Controle interno do Poder Executivo Federal Manual do sistema de controle interno do Poder Executivo (Parte I). Professores: Davi e Fernando.
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- Alice Ferretti Sampaio
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1 Aula 00 Controle interno do Poder Executivo Federal Manual do sistema de controle interno do Poder Executivo (Parte I). Professores: Davi e Fernando. Profs. Davi e Fernando 1
2 Aula 00 Aula Demonstrativa Aula Conteúdo Programático Data Manual do sistema de controle interno do Poder Executivo (Parte I). Manual do sistema de controle interno do Poder Executivo (Parte II) Manual do sistema de controle interno do Poder Executivo (Parte III). Lei nº /2001 (Sistema de Planejamento e Orçamento Federal). Decreto nº 3.591/2000 (Sistema de Controle Interno). Manual do sistema de controle interno do Poder Executivo (Parte IV). Instrução Normativa CGU nº 07/2006. Instrução Normativa CGU nº 01/ /1 17/02 24/02 02/03 04 Simulado. 09/03 Sumário Apresentação... 3 Manual do sistema de controle interno do Poder Executivo (parte I)... 5 Questões Comentadas Lista de Questões Bibliografia Profs. Davi e Fernando 2
3 Apresentação Prezado Aluno, É com muita satisfação que ministraremos esse curso de Controle Interno para o concurso de Analista Ambiental do IBAMA (TEMA 2: MONITORAMENTO, REGULAÇÃO, CONTROLE, FISCALIZAÇÃO E AUDITORIA AMBIENTAL) Mas antes de falarmos sobre o curso que propomos, pedimos licença para falar um pouco sobre nós: Meu nome é Davi Barreto, sou cearense, engenheiro eletrônico graduado no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e mestre em Regulação pela Universidade de Brasília (UnB). Atualmente, sou Auditor Federal de Controle Externo do Tribunal de Contas da União (TCU), tendo obtido o 1 lugar no concurso de 2007, e professor de auditoria em cursos presenciais, telepresenciais e on-line. Meu nome é Fernando Graeff, sou Gaúcho de Caxias do Sul. Sou formado em Administração de Empresas e Direito, antes de entrar no serviço público, trabalhei mais de 15 anos na iniciativa privada. Sou ex-auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil, trabalhei nas Unidades Centrais deste Órgão. Atualmente, exerço o cargo de Auditor Federal de Controle Externo do Tribunal de Contas da União. No serviço público, exerci ainda os cargos de Analista de Finanças e Controle da Secretaria do Tesouro Nacional - área contábil em Brasília e de Analista de Orçamento do Ministério Público Federal em São Paulo. Além disso, somos autores dos livros Auditoria - Teoria e Exercícios Comentados e Auditoria ESAF Série Questões Comentadas, ambos publicados pela Editora Método. Feitas as apresentações, vamos falar um pouco sobre nosso curso. Logo, logo, o edital do IBAMA estará na praça, sairá na frente os alunos que se prepararem desde agora. Não há tempo a perder. Dessa forma, para não perdermos tempo, esse curso será baseado no edital da última prova (2013). Nosso curso será de teoria e exercícios, assim, junto com a explanação teórica, traremos exercícios comentados, relacionando os diversos conceitos que a matéria traz com as principais normas. Para isso utilizaremos preferencialmente Profs. Davi e Fernando 3
4 questões da banca que organizou o último concurso (Cespe). Contudo, exercícios de outras bancas também serão utilizados quando for necessário. Nosso curso será dividido em 5 aulas, uma por semana (contando com a aula demonstrativa). A aula de hoje é apenas uma amostra, portanto será menor e que as demais. Como regra, as aulas terão entre 50 e 70 páginas, variando de acordo com o assunto tratado, trazendo exercícios comentados de provas passadas. Outra coisa: sempre colocaremos as questões discutidas durante a aula no final do arquivo, caso você queira tentar resolver as questões antes de ver os comentários. E, por último, participe do Fórum de dúvidas, que é um dos diferenciais do Ponto. Lá você poderá tirar suas dúvidas, auxiliar outras pessoas e nos ajudar no aprimoramento dos nossos cursos. Dito isto, mãos à obra... Profs. Davi e Fernando 4
5 Manual do sistema de controle interno do Poder Executivo (parte I) Antes de entrarmos na auditoria no setor público federal realizada pelo controle interno no Poder Executivo, vamos falar um pouco sobre a auditoria de forma geral, olhando para o passado para entender como surgiu a auditoria independente e qual o seu objetivo... A auditoria independente surgiu para atender uma necessidade decorrente da evolução do sistema capitalista. No início, as empresas eram fechadas e familiares, posteriormente, a evolução da economia trouxe, para algumas empresas, a necessidade de captar dinheiro de terceiros. Ou seja, para crescer é necessário dinheiro e, em muitas ocasiões, esse recurso tem que vir de investidores externos à empresa (bancos, credores, acionistas etc.) Bom, agora se coloque na posição desses investidores. Com certeza, você vai querer saber onde está colocando seu dinheiro vai se perguntar se o investimento é seguro, se a empresa é saudável, quais são seus ativos e passivos... Em resumo, esses investidores precisavam conhecer a posição patrimonial e financeira das empresas em que iriam investir. Essa necessidade de informação era essencial para que pudessem avaliar a segurança, a liquidez e a rentabilidade de seu futuro investimento. As empresas passaram, então, a publicar suas demonstrações contábeis (balanço patrimonial, demonstrativo de fluxo de caixa 1 etc.), como forma de prover informações sobre a sua situação econômico-financeira para o mundo exterior. Você deve saber que a Lei nº /07 instituiu várias modificações nos padrões de contabilidade até então vigente no Brasil. Porém, ficou mantida na norma a expressão demonstrações 1 A Lei nº /07 substituiu a demonstração das origens e aplicações de recursos pela demonstração dos fluxos de caixa, em função da facilidade de melhor entendimento da posição financeira da empresa. Profs. Davi e Fernando 5
6 financeiras ao invés de demonstrações contábeis, que é a nomenclatura correta, por ser mais abrangente do que a adotada na legislação. Assim, você pode encontrar na prova tanto uma como outra expressão, indistintamente. Entretanto, ainda havia um problema: como garantir a completude, correção e idoneidade dessas informações? É nesse momento que surge a necessidade de uma avaliação independente da real situação da empresa. Nasce, então, a auditoria! Auditar é, antes de tudo, avaliar. Enfim, a auditoria independente existe para dar segurança aos usuários das demonstrações contábeis (i.e. acionistas, credores, o governo e a sociedade). Mas segurança de que? Segurança de que as informações apresentadas pela entidade realmente são fidedignas, realmente retratam a situação patrimonial, financeira e econômica representada nas demonstrações contábeis. A lógica da Auditoria Para captar recursos e exercer suas atividades, as entidades precisam fornecer informações aos diversos usuários de informações contábeis. No entanto, estes usuários não têm certeza se as informações recebidas são verdadeiras. Entidade Demonstrações Contábeis Usuários das informações contábeis Acionistas Credores Clientes Fornecedores Governo Auditor Independente O auditor independente é um profissional técnico e isento, capaz de dar segurança sobre a veracidade dessas informações. Profs. Davi e Fernando 6
7 Podemos definir, de maneira mais ampla, a auditoria independente como o exame sistemático e independente das atividades desenvolvidas em determinada empresa ou setor. Assim, a auditoria independente (também chamada de auditoria externa) é aquela executada por profissionais ou empresas que não possuem vínculo e/ou subordinação à empresa auditada, com o objetivo de trazer uma opinião independente sobre a entidade. Dessa forma, toda vez que se deseja obter uma opinião isenta e técnica sobre determinado assunto, podemos fazer uso da auditoria independente. Quando o objeto que demanda uma opinião são as demonstrações contábeis, dizemos que se faz necessária uma auditoria independente das demonstrações contábeis. A auditoria contábil é uma técnica da contabilidade que objetiva avaliar as demonstrações contábeis de uma entidade. Chegamos então na auditora contábil ou, mais precisamente, na auditoria independente das demonstrações contábeis. Mas quando uma auditoria é necessária? Provavelmente, você já deve ter percebido que a auditoria tornou-se necessária para o correto funcionamento das atividades econômicas de hoje e que, apesar de já termos uma boa intuição sobre o assunto, ainda não falamos, explicitamente, sobre os motivos que levam a contratação do auditor. Bom o primeiro e mais óbvio motivo são as determinações legais. Vejamos algumas empresas que são legalmente obrigadas a serem auditadas: a Lei 6.404/76 (lei das sociedades anônimas por ações) estabelece que as companhias abertas devem ser auditadas por auditores independentes registrados na CVM; a Lei /07, que alterou a lei das S.A., estabelece que as empresas de grande porte 2, ainda que não constituídas sob a forma de sociedade por ações, devem ser auditadas por auditores independentes registrados na CVM; o Banco Central determina que as instituições financeiras sejam auditadas por auditores independentes; 2 As empresas de grande porte são aquelas que tenham, no exercício anterior, ativo total superior a R$240 milhões ou receita bruta anual superior a R$300 milhões. Profs. Davi e Fernando 7
8 a CVM, por meio da Instrução 247/96, obrigou que as demonstrações consolidadas de controladoras e controladas sejam submetidas à auditoria independente; A SUSEP por intermédio da Res. CNSP 3 nº 118, de 2004, determinou que as demonstrações contábeis, inclusive as notas explicativas das sociedades supervisionadas (sociedades seguradoras, de capitalização, resseguradoras locais e entidades abertas de previdência complementar) devem ser auditadas por auditor independente; e assim por diante... Além das obrigações legais, existem outros motivos que podem levar uma empresa a se submeter a uma auditoria externa, entre eles citamos: como medida de controle dos próprios proprietários; imposição de credores ou bancos, para possibilitar compras a prazo ou empréstimos; exigências estatutárias da própria empresa; para efeito de fusão, incorporação ou cisão. Enfim, sempre que há necessidade (legal ou de mercado) de prover os usuários das informações contábeis com uma opinião técnica e independente sobre as demonstrações financeiras, o auditor se faz necessário. Os objetivos gerais do auditor independente são tratados na Resolução 1.203/09 do Conselho Federal de Contabilidade (CFC) a NBC TA Esta é a norma fundamental no novo contexto de auditoria inaugurado a partir das recentes alterações. Ela estabelece os requisitos necessários para o exercício da auditoria independente. De uma forma geral, essa norma expõe os objetivos gerais do auditor, a natureza e o alcance da auditoria. Além disso, essa norma também define a lógica de funcionamento das normas técnicas de auditoria (NBC TAs), detalhando como estão estruturadas, quais são os seus objetivos etc. Se por um lado as NBC TAs representam as normas técnicas de auditoria, o comportamento profissional do auditor é definido nas chamadas normas profissionais de auditoria independente, ou NBC PAs. 3 Conselho Nacional de Seguros Privados 4 Objetivos Gerais do Auditor Independente e a Condução da Auditoria em Conformidade com Normas de Auditoria (Resolução CFC nº 1.203/09) Profs. Davi e Fernando 8
9 O quadro abaixo resume as diferentes normas que existem relacionadas à auditoria independente e atividades congêneres como auditoria interna e perícia contábil: Norma Descrição Exemplos NBC TAs NBC PAs Normas Técnicas de Auditoria Independente Normas Profissionais de Auditoria Independente NBC TA 300, NBC TA 500, NBC TA 700 NBC PA 01, NBC PA 290 NBC TI Normas Técnicas de Auditoria Interna NBC TI 01 NBC PI Normas Profissionais de Auditoria Interna NBC PI 01 NBC TP Normas de Perícia Contábil NBC TP 01 A NBC TA 200 traz a seguinte definição para os objetivos da auditoria: O objetivo da auditoria é aumentar o grau de confiança nas demonstrações contábeis por parte dos usuários. Isso é alcançado mediante a expressão de uma opinião pelo auditor sobre se as demonstrações contábeis foram elaboradas, em todos os aspectos relevantes, em conformidade com uma estrutura de relatório financeiro aplicável. Bom... se observarmos a definição do CFC acima, vale à pena destacar ainda dois pontos. Veja que a referida norma fala que o auditor emite uma opinião sobre se as demonstrações contábeis, nos seus aspectos relevantes, estão de acordo com a estrutura de relatório financeiro aplicável. Primeiro, note que a norma é explícita em afirmar que a auditoria independente se preocupa apenas com os aspectos relevantes das demonstrações contábeis. Ora, isso é lógico. Imagine uma empresa que tem um ativo contabilizado de R$ 1 bilhão... você acha que os usuários das demonstrações contábeis vão estar preocupados se esse valor está errado, por exemplo, em R$ 100? Provavelmente não, concorda? Outro ponto importante de mencionar é que a auditoria busca avaliar se as demonstrações contábeis estão de acordo com a estrutura de relatório financeiro aplicável. Mas o que é isso? Profs. Davi e Fernando 9
10 A estrutura de relatório financeiro aplicável é a estrutura de relatórios financeiros (Balanço Patrimonial, Demonstração de Resultados do Exercício etc.), adotada pela administração que é considerada aceitável em vista da natureza da entidade e do objetivo das demonstrações contábeis, de acordo com o que diz a lei, os regulamentos, as definições CFC etc. Enfim, se as demonstrações contábeis são fidedignas e foram elaboradas de acordo com o que é exigido daquela entidade pela lei e pelos diversos outros normativos infralegais. Assim, a estrutura de relatório financeiro aplicável é definida de tal forma que seja possível prover informações aos diversos usuários (acionistas, credores, governo etc.) da melhor forma possível. Por vezes, para conseguir a apresentação adequada das demonstrações contábeis, pode ser necessário que a administração forneça divulgações além das especificamente exigidas pela estrutura ou até mesmo se desvie de determinada exigência dessa estrutura (neste último caso, espera-se que isso aconteça apenas em circunstâncias extremamente raras). Assim, as demonstrações contábeis podem ser elaboradas em conformidade com uma estrutura de relatório financeiro para satisfazer as necessidades de um amplo leque de usuários (=demonstrações contábeis para fins gerais) ou de usuários específicos (=demonstrações contábeis para propósitos especiais). Veja que o objetivo é sempre dar a melhor informação possível aos seus usuários. Bom... vimos que a finalidade precípua da auditoria independente é emitir uma opinião sobre a adequação das demonstrações contábeis. Para isso, ao conduzir esse trabalho, os objetivos gerais do auditor são: (a) obter segurança razoável de que as demonstrações contábeis como um todo estão livres de distorção relevante, independentemente se causadas por fraude ou erro, possibilitando assim que o auditor expresse sua opinião sobre se as demonstrações contábeis foram elaboradas, em todos os aspectos relevantes, em conformidade com a estrutura de relatório financeiro aplicável; e (b) apresentar relatório sobre as demonstrações contábeis e comunicarse, em conformidade com suas constatações. Profs. Davi e Fernando 10
11 Veja que, quando não for possível obter essa segurança razoável e a opinião no relatório do auditor (mesmo que ressalvada) for insuficiente, as normas requerem que o auditor se abstenha de emitir sua opinião ou renuncie ao trabalho (neste último caso, quando possível de acordo com a legislação). Agora que já falamos sobre os objetivos da auditoria, resta-nos identificar tudo aquilo que não é objetivo do auditor: (a) elaborar relatórios financeiros as demonstrações contábeis sujeitas à auditoria são as da entidade, elaboradas pela sua administração 5, com supervisão geral dos responsáveis pela governança 6 ; (b) identificar erros e fraudes compete aos responsáveis pela governança da entidade e à sua administração a prevenção e detecção de erros e fraudes, cabendo ao auditor realizar seu trabalho de acordo com as normas de auditoria e obter segurança razoável de que as demonstrações contábeis, como um todo, não contém distorções relevantes, causadas por fraude ou erro; (c) garantir a integridade da informação, ou seja, que todos (100%) os lançamentos contábeis foram efetuados corretamente. (d) assegurar a viabilidade futura da entidade; e (e) atestar a eficiência ou eficácia dos negócios conduzidos pela administração da entidade. Bom, agora que sabemos o que é a auditoria independente, vamos discutir os conceitos relacionados à auditoria no setor público (auditoria governamental). No setor público federal (Poder Executivo), a base do estudo da auditoria é a IN SFC/MF nº 01/2001, que regulamenta a atuação do Sistema de Controle Interno do Poder Executivo Federal. Bom, segundo a ótica da IN SFC/MF nº 01/2001, a auditoria tem o objetivo primordial de garantir resultados operacionais na gerência da coisa pública. 5 As normas de auditoria não impõem responsabilidades à administração ou aos responsáveis pela governança isso é definido pelas leis e regulamentos que governam as suas responsabilidades. Contudo, a auditoria é conduzida com base na premissa de que a administração e, quando apropriado, os responsáveis pela governança, têm conhecimento de certas responsabilidades que são fundamentais para a condução dos trabalhos. 6 São as pessoas com responsabilidade de supervisionar a direção estratégica da entidade e, consequentemente, de supervisionar as atividades da Administração (isso inclui a supervisão geral do relatório financeiro). Profs. Davi e Fernando 11
12 Segundo referida IN, a auditoria é o conjunto de técnicas que visa avaliar a gestão pública, pelos processos e resultados gerenciais, e a aplicação de recursos públicos por entidades de direito público e privado, mediante a confrontação entre uma situação encontrada com um determinado critério técnico, operacional ou legal. Trata-se de uma importante técnica de controle do Estado na busca da melhor alocação de seus recursos, não só atuando para corrigir os desperdícios, a improbidade, a negligência e a omissão e, principalmente, antecipando-se a essas ocorrências, buscando garantir os resultados pretendidos, além de destacar os impactos e benefícios sociais advindos. O normativo, seguindo os ditames da INTOSAI, dispõe que a finalidade básica da auditoria é comprovar a legalidade e a legitimidade dos atos e fatos administrativos, e avaliar os resultados alcançados, quanto aos aspectos de eficiência, eficácia e economicidade da gestão orçamentária, financeira, patrimonial, operacional, contábil e finalística das unidades e das entidades da administração pública, em todas as suas esferas de governo e níveis de poder, bem como a aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado, quando legalmente autorizadas nesse sentido. O objetivo primordial da auditoria no setor público federal é garantir resultados operacionais na gerência da coisa pública, é exercida em todas as unidades e entidades públicas federais, observando os aspectos relevantes relacionados à avaliação dos programas de governo e da gestão pública. O campo de utilização da técnica da auditoria no setor público federal é vasto, cabe ao Sistema de Controle Interno do Poder Executivo Federal por intermédio da técnica de auditoria, dentre outras atividades: realizar auditoria sobre a gestão dos recursos públicos federais sob a responsabilidade dos órgãos públicos e privados, inclusive nos projetos de cooperação técnica junto a Organismos Internacionais e multilaterais de crédito; apurar os atos e fatos inquinados de ilegais ou de irregulares, praticados por agentes públicos ou privados, na utilização de recursos públicos federais e, quando for o caso, comunicar à unidade responsável pela contabilidade para as providências cabíveis; realizar auditorias nos sistemas contábil, financeiro, de pessoal e demais sistemas administrativos e operacionais; examinar a regularidade e avaliar a eficiência e eficácia da gestão administrativa e dos resultados alcançados nas Ações de governo; realizar auditoria nos processos de Tomada de Contas Especial; e Profs. Davi e Fernando 12
13 apresentar subsídios para o aperfeiçoamento dos procedimentos administrativos e gerenciais e dos controles internos administrativos dos órgãos da Administração Direta e entidades da Administração Indireta Federal. A abrangência de atuação do Sistema de Controle Interno do Poder Executivo Federal inclui as atividades de gestão das unidades da administração direta e indireta, programas de trabalho, recursos e sistemas de controles administrativo, operacional e contábil, projetos financiados por recursos externos, projetos de cooperação junto a organismos internacionais, a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União mediante contratos de gestão, transferências a fundo, convênio, acordo, ajuste ou outro instrumento congênere. Estão sujeitos à atuação do Sistema de Controle Interno do Poder Executivo Federal quaisquer pessoas física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária. Tipos de Auditoria A IN SFC 01/01 traz definição própria dos tipos de auditoria, um pouco diferente dos normativos do CFC e da Intosai, mas que tem o mesmo sentido. Assim, segundo a Secretaria Federal de Controle Interno, a auditoria governamental pode ser classificada em 5 (cinco) tipos: 1. Auditoria de Avaliação da Gestão: objetiva emitir uma opinião com vistas a certificar a regularidade das contas públicas, verificar a execução de contratos, acordos, convênios ou ajustes, a probidade na aplicação dos dinheiros públicos e na guarda ou administração de valores e outros bens da União ou a ela confiados. Compreende, entre outros, aspectos como o exame das peças que instruem os processos de tomada ou prestação de contas; exame da documentação comprobatória dos atos e fatos administrativos; verificação da eficiência dos sistemas de controles administrativo e contábil; verificação do cumprimento da legislação pertinente; e avaliação dos resultados operacionais e da execução dos programas de governo quanto à economicidade, eficiência e eficácia dos mesmos. 2. Auditoria de Acompanhamento da Gestão: realizada ao longo dos processos de gestão, com o objetivo de atuar em tempo real sobre os atos efetivos e os efeitos potenciais positivos e negativos de uma entidade, Profs. Davi e Fernando 13
14 evidenciando melhorias e economias existentes no processo ou prevenindo gargalos ao desempenho da sua missão institucional. 3. Auditoria Contábil: objetiva opinar se os registros contábeis foram efetuados de acordo com os princípios fundamentais de contabilidade e se as demonstrações refletem, adequadamente, a situação econômicofinanceira do patrimônio, os resultados do período administrativo examinado e as demais situações nelas demonstradas. Compreende o exame dos registros e documentos e na coleta de informações e confirmações, mediante procedimentos específicos. Tem por objeto, também, verificar a efetividade e a aplicação de recursos externos, oriundos de agentes financeiros e organismos internacionais, por unidades ou entidades públicas executoras de projetos celebrados com aqueles organismos com vistas a emitir opinião sobre a adequação e fidedignidade das demonstrações financeiras. 4. Auditoria Operacional: consiste em avaliar as ações gerenciais e os procedimentos relacionados ao processo operacional, ou parte dele, das unidades ou entidades da administração pública federal, programas de governo, projetos, atividades, ou segmentos destes, com a finalidade de emitir uma opinião sobre a gestão quanto aos aspectos da eficiência, eficácia e economicidade, procurando auxiliar a administração na gerência e nos resultados, por meio de recomendações, que visem aprimorar os procedimentos, melhorar os controles e aumentar a responsabilidade gerencial. Este tipo de procedimento auditorial, consiste numa atividade de assessoramento ao gestor público, com vistas a aprimorar as práticas dos atos e fatos administrativos, sendo desenvolvida de forma tempestiva no contexto do setor público, atuando sobre a gestão, seus programas governamentais e sistemas informatizados. 5. Auditoria Especial: objetiva o exame de fatos ou situações consideradas relevantes, de natureza incomum ou extraordinária, sendo realizadas para atender determinação expressa de autoridade competente. Classificase nesse tipo os demais trabalhos auditoriais não inseridos em outras classes de atividades. Formas de Execução Segundo a SFC, além da classificação por tipo, a auditoria também pode ser classificada pela forma de execução: I. Direta trata-se das atividades de auditoria executadas diretamente por servidores em exercício nos órgãos e unidades do Sistema de Controle Interno do Poder Executivo Federal, sendo subdividas em: Profs. Davi e Fernando 14
15 a. centralizada executada exclusivamente por servidores em exercício nos Órgão Central ou setoriais do Sistema de Controle Interno do Poder Executivo Federal. b. descentralizada executada exclusivamente por servidores em exercício nas unidades regionais ou setoriais do Sistema de Controle Interno do Poder Executivo Federal. c. integrada executada conjuntamente por servidores em exercício nos Órgãos Central, setoriais, unidades regionais e/ou setoriais do Sistema de Controle Interno do Poder Executivo Federal. II. Indireta trata-se das atividades de auditoria executadas com a participação de servidores não lotados nos órgãos e unidades do Sistema de Controle Interno do Poder Executivo Federal, que desempenham atividades de auditoria em quaisquer instituições da Administração Pública Federal ou entidade privada. a. compartilhada coordenada pelo Sistema de Controle Interno do Poder Executivo Federal com o auxílio de órgãos/instituições públicas ou privada. b. terceirizada executada por instituições privadas, ou seja, pelas denominadas empresas de auditoria externa. III. Simplificada trata-se das atividades de auditoria realizadas, por servidores em exercício nos Órgãos Central, setoriais, unidades regionais ou setoriais do Sistema de Controle Interno do Poder Executivo Federal, sobre informações obtidas por meio de exame de processos e por meio eletrônico, específico das unidades ou entidades federais, cujo custo-benefício não justifica o deslocamento de uma equipe para o órgão. Essa forma de execução de auditoria pressupõe a utilização de indicadores de desempenho que fundamentam a opinião do agente executor das ações de controle. Vamos agora ver algumas questões sobre o que vimos até agora. Profs. Davi e Fernando 15
16 Questões Comentadas A respeito dos tipos e modalidades de auditoria no setor público, julgue os itens a seguir. 01. (CESPE/Câmara dos Deputados/Consultor Legislativo: área IV/2014) Um dos objetivos da auditoria contábil é emitir opinião acerca da adequação e da fidedignidade das demonstrações financeiras quanto à aplicação, por parte das entidades públicas executoras, de recursos externos oriundos de projetos celebrados com organismos internacionais. Comentários: Segundo a IN SFC 01/2001, a Auditoria Contábil objetiva opinar se os registros contábeis foram efetuados de acordo com os princípios fundamentais de contabilidade e se as demonstrações refletem, adequadamente, a situação econômico-financeira do patrimônio, os resultados do período administrativo examinado e as demais situações nelas demonstradas. Compreende o exame dos registros e documentos e na coleta de informações e confirmações, mediante procedimentos específicos. Tem por objeto, também, verificar a efetividade e a aplicação de recursos externos, oriundos de agentes financeiros e organismos internacionais, por unidades ou entidades públicas executoras de projetos celebrados com aqueles organismos com vistas a emitir opinião sobre a adequação e fidedignidade das demonstrações financeiras. Gabarito: C A respeito dos tipos e modalidades de auditoria no setor público, julgue os itens a seguir. 02. (CESPE/Câmara dos Deputados/Consultor Legislativo: área IV/2014) Por meio da auditoria operacional preveem-se os obstáculos ao desempenho da missão institucional da entidade, uma vez que se atua em tempo real sobre os atos efetivos da entidade. Profs. Davi e Fernando 16
17 Comentários: O enunciado misturou os conceitos de auditoria operacional com a auditoria de acompanhamento da gestão. A Auditoria Operacional consiste em avaliar as ações gerenciais e os procedimentos relacionados ao processo operacional, ou parte dele, das unidades ou entidades da administração pública federal, programas de governo, projetos, atividades, ou segmentos destes, com a finalidade de emitir uma opinião sobre a gestão quanto aos aspectos da eficiência, eficácia e economicidade, procurando auxiliar a administração na gerência e nos resultados, por meio de recomendações, que visem aprimorar os procedimentos, melhorar os controles e aumentar a responsabilidade gerencial. É a Auditoria de Acompanhamento da Gestão que é realizada ao longo dos processos de gestão, com o objetivo de atuar em tempo real sobre os atos efetivos e os efeitos potenciais positivos e negativos de uma entidade, evidenciando melhorias e economias existentes no processo ou prevenindo gargalos ao desempenho da sua missão institucional. Gabarito: E 03. (CESPE/CNJ/Analista Contabilidade/2013) A auditoria que tem como objetivo específico o melhoramento das operações examinadas, consubstanciada na análise da eficiência, eficácia e economicidade da ação administrativa, é denominada auditoria de gestão. Comentários: Na realidade, de acordo com a IN SFC 01/01, é a auditoria operacional que tem como finalidade avaliar a gestão quanto aos aspectos da eficiência, eficácia e economicidade, procurando auxiliar a administração na gerência e nos resultados, por meio de recomendações, que visem aprimorar os procedimentos, melhorar os controles e aumentar a responsabilidade gerencial. Gabarito: E 04. (CESPE/MPE PI/Controle Interno/2012) A contratação de uma empresa privada de auditoria para a apuração de possível irregularidade no âmbito de determinada unidade administrativa caracteriza uma forma de fiscalização denominada compartilhada, em que a responsabilidade pela execução do serviço é assumida conjuntamente pela administração e pela contratada. Comentários: Profs. Davi e Fernando 17
18 Na auditoria compartilhada a responsabilidade pela execução do serviço é da administração, sendo auxiliada por órgãos/instituições públicas ou privada. É a auditoria do tipo terceirizada que é executada por instituições privadas, ou seja, pelas denominadas empresas de auditoria externa. Gabarito: E 05. (CESPE/PREVIC/Anal. Adm. Contábil/2011) Para que uma auditoria seja classificada como do tipo especial, não basta que trate de fatos ou situações relevantes e tenha sido determinada pela autoridade competente. Comentários: Além de atender à determinação expressa de autoridade competente para exame dos fatos ou situações consideradas relevantes, esses fatos ou situações devem ter natureza incomum ou extraordinária. Gabarito: C 06. (CESPE/PREVIC/Anal. Adm. Contábil/2011) A auditoria indireta, realizada com a participação de servidores não lotados nos órgãos e unidades do sistema de controle interno, pode também ser feita de forma integrada. Comentários: A auditoria integrada, que é executada conjuntamente por servidores em exercício nos Órgãos Central, setoriais, unidades regionais e/ou setoriais, é um tipo de auditoria Direta, realizada diretamente por servidores em exercício nos órgãos e unidades do Sistema de Controle Interno do Poder Executivo Federal. Gabarito: E 07. (CESPE/TCU/Auditoria de Obras Públicas/2011) A auditoria de avaliação da gestão objetiva, além de emitir opinião sobre a regularidade das contas, verificar a execução de contratos, acordos, convênios ou ajustes e a probidade na aplicação do dinheiro público e na guarda ou administração de valores e outros bens da União ou a ela confiados. Comentários: Essa é a definição da auditoria de Avaliação da Gestão constante na IN SFC 01/2001. Gabarito: C 08. (CESPE/Técnico de Controle Interno MPU/2010) A auditoria no setor público divide-se em diversos tipos, entre os quais está a auditoria de Profs. Davi e Fernando 18
19 avaliação da gestão, realizada ao longo dos processos de gestão, visando atuar em tempo real sobre os atos efetivos e os efeitos potenciais de uma unidade ou entidade. Comentários: Na realidade, a Auditoria de Avaliação da Gestão objetiva emitir uma opinião com vistas a certificar a regularidade das contas públicas, verificar a execução de contratos, acordos, convênios ou ajustes, a probidade na aplicação dos dinheiros públicos e na guarda ou administração de valores e outros bens da União ou a ela confiados. Dessa forma, é retrospectiva, não atua em tempo real sobre os atos efetivos e os efeitos potenciais de uma unidade ou entidade. Gabarito: E 09. (CESPE/DETRAN ES/Técnico Superior-Contador/2010) No âmbito da administração pública, a auditoria integrada consiste no exame simultâneo dos demonstrativos de todas as unidades administrativas vinculadas a um mesmo ministério. Comentários: A auditoria integrada é aquela executada conjuntamente por servidores em exercício nos Órgãos Central, setoriais, unidades regionais e/ou setoriais do Sistema de Controle Interno do Poder Executivo Federal, ou seja, essa classificação diz respeito à forma de execução e não ao objeto da auditoria. Gabarito: E 10. (CESPE/DETRAN ES/Técnico Superior-Contador/2010) A auditoria de acompanhamento da gestão compreende o exame dos registros e documentos e tem a finalidade de obter elementos comprobatórios suficientes para opinar se os demonstrativos refletem a situação econômica da entidade. Comentários: O enunciado diz respeito à auditoria contábil, e não à auditoria de acompanhamento da gestão. Esta última é realizada ao longo dos processos de gestão e objetiva atuar em tempo real sobre os atos efetivos e os efeitos potenciais positivos e negativos de uma entidade, evidenciando melhorias e economias existentes no processo ou prevenindo gargalos ao desempenho da sua missão institucional. Gabarito: E Profs. Davi e Fernando 19
20 Bom... por hoje já está de bom tamanho! Um grande abraço. Davi e Fernando. Controle Interno para Analista Ambiental do IBAMA Lista de Questões A respeito dos tipos e modalidades de auditoria no setor público, julgue os itens a seguir. 01. (CESPE/Câmara dos Deputados/Consultor Legislativo: área IV/2014) Um dos objetivos da auditoria contábil é emitir opinião acerca da adequação e da fidedignidade das demonstrações financeiras quanto à aplicação, por parte das entidades públicas executoras, de recursos externos oriundos de projetos celebrados com organismos internacionais. A respeito dos tipos e modalidades de auditoria no setor público, julgue os itens a seguir. 02. (CESPE/Câmara dos Deputados/Consultor Legislativo: área IV/2014) Por meio da auditoria operacional preveem-se os obstáculos ao desempenho da missão institucional da entidade, uma vez que se atua em tempo real sobre os atos efetivos da entidade. 03. (CESPE/CNJ/Analista Contabilidade/2013) A auditoria que tem como objetivo específico o melhoramento das operações examinadas, consubstanciada na análise da eficiência, eficácia e economicidade da ação administrativa, é denominada auditoria de gestão. 04. (CESPE/MPE PI/Controle Interno/2012) A contratação de uma empresa privada de auditoria para a apuração de possível irregularidade no âmbito de determinada unidade administrativa caracteriza uma forma de fiscalização denominada compartilhada, em que a responsabilidade pela execução do serviço é assumida conjuntamente pela administração e pela contratada. Profs. Davi e Fernando 20
21 05. (CESPE/PREVIC/Anal. Adm. Contábil/2011) Para que uma auditoria seja classificada como do tipo especial, não basta que trate de fatos ou situações relevantes e tenha sido determinada pela autoridade competente. 06. (CESPE/PREVIC/Anal. Adm. Contábil/2011) A auditoria indireta, realizada com a participação de servidores não lotados nos órgãos e unidades do sistema de controle interno, pode também ser feita de forma integrada. 07. (CESPE/TCU/Auditoria de Obras Públicas/2011) A auditoria de avaliação da gestão objetiva, além de emitir opinião sobre a regularidade das contas, verificar a execução de contratos, acordos, convênios ou ajustes e a probidade na aplicação do dinheiro público e na guarda ou administração de valores e outros bens da União ou a ela confiados. 08. (CESPE/Técnico de Controle Interno MPU/2010) A auditoria no setor público divide-se em diversos tipos, entre os quais está a auditoria de avaliação da gestão, realizada ao longo dos processos de gestão, visando atuar em tempo real sobre os atos efetivos e os efeitos potenciais de uma unidade ou entidade. 09. (CESPE/DETRAN ES/Técnico Superior-Contador/2010) No âmbito da administração pública, a auditoria integrada consiste no exame simultâneo dos demonstrativos de todas as unidades administrativas vinculadas a um mesmo ministério. 10. (CESPE/DETRAN ES/Técnico Superior-Contador/2010) A auditoria de acompanhamento da gestão compreende o exame dos registros e documentos e tem a finalidade de obter elementos comprobatórios suficientes para opinar se os demonstrativos refletem a situação econômica da entidade. GABARITOS: Certo Errado Errado Errado Certo Errado Certo Errado Errado Errado Profs. Davi e Fernando 21
22 Bibliografia ALMEIDA, Marcelo Cavalcanti. Auditoria: um curso moderno e completo. São Paulo: Ed. Atlas, ATTIE, Wiliam. Auditoria Conceitos e Aplicações. São Paulo: Ed. Atlas, BARRETO, Davi; GRAEFF, Fernando. Auditoria: teoria e exercícios comentados. São Paulo: Ed. Método, BOYNTON, Marcelo Willian C. Auditoria. São Paulo: Ed. Atlas, BRAGA, Hugo Rocha & Almeida, Marcelo Cavalcanti. Mudanças Contábeis na Lei Societária. São Paulo: Ed. Atlas, Profs. Davi e Fernando 22
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