, RS).Pêssego produção. Brasília: EMBRAPA Informação Tecnológica, p.9. (Frutas do Brasil, 49). TAGLIARI, P. S. Agricultores familiares produzem a maçã agroecológica. Agropecuária Catarinense, v.14, n.2, p.26-31, WALDEMAR, C.C.; ESTEVES, J.V.; MATOS, C.O.S.; RAMOS, L.P.V. Pesquisa agroecológica participativa com cultivares de melão no centro agrícola demonstrativo em Porto Alegre - experiência da Prefeitura Municipal e EMATER-RS. Horticultura Brasileira, v. 20, n. 2, julho, Suplemento 2. ZONTA, E.P., MACHADO, A.D., SILVEIRA JÚNIOR, P. SANEST: Sistema de análise para microcomputadores. Registrado na Secretaria Especial de

5 Informática sob n categoria A. Pelotas, Universidade Federal de Pelotas, 1984.