Instituições de Direito Público e Privado. Parte XIV Falência
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- Maria do Mar Bonilha Philippi
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1 Instituições de Direito Público e Privado Parte XIV Falência
2 1. Falência Conceito
3 Falência é um processo de execução coletiva contra o devedor. Envolve a arrecadação dos bens do falido para o juízo universal da falência, visando a venda judicial forçada para o pagamento proporcional ao crédito de cada um dos credores. Sérgio Pinto Martins
4 A falência é prevista e regulada pela Lei nº /2005 (Lei das Falências LF). Ocorre apenas em relação às empresas registradas no Registro de Comércio. Considera-se falida a empresa ou empresário que, sem relevante razão de direito, não pagam no vencimento obrigação líquida constante de título que legitime a ação executiva. A impontualidade é o que caracteriza a falência.
5 1. Falência Caracterização do Estado Falimentar
6 Art. 94 da LF. Será decretada a falência do devedor que: I sem relevante razão de direito, não paga, no vencimento, obrigação líquida materializada em título ou títulos executivos protestados cuja soma ultrapasse o equivalente a 40 (quarenta) salários-mínimos na data do pedido de falência; II executado por qualquer quantia líquida, não paga, não deposita e não nomeia à penhora bens suficientes dentro do prazo legal;.
7 Art. 94 da LF. Será decretada a falência do devedor que: [...] omissis [...] III pratica qualquer dos seguintes atos, exceto se fizer parte de plano de recuperação judicial: a) procede à liquidação precipitada de seus ativos ou lança mão de meio ruinoso ou fraudulento para realizar pagamentos; b) realiza ou, por atos inequívocos, tenta realizar, com o objetivo de retardar pagamentos ou fraudar credores, negócio simulado ou alienação de parte ou da totalidade de seu ativo a terceiro, credor ou não; c) transfere estabelecimento a terceiro, credor ou não, sem o consentimento de todos os credores e sem ficar com bens suficientes para solver seu passivo;.
8 Art. 94 da LF. Será decretada a falência do devedor que: [...] omissis [...] III pratica qualquer dos seguintes atos, exceto se fizer parte de plano de recuperação judicial: [...] omissis [...] d) simula a transferência de seu principal estabelecimento com o objetivo de burlar a legislação ou a fiscalização ou para prejudicar credor; e) dá ou reforça garantia a credor por dívida contraída anteriormente sem ficar com bens livres e desembaraçados suficientes para saldar seu passivo; f) ausenta-se sem deixar representante habilitado e com recursos suficientes para pagar os credores, abandona estabelecimento ou tenta ocultar-se de seu domicílio, do local de sua sede ou de seu principal estabelecimento; g) deixa de cumprir, no prazo estabelecido, obrigação assumida no plano de recuperação judicial..
9 Art. 96 da LF. A falência requerida com base no art. 94, inciso I do caput, desta Lei, não será decretada se o requerido provar: I falsidade de título; II prescrição; III nulidade de obrigação ou de título; IV pagamento da dívida; V qualquer outro fato que extinga ou suspenda obrigação ou não legitime a cobrança de título; VI vício em protesto ou em seu instrumento; VII apresentação de pedido de recuperação judicial no prazo da contestação, observados os requisitos do art. 51 desta Lei; VIII cessação das atividades empresariais mais de 2 (dois) anos antes do pedido de falência, comprovada por documento hábil do Registro Público de Empresas, o qual não prevalecerá contra prova de exercício posterior ao ato registrado..
10 1. Falência Legitimidade para Requerer
11 Art. 97 da LF. Podem requerer a falência do devedor: I o próprio devedor, na forma do disposto nos arts. 105 a 107 desta Lei; II o cônjuge sobrevivente, qualquer herdeiro do devedor ou o inventariante; III o cotista ou o acionista do devedor na forma da lei ou do ato constitutivo da sociedade; IV qualquer credor..
12 1. Falência Pequenas Considerações sobre o Processo Falimentar
13 A decretação da Falência ou o deferimento do processo de recuperação judicial suspende o curso da prescrição e de todas as ações e execuções em face do devedor, inclusive aquelas movidas por credores particulares do sócio solidário. No caso de dívidas trabalhistas, as ações correram junto à Justiça do Trabalho até a apuração do crédito, o qual será inscrito no quadro geral de credores. A verificação dos créditos será realizada pelo administrador judicial, com base nos livros contábeis e documentos comerciais e fiscais do devedor, bem como nos documentos que forem apresentados pelos credores. Art. 21 da LF. O administrador judicial será profissional idôneo, preferencialmente advogado, economista, administrador de empresas ou contador, ou pessoa jurídica especializada..
14 Publicado o edital, os credores possuem um prazo de 15 dias para apresentar ao administrador judicial sua habilitação ou divergência quanto aos créditos relacionados. O pedido de habilitação deve conter: Nome, endereço do credor e o endereço em que receberá comunicação de qualquer ato do processo; Valor do crédito, atualizado até a data da decretação da falência ou do pedido de recuperação judicial, sua origem e classificação; Documentos comprobatórios do crédito e a indicação das demais provas; Indicação da garantia prestada pelo devedor, se houver, e o respectivo instrumento; Especificação do objeto da garantia que estiver na posse do credor. Os títulos e documentos que legitimam os créditos deverão ser exibidos no original ou por cópias autenticadas se estiverem juntados em outro processo.
15 Após o prazo de 15 dias acima mencionado, o administrador fará publicar novo edital, contendo a relação de credores, devendo indicar o local, horário e prazo comum em que as pessoas terão acesso aos documentos que fundamentaram a relação. No prazo de 10 dias após a publicação da relação de credores, o Comitê de Credores, qualquer credor, o devedor, os sócios ou o Ministério Público podem apresentar impugnação contra a referida relação, apontando a ausência de crédito ou se manifestando contra a legitimidade, importância ou classificação de crédito lá mencionado. Não observado esse prazo, a novas habilitações serão consideradas retardatárias, perdendo direito a voto nas deliberações da Assembleia Geral de Credores, bem como a rateios porventura realizados.
16 Os credores cujos créditos forem impugnados serão intimados para contestar a impugnação, no prazo de 5 dias, podendo produzir provas. Caso não haja impugnações, ou após resolvidas estas pelo juiz, o juiz homologará o quadro geral de credores. Art. 18 da LF. O administrador judicial será responsável pela consolidação do quadro-geral de credores, a ser homologado pelo juiz, com base na relação dos credores [...] e nas decisões proferidas nas impugnações oferecidas. Parágrafo único. O quadro-geral, assinado pelo juiz e pelo administrador judicial, mencionará a importância e a classificação de cada crédito na data do requerimento da recuperação judicial ou da decretação da falência, será juntado aos autos e publicado no órgão oficial, no prazo de 5 (cinco) dias, contado da data da sentença que houver julgado as impugnações.
17 O juízo da falência é indivisível e competente para conhecer todas as ações sobre bens, interesses e negócios do falido, ressalvadas as causas trabalhistas e fiscais. A decretação de falência determina o vencimento antecipado das dívidas do devedor e dos sócios ilimitada e solidariamente responsáveis, com o abatimento proporcional do juros, e converte as obrigações em moeda estrangeira para moeda nacional, pelo câmbio do dia da decisão. A responsabilidade pessoal dos sócios de responsabilidade limitada, dos controladores e dos administradores da sociedade falida será apurada no próprio juízo da falência, independentemente da realização do ativo e da prova da sua insuficiência para cobrir o passivo.
18 1. Falência Classificação dos Créditos
19 Art. 83 da LF. A classificação dos créditos na falência obedece à seguinte ordem: I os créditos derivados da legislação do trabalho, limitados a 150 (cento e cinquenta) salários-mínimos por credor, e os decorrentes de acidentes de trabalho; II - créditos com garantia real até o limite do valor do bem gravado; III créditos tributários, independentemente da sua natureza e tempo de constituição, excetuadas as multas tributárias;.
20 Art. 83 da LF. A classificação dos créditos na falência obedece à seguinte ordem: [...] omissis [...] IV créditos com privilégio especial, a saber: a) os previstos no art. 964 da Lei no , de 10 de janeiro de 2002; b) os assim definidos em outras leis civis e comerciais, salvo disposição contrária desta Lei; c) aqueles a cujos titulares a lei confira o direito de retenção sobre a coisa dada em garantia; d) aqueles em favor dos microempreendedores individuais e das microempresas e empresas de pequeno porte...
21 Art. 83 da LF. A classificação dos créditos na falência obedece à seguinte ordem: [...] omissis [...] V créditos com privilégio geral, a saber: a) os previstos no art. 965 da Lei no , de 10 de janeiro de 2002; b) os previstos no parágrafo único do art. 67 desta Lei; c) os assim definidos em outras leis civis e comerciais, salvo disposição contrária desta Lei; VI créditos quirografários, a saber: a) aqueles não previstos nos demais incisos deste artigo; b) os saldos dos créditos não cobertos pelo produto da alienação dos bens vinculados ao seu pagamento; c) os saldos dos créditos derivados da legislação do trabalho que excederem o limite estabelecido no inciso I do caput deste artigo;
22 Art. 83 da LF. A classificação dos créditos na falência obedece à seguinte ordem: [...] omissis [...] VII as multas contratuais e as penas pecuniárias por infração das leis penais ou administrativas, inclusive as multas tributárias; VIII créditos subordinados, a saber: a) os assim previstos em lei ou em contrato; b) os créditos dos sócios e dos administradores sem vínculo empregatício..
23 Falência Art. 84 da LF. Serão considerados créditos extraconcursais e serão pagos com precedência sobre os mencionados no art. 83 desta Lei, na ordem a seguir, os relativos a: I remunerações devidas ao administrador judicial e seus auxiliares, e créditos derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de acidentes de trabalho relativos a serviços prestados após a decretação da falência; II quantias fornecidas à massa pelos credores; III despesas com arrecadação, administração, realização do ativo e distribuição do seu produto, bem como custas do processo de falência; IV custas judiciais relativas às ações [...] em que a massa falida tenha sido vencida; V obrigações resultantes de atos jurídicos válidos praticados durante a recuperação judicial [...] ou após a decretação da falência, e tributos relativos a fatos geradores ocorridos após a decretação da falência, respeitada a ordem estabelecida no art. 83 desta Lei.
24 1. Falência Realização dos Ativos
25 Art. 139 da LF. Logo após a arrecadação dos bens, com a juntada do respectivo auto ao processo de falência, será iniciada a realização do ativo.. Art. 140 da LF. A alienação dos bens será realizada de uma das seguintes formas, observada a seguinte ordem de preferência: I alienação da empresa, com a venda de seus estabelecimentos em bloco; II alienação da empresa, com a venda de suas filiais ou unidades produtivas isoladamente; III alienação em bloco dos bens que integram cada um dos estabelecimentos do devedor; IV alienação dos bens individualmente considerados..
26 1. Falência Pagamento aos Credores
27 Art. 149 da LF. Realizadas as restituições, pagos os créditos extraconcursais, na forma do art. 84 desta Lei, e consolidado o quadro-geral de credores, as importâncias recebidas com a realização do ativo serão destinadas ao pagamento dos credores, atendendo à classificação prevista no art. 83 desta Lei, respeitados os demais dispositivos desta Lei e as decisões judiciais que determinam reserva de importâncias. Art. 153 da LF. Pagos todos os credores, o saldo, se houver, será entregue ao falido..
28 Obrigado!
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