Nota de Ensino Título: Caso Mendes Júnior vs. Chesf. 2. Resumo do Caso.

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1 Nota de Ensino 1 1. Título: Caso Mendes Júnior vs. Chesf. 2. Resumo do Caso. O Caso Mendes Júnior vs. Chesf retrata o histórico de conflitos envolvendo a Construtora Mendes Júnior e a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), relacionados à construção da Usina Hidrelétrica de Itaparica. No início da década 80, a carência de infra-estrutura energética brasileira, a qual ganhou relevo no fim dos anos 90 quando os apagões se tornaram constantes e os olhos da mídia e da população voltaram-se para este problema, tornou imperativa a construção da Usina Hidrelétrica de Itaparica (batizada de Usina Luiz Gonzaga), situada na bacia do Rio São Francisco, em virtude da demanda cada vez maior de energia pela Região Nordeste. Num momento em que o Governo Federal alegava a falta de recursos para empregar na construção de Itaparica, a Chesf, em virtude da imprescindibilidade do projeto, decidiu começar as obras com administração própria, e, após vencer o procedimento licitatório, a Construtora Mendes Júnior assumiu a responsabilidade pela consecução do empreendimento. Entretanto, devido aos recorrentes atrasos da Chesf na realização dos pagamentos correspondentes aos serviços prestados pela Construtora, esta veio a captar no mercado financeiro os recursos necessários à continuidade das obras, em observância à impossibilidade de rescisão dos contratos. Após a conclusão da construção, em 1988, a recusa da Companhia em compensar financeiramente a Mendes Júnior motivou a instauração de uma intensa disputa judicial que perdura até a atualidade nos Tribunais pátrios. 3. Principais Atores do Caso. Construtora Mendes Júnior: pessoa jurídica de direito privado, surgida em 31 de dezembro de 1953, com reconhecida atuação no ramo da infra-estrutura, tanto no Brasil como no exterior. Protagonista do Caso. 1 A Nota de Ensino tende a ser alvo de constante atualização, o que se dará conforme o Caso Mendes Júnior vs. Chesf for aplicado em sala de aula nas diferentes Disciplinas que lhe tangenciam. 1

2 Chesf: empresa de economia mista federal, criada em 3 de outubro de 1945 pelo Decreto- Lei nº 8.301, a quem foi concedido o aproveitamento industrial progressivo da energia hidráulica do Rio São Francisco. Protagonista do Caso. Eletrobrás: empresa de economia mista e capital aberto, controlada pelo Governo Brasileiro, que atua nas áreas de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica. Destaca-se no Caso por ser controladora da Chesf. Entidades Governamentais: Presidência da República (União Federal); Consultoria-Geral da República; Ministério Público Federal (MPF); e Ministério das Minas e Energia (MME). 4. Enquadramento temporal e espacial da situação descrita no Caso. A situação descrita no Caso se estende desde a década de 80 até os dias de hoje, abrangendo fatos ocorridos em território brasileiro. 5. Definição das temáticas abordadas no Caso. Como conteúdos abordados na Narrativa, destacam-se: (i) contratos administrativos (foco em contratos de obra pública); (ii) exceção de contrato não cumprido; (iii) coisa julgada; (iv) recursos processuais cíveis; (v) juros de mora; (vi) correção monetária; e (vii) dever de divulgação de informações em demonstrações financeiras. 6. Justificativa. O estudo deste Caso mostra-se de imenso proveito para alunos dos cursos de Graduação e Pós-Graduação interessados em vivenciar, no ambiente acadêmico, situações reais, de alta complexidade e relevância, as quais conciliam de forma ímpar aspectos teóricos e práticos. Como Disciplinas (áreas temáticas) mais indicadas para explorarem o Caso, destacam-se: Direito Processual Civil; Contencioso Empresarial; Direito Contratual e Obrigacional I e II; Direito Administrativo; Direito Público dos Negócios. Entretanto, o Caso tangencia preponderantemente a temática de Direito Processual Civil e Contencioso Empresarial, razão pela qual esta Nota de Ensino voltar-se-á à aplicação do Caso em tais Disciplinas. 2

3 A metodologia de aplicação do Caso (dinâmicas em sala de aula) e o número de horas/aulas dedicadas ao seu uso devem variar entre as diferentes Disciplinas descritas acima. 7. Objetivos Pedagógicos (habilidades e competências a serem desenvolvidas pelos alunos). - Análise de contratos, documentos governamentais, correspondências, diplomas normativos e decisões judiciais; - Percepção das variáveis e riscos que circundam a execução de contratos de grande monta por entes privados contratados pela Administração Pública; - Compreensão das conseqüências decorrentes da adoção de determinadas estratégias negociais, contratuais e processuais; - Sistematização e análise crítica de fatos e argumentos; - Adoção de perspectiva interdisciplinar na análise do Caso, estabelecendo relações consistentes entre as diferentes matérias que ele tangencia; - Aprimoramento da capacidade de articulação escrita e verbal, demonstrando criatividade na concatenação de ideias; - Fortalecimento do domínio de conceitos jurídicos, aplicando-os ao Caso; - Percepção das peculiaridades que envolvem o trato com o Poder Público; - Compreensão dos papéis desempenhados por certos órgãos da Administração Pública e por determinadas empresas privadas com participação estatal. 8. Método de Aplicação do Caso (dinâmicas que serão utilizadas em sala de aula, preparação de alunos e professor, critérios para avaliação) nas Disciplinas de Direito Processual Civil e Contencioso Empresarial. O Caso, de uma maneira geral, pode ser aplicado como: (i) material de base para realização de role-play; (ii) material de apoio para ensino; (iii) material de base para prova; (iv) material de base para formulação de trabalho escrito. Entretanto, para o seu uso nas Disciplinas de Direito Processual Civil e Contencioso Empresarial, recomenda-se a utilização do Caso como base para realização de um roleplay, com a divisão da sala em grupos de 5 (cinco) pessoas, que participarão de uma Seção de Julgamento do Caso. Os grupos serão divididos nos seguintes papéis: (a) Construtora Mendes Júnior; (b) Chesf; (c) União Federal; (d) Ministério Público Federal (MPF); (e) Órgão Julgador. 3

4 Os alunos deverão promover a análise da íntegra Narrativa do Caso e dos principais Anexos da Narrativa (indicados pelo Professor) em ambiente extraclasse. Os alunos devem encarnar os personagens que estão representando, imaginando-se no momento da Narrativa que transcorre no ano de 2011, quando um Recurso Extraordinário e um Recurso Especial interpostos pela Mendes Júnior estão pendentes de julgamento pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e Superior Tribunal de Justiça (RESP), respectivamente. Cada grupo deverá elaborar uma peça processual por escrito defendendo seus interesses e de forma coerente com o momento do Caso aqui determinado, a ser entregue aos demais grupos antes da realização da Simulação. Embora o grupo que representar o Órgão Julgador não tenha de elaborar uma peça escrita prévia, nos moldes dos feitos pelos outros grupos, eles terão o encargo de produzir uma sentença final, emitindo suas conclusões sobre o Caso. A Seção de Julgamento deve ocorrer em aula com formato de Oficina (25 alunos), devendo-se atribuir 15 (quinze) minutos para as considerações dos grupos representantes da Mendes Júnior, da Chesf, da União Federal e do MPF, e 5 (cinco) minutos para a manifestação de voto oral de cada um dos 5 (cinco) membros do Órgão Julgador. A avaliação dos alunos integrantes dos grupos representantes da Mendes Júnior, da Chesf, da União Federal e do MPF deve se dar com base na qualidade das peças escritas e nos respectivos desempenhos na Simulação. Ao Professor cabe exigir dos alunos que se estendam além dos argumentos apresentados na Narrativa, valorizando sua criatividade e potencial de inovação. Quanto aos representantes do Órgão Julgador, seu desempenho deve ser mensurado pela capacidade de organização dos fatos e argumentos relativos ao Caso, além da qualidade e completude de sua justificativa decisória, a serem observadas tanto no voto individual oral como na sentença final produzida pelo grupo. 9. Bibliografia geral de apoio (engloba todos os aspectos do Caso, abrangendo a série de Disciplinas elencadas no tópico 6). MENDES, Murillo. ATTUCH, Leonardo. Quebra de Contrato/O Pesadelo dos Brasileiros. 2ª ed. Belo Horizonte: Folium, DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. São Paulo: Atlas, pp , MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Malheiros, pp , GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. São Paulo: Saraiva, pp , MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. São Paulo: Malheiros, pp ,

5 CRETELLA JÚNIOR, José. Curso de Direito Administrativo. Rio de Janeiro: Forense, pp MESQUITA, Jose Ignácio Botelho de. A coisa julgada. Rio de Janeiro: Forense, pp. 1-17, TALAMINI, Eduardo. Coisa julgada e sua revisão. São Paulo: Revista dos Tribunais, TUCCI, José Rogério Cruz e. Limites subjetivos da eficácia da sentença e da coisa julgada civil. São Paulo: Revista dos Tribunais, ORIONE NETO, Luiz. Recursos cíveis: teoria geral, princípios fundamentais, dos recursos em espécie, tutela de urgência no âmbito recursal, da ordem dos processos no tribunal. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, JORGE, Flávio Cheim. Teoria geral dos recursos cíveis. 4ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, SOUZA, Washington Peluso Albino de. A Correção Monetária e o Contrato. In: PACHECO, José Ernani de Carvalho. Correção Monetária. Curitiba: Juruá, pp