Efeito do peso do bulbilho-semente no rendimento de bulbos em cultivares de alho
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- Ivan Belmonte de Mendonça
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1 Efeito do peso do bulbilho-semente no rendimento de bulbos em cultivares de alho Marie Yamamoto Reghin; Rosana Fernandes Otto; Rafael Pagano de Oliveira; Jean Ricardo Olinik; Carlos Felipe Stülp Jacoby. UEPG. Dept o de Fitotecnia e Fitossanidade, Av. Carlos Cavalcanti 4748, Ponta Grossa-PR. freghin@convoy.com.br RESUMO O experimento foi conduzido em Ponta Grossa-PR, com o objetivo de avaliar o efeito do peso de bulbilhos-sementes nas características produtivas de cultivares de alho. O delineamento experimental foi o de blocos casualizados com quatro repetições; os tratamentos foram arranjados num esquema fatorial 4x3, sendo quatro pesos de sementes, P1 (1,0-2,0g), P2 (2,1-3,0), P3 (3,1-4,0) e P4 (>4,0g), e três cultivares de alho (Chonan, Balsa Nova e Ito). Os bulbos-semente foram vernalizados a 4 0 C por um período de 30 dias, sendo o plantio realizado em 10/06/2003. Observou-se alto rendimento total de bulbos (18,3 t/ha), em todas as cultivares e não ocorrendo diferença significativa entre si. Após a classificação dos bulbos, levando em consideração o rendimento nas classes superiores como a 6 (>47 < 55 mm), as alternativas mais favoráveis foram os pesos P3 e P4, independentemente da cultivar, com 43,93% e 57,44% de rendimento, respectivamente. Palavras-chave: Allium sativum L., tamanho, bulbilho, alho - semente. ABSTRACT Effect of seed clove weight on bulbs yield of garlic cultivars The experiment was realized in Ponta Grossa PR, with the aim to avaluate the effect of seed clove weight on bulbs yield of garlic cultivars. The experimental design was a randomized blocks with four replications; the treatments were arranged in a factorial scheme 4x3, being four seed clove weights, P1 (1,0-2,0g), P2 (2,1-3,0), P3 (3,1-4,0) and P4 (>4,0g), and three garlic cultivars (Chonan, Balsa Nova and Ito). Seed bulbs were vernalized for 30 days at 4 0 C and the planting was done on June, 06. The yield was high (18,3 t/ha), independent of the cultivar and it was not observed significative difference. After classified the bulbs into classes, considering yield on superior class as 6 (>47 < 55 mm), the best alternatives were P3 and P4 with 43,93% and 57,44% respectively, and it was not observed significative difference among cultivars. Keywords: Allium sativum L., size, bulbils, garlic seed clove.
2 Nos últimos anos, o cultivo do alho vernalizado tem permitido aos produtores colocar um produto de melhor qualidade no mercado, durante a entressafra (Kimoto et al.,1996; Reghin & Kimoto, 1998). Apesar de cultivadas atualmente em praticamente todo o país, as cultivares de alho que participam de forma marcante no mercado nacional são aquelas cultivadas na região sudeste, no centro-oeste e sul, particularmente nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Goiás, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul (Boeing & Seben, 1995). As cultivares que vieram substituir as importações, sobretudo da Argentina, são exigentes em frio e fotoperíodo longo, o que condiciona sua exploração no Sul do País e, em regiões dos estados do Sudeste e Centro-oeste, quando submetidas à técnica da vernalização. As cultivares mais usadas são: Chonan, Caçador, Quitéria, Contestado, São Lourenço, Caçapava e Ito. Além destas, no Paraná, no município de Balsa Nova, há anos tem sido feito o cultivo de uma cultivar denominada de Balsa Nova, através da vernalização. Um dos fatores que deve ser manejado de forma a propiciar máximo rendimento na cultura é o tamanho do bulbilho-semente. Estudos nessa linha demonstram que de acordo com o aumento do tamanho do bulbilho-semente, ocorre aumento da produtividade ( Lammerink, 1988; Mueller et al., 1998). No entanto, não se tem resultados oficiais do rendimento das cultivares em função do tamanho ou peso do bulbilho. O presente trabalho teve como objetivo avaliar respostas produtivas de três cultivares de alho em função de pesos crescentes de bulbilhos-sementes. MATERIAl E MÉTODOS O experimento foi conduzido em Ponta Grossa-PR, em altitude aproximada de 880 m e em solo do tipo CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico, de textura argilosa. O delineamento experimental foi o de blocos casualizados com quatro repetições. Os tratamentos foram arranjados num esquema fatorial 4x3, sendo quatro pesos de bulbilhos-sementes em gramas P1 (1,0 2,0); P2 (2,1 3,0); P3 (3,1 4,0) e P4 (>4,0) e três cultivares de alho, Chonan, Balsa Nova e Ito, provenientes do município de Balsa Nova - PR. Bulbos das classes 4, 5 e 6 foram vernalizados a 4 0 C por um período de 30 dias antes do plantio e posteriormente, fez-se a debulha e separados por peso. O plantio foi realizado em 10/06/2003, em parcelas que foram adubadas com a fórmula , na quantidade de 100g/m 2, usando quatro fileiras de plantas no espaçamento 0,30x0,10m. A área foi mantida com irrigação por aspersão.
3 Foram realizadas duas adubações em cobertura com uréia (10 g/m em cada) aos 70 e 90 dias do plantio. Antes da colheita, avaliou-se o número de plantas com haste floral. A colheita foi realizada aos 160 dias do plantio. Após a cura, procedeu-se a toalete e avaliou-se a produção total em peso. Posteriormente, fez-se a classificação segundo diâmetro transversal em classes, baseada na circular 50/81 da Comissão Técnica de Normas e Padrões do Ministério da Agricultura: 1 (menor que 25 mm), 2 (>25 <32mm), 3 (>32 <37 mm), 4 (>37 <42mm), 5 (>42 <47 mm), 6 (>47 < 55 mm) e 7 (maior que 55 mm). RESULTADOS E DISCUSSÀO A interação foi significativa apenas para a característica de plantas com haste floral. Entre cultivares, Ito apresentou o maior percentual em todos os pesos, enquanto as demais apresentaram menor percentual quando foi usado bulbilhos de menor peso P1, com 1,0-2,0g (Tabela 1). Pooler & Simon (1993) relataram que a indução e desenvolvimento floral é um processo complexo e não depende somente de fatores ambientais, envolvendo também o fator genético. Dessa forma é justificado o comportamento diferenciado entre cultivares. O alto percentual de haste floral observado no experimento foi favorável pois conforme Mueller et al. (1998) essa característica indica a adaptação ambiental de uma cultura ou aos tratamentos nela submetidos. A colheita foi realizada aos 160 dias do plantio e não houve diferenças visuais de maturação entre os tratamentos. Embora com precocidade de 20 dias, considerando que no cultivo sem vernalização, o ciclo das cultivares dura cerca de 180 dias, o rendimento de bulbos foi alto, independentemente da cultivar usada e não ocorrendo diferença significativa entre as cultivares. Por outro lado, o efeito do peso do bulbilho-semente utilizado no plantio foi marcante no rendimento de bulbos, tanto quantitativo como qualitativamente. Considerando que o ítem alho-semente perfaz um total de 30% dos custos de produção (Mueller et al., 1998), o seu manejo deve ser feito com a máxima eficiência. No rendimento total, `a medida que houve aumento do peso do bulbilho ocorreu resposta linear crescente o que concorda com Lucini et al., (1993) que observaram aumento de produtividade de bulbos conforme o aumento do peso dos bulbilhossemente, quando testaram pesos de 0,83; 1,46; 2,35 e 3,65g, no espaçamento 25x8,0 cm.
4 Observou-se resposta linear crescente do rendimento total de bulbos e do peso médio de acordo com o aumento do peso do bulbilho-semente em todas as cultivares (Figuras 1 e 2), as quais não apresentaram diferença significativa entre si. Após a classificação dos bulbos em classes, observou-se que sementes de menor peso produziram bulbos de classes menores, enquanto as maiores produziram maior percentual de bulbos maiores. O emprego de sementes de menor peso P1(1,0-2,0g) promoveu o percentual mais acentuado de bulbos da classe industrial (16,49%), diferindo significativamente de P3 (3,1-4,0g) e P4 (maior que 4,0g), (Tabela 2). Esta incidência de bulbos pequenos, no tocante à comercialização é muito importante pois o preço do produto é tanto maior quanto maior for o bulbo. Também é relevante no momento da compra do alho-semente para o plantio, pois em bulbossementes de classes inferiores, como a 4, que podem ser adquiridos por preços mais baixos, ocorre predominância de bulbilhos pequenos, de pesos mais baixos. Para produtores interessados em produzir com alta qualidade, as alternativas mais favoráveis foram apresentadas por bulbilhos-sementes P3 e P4, com obtenção de 43,93% e 57,44%, respectivamente de bulbos da classe 6 e sem bulbos pequenos, das classes 3 e 2. LITERATURA CITADA BOEING, G.; SEBEN, J.C. Alho. ICEPA, Santa Catarina, p. KIMOTO, T.; CARDOSO, A.I.I.; CHENG, A.P.; KAMITSUJI, M.K.; LIMA, M.C.C.; TSUTSUMI, C.Y.; GOTO, R. Desvernalização em alho semente devido ao atraso no plantio após a retirada da câmara frigorífica. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 14, n. 1, p , LAMMERINK, J. Better garlic yields through selection and seed clove grading. New Zealand Coomercial Grower, v. 43, n. 3, p , LUCINI, M.A.; CHONAN, T.; BIASI, J.; MUELLER, S. Cultura do alho: efeito do peso do bulbilho-semente. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE OLERICULTURA, 23., 1993, Rio de Janeiro, RJ. Resumos... Rio de Janeiro: SOB, p.103. MUELLER, S.; KREUZ, C.L.; MONDARDO,M. Produtividade, qualidade e lucro em função de espaçamentos de plantio e pesos de bulbilhos-sementes de alho. Agropecuária Catarinense, Florianópolis, v. 11, n. 1, p , POOLER, M.R.; SIMON, P.W. Garlic flowering in response to clone, photoperiod, growth temperature and cold storage. Hortscience, v. 28, p , REGHIN, M.Y.; KIMOTO, T. Dormência, vernalização e produção de alho após diferentes tratamentos de frigorificação de bulbilhos-semente. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 16, n. 1, p , 1998.
5 Tabela 1. Porcentagem de bulbos com haste floral em função do peso do bulbilho-semente P1 (1,0-2,0g); P2 (2,1-3,0 g); P3 (3,1-4,0 g) e P4 (+ 4,0 g), nas cultivares Chonan, Balsa Nova e Ito. Ponta Grossa-PR, 2003 Porcentagem de plantas com haste floral Peso do bulbilho Chonan Balsa Nova Ito P1 25,34 C* b* 51,03 B* b* 85,36 A* a* P2 59,65 B a 73,48 B a 93,62 A a P3 71,70 A a 73,47 A a 85,87 A a P4 71,92 A a 77,69 A a 78,81 A a *Médias seguidas da mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não diferem significativamente entre si no nível de 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey. 50 Peso médio (g) P1 P2 P3 P4 Pesos dos bulbilhos C1 y=25,39+4,81x R2=0,97 C2 y=30,85+3,37x R2=0,99 C3 y=22,21+6,33x R2=0,99 Figura 1 Produção total de bulbos (kg/m 2 ) em função do peso dos bulbilhos-sementes nas cultivares C1 (Chonan), C2 (Balsa Nova e C3 (Ito). Ponta Grossa-PR.2003 Figura 2 Peso médio do bulbo (g) em função do peso dos bulbilhos-sementes nas cultivares C1 (Chonan), C2 (Balsa Nova e C3 (Ito). Ponta Grossa-PR.2003 Tabela 2. Rendimento em porcentagem de peso dos bulbos nas classes 7, 6, 5, 4, 3+2, em função do peso do bulbilho-semente P1 (1,0-2,0g); P2 (2,1-3,0 g); P3 (3,1-4,0 g) e P4 (+ 4,0 g). Ponta Grossa-PR, 2003 Classes dos bulbos Peso dos bulbilhos
6 P1 0,00 b* 20,66 c* 28,76 b* 34,92 a* 16,49 a* P2 1,02 b 28,14 bc 46,31 a 18,86 b 5,67 ab P3 4,16 ab 43,93 ab 43,22 ab 8,68 bc 0,00 b P4 7,81 a 57,44 a 33,70 ab 1,04 c 0,00 b *Médias seguidas da mesma letra minúscula na coluna não diferem significativamente entre si no nível de 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey.
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