ELABORAÇÃO DE PRODUTOS DESIDRATADOS PARA INSERÇÃO NA AGRICULTURA FAMILIAR: APROVEITAMENTO DE FRUTAS NATIVAS
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- Maria Eduarda Belém Rodrigues
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1 ELABORAÇÃO DE PRODUTOS DESIDRATADOS PARA INSERÇÃO NA AGRICULTURA FAMILIAR: APROVEITAMENTO DE FRUTAS NATIVAS OLIVEIRA, Kaio Vasconcelos 1 ; BREDA, Caroline Alves 2 ; CORREIA, Camila Azevedo Chaves 1 ; JUSTI, Priscilla Narciso 1 ; PEREIRA, Zefa Valdivina 3 ; SANJINEZ-ARGANDOÑA, Eliana Janet 1 ; Palavras-chave: Secagem, valorização regional, agroindústria familiar, frutas nativas. Introdução O bioma cerrado é formado por um mosaico de diferentes tipos de vegetação sendo considerado o segundo maior bioma do Brasil e da América do Sul (ROESLER et al., 2007). No estado do Mato Grosso do Sul, são encontradas algumas espécies frutíferas que são muito conhecidas pela população local devido à peculiaridade de seus atributos sensoriais tais como cor, aroma e sabor. No período de safra, os frutos são consumidos na forma in natura ou beneficiados em formulações caseiras de licores, doces, sorvetes, sucos, geleias, entre outros (CARDOSO et al., 2010; COUTINHO et al., 2009; SANJINEZ-ARGANDOÑA e CHUBA, 2011). Além da grande aceitabilidade destes frutos na região, o consumo destes contribui como fonte de fibras e compostos bioativos como antioxidantes (compostos fenólicos, pigmentos e ácido ascórbico, entre outros). A agroindustrialização de matérias-primas advindas do campo é uma prática que se consolida cada vez mais como importante possibilidade de agregação de valor, geração de renda e instrumento para o desenvolvimento local sustentável, respeitando a biodiversidade da região. No que diz respeito ao Resumo revisado por: Eliana Janet Sanjinez-Argandoña. Uso múltiplo da diversidade biológica do bioma berrado: estratégia sustentável para comunidades dos assentamentos rurais na região da Grande Dourados MS 1 Faculdade de Engenharia-Universidade Federal da Grande Dourados - elianaargandona@ufgd.edu.br ² Faculdade de Engenharia de Alimentos Universidade Estadual de Campinas ³ Faculdade de Ciências Biológicas e Ambientais Universidade Federal da Grande Dourados
2 cerrado, uma forma de assegurar a sustentabilidade do uso da biodiversidade é criar alternativas de manejo do ambiente natural com as populações locais, envolvendo o pequeno e o médio produtor, para que possam promover meios de vida sustentáveis, onde a geração de renda e a qualidade de vida estejam em consonância com a conservação dos recursos naturais (SAWYER, et al., 1999). A maior dificuldade encontrada na conservação das frutas nativas do cerrado diz respeito a alta perecibilidade e a ausência de tratamentos pós-colheita que acarreta em desperdícios, sendo necessárias alternativas de processamento que reduzem as perdas, gerem novos produtos e favoreçam a exploração sustentável destas espécies. Segundo Doymaz (2008), entre os processos mais utilizados, pela simplicidade e facilidade, está a desidratação ou secagem, que consiste na remoção da umidade do interior do alimento, minimizando deteriorações químicas, bioquímicas e microbiológicas, refletindo no aumento de vida útil do produto, diminuição do volume e peso no transporte, economia de espaço na estocagem, entre outros. A partir da secagem de diversas frutas pode-se proceder ao desenvolvimento de vários produtos alimentícios como barras alimentícias, biscoitos, polpa de fruta em pó, tempero em tabletes entre outros, com qualidades nutritivas bastante atraentes do ponto de vista sensorial e funcional, assim sendo, a diversificação de produtos é possível e sua aplicação na agroindústria familiar torna-se viável. Desta forma, o objetivo da ação foi introduzir metodologias de desidratação de frutas em comunidades rurais, visando o aproveitamento dos frutos do cerrado e a geração de produtos com valores agregados como fonte de renda para estas comunidades. Metodologia Os trabalhos foram desenvolvidos com agricultores dos Assentamentos Lagoa Grande e Amparo do município de Dourados e pequenos produtores da cidade de Dourados e região. Os Assentamentos foram selecionados por fazerem parte de outro programa de extensão que incentiva o plantio de frutas nativas e o
3 aproveitamento de alimentos através da transformação em produtos alimentícios que são comercializados em feiras, na universidade e em alguns supermercados. A ação consistiu, inicialmente, no treinamento da equipe de discentes quanto à abordagem didática e as práticas que seriam adotadas nas comunidades. Todas as práticas foram testadas previamente em laboratório. A capacitação dos agricultores foi realizada com atividades práticas dialogadas. Foram abordados conceitos de pos-colheita de frutas, frutas regionais, legislação sobre alimentos desidratados, higiene e boas práticas de fabricação (BPF), etapas de pré-processamento, embalagens, rótulos e armazenamento. Nas atividades práticas, foram realizadas atividades de: 1) Métodos de branqueamento de frutos 2) desidratação de maçã, banana e pequi utilizando forno elétrico. Para a obtenção das farinhas foram apresentadas amostras processadas pelos discentes e os métodos de obtenção. Resultados e discussão Os trabalhos foram desenvolvidos com agricultores e pequenos produtores, dos quais alguns já elaboram e comercializam produtos alimentícios. A ação também se realizou com os participantes do 14 Workshop de Plantas mediciniais do Mato Grosso do Sul e do 3 Empório da Agricultura Familiar, durante o evento. Durante o treinamento teórico foram abordados os cuidados necessários na pós-colheita dos frutos, as diferenças entre frutas climatéricas e frutas nãoclimatéricas, frutas regionais e a legislação pertinente a alimentos desidratados. Assim, os agricultores foram instruídos quanto à produção de frutas desidratadas comerciais (banana e maçã) e regionais (pequi e bocaiúva). Na parte prática, se aplicaram as boas práticas de fabricação (BPF) no processamento de maçã, pequi e banana, visando a desidratação dos frutos. Se obtiveram maçã desidratada com e sem prévio branqueamento, banana passa e
4 caqui desidratado para ser convertido em farinha. Em todas as etapas, houve participação do público alvo. Instruiu-se quanto à necessidade de elaborar produtos alimentícios a partir das polpas desidratadas para aumentar a palatabilidade dos frutos. Sugeriu-se a produção de barras alimentícias, biscoitos, licores e tempero em tabletes. Foi realizada também uma prática de produção de tomate seco em conserva. Após as práticas de desidratação, foi realizada uma capacitação quanto à apresentação dos novos produtos (embalagem e rotulagem) de acordo com a legislação vigente. Em todas as atividades práticas, houve a preocupação de se realizar a adaptação das técnicas para a realidade local, substituindo medidas realizadas em laboratório (pesagem de pequenas quantidades de matéria-prima, por exemplo) por medidas caseiras e o uso de equipamentos sofisticados (secadores convectivos, liofilizadores, entre outros) por equipamentos e utensílios domésticos (fornos convencionais e elétricos e liquidificadores), tornando a ação mais abrangente e com custos reduzidos. Com base dos resultados e sugestões levantadas pelos participantes, se elaborou uma cartilha informativa intitulada Processamento de Frutas: Técnicas de Desidratação, utilizando uma linguagem bastante acessível com o intuito de manter um material de consulta permanente para eventuais dúvidas. A cartilha foi editada com recursos do CNPq. O interesse e envolvimento das comunidades rurais quanto ao aprendizado das técnicas de desidratação, fato que foi corroborado pela observação da comercialização de produtos desidratados por estas comunidades em feiras livres e o surgimento de uma cooperativa agroindustrial em uma das comunidades onde foi realizada a ação, motivou para propor a construção de um desidratador para a produção artesanal visando atender as solicitações dos produtores. O equipamento foi contruído em parceria com docentes e discentes do curso de Engenharia de Energia e encontra-se em fase de validação.
5 Conclusões Do exposto, pode-se concluir que a ação efetuada com as comunidades rurais da região de Dourados-MS foi bastante efetiva, visto que houve grande interesse das comunidades no aprendizado de novas técnicas de processamento refletindo na produção de alimentos desidratados a partir de frutas nativas. Desta forma, as comunidades atendidas obtiveram uma nova alternativa para geração de renda e obtenção de produtos com maior valor agregado. Referências Bibliográficas CARDOSO, C. A. L.; SALMAZZO, G. R.; HONDA, N. K.; PRATES, C. B.; VIEIRA, M. C.; COELHO, R. G. Antimicrobial activity of extracts and fractions of hexanic fruits of Campomanesia species (Myrtaceae). Journal of Medicinal Food, v. 13, n. 4, p , COUTINHO, I.D; COELHO, R.G.; KATAOKA, V.M.F.; HONDA, N.K.; SILVA, J.R.M.; VILEGAS, W.; CARDOSO, C.A.L. Determination of phenolic compounds and evaluation of antioxidant capacity of Campomanesia adamantium leaves. Eclética Química, v.33, n.4, p , DOYMAZ, I. Convective drying kinetics of strawberry. Chemical Engineering and Processing, v. 47, p , 2008 ROESLER, R.; MALTA, L.G.; CARRASCO, L.C.; HOLANDA, R.B.; SOUSA, C.A.S.; PASTORE, G.M. Atividade antioxidante de frutas do cerrado. Ciência e Tecnologia de Alimentos, v.27, n.1 p , SANJINEZ-ARGANDOÑA, E. J.; CHUBA, C. A. M. Caracterização biométrica, física e química de frutos da palmeira bocaiuva Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd. Revista Brasileira de Fruticultura, v. 33, n. 3, p , SAWYER, D.; SCARDUA, F. PINHEIRO, L. Extrativismo vegetal no cerrado: análise de dados de produção, Brasília: ISPN/CMBBC. 9p., 1999.
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