Perguntas e respostas sobre a posição do Parlamento relativamente às negociações orçamentais

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1 Perguntas e respostas sobre a posição do Parlamento relativamente às negociações orçamentais As negociações entre o Parlamento Europeu e o Conselho de Ministros da UE sobre o orçamento para o próximo ano chegaram a um impasse na noite de segunda-feira, após a recusa obstinada de uma minoria de governos de examinar um procedimento que associe o Parlamento ao debate em torno do sistema de financiamento da UE, não obstante as importantes concessões feitas anteriormente pelo PE. A equipa negocial do PE tinha já reiterado a sua vontade de limitar o aumento dos pagamentos a 2,91%, em 2011, e de estabelecer um tecto máximo de 1% para as autorizações (que determinam os futuros pagamentos). No entanto, os deputados europeus reafirmaram igualmente a sua vontade de iniciar conversações sobre o modo como o Parlamento pode ser implicado numa revisão do sistema de financiamento do orçamento da UE, a fim de tornar este último menos propenso a crises. Contacto : Jaume DUCH GUILLOT Porta-voz do PE e Director para os Media BXL: (+32) STR: (+33) PORT: (+32) jaume.duch@europarl.europa.eu Marjory VAN DEN BROEKE Press Unit - Chefe de Unidade BXL: (+32) STR: (+33) PORT: (+32) marjory.vandenbroeke@europarl.europa.eu Sara AHNBORG BUDG Press Unit - Press Officer BXL: (+32) STR: (+33) PORT: (+32) budg-press@europarl.europa.eu Ron KORVER BUDG Press Unit - Press Officer BXL: (+32) STR: (+33) PORT: (+32) budg-press@europarl.europa.eu ronnie.korver@europarl.europa.eu PT Serviço de Imprensa Direcção da Comunicação Social Director - Porta-Voz : Jaume DUCH GUILLOT Reference No.: BKG94668 Press switchboard number (32-2) /12

2 Porque é que o Parlamento pretende participar nas conversações em torno do quadro financeiro para ? O Parlamento receia que, com todas as novas políticas e missões cometidas à UE pelos governos, nomeadamente por via do Tratado de Lisboa, acabe por ser cada vez mais necessário recorrer a manobras orçamentais ad hoc ou no pior dos casos que não se consiga arranjar dinheiro para financiar essas políticas e missões. Se o Parlamento estiver envolvido nas conversações por exemplo, mediante a presença de observadores não só poderá prestar um contributo, na medida em que acompanhou de perto o debate e as diferentes soluções propostas, como também se tornará mais fácil que os deputados aprovem o documento final. É necessário o assentimento (aprovação) do Parlamento para que o próximo Quadro Financeiro Plurianual (QFP) possa entrar em vigor. Os deputados, que necessitam de justificar o seu voto junto dos eleitores, têm de estar plenamente informados sobre as possibilidades negociais e, igualmente, de nelas poderem influir. Se os deputados do PE considerarem que o quadro financeiro proposto pelo Conselho não é suficientemente bom para os cidadãos europeus, terão de o rejeitar na integralidade. Para evitar tal situação uma crise orçamental o Tratado obriga o Parlamento, o Conselho e a Comissão a "tomarem todas as medidas necessárias" para facilitar a aprovação do quadro financeiro plurianual. O Parlamento crê que uma boa abordagem consistiria em incluir um certo número de deputados, a título de observadores, logo no início das negociações. Se estiverem presentes representantes do Parlamento quando são abordados aspectos cruciais, é-lhes possível aconselhar os Estados-Membros sobre a forma de agir para que o texto possa ser aprovado pelos deputados europeus BKG /12

3 Será que o Parlamento requer um imposto a nível da UE? Não. A maior parte dos deputados entende que a perspectiva de um imposto da UE seria irrealista. Para criar um imposto desta natureza, seria não só necessária a unanimidade no Conselho, como também a ratificação por todos os Parlamentos nacionais, isto é, uma "dupla unanimidade". O que o Parlamento requer é a sua participação no debate em torno de novas fontes de receita da UE, sem raciocínios apriorísticos quanto ao tipo de fontes de receita que possam ser utilizadas. Seja como for, os Estados-Membros terão de debater este assunto, na medida em que é necessária uma nova decisão da UE sobre recursos próprios para o período orçamental de O Parlamento espera que o debate seja produtivo, já que o actual sistema, que conta principalmente com as contribuições nacionais para o orçamento da UE, depende demasiadamente dos orçamentos nacionais, o que dificulta muito o processo orçamental anual da UE. Tal significa ainda que, presentemente, a atenção se focaliza de forma excessiva no nível geral e não no conteúdo do orçamento da UE. Os recursos próprios são uma parte importante do sistema de financiamento da UE. Apesar de, no início, as Comunidades Europeias terem sido financiadas por contribuições nacionais, estava já previsto no Tratado de Roma de 1957 que isto aconteceria apenas por um período transitório e que a CEE teria de ser inteiramente financiada através de um sistema de recursos próprios, em vez de contribuições nacionais. Em 1970, o Conselho aprovou a decisão que previa a substituição das contribuições financeiras dos Estados-Membros pelos recursos próprios das Comunidades, estipulando que estes consistiriam em direitos agrícolas, direitos aduaneiros e numa percentagem da receita do IVA calculada a partir de uma base harmonizada. (os Estados-Membros são responsáveis pela colecta destes recursos e pela sua transferência para a Comissão Europeia.) No entanto, após ter sido negociado o "rebate" (ou reembolso) britânico e de terem sido introduzidas taxas de IVA diferenciadas para os diversos Estados-Membros o pagarem, a elaboração do orçamento da UE tornou-se cada vez mais complicada. Por esta razão, em 1988, foi introduzida uma quarta fonte de financiamento, baseada no Rendimento Nacional Bruto (RNB) dos Estados-Membros. Esta é actualmente a principal fonte de financiamento do sistema, visto que os direitos aduaneiros e os direitos agrícolas diminuíram, os primeiros devido aos esforços feitos a nível mundial para reduzir as tarifas alfandegárias, os segundos devido às mudanças nos preços agrícolas. Na revisão do orçamento a que se procedeu recentemente (19 de Outubro), a Comissão Europeia expôs um certo número de opções para alterar o sistema de financiamento em vigor. O que o Parlamento pretende, por ora, é convencionar um procedimento e uma ordem do dia para um diálogo, de modo a que seja possível alcançar um acordo antes que a UE tenha de adoptar uma decisão sobre o seu próximo quadro orçamental de longo prazo ("Quadro Financeiro Plurianual, QFP", igualmente denominado "Perspectivas Financeiras") BKG /12

4 Porque é que o Parlamento aceita agora um aumento de 2,91%? A Comissão, que gere e executa o orçamento da UE, é, com efeito, a instituição que mais bem colocada se encontra para calcular o nível dos pagamentos para um determinado exercício. Sendo assim, os deputados votaram a favor da estimativa feita pela Comissão quanto ao nível de pagamentos necessário para 2011, correspondente a 6% de aumento, em vez de 2,9%. O Conselho definiu como condição principal para um acordo orçamental que o nível dos pagamentos fosse inferior. Os deputados podem pensar que tal atitude não é realista, mas sabem que a parte importante do orçamento são as autorizações. O nível de pagamentos convencionado regula apenas o momento em que as facturas deverão ser pagas, ao passo que as autorizações são as decisões políticas que determinam quanto e em que é que a UE deverá gastar o dinheiro a curto e a longo prazo. Devido à situação económica difícil na UE, o Parlamento preconiza um aumento das autorizações de cerca de 1%, abaixo do nível da inflação BKG /12

5 Será que o Parlamento pretende alterar o Tratado? Não. O Tratado de Lisboa estipula, no que respeita às negociações sobre o próximo quadro orçamental de longo prazo ("Quadro Financeiro Plurianual" ou "Perspectivas Financeiras"), que o Conselho, a Comissão e o Parlamento "tomam todas as medidas necessárias para facilitar essa adopção" (nº 5 do artigo 312º TFUE). Em geral, no caso dos orçamentos anuais, do QFP e dos recursos próprios, os presidentes das três instituições "tomam todas as medidas necessárias para promover a concertação e a aproximação das posições das instituições a que presidem a fim de facilitar a aplicação das disposições do presente título" (artigo 324º TFUE). O que o Parlamento pretende é chegar a acordo quanto ao que isto significa na prática, ou seja, determinar uma metodologia de trabalho pragmática BKG /12

6 O Parlamento pretende um orçamento mais elevado no futuro? Não forçosamente. Os deputados pretendem um quadro orçamental (ou seja, limites máximos) para 2012 e 2013 que seja suficientemente flexível para enfrentar as novas missões que a UE assumiu desde que o quadro foi adoptado, há cinco anos. Tal inclui uma margem de manobra orçamental para o Serviço Europeu de Acção Externa, os trabalhos destinados a prevenir futuras crises financeiras, incluindo um orçamento mais elevado para as novas autoridades de supervisão financeira, e a intensificação do combate às alterações climáticas, bem como o projecto de investigação no domínio da energia de fusão nuclear "ITER", ao qual os Estados-Membros conferem muita importância. Estes ajustamentos não têm de se reflectir num aumento do orçamento total da UE, mas sim no aumento da possibilidade de transferência de dotações de um orçamento para outro. A transferência de dotações entre as diferentes rubricas do orçamento é, actualmente, muito difícil BKG /12

7 O que significa a insistência do PE na "flexibilidade" do orçamento? Outra questão importante para o Parlamento decorrente da preocupação de que se disponha de dinheiro suficiente para aplicar as decisões adoptadas pelo Conselho é aquilo que se denomina "margens de flexibilidade". Tal significa que, em caso de necessidade real, mas inesperada, de uma quantia avultada de dinheiro adicional, podem ser inscritos no orçamento da UE fundos suplementares até 0,03% do Rendimento Nacional Bruto. No passado, esta "flexibilidade" foi utilizada pelo Conselho para financiar o sistema europeu de navegação por satélite, Galileo, atenuar a crise alimentar nos países africanos e financiar o plano de relançamento económico elaborado no último ano. Agora, o Conselho afirma que, segundo o Tratado de Lisboa, a libertação dos 0,03% da "flexibilidade" requer uma deliberação por unanimidade, ao passo que a decisão costumava ser adoptada por maioria qualificada no Conselho e maioria de três quintos no Parlamento. Assim estava estipulado no Acordo Interinstitucional entre o Parlamento, o Conselho e a Comissão sobre a disciplina orçamental e a boa gestão financeira (ponto 22, segundo travessão). O Acordo Interinstitucional terá agora de ser renegociado, na sequência do Tratado de Lisboa. Contudo, renunciar a este aspecto significaria que qualquer EstadoMembro poderia bloquear a decisão no Conselho BKG /12

8 O Parlamento quer mais poderes no tocante ao orçamento da UE? O Parlamento pretende que o Tratado de Lisboa seja aplicado, nem mais nem menos. O Tratado de Lisboa confere aos deputados, enquanto representantes directamente eleitos de cerca de 500 milhões de cidadãos da UE, determinados poderes, e o Parlamento pretende alcançar um acordo sobre a forma de os pôr em prática. No que respeita ao estabelecimento do próximo quadro orçamental de longo prazo ("Quadro Financeiro Plurianual" ou "Perspectivas Financeiras"), os deputados pretendem chegar a acordo com as demais instituições sobre o método de trabalho. É necessário o assentimento (aprovação) do Parlamento para um novo QFP. O Parlamento propôs um modelo inspirado nas Conferências Intergovernamentais precedentes, com três deputados que participassem em todos os debates, para facilitar a adopção, no Parlamento, do texto proposto e evitar situações de impasse BKG /12

9 Quais foram os requisitos do Parlamento durante as negociações? A Conferência de Presidentes formulou sete requisitos, que são passíveis de ser sintetizados no pedido de que o Conselho assuma o compromisso firme de estabelecer um sistema que permita a participação do Parlamento nas futuras negociações sobre o regime de financiamento da UE (o Quadro Financeiro Plurianual). Os sete pontos originais eram os seguintes: Necessidade de um verdadeiro diálogo estratégico com o Conselho (tal como requerido no Tratado); Um nível global de despesas suficiente; Focalização na "mais-valia europeia" (a Comissão deveria efectuar um estudo em que expusesse aos cidadãos a vantagem de gastar dinheiro a nível da UE e menos a nível nacional); "Lisbonização" do orçamento (tornar o quadro orçamental actual consonante com as novas missões da UE, como o Serviço Europeu de Acção Externa, advenientes do Tratado de Lisboa); Revisão intercalar: ajustamento do actual QFP no que respeita aos anos de 2012 e 2013 (não forçosamente através do aumento do orçamento, mas conferindo uma margem à "Lisbonização", às medidas contra a crise financeira e a outros novos projectos); Recursos próprios significativos (encetar um debate sobre as novas formas de financiar o orçamento da UE, chegando a acordo, nesta primeira etapa, exclusivamente quanto a um método de trabalho e a um calendário); Participação apropriada na preparação e negociação do próximo QFP (tal como exigido no Tratado) BKG /12

10 Se não existir acordo, o que é que se passará? Background A Comissão comunicou que ia preparar um novo projecto de orçamento com a maior rapidez possível. Após esta proposta, o Conselho deverá adoptar a sua posição num mês, sendo que os deputados disporão, subsequentemente, de 42 dias para decidir se a aprovam. Estão em causa limites máximos; as instituições podem, como é óbvio, adoptar as suas posições muito mais rapidamente e visar um acordo para o mês de Dezembro. O Parlamento conta com os Chefes de Estado e Governo, que se reunirão no Conselho Europeu nos dias 16 e 17 de Dezembro, para sair desta situação de impasse BKG /12

11 Quais são as consequências de ter de se voltar ao regime dos duodécimos provisórios? Enquanto não existir orçamento para 2011, será utilizado o orçamento do ano anterior, dividindo os montantes anuais em doze partes mensais. As implicações desta situação são graves, mas não apocalípticas. O sistema dos duodécimos provisórios implica despesas mensais em cada capítulo que correspondem exactamente a doze avos do orçamento para esse capítulo em Tal regime não atende ao facto de os pagamentos serem mais elevados em certos meses do ano do que noutros. A solução para este problema radica no artigo 315º do Tratado, que estipula que, com base numa proposta da Comissão, o Conselho pode decidir, por maioria qualificada, autorizar recursos adicionais. O Parlamento Europeu deve, seguidamente, aprovar ou reduzir esse montante no prazo de 30 dias. Existirão situações de urgência, sobretudo no domínio da agricultura. Os EstadosMembros adiantaram pagamentos directos aos agricultores no montante de 30 mil milhões de euros e a Comissão Europeia tem de os compensar em Janeiro de Com base nos duodécimos provisórios, a Comissão disporá somente de 6 mil milhões de euros e, por conseguinte, os Estados-Membros e a Comissão deparar-se-ão com um problema. Este exemplo não passa de uma das consequências da ausência da aprovação do orçamento antes de Janeiro. Todas as políticas recentemente adoptadas se depararão com problemas orçamentais, porquanto não existia dinheiro previsto para as mesmas (ou era insuficiente) no orçamento para Tal aplica-se, por exemplo, aos novos organismos de supervisão financeira, ao Serviço Europeu de Acção Externa e ao projecto de investigação em matéria de fusão nuclear (ITER). No projecto de orçamento para 2011, estava previsto um aumento de 14% para a política de coesão, algo que terá igualmente de ser remediado com soluções ad hoc BKG /12

12 Ligações para informações complementares Background As ligações que se seguem fornecem informações complementares e referem antecedentes sobre a reacção do Parlamento no final do processo de conciliação e sobre o orçamento da UE para BKG /12