Sensoriamento remoto e SIG

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1 Multidisciplinar Sensoriamento remoto e SIG aplicados ao novo Código Florestal Allan Arnesen Frederico Genofre Marcelo Curtarelli Matheus Ferreira

2 CAPÍTULO 5 Conceitos básicos de cartografia e SIG 5.1. Introdução ao CAR Como já foi introduzido ao longo do Capitulo 1 deste curso, o Cadastro Ambiental Rural (CAR) nada mais é do que um registro eletrônico, obrigatório para todos os imóveis rurais 1, que tem por finalidade integrar as informações ambientais referentes à situação das áreas de Preservação Permanente (APP), das áreas de Reserva Legal (RL), das florestas e dos remanescentes de vegetação nativa, das áreas de Uso Restrito e das áreas consolidadas das propriedades e posses rurais do país. O CAR por meio doartigo 29 da Lei /2012 Novo Código Florestal Brasileiro -, no âmbito do Sistema Nacional de Informação sobre Meio Ambiente (SINIMA), constituindo-se em base de dados estratégica para o controle, monitoramento e combate ao desmatamento das florestas e demais formas de 1 Imóvel rural: prédio rústico de área contínua, qualquer que seja sua localização, que se destina ou possa se destinar à exploração agrícola ou pecuária, extrativa vegetal, florestal ou agroindustrial conforme disposto no inciso I do art. 4 da Lei 8.629/1993. Pode ser caracterizado como pequena propriedade rural (área de até 4 módulos fiscais); média propriedade rural (área entre 4 e 15 módulos ficais); 3 grande propriedade rural (área superior a 15 módulos fiscais).

3 Sensoriamento remoto e SIG aplicados ao novo Código Florestal vegetação nativa do Brasil, bem como para planejamento ambiental e econômico dos imóveis rurais: Art. 29. É criado o Cadastro Ambiental Rural - CAR, no âmbito do Sistema Nacional de Informação sobre Meio Ambiente - SINIMA, registro público eletrônico de âmbito nacional, obrigatório para todos os imóveis rurais, com a finalidade de integrar as informações ambientais das propriedades e posses rurais, compondo base de dados para controle, monitoramento, planejamento ambiental e econômico e combate ao desmatamento. Posterior a sua criação, o CAR foi regulamentadopelo decreto presidencial 7.830/2012, que dispõe sobre o Sistema de Cadastro Ambiental Rural (SICAR), o CAR propriamente dito, estabelece normas de caráter geral aos Programas de Regularização Ambiental (PRA), de que trata a Lei no /2012, e dá outras providências.além disso, os procedimentos gerais para a elaboração do CAR foram definidos pela Instrução Normativa n 2 do Ministério do Meio Ambiente, publicada em 06 de Maio de Quem deve fazer e como deve ser feito? De acordo com a legislação vigente, a inscrição no CAR éobrigatória e gratuita para todas as propriedades e posses rurais, devendo ser requerida no prazo de até 1 ano (até 6 de Maio de 2015) contado da sua implantação (6 de Maio 2014, data de publicação da Instrução Normativa n 2 do MMA), prorrogável, uma única vez, por igual período por ato do Chefe do Poder Executivo (parágrafo 3, artigo 29, Lei /2012). O CAR deverá ser realizado pelo proprietário do imóvel, posseiro, representante legal ou técnico, preferencialmente no órgão ambiental municipal ou estadual, 96 IEPEC

4 Capítulo 5 Cadastro Ambiental Rural que, nos termos do regulamento, exigirá do proprietário ou possuidor rural as seguintes informações (art. 13, instrução normativa n 2/2014 do MMA): I- Identificação do proprietário ou possuidor rural; II - Comprovação da propriedade ou posse; III - identificação do imóvel por meio de planta e memorial descritivo, contendo a indicação das coordenadas geográficas com pelo menos um ponto de amarração do perímetro do imóvel, informando a localização dos remanescentes de vegetação nativa, das Áreas de Preservação Permanente, das Áreas de Uso Restrito, das áreas consolidadas e, caso existente, também da localização da Reserva Legal. No caso de pequenas propriedades rurais ou posse rural familiar que desenvolva atividades agrossilvipastoris, terras indígenas demarcadas e das demais áreas tituladas de povos e comunidades tradicionais que fazem uso coletivo do eu território o CAR será simplificado, devendo conter as seguintes informações (art. 14, instrução normativa n 2/2014 do MMA): I Identificação do proprietário ou possuidor rural do imóvel rural; II Comprovação de propriedade ou posse rural; III - Croqui, indicando a área do imóvel rural, as APP, as áreas de remanescentes de vegetação nativa que formam a RL, as áreas de servidão administrativas, áreas consolidadas e as áreas de uso restrito, quando houver. Para atendimento da localização e delimitação das áreas previstas nos itens III dos art. 13 e 14 (descritos nos parágrafos anteriores), a elaboração da representação gráfica, planta oucroqui, do imóvel rural, poderá utilizar imagens de O portal do agroconhecimento 97

5 Sensoriamento remoto e SIG aplicados ao novo Código Florestal satélite ou outros métodos disponíveis, observando as seguintes considerações (art. 17,instrução normativa n 2/2014 do MMA): I - As propriedades e posses que já dispõem de plantas contendo as informações detalhadas dos aspectos naturais e artificiais, em escala mínima de 1:50.000, elaboradas conforme normas técnicas, poderão fornecer os respectivos arquivos vetorizados em formato digital para o CAR; II - As pequenas propriedades poderão utilizar os mecanismos e imagens disponibilizados no SICAR, para elaborar o croqui contendo as informações ambientais acerca da área do imóvel rural, das Áreas de Preservação Permanente, das áreas de uso restrito, e das áreas com remanescentes de vegetação nativa que formarão a Reserva Legal; III Para elaborar a planta georreferenciada poderão ser utilizados sistemas globais de navegação por satélite, ou estação total, ou vetorização sobre imagem georreferenciada, com precisão posicional que atenda a definição do inciso IX do art. 2 do decreto 7.830/2012. A localização e a delimitação sobre imagens georreferenciadas de áreas ocupadas por servidão administrativa deverão observar a caracterização descrita no art. 3, incisos VIII, IX e X, e art. 5 da Lei /2012 (art. 18,instrução normativa n 2/2014 do MMA). A localização e a delimitação sobre imagens georreferenciadas de áreas de remanescentes de vegetação nativa, deverão ser indicadas sobre toda a área do imóvel rural, inclusive, sobre(art. 19,instrução normativa n 2/2014 do MMA): I -Áreas de Preservação Permanente; 98 IEPEC

6 Capítulo 5 Cadastro Ambiental Rural II - Áreas de uso restrito; III - Áreas de Reserva Legal, inclusive as existentesnos termos dos art. 30 e 68 da Lei12.651/2012. A localização e a delimitação sobre imagens georreferenciadas das Áreas de Preservação Permanente, deverão observar(art. 20,instrução normativa n 2/2014 do MMA): I - As áreas definidas no art. 4 da Lei /2012; II - As áreas criadas no entorno de reservatório d água artificial, nos termos do art. 5º da Lei /2012. A localização e a delimitação sobre imagens georreferenciadas de áreas de uso restrito, deverão observar os critérios descritos nos art. 10 e 11 da Lei / 2012, e, ainda (art. 21,instrução normativa n 2/2014 do MMA): I - Nas propriedades localizadas em áreas de pantanais e planícies pantaneiras, caracterizadas conforme a definição do inciso XXV do art. 3 da Lei /2012, deverão ser indicadas, além do perímetro da área destinada à composição da Reserva Legal, as APP consolidadas até 22 de julho de 2008; II - Declarar as áreas com topografia com inclinação entre 25 e 45. A localização e a delimitação sobre imagens georreferenciadas de áreas consolidadas, deverão indicar (art. 22,instrução normativa n 2/2014 do MMA): I- Áreas consolidadas em APP e Reserva Legal até 22 de julho de 2008, conforme o disposto no art. 61 -A da Lei /2012; O portal do agroconhecimento 99

7 Sensoriamento remoto e SIG aplicados ao novo Código Florestal II- As áreas de uso restrito, conforme o disposto nos art. 10 e 11 da Lei /2012. A localização e a delimitação sobre imagens georreferenciadas de áreas de Reserva Legal deverão observar, além do disposto nos art. 14 e 18 Lei / 2012, os seguintes critérios(art. 23,instrução normativa n 2/2014 do MMA): I - O cálculo da área de Reserva Legal dos imóveis que apresentem as áreas de servidão administrativa, será o resultado da exclusão dessas do somatório da área total do imóvel rural; II - Para a área de Reserva Legal que já tenha sido averbada na matrícula do imóvel, ou no Termo de Compromisso, quando se tratar de posse, poderáo proprietário ou possuidor informar, em ambos os casos, no ato da inscrição, as coordenadas do perímetro da Reserva Legal ou comprovar por meio da apresentação da certidão de registro de imóveis onde conste a averbação, nos termos do 2 do art. 18 e art. 30 Lei / 2012; III - Para os casos em que houve supressão da vegetação, antes de 22 de julho de 2008, e que foram mantidos os percentuais de Reservas Legais previstos na legislação em vigor à época, os proprietários ou possuidores de imóveis rurais deverão comprovar que a supressão da vegetação ocorreu conforme disposto no art. 68 da Lei /2012. A localização e a delimitação sobre imagens georreferenciadasde áreas de Reserva Legal nos imóveis rurais que detinham, em 22 de julho de 2008, área de até 4 (quatro) módulos fiscais e que possuam remanescente de vegetação nativa em percentuais inferiores ao previsto no art. 12 da Lei /2012, será descrita sobre a área ocupada com a vegetação nativa existente em 22 de julho de 2008, vedadas novas conversões para uso alternativo do solo, conforme disposto no 100 IEPEC

8 Capítulo 5 Cadastro Ambiental Rural art. 67 da Lei /2012. Por fim, vale ressaltar que, de acordo com o paragrafo 2 do artigo 29 da Lei /2012, ocar não será considerado título para fins de reconhecimento do direito de propriedade ou posse, tampouco elimina a necessidade de cumprimento do disposto no artigo 2 da Lei no / Prática passo a passo de preenchimento do CAR Nesta seção é apresentada uma prática passo a passo de como preencher o CAR utilizando o portal do SICAR. Primeiramente acesse o portal do SICAR por meio da seguinte URL< Figura 27. Pagina inicial do SICAR. Na página inicial do SICAR é possível acessar diversas informações sobre o CAR, a legislação vigente, bem como realizar o cadastro e consultar o andamento do cadastramento. O primeiro passo após acessar a página eletrônica do SICAR é O portal do agroconhecimento 101

9 Sensoriamento remoto e SIG aplicados ao novo Código Florestal baixar o módulo de cadastro, disponível na página inicial (ver Figura 27). Antes de iniciar o download do módulo de cadastro, o usuário deve selecionar o Estado do imóvel rural a ser cadastrado (Figura 28): Figura 28. Seleção do Estado do imóvel a ser cadastrado. Caso o Estado no qual se pretende fazer o cadastro já possua um SICAR estadual, o usuário será redirecionado para o site do SICAR do Estado, onde poderá realizar o cadastro diretamente no órgão estadual. Caso contrário, o cadastro é realizado diretamente no SICAR federal. Neste exemplo, selecionaremos o Estado do Amazonas, que não possui o SICAR estadual, para proceder com a instalação do módulo de cadastro. O usuário deve ler e aceitar o termo de compromisso para ter o download liberado. 102 IEPEC

10 Capítulo 5 Cadastro Ambiental Rural Figura 29. Termo de compromisso e download do módulo de cadastro. Após a finalização do download do módulo de cadastro, é necessário executar o arquivo (duplo clique no ícone do arquivo) para que o módulo de cadastro seja instalado no computador (Figura 30). Note que durante a instalação do módulo de cadastro pode ser solicitada a atualização de alguns arquivos/programas do computador. Figura 30. Instalação do módulo de cadastro. O portal do agroconhecimento 103

11 Sensoriamento remoto e SIG aplicados ao novo Código Florestal Após a instalação será criado um ícone na área de trabalho do computador que dará acesso ao módulo de cadastro (Figura 31): Figura 31. Interface inicial do módulo de cadastro. O cadastramento da propriedade rural propriamente dito é realizado em 4 etapas, sendo: (1) cadastro, (2)disponibilização de informações georreferenciadas, (3) disponibilização de informações adicionais e (4) envio de dados e pós cadastro. Durante a etapa 1 (cadastro do imóvel, Figura 31), é necessário que o cadastrante informe dados pessoais, informações a respeito do imóvel, domínio e documentação (Figuras 32, 33, 34 e 35): 104 IEPEC

12 Capítulo 5 Cadastro Ambiental Rural Figura 32. Etapa 1: Preenchimento das informações do cadastrante. Figura 33. Etapa 1:Preenchimento das informações do imóvel. O portal do agroconhecimento 105

13 Sensoriamento remoto e SIG aplicados ao novo Código Florestal Figura 34. Etapa 1:Preenchimento das informações de domínio do imóvel. Figura 35. Etapa 1:Preenchimento das informações de documentação do imóvel. 106 IEPEC

14 Capítulo 5 Cadastro Ambiental Rural Durante a etapa 2, o cadastrante deverá fornecer informações georreferenciadas a cerca do imóvel, sendo: área do imóvel, uso e cobertura do solo, servidão administrativa, APP e reserva legal. Estas informações podem ser produzidas utilizando imagens de satélite ou bases cartográficas disponíveis e inseridas no cadastro. Para tanto é necessário que estes mapeamentos tenham sido realizados previamente e os arquivos estejam salvos no formato vetorial shapefile (compatível com a plataforma ArcGIS). Uma outra alternativa é realizar o mapeamento diretamente no módulo de cadastro, utilizando como base as imagens RapidEye fornecidas pelo MMA. Para iniciar a etapa 2, baixe as imagens utilizando o menu inicial do módulo de cadastro (Figuras 36). Note que é necessário informar apenas o estado e município para baixar as imagens (Figura 37). Figura 36. Baixar imagens RapidEye. O portal do agroconhecimento 107

15 Sensoriamento remoto e SIG aplicados ao novo Código Florestal Figura 37. Parâmetros necessários para baixar as imagens. Após selecionar e baixar a imagem necessária para o cadastramento retorne ao menu cadastrar e selecione a aba Geo (Figura 38). A imagem baixada no passo anterior será apresentada no módulo de cadastro, permitindo assim o cadastrante inserir/produzir as demais informações necessárias ao CAR. 108 IEPEC

16 Capítulo 5 Cadastro Ambiental Rural Figura 38. Etapa 2 (Geo): inserindo informações georreferenciadas. Caso o cadastrante possua as informações em arquivos vetoriais shapefileé possível inseri-las utilizando o menu de edição do canto esquerdo da tela (ver Figura 38). Caso o cadastrante não possua os arquivos vetoriais é possível criar os polígonos utilizando a ferramenta de desenho, também localizada no menu de edição. Após inserir as informações sobre a área do imóvel rural, cobertura do solo, servidão administrativa, APP/uso restrito e reserva legal, o cadastrante pode inserir informações adicionais (aba informações no menu cadastrar, ver Figura 39). O portal do agroconhecimento 109

17 Sensoriamento remoto e SIG aplicados ao novo Código Florestal Figura 39. Etapa 3: inserindo informações adicionais sobre o imóvel rural. Por fim, é possível gravar as informações inseridas no módulo de cadastro para posterior envio. Além disso, é possível retificar informações que por ventura tenham sido informadas incorretamente durante o cadastro (Figura 40). 110 IEPEC

18 Capítulo 5 Cadastro Ambiental Rural Figura 40. Etapa 4: gravar, enviar e retificar informações do CAR. Após finalizar o CAR é possível acompanhar a solicitação por meio do portal do SICAR ( Figura 41), utilizando o protocolo gerado ao final do cadastro: Figura 41. Consulta do andamento do CAR. O portal do agroconhecimento 111

19 Sensoriamento remoto e SIG aplicados ao novo Código Florestal 112 IEPEC

20 O Instituto de Estudos Pecuários é um portal que busca difundir o agroconhecimento, realizando cursos e palestras tanto presenciais quanto online. Mas este não é nosso único foco. Com o objetivo principal de levar conhecimento à comunidade do agronegócio, disponibilizamos conteúdos gratuitos, como notícias, artigos, entrevistas entre outras informações e ferramentas para o setor. Através dos cursos online, o IEPEC oferece a oportunidade de atualização constante aos participantes, fazendo com que atualizem e adquiram novos conhecimentos sem ter que gastar com deslocamento ou interromper suas atividades profissionais. w w w. i e p e c. c o m