IMPUGNAÇÃO AO EDITAL

Transcrição

1 ILUSTRÍSSIMOS SENHORES INTEGRANTES DA COMISSÃO DE LICITAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL DO COMÉRCIO DEPARTAMENTO NACIONAL CONCORRÊNCIA SESC/AN N 16/ CC JHV IMPLEMENTOS RODOVIÁRIOS LTDA, pessoa jurídica de Direito Privado, inscrita no CNPJ sob o nº / , sediada na Avenida Carlos Alberto Chebabe, s/n, Km 9,8, Travessão, Campos dos Goytacazes/RJ, vem, por meio desta, na forma do artigo 41, 1, da Lei 8666/93, apresentar a presente IMPUGNAÇÃO AO EDITAL contra, em específico, a cláusula editalícia n 4.25 do Edital de Concorrência SESC/NA n 16/0014 CC, pelas seguintes razões: DOS FATOS E FUNDAMENTOS DO PEDIDO Esta empresa é participante da licitação na modalidade Concorrência promovida pelo Serviço Social do Comércio Departamento Nacional

2 (SESC-DN) para a contratação de empresa especializada na execução dos serviços de reforma de nove Unidades Móveis de Odontologia, na forma do Projeto OdontoSesc. A licitante está devidamente habilitada à participação na licitação, tendo em vista seu atendimento aos requisitos do edital, isto é, a empresalicitante possui todos os atributos constantes do edital de convocação. Nesta vereda e considerando ser a licitação o procedimento administrativo com fim seletivo (CARVALHO FILHO, 2013), a licitante fica vinculada aos termos do edital. Ocorre que o presente edital possui informações de natureza dúbia que necessitam de esclarecimento/correção. Em termos diretos, a cláusula editalícia 4.25 determina que a proposta comercial deverá conter: comprovação da licitante de possuir em seu corpo técnico, na data de abertura da licitação, profissional(is) de nível superior, detentor(es) de atestado(s) de responsabilidade técnica, devidamente registrado(s), no CREA/CAU da região onde os serviços foram realizados, acompanhado(s) da(s) Certidão(ões) de Acervo Técnico CAT, expedida(s) por esse Conselho, que comprove(m) ter o(s) profissional(is) executado fabricação, instalação, ou montagem de unidade móvel de odontologia, que guarde semelhança com o objeto licitado, em características técnicas e conformidades específicas, quanto à destinação de uso, às instalações especiais, às dificuldades construtivas e ao padrão de acabamento, sendo tais semelhanças somente observáveis em unidades dispostas em caminhões ou ônibus, com dimensões físicas assemelhadas ao objeto. Esta determinação, entretanto, não se coaduna com o princípio da igualdade, proporcionalidade e livre concorrência, como se demonstra abaixo. O cabimento da presente impugnação deriva de lei, de maneira que sua admissão é obrigatória pelo ente administrativo como forma de garantia de igualdade de tratamento para com os licitantes. Afirma o artigo 41, 1 da Lei de Licitações: LEI DE LICITAÇÕES (LEI 8.666, DE 21 DE JUNHO DE 1993)

3 Art. 41. A Administração não pode descumprir as normas e condições do edital, ao qual se acha estritamente vinculada. 1 Qualquer cidadão é parte legítima para impugnar edital de licitação por irregularidade na aplicação desta Lei, devendo protocolar o pedido até 5 (cinco) dias úteis antes da data fixada para a abertura dos envelopes de habilitação, devendo a Administração julgar e responder à impugnação em até 3 (três) dias úteis, sem prejuízo da faculdade prevista no 1 do art Decairá do direito de impugnar os termos do edital de licitação perante a administração o licitante que não o fizer até o segundo dia útil que anteceder a abertura dos envelopes de habilitação em concorrência, a abertura dos envelopes com as propostas em convite, tomada de preços ou concurso, ou a realização de leilão, as falhas ou irregularidades que viciariam esse edital, hipótese em que tal comunicação não terá efeito de recurso. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) 3 A impugnação feita tempestivamente pelo licitante não o impedirá de participar do processo licitatório até o trânsito em julgado da decisão a ela pertinente. 4º A inabilitação do licitante importa preclusão do seu direito de participar das fases subseqüentes. Pois bem, esta licitante considera que a determinação de que a expertise de seu corpo técnico seja em fabricação, instalação, ou montagem de unidade móvel de odontologia torna o processo licitatório desigual e ofensivo ao melhor interesse da Administração Pública. Isto, pois, a determinação de expertise em unidade de odontologia não se coaduna com a principiologia igualitária que deve reger a contratação na modalidade concorrência. Como se sabe, a Certidão de Acervo Técnico emitida pela CAU ou pelo CREA é o instrumento que certifica, para os efeitos legais, as atividades registradas no órgão de classe que constituem o acervo técnico do profissional. Neste diapasão, trata-se de certidão que demonstra a capacidade técnico-profissional do especialista de acordo com as atividades anteriormente desenvolvidas e constantes de sua anotação profissional.

4 O dever, criado pela norma editalícia, de ter o agente realizado reforma, montagem ou fabricação de unidade móvel de odontologia, no entanto, não se coaduna com a livre concorrência. Pensemos: o profissional componente do acervo técnico de quaisquer das empresas licitantes que tenha realizado montagem, reforma e fabricação de unidade móvel de saúde estaria excluído do certame. Contudo, qual a diferença em termos técnico-profissionais entre a reforma de unidade móvel de saúde e a reforma de unidade móvel de odontologia? OS NOBRES COMPONENTES DA COMISSÃO DE LICITAÇÃO CONCLUIRÃO QUE NÃO EXISTEM QUAISQUER DIFERENÇAS NA REFORMA, FABRICAÇÃO OU MONTAGEM DE UNIDADE MÓVEL DE ODONTOLOGIA PARA QUAISQUER OUTRAS ESPÉCIES DE UNIDADE MÓVEL. Isto, porque, a reforma, montagem ou fabricação de unidades móveis não diferem umas das outras pela espécie do objeto licitado. Em verdade, a diferença se mostra na qualificação do profissional. Ora, o profissional realmente qualificado saberá desenvolver e projetar tanto uma unidade móvel de mamografia quanto a unidade móvel de odontologia, tal como desenvolveria com a mesma qualidade a unidade móvel de uso para máquina agrícola, soldagem, entre outras. A realidade é que a norma editalícia cria uma margem de atuação irresponsável ao mercado, tendo em vista que somente empresas que possuam profissionais que já tenham realizado reforma, fabricação ou montagem de unidade móvel de odontologia poderiam participar da licitação. O edital, assim, malfere a própria Constituição Federal que determina ser fundamento da República Federativa do Brasil os valores sociais do trabalho e a livre concorrência, in verbis: CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 05 DE OUTUBRO DE 1988

5 Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: (omissis) IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; Ademais, com este tratamento não isonômico o edital lastreado ofende direito fundamental dos profissionais e das empresas para quem laboram que, apesar de possuírem plena capacidade para a reforma, montagem e fabricação de unidade móvel, ficam excluídos por nunca terem realizado o respectivo serviço para uma unidade de odontologia. CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 05 DE OUTUBRO DE 1988 Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (omissis) XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer; Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 90, de 2015) Por fim, merece ser aventada uma hipótese que, em que pese buscar diminuir a lesão da determinação de que o profissional tenha produzido unidade móvel de odontologia, se baseia na interpretação de que o fim da cláusula questionada aventaria a hipótese de o especialista ter reformado, fabricado ou montado outra espécie de unidade móvel, desde que esta guardasse semelhanças com o objeto licitado, vejamos: 4.25 (...) unidade móvel de odontologia, que guarde semelhança com o objeto licitado, em características técnicas e conformidades específicas, quanto à destinação de uso, às instalações especiais, às dificuldades construtivas e ao padrão de acabamento, sendo tais semelhanças somente observáveis em unidades dispostas em

6 caminhões ou ônibus, com dimensões físicas assemelhadas ao objeto. A norma, no entanto, ao invés de resolver o problema da isonomia e livre concorrência entre os contratantes acaba por criar situação subjetiva para a decisão. Ora, quem determinará quais unidades móveis anteriormente construídas possuem ou não semelhança com o objeto licitado? Como se poderia negar o direito do licitante em participar da concorrência por ter fabricado unidade móvel diferente daquela considerada semelhante à unidade móvel de odontologia? Logicamente, ao se determinar que somente as semelhanças das unidades móveis dispostas em caminhões e ônibus podem ser observadas, porém, esta regra não torna o processo licitatório isonômico. A última questão que se debate em relação à norma editalícia concebe-se na necessidade ou não de o corpo técnico dos licitantes ter necessidade de possuir profissionais de duas áreas, quais sejam, arquiteto e engenheiro. Vê-se que a norma alude à necessidade de profissional(is) de nível superior, detentor(es) de atestado(s) de responsabilidade técnica, devidamente registrado(s), no CREA/CAU da região (...). Pois bem, a dúvida desta licitante se concebe em ser a norma alternativa ou cumulativa, isto é, se a licitante necessita ter em seu corpo de responsabilidade técnica profissionais registrados no CREA ou no CAU ou se registrados no CREA e no CAU. Neste giro, cumpre ressaltar que, caso seja hipótese de cumulação, não nos parece razoável a determinação. O arquiteto, como se sabe, é profissional que poderia realizar a obragem na parte interna da unidade móvel, mas não

7 poderia projetar toda a unidade, do início ao fim, pois a projeção da unidade é verdadeira obra de engenharia. Deste modo, o requerimento de arquiteto em caso de acumulação foge ao escopo deste edital, haja vista a verdadeira inexistência de razoabilidade da norma. Ora, o engenheiro poderá projetar tanto a parte interna quanto à construção da unidade móvel, de modo que ser desnecessário profissional formado em arquitetura, pois a unidade móvel poderá ser projetada e ter sua conformação interna realizada pelo profissional de engenharia. DO PEDIDO Por todo o exposto e crendo na sabedoria de Vossas Senhorias, pleiteia esta empresa seja retificado o edital a fim de serem admitidos todos os Certidões de Acervo Técnico (CATs) apresentados pelos especialistas das licitantes de seus trabalhos profissionais, sejam as reformas, fabricações ou montagens de unidades móveis de odontologia, sejam de outras espécies. Caso assim não entendam Vossas Senhorias, requer sejam fixados critérios objetivos para a caracterização de quais semelhanças e características de outras unidades móveis servirão de parâmetro para esta licitação. Ademais, pede seja esclarecida se há necessidade de arquiteto e engenheiro ou se é caso de ser regra alternativa. Nestes termos, pede deferimento. Campos dos Goytacazes (RJ), 28 de Outubro de JHV IMPLEMENTOS RODOVIÁRIOS LTDA MARCIO SOUZA GUITTON CPF: