A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA E SEU IMPACTO NAS POLÍTICAS PÚBLICAS: FORMAÇÃO DE PROFESSORES

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1 UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO UNICID PROGRAMA DE MESTRADO EM EDUCAÇÃO AILTON FERREIRA PIETRI A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA E SEU IMPACTO NAS POLÍTICAS PÚBLICAS: FORMAÇÃO DE PROFESSORES SÃO PAULO 2013

2 AILTON FERREIRA PIETRI A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA E SEU IMPACTO NAS POLÍTICAS PÚBLICAS: FORMAÇÃO DE PROFESSORES Dissertação Apresentada no Programa de Mestrado em Educação da Universidade Cidade de São Paulo, como requisito exigido para obtenção do Título de Mestre em Educação, sob a orientação do Profº. Dr.Julio Gomes Almeida SÃO PAULO 2013

3 AILTON FERREIRA PIETRI A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA E SEU IMPACTO NAS POLÍTICAS PÚBLICAS: FORMAÇÃO DE PROFESSORES Dissertação Apresentada no Programa de Mestrado em Educação da Universidade Cidade de São Paulo, como requisito exigido para obtenção do Título de Mestre em Educação. Área de Concentração: Políticas Públicas de Educação Banca Examinadora Profº. Dr. Julio Gomes Almeida - UNICID Profº. Dr. Jair Militão da Silva - UNICID Profº. Dr. Edson Rildo P. de Alencar UNINOVE

4 DEDICATÓRIA Dedico esse trabalho aos meus pais (Elvio e Cleonice), que soube entender este momento do desenvolvimento deste trabalho e pela ausência em certos compromissos em família. Às minhas irmãs (Miriam e Paula) que entenderam esse momento impar de minha vida e também pelas minhas ausências para o desenvolvimento e conclusão deste.

5 AGRADECIMENTOS Agradeço a DEUS, pela saúde, força e coragem para continuar lutando e acreditando no meu trabalho. Ao meu orientador Profº. Dr.Julio Gomes Almeida, pela paciência, tolerância aos meus erros e anseios e pela sua humildade de perceber quando eu estava errado e mesmo assim, sorri e acreditar que podia fazer melhor e pela sua história de vida que me motiva a continuar acreditando na área acadêmica. A todos os professores de Pós- Graduação, pela amizade, respeito e consideração e pelo conhecimento ao longo do curso que colaborou para elaboração desse trabalho. Aos amigos de jornada no Mestrado que sempre dividiram comigo seus conhecimentos, mas também suas dúvidas e certeza desse trabalho de educar. Às Secretárias, Sheila e Claudia Nise do Setor de Pós-Graduação da Universidade, que além de solucionar nossas dúvidas e acesso as informações, nos fortaleciam ainda com seus sorrisos e simpatia, além do respeito e consideração. Aos Professores Dr.Jair Militão da Silva e Profº. Dr.Edson Rildo, por ter aceitado o convite para avaliar este trabalho compartilhando seus conhecimentos e por todas as considerações sempre importantes e objetivas. À amiga Magda pelo apoio, força, motivação e carinho e também me fazer acreditar que podia realizar esse trabalho. Mais uma vez, agradeço a minha família, Cleonice, Elvio, Miriam e Paula por entenderem a importância desse trabalho para minha carreira profissional e compreenderem o motivo de minhas ausências. Enfim, a todos que em algum momento tiveram alguma participação no desenvolvimento deste trabalho e principalmente a DEUS, por ter me mantido com saúde e coragem para não desistir no decorrer do caminho.

6 A Educação qualquer que seja ela, é sempre uma teoria do conhecimento posta em prática. Paulo Freire

7 RESUMO Este trabalho teve como objetivo pesquisar a Educação a Distância buscando entender qual a importância desta modalidade de ensino na formação de professores. A ideia de realizar tal estudo relaciona-se com a minha experiência como professor que, no trabalho cotidiano busca entender o contexto em que está inserido o exercício da sua profissão. Para desenvolvimento da pesquisa foi utilizada como metodologia a abordagem qualitativa e como procedimento de coleta de dados a análise bibliográfica e documental. Tal procedimento além de possibilitar o diálogo com autores que vêm se dedicando ao estudo do tema também permitiu analisar a legislação pertinente. A pesquisa revela que a educação à distancia é cada vez mais presente nos cursos de formação de professores tanto na formação inicial quanto na formação continuada. Essa presença é evidenciada não apenas pela quantidade de cursos e programas que utilizam a educação a distância como ferramenta, mas também pelo esforço do Governo Federal no sentido de ampliar o acesso à escolarização e melhorar a formação de professores já formados utilizando-se deste recurso. Neste sentido destaca-se na pesquisa três programas que integram a política pública de formação de professores que vem sendo implementada no Brasil. Eles são a Universidade Aberta do Brasil (UAB), Proformação e Pró-Licenciatura. Palavras chave: Educação a Distância, Formação de Professores, Inovação Tecnológica e Políticas Públicas.

8 ABSTRACT This study aims to deal with Distance Learning trying to understand its importance in the formation of teachers. The idea of conducting such study is related to my experience as a teacher concerned with the understanding of my daily practice and the context in which my profession is inserted. Through the development of this research, qualitative approach was applied, resorting to the analysis of document sources. This procedure had enabled the dialogue with authors that have been dedicating themselves to the study of the subject and also allowed the analysis of relevant legislation. The research reveals that Distance Learning is increasingly present in teachers training courses from its beginnings to supplementary studies. Its presence is evidenced not only by the number of programs that use Distance Learning as a tool, but also by the efforts of the Federal Government in order to expand the access to teachers to be trained through Distance Learning. Concerning to it, the government is focusing attention on three research programs that integrate the public policy for teacher education which is being implemented in Brazil. They are the Universidade Aberta do Brasil (UAB), Proformação and Pró-Licenciatura. Keywords: Distance Learning; Teacher Formation; Technological Innovation; Public Policies.

9 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 - Evolução do número de pessoas com acesso à internet - 3º Trimestre de 2011 a 3º Trimestre de Gráfico 2 - Evolução do número de pessoas com acesso à internet 3º Trimestre de 2011 a 4º Trimestre de FIGURA 1 Organograma da Coordenação Nacional do Proformação

10 LISTA DE FIGURA Tabela 1 Quadro comparativo papel do professor na educação presencial e a distância...78

11 LISTA DE SIGLAS AGF Agências Formuladoras CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior DOU Diário Oficial da União EAD Educação a Distância FUNDEF Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valorização do Magistério FUNDESCOLA Fundo de Fortalecimento da Educação IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBOPE Instituto Brasileiro de Opinião e Estatística IDB Índice de Educação Básica IDH Índice de Desenvolvimento Humano IES Instituições de Ensino Superior IFES Instituições Federais de Ensino Superior IUB Instituto Universal Brasileiro IUVB Instituto Universidade Virtual Brasileira LDB Leis de Diretrizes e Bases da Educação MEC Ministério da Educação e Cultura PROFORMAÇÃO Programa de Formação de Professores em Exercício PRÓ-LICENCIATURA Programa de Formação Inicial para Professores em Exercício no Ensino Fundamental e no Ensino Médio SEED Secretaria de Educação a Distância TICs Tecnologias de Informação e Comunicação UAB Universidade Aberta do Brasil UFRB Universidade Federal do Recôncavo Baiano UNDIME União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação

12 SUMÁRIO INTRODUÇÃO EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: UMA CONSTRUÇÃO HISTÓRICA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA, UMA CONQUISTA HISTÓRICA A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO BRASIL A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NA LEGISLAÇÃO O IMPULSO DADO PELAS NOVAS TECNOLOGIAS A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA AS TECNOLOGIAS UTILIZADAS NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NOVOS CONCEITOS E QUESTÕES NO CAMPO DA FORMAÇÃO DE PROFESSORES EDUCAÇÃO DISTÂNCIA RELAÇÃO PROFESSOR ALUNO ACESSO AO CONHECIMENTO INOVAÇÃO E EDUCAÇÃO QUALIDADE DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA TECNOLOGIA E GESTÃO DO CONHECIMENTO RELAÇÃO DE PODER PAPEL DO PROFESSOR A PRESENÇA DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES PROGRAMA UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL (UAB) PROFORMAÇÃO A ESTRUTURA DO PROFORMAÇÃO PRÓ-LICENCIATURA CONSIDERAÇÕES FINAIS REFERÊNCIAS

13 13 INTRODUÇÃO Este trabalho tem como objetivo pesquisar a Educação a Distância buscando entender qual a importância desta modalidade de ensino na formação de professores. A ideia de estudar esse tema surgiu da minha experiência como professor que, no trabalho cotidiano, busca entender o contexto em que está inserido. Assim entender a presença dessa modalidade nos contextos formativos emerge como uma necessidade relacionada com a minha prática enquanto educador preocupado em desenvolver meu trabalho considerando o contexto social e tecnológico e os recursos que deles fazem parte. No desenvolvimento da pesquisa, emergiu como aspecto importante a reflexão sobre conceitos hoje presentes no campo educacional, alguns tradicionais como as noções de ensino, educação, aprendizagem, conhecimento e outros surgidos nas últimas décadas como expressão de fenômenos como globalização, desenvolvimento tecnológico que hoje tem impulsionado e justificado os processos de inovação nos diversos setores sociais, principalmente no educacional. Uma das necessidades iniciais da pesquisa foi refletir sobre os conceitos de ensino e de educação com vistas a entender, se a modalidade a distância pode ser aplicada ao conceito de educação ou apenas ao de ensino. Muitos estudiosos têm apresentado a Educação a Distância como proposta inovadora na formação de professores, mas será que ela em si é inovadora ou o sentido de inovação viria da daqueles que optam por essa modalidade? Os estudos preliminares mostram que há diferentes visões sobre o conceito de inovação e também diferentes intenções quando se propõe a adoção deste modelo de educação. Intenções que vão desde a mera aferição de lucro até o real interesse de ampliação das possibilidades de acesso ao conhecimento e à cultura, principalmente quando este conceito está relacionado ao campo educacional. Assim, refletir sobre essas intenções e a relação com a qualidade da formação parecem-me também uma contribuição necessária. É neste contexto que pretendo discutir a ideia bastante difundida nos meios

14 14 políticos, acadêmicos e sociais a Educação a Distância que contribui para o acesso à educação na medida em que constitui em condições concretas das pessoas estudarem conforme sua disponibilidade e interesse. Por esse motivo ultimamente se tem atribuído significativo potencial de inclusão a essa modalidade de ensino. Entender situações como essas se constitui uma das motivações para o desenvolvimento deste trabalho. Desta forma, este estudo se reveste de importância pessoal e social. Pessoal, por me ajudar a situar o meu trabalho no contexto das inovações tecnológicas e a estudar suas implicações sociais, sobretudo no campo da formação social por constituir-se em oportunidade de sistematização de conhecimento sobre um tema de grande interesse e que vem mobilizando parcelas significativas não apenas da sociedade brasileira, mas também da sociedade internacional. No início da pesquisa como foi visto emerge uma questão: o termo mais apropriado para definir este fenômeno é educação ou ensino a distância? Não por acaso, iniciei este trabalho utilizando os dois conceitos assumindo-os como sinônimos já no primeiro parágrafo deste. Mas o emprego destas expressões, como sinônimo, não tem sido aceito de forma consensual no campo educacional, sobretudo quando se refere a ensino ou pesquisa sobre essa temática. A definição deste conceito é controversa e, embora na Lei seja empregada a expressão Educação a Distância, há autores como Chaves (1999) que consideram esse termo impróprio. O fato é que as novas tecnologias da comunicação e informação têm se expandido muito, não apenas no Brasil, mas também em outros países e têm promovido fortes impactos nos diversos setores, inclusive no educacional. Um dos impactos que vem se verificando neste campo diz respeito à presença das tecnologias nos cursos e programas de formação. Assim, define como objeto de estudo desta pesquisa a presença da educação a distância na formação de professores, implica em buscar entender em que medida esta nova modalidade pode contribuir para a ampliação do acesso à escolarização no Brasil.

15 15 Outro Aspecto relevante deste estudo está relacionada a uma grande preocupação, hoje presente nas discussões que se travam no campo da educação, que é a questão da qualidade. De fato, um dos grandes desafios que se coloca para essa modalidade de ensino é mostrar que é possível garantir qualidade em um curso realizado a distância. A pesquisa mostrou que a educação a Distância pode ampliar as oportunidades de acesso ao conhecimento para aqueles que não têm possibilidade de frequentar uma escola que exija a presença em um determinado local e horário. A educação a distância permite ao aluno organizar o seu tempo de estudo de acordo com suas disponibilidades de tempo, o que permite conciliar o estudo com o trabalho e outras atividades. Em muitas empresas, os locais de trabalho não são fixos e as pessoas precisam estar se deslocando frequentemente para onde surgem as demandas. A educação a distância permite que as atividades de estudo sejam realizadas em diferentes locais e em horários adequados aos alunos. Hoje a Educação a Distância está inserida na educação brasileira, caracterizada como uma nova modalidade de ensino e aprendizagem, que ocupa cada vez mais espaço em um cenário até poucas décadas ocupado quase que exclusivamente pela educação presencial. Esse avanço da educação a distância certamente está relacionado ao avanço das tecnologias. É graças a esse avanço que o acesso ao conhecimento e às informações ganha contornos específicos, pois essas tecnologias eliminam barreiras de tempo e espaço e, o acesso ao que se passa em qualquer lugar do mundo é possível em tempo real. Embora o uso de novas tecnologias não seja exclusivo da educação à distância, uma vez que a educação presencial também faz uso destes recursos a expansão dos cursos a distância tem sido possível por causa dos avanços tecnológicos. A educação a distância, como se verá adiante é uma instituição antiga, mas é a partir do avanço das tecnologias que ganhou força. Desta forma autores como Niskier (1999) acreditam que a educação a distância favorece mudanças no campo pedagógico e social, funcionando como motor de desenvolvimento, à medida que rompe as barreiras de espaço e tempo. Ainda para esse autor, educação a distância, como instrumento de qualificação do processo pedagógico e do sistema educacional como um todo, contribui de forma significativa para resgatar valores e

16 16 propiciar o exercício pleno da cidadania. Neste contexto, um dos aspectos que vem contribuindo para esse avanço é o fato da educação à distância ter se tornado um investimento muito lucrativo. Profissionais que vêm atuando no campo educacional, os chamados reformadores empresarias Freitas (2012) perceberam nessa modalidade, um novo nicho de mercado, que amplia suas possibilidades de lucro e passaram a investir na promoção de cursos a distância, conforme a procura e a necessidade de seus interessados. Apesar de muitas críticas contra esse modelo, ele segue crescendo e despontando no cenário educacional. Segundo seus críticos ela atenderia somente as necessidades de mercado de trabalho, e não a uma educação mais social e abrangente. Outro aspecto que também contribui como mola propulsora deste avanço a necessidade do governo federal de ampliar os índices de escolarização da população. Embora as universidades públicas ainda não tenham aderido em massa a esse tipo de educação, percebe-se o esforço do governo neste sentido por meio de ações desenvolvidas pelo Ministério da Educação, implantação de programas de formação inicial e continuada servindo-se, para isso, da educação a distância. Ao estudar a presença da educação a distância nos programas de formação de professores foi possível discutir como tem sido tratada a questão da qualidade da formação desenvolvida por meio destes programas. O trabalho está organizado em quatro capítulos: No primeiro capítulo apresentei um breve histórico da educação a distância no Brasil buscando com isso evidenciar que, embora a educação a distância seja uma instituição antiga, é com o avanço das tecnologias que ela vem se tornando uma modalidade de ensino cada vez mais presente no universo educacional. No segundo tratei especificamente das tecnologias, buscando mostrar que seu avanço vem provocando mudanças nos diversos campos sociais inclusive no campo educacional. No terceiro capítulo discuti algumas categorias que emergiram como

17 17 importantes no decorrer do estudo. Para isso analisei artigos, dissertações e teses que tratam da questão para verificar como vêm sendo trabalhados pelos gestores e pesquisadores do campo da formação de professores, conceitos hoje presentes neste campo quando relacionados à educação a distância. No quarto apresento a metodologia utilizada e o estudo dos programas de formação desenvolvidos e criados pelo governo como a Universidade Aberta do Brasil (UAB), Proformação e o Pró- Licenciatura. Desta forma foi possível refletir sobre o impacto que a educação a distância tem exercido na formação de professores e como a questão da qualidade da educação vem sendo discutida nestes cursos.

18 18 1. EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: UMA CONSTRUÇÃO HISTÓRICA O objetivo deste capítulo é apresentar um breve histórico da educação a distância. A apresentação deste histórico é importante para o desenvolvimento do trabalho na medida em que possibilitará entender como essa nova modalidade de educação surgiu e se desenvolveu tendo ganhado a importância nos dias atuais. Antes de apresentar um breve histórico da educação a distância no Brasil, parece necessário falar um pouco sobre a educação a distância. Muitas vezes procura-se entender a modalidade de educação a distância opondo-a à educação presencial, no entanto é preciso entender que estas duas formas de educação não estão em oposição. Elas são, na maioria das vezes, complementares. O ensino presencial tem se servido largamente das tecnologias e o ensino a distância, por sua vez, conserva momentos presenciais. Vale destacar, contudo, que a chamada educação presencial, aquela que hoje ainda é hegemônica no nosso sistema de ensino, caracteriza-se pela relação na qual educador e educando ocupam um mesmo espaço em um mesmo tempo já o modelo a distância é correspondente a uma forma de educação na qual o professor e o aluno, na maior parte do tempo estão em lugares diferentes. O que se vê é que com o avanço das tecnologias é difícil falar em um modelo que seja totalmente presencial ou totalmente a distância. E tanto na educação a distância como na educação presencial, o aluno precisa ter disciplina, organização e motivação. Moran (2011) no trecho seguinte, apresenta a educação a distância a um processo de ensino-aprendizagem, mediado por tecnologias, onde professores e alunos estão separados espacial e/ou temporalmente, mas que não prescinde da interatividade. Educação a distância não é um fast-food em que o aluno se serve de algo pronto. É uma prática que permite um equilíbrio entre as necessidades e habilidades individuais e as de grupo - de forma presencial e virtual. Nessa perspectiva, é possível avançar rapidamente, trocar experiências, esclarecer dúvidas e inferir resultados. De agora em diante, as práticas educativas, cada vez mais vão combinar cursos presenciais com virtuais, uma parte dos cursos presenciais será feita virtualmente, uma parte dos cursos a distância será feita de forma presencial ou virtual-presencial, ou seja, vendo-nos e ouvindo-nos, intercalando períodos de pesquisa individual com outros de pesquisa e comunicação conjunta. Alguns cursos poderão fazê-los sozinhos, com a orientação virtual de um tutor e em outros será importante compartilhar vivências, experiências e ideias. (MORAN, 2011, p.3).

19 19 Nessa citação vale ainda chamar atenção para outro aspecto importante: a educação a distância também requer planejamento, disciplina e compromisso. Pelo que vemos educação a distância e educação presencial não são modelos opostos, mas complementares, onde a interação e a integração entre diferentes formas de aprender e ensinar torna-se um diferencial importante. Dessa forma, pode ocorrer a interatividade entre o ensino presencial e a distância constituindo o que caracteriza como ensino semipresencial, permitindo a transmissão do conhecimento por ambas. De fato, o uso das tecnologias é o que viabiliza a educação a distância, pois para realizá-la é necessário lançar mão dessas tecnologias já para o ensino presencial, embora também sejam úteis, as tecnologias não é uma condição para que a modalidade se concretize. A Educação a distância no Brasil ainda encontra algumas dificuldades para tornar-se uma modalidade utilizada em todo território nacional. Muitas dessas dificuldades estão relacionadas ao acesso. Em primeiro lugar é importante ter condições econômicas que possibilitem acesso aos equipamentos, em segundo, é necessário domínio das tecnologias e em terceiro é preciso que o país conte com infraestrutura adequada. No Brasil há regiões com carências básicas e nas quais o acesso às tecnologias da informação e comunicação ainda não é uma realidade. Para acessá-la é necessário que o estudante possua um computador ou tenha acesso a um, e que saiba trabalhar com as ferramentas utilizadas sendo essa uma condição imprescindível. Contudo a educação a distância é hoje uma realidade e vem se expandindo em grande velocidade. O público que mais a utiliza é constituído por adultos, que no passado por razões diversas, não puderam estudar. Dentre estas razões destacamse: falta de tempo, trabalho, dificuldade de adaptação ao modelo presencial de escola, carência de recursos financeiros ou moradias distantes e falta de recursos educacionais. Percebe-se também que os governos e empresas vêm se utilizando bastante da modalidade a distância em educação. Os governos, porque querem ampliar os índices de escolarização no país e as empresas porque descobriram nesta modalidade uma maneira de formar seus quadros de colaboradores de

20 20 maneira mais rápida e dentro das especificidades do seu ramo de atuação. Assim, por um lado percebemos a criação por parte das empresas de diversos ramos das Universidades Corporativas, voltadas para seus funcionários e colaboradores, oferecendo a eles treinamento, aperfeiçoamento e formação específica decorrente da forte concorrência. Para as empresas, essa é a maneira mais rápida e eficiente de capacitar seus profissionais, economizando tempo, dinheiro e locomoção, além da qualidade de vida. No que se refere aos governos, podemos citar o caso do governo brasileiro com a criação da Universidade Aberta do Brasil e do Instituto Universidade Virtual Brasileira. Corroborando com tudo isso, vemos se expandir nas universidades públicas e privadas, que tradicionalmente trabalharam com o ensino presencial os cursos na modalidade a distância. Por vivermos nessa sociedade competitiva, esse cenário exige profissionais formados rapidamente, para atender a um mercado em constante mudança. A educação também está inserida nesse contexto. Neste cenário vale destacar que não existe um único modelo de educação a distância. Para Neves (2000) Não há um modelo único de educação a distância. A convergência das tecnologias dá ao educador inúmeras possibilidades de construção de um projeto de educação a distância. A diversidade torna mais desafiador o processo e muitos ficam indecisos ante a riqueza de possibilidades tecnológicas, de um lado, e os limites impostos pela realidade das instituições e dos alunos, de outro. (NEVES, 2000, p.13 e 14) A autora sinaliza a pluralidade tecnológica existente hoje a nosso dispor, para a construção de um projeto de educação a distância, nessa pluralidade temos: os satélites, cabos, fibras óticas, computadores, CD ROM, tele e videoconferências, Internet, correio eletrônico, Web sites, cursos on-line. Todas essas tecnologias dão ao educador, condições de consolidar esse projeto. É dentro dessa perspectiva que observamos a ampliação e a renovação do conhecimento, face aos novos desafios e às novas demandas. É importante frisar que nem todos têm acesso a essas modernas tecnologias, pois para acessá-las é preciso conhecer seu funcionamento e estar familiarizado com esse mundo virtual, dado a sua complexidade. Infelizmente, como já foi apontado, o acesso a essas tecnologias, ainda é

21 21 restrito a um pequeno número de pessoas. Talvez, com a ampliação e com fortes investimentos dos governos em educação a distância, esse cenário possa mudar de médio para curto prazo. Dessa forma, a educação a distância pode ser considerada uma questão política e pedagógica. Política, porque depende dos governos investirem maciçamente em sua ampliação e na sua democratização. Pedagógica, pois permite a mais pessoas acessar os novos conhecimentos e os novos saberes. Estudar a educação a distância na formação de professores permite tentar compreender sua relevância para a educação brasileira e para a sociedade. Compreender esse processo exige-se uma análise mais cuidadosa dessa modalidade que se apresenta como nova. É nessa perspectiva que o presente estudo visa discutir se a educação a distância é de fato uma proposta inovadora na formação de professores, e como ela contribui para o sucesso desse trabalho. 1.1 Educação a Distância, uma Conquista Histórica. Discutir a origem da educação a distância parece-me um aspecto importante neste estudo. Em muitas situações se fala em Educação a Distância como um fenômeno recente, relacionado exclusivamente às novas tecnologias. Contudo o estudo do tema mostra tratar-se de uma modalidade antiga e que vem ganhando formas diferentes à medida que novas tecnologias passam a fazer parte da vida social. Este estudo mostra que é impossível precisar uma data a partir da qual a educação a distância passa a fazer parte da história humana mesmo porque não há uma definição de educação a distância que seja aceita por todos como única e verdadeira. Quanto ao seu surgimento não há uma data específica, apenas suposições e controvérsias de quando teria surgido. Maia e Mattar (2007) identificam a origem da educação a distância nas primeiras manifestações escritas, como vemos no trecho seguinte: As primeiras manifestações escritas são os desenhos, geralmente em pedras, que procuram copiar ou imitar objetos. Ao desenhar em paredes de pedra, o homem das cavernas já estaria exercitando a comunicação a distância. Alguns autores consideram as cartas de Platão e as Epístolas de São Paulo exemplos iniciais e isolados de exercícios de educação a distância. Outros defendem que o ensino a distância tornou-se possível

22 22 apenas com a invenção da imprensa, no século XV. A escrita, inicialmente, possibilitou que pessoas separadas geograficamente se comunicassem e documentassem informações, obras e registro. A invenção de Gutenberg, por sua vez, facilitou esse processo, permitindo que as ideias fossem compartilhadas e transmitidas para maior número de pessoas, o que intensificou os debates, a produção e a reprodução do conhecimento. (MAIA & MATTAR, 2007, p.21) A citação permite entender que esses desenhos feitos nas pedras pelos homens das cavernas, talvez fosse uma tentativa de manter, conservar e transmitir às gerações futuras os hábitos, os costumes, as tradições de suas culturas, deixando assim, um legado para as futuras gerações. Pode ser também, que não houvesse essa preocupação, porém encontramos ainda alguns resquícios dessas pinturas em cavernas, descobertas por alguns arqueólogos e estudiosos desse tema. Discutindo a origem da educação a distância, Kramer (1999) relaciona a educação à distância com a necessidade de formação de mão de obra para o mercado de trabalho após a Revolução Industrial. Segundo ela: A Educação a Distância iniciou com o ensino por correspondência em fins do século XVIII, meados do século XIX e princípios do século XX. Tinha como principal objetivo atender ao mercado de trabalho, dando formação profissional e capacitando para o exercício de certas atividades e desenvolver determinadas habilidades (KRAMER, 1999, p.41). Desta forma a educação a distância tinha como objetivo capacitar e treinar pessoas que pudessem desenvolver certas habilidades e competências para executar e realizar seu trabalho. Nesse caso, o sujeito estaria apto a exercer suas funções. Neste contexto, a educação a distância permite que o sujeito utilize os recursos tecnológicos empregados na educação em seus cursos, colocando em prática tudo aquilo que aprendeu. Kramer (1999) afirma que: Atualmente, empresas comerciais utilizam-se do ensino por correspondência, assim como universidades e escolas de vários níveis. Para o desenvolvimento da teleducação no Brasil, são grandes os esforços realizados pelas instituições não governamentais como a Associação Brasileira de Tecnologia Educacional (ABT), a Fundação Educacional e Cultural Pe. Landell de Moura (FEPLAM), a televisão Educativa do Maranhão, o Instituto de Radiofusão da Bahia (IRDEB), a Fundação Roberto Marinho e, ainda a Fundação Konrad Adenauer da Alemanha, entre outras. As escolas por correspondência até princípios do século XX tinham

23 23 caráter profissionalizante. Através de publicações em revistas e jornais, ofereciam diversos cursos como datilografia e radiotécnica. É desta época, 1941, o Instituto Universal Brasileiro e também o Instituto Radiotécnico Monitor. (KRAMER, 1999, p.41 e 42) da imprensa. Há autores que relacionam o surgimento da educação a distância à invenção A citação permite concluir que foi a invenção da imprensa por Gutenberg, no século XV na Alemanha que possibilitou o surgimento da educação a distância. Como podemos ver, não há uma data precisa que marque seu surgimento, a valorização de uma ou outra situação está relacionada à concepção de educação a distância ou mesmo à visão de sociedade de cada autor. Assim não podemos afirmar que há uma data, mas podemos admitir que há indicações importantes que mostram o caráter social e histórico também da educação a distância. Trata-se de uma modalidade que se desenvolveu ao longo do tempo e que foi potencializada pelo desenvolvimento das tecnologias. Certamente foi a invenção da escrita que permitiu entre outras coisas, que pessoas afastadas geograficamente pudessem se comunicar e documentar informações de obras e registro. A facilitação desse processo também ocorreu graças à contribuição de Gutenberg, inventor da gráfica, que permitiu a troca e a transmissão de ideias a um número maior de pessoas, intensificando dessa forma os debates, a produção e a reprodução do conhecimento. Temos outras contribuições importantes na esteira desse debate. Segundo Golvêa & Oliveira (2006) apud Alves (2007), alguns compêndios, mencionam as cartas de São Paulo como exemplos de educação a distância, conforme trecho: (...) alguns compêndios citam as epístolas de São Paulo às comunidades cristãs da Ásia Menor, registradas na Bíblia, como origem histórica da Educação a Distância. Estas epístolas ensinavam como viver dentro das doutrinas cristãs em ambientes desfavoráveis e teriam sido enviadas por volta de meados do século I. Considerando à parte esta informação, é possível estabelecer alguns marcos históricos que consolidam a Educação a Distância no mundo, a partir do século XVIII (VASCONCELOS, 2010; GOLVÊA & OLIVEIRA, 2006 apud ALVES, 2007, p.4). Temos assim, algumas indicações que nos levam a acreditar que a

24 24 Educação a Distância (EAD) é bastante antiga e que vem colaborando efetivamente na difusão do conhecimento. Sem dúvida, essa contribuição alarga o seu horizonte com o advento das novas tecnologias. Baseados na leitura do texto de Alves, notamos que as primeiras experiências precursoras do surgimento da EAD datam de 1728, conforme aponta a autora abaixo. Segundo Lucineia Alves, os primeiros registros oficiais da modalidade da educação a distância, foram utilizados em um curso por correspondência na cidade de Boston pelo professor Caleb Philipps, de Short Hand, no ano de 1728, em que fornecia material para ensino e tutoria por correspondência aos seus alunos. Ações como essas de cunho particular foram adotadas por um bom tempo, por outros professores, assim, no século XIX a Educação a Distância começa a existir institucionalmente É inaugurado na Suécia o Instituto Líber Hermondes, onde mais de pessoas puderam realizar cursos através da Educação a Distância. Em geral, as primeiras iniciativas que se tem registro sobre o uso da ferramenta da educação a distância, estão vinculadas às iniciativas particulares de alguns professores e adotadas por outros interessados ao longo do tempo. A institucionalização da EAD ocorreu em 1840, com a fundação da primeira escola por correspondência na Europa na faculdade Sir Isaac Pitman, no Reino Unido. Já 1892, foi criada a Divisão de Ensino por Correspondência para preparação de docentes pelo Departamento de Extensão da Universidade de Chicago, nos EUA. No ano de 1856, na cidade de Berlim (Alemanha), temos a fundação da primeira escola de línguas por correspondência. A partir desse contexto, muitas escolas foram criadas com essa finalidade. Conforme relata (Maia & Mattar, 2007): Há registros de cursos de taquigrafia a distância, oferecidos por meio de anúncios de jornais, desde a década de Entretanto, a EaD surge efetivamente em meados do século XIX, em função do desenvolvimento dos meios de transportes e comunicação (como trens e correio), especialmente com o ensino por correspondência. Podemos apontar com sua primeira geração os materiais que eram primordialmente impressos e encaminhados pelo correio. Rapidamente, várias iniciativas de criação de cursos a distância se espalharam, com o surgimento de sociedades, institutos e escolas. Os casos mais bem-sucedidos foram os cursos técnicos de extensão universitária. Havia, entretanto, grande resistência com relação a cursos universitários a distância, por isso poucas foram as experiências duradoras, mesmo nos países mais desenvolvidos. (MAIA& MATTAR, 2007, p.21 e 22).

25 25 É importante observar que mesmo bem-sucedidos, os cursos técnicos de extensão universitária em sua fase inicial, não deixaram de sofrer forte resistência dos países mais desenvolvidos 1. Talvez, essa resistência seja um componente importante a ser considerado na hora de aceitar ou não o novo modelo proposto, podendo ser considerado um avanço ou não. Lembrando que os autores não citam quais foram os cursos técnicos bem sucedidos nessa modalidade de ensino, bem como os cursos universitários a distância que sofreram resistência. Se o tema Ead no campo universitário sofria resistência por razões já apontadas, não fica claro porque o mesmo não teve resistência em outras modalidades educacionais, como por exemplo, cursos por correspondência, apontados como a primeira geração de Ead. Em seu desenvolvimento e com o surgimento de novas tecnologias no século XX, a Educação a distância ganha novas proporções com as ferramentas educacionais, denominando assim a sua segunda geração. E isso se deve, sem dúvida à utilização do emprego de novas mídias, tais como: a televisão, o rádio, as fitas de áudio e vídeo e o telefone, ambas incorporadas à educação dentro de seu processo de ampliação e alcance. É inegável que esses meios de comunicação contribuíram para impulsionar essa segunda geração. Para entender melhor esse fenômeno os autores Maia e Mattar, destacam: Um momento importante é a criação das universidades abertas de ensino a distância, influenciadas pelo modelo da Open University britânica, fundada em 1969, que se utilizam intensamente de rádio, TV, vídeos, fitas cassetes e centros de estudo, e em que se realizam diversas experiências pedagógicas. Com base nessas experiências, teria crescido o interesse pelo EaD. (MAIA & MATTAR, 2007, p.22) Aqui, já existe a incorporação de diversas mídias que aparentemente dá maior consistência e sustentação a essa segunda geração. A criação das universidades abertas de ensino a distância influenciadas pelo modelo da Open 1 Como podemos notar o desenvolvimento dos meios de transportes e comunicação contribuíram bastante para a expansão desse modelo de transmissão de conhecimento, porém houve resistências iniciais frente a esse modelo, talvez por desconhecimento ou por dúvida em relação ao seu sucesso. É sabido que todas as mudanças iniciais sofrem resistência, seja pela sua complexidade, seja pelo seu propósito.

26 26 University britânica, bem como o uso do rádio, da TV, vídeos, fitas cassetes, além dos centros de estudo onde foram desenvolvidas experiências pedagógicas,teria feito crescer o interesse por essa modalidade de ensino.é provável que essa segunda geração tenha obtido uma melhor compreensão e aceitação frente ao primeiro modelo, quando do uso das diversas mídias e de sua ampliação. É importante salientar que na medida em que esses modelos vão se desenvolvendo e se aperfeiçoando a tendência é que ocorra uma melhor compreensão de sua complexidade e de seu propósito. A terceira geração é caracterizada pela educação a distância on-line, onde ela é contemplada com a utilização do microcomputador, da multimídia, do videotexto, do hipertexto e das redes de computadores, etc. Dessa forma seu campo de atuação é maior e mais abrangente. Conforme Maia & Mattar (2007), apud Peters, (2004): (...) em relação à geração anterior, não temos mais uma diversidade de mídias que se relacionam, mas uma verdadeira integração delas, que convergem para as tecnologias de multimídia e o computador. Em muitas ofertas de cursos a distância, hoje, todas as mídias apresentadas neste capitulo ainda convivem, apesar do predomínio do uso da internet. A terceira geração da evolução da EaD seria marcada pelo desenvolvimento das tecnologias da informação e da comunicação. Por volta de 1995, com o desenvolvimento explosivo da Internet, ocorre um ponto de ruptura na história da educação a distância. Surge um novo território para a educação, o espaço virtual de aprendizagem, digital e baseado na rede. Surge também varias associações de instituições de ensino a distância. Pode-se, portanto pensar em um novo formato do processo de ensino aprendizagem, aberto, centrado no aluno, baseado no resultado, interativo, participativo, flexível quanto ao currículo, às estratégias de aprendizado e envio e não muito preso a instituição de aprendizado superior, porque pode também se dar nos lares e nos locais de trabalho. A EaD, assim, nos ajudaria a romper com a tradição e planejar o novo.(maia & MATTAR,2007,p. 22 e 23). De acordo com os autores Maia e Mattar, a terceira geração é marcada por alguns aspectos importantes e primordiais que são o desenvolvimento das tecnologias da informação e da comunicação, além do desenvolvimento explosivo da internet, que teria causado uma ruptura na história da educação a distância. É possível deduzir que com o advento da internet a transmissão do conhecimento não foi mais a mesma, pois foi possível estabelecer um novo território para a educação no que concerne o ensino aprendizagem, baseado no espaço virtual interligado à rede de computadores. O que diferencia a segunda geração da terceira é que a primeira foi marcada pelo uso constante da televisão e do rádio, como forma de informação e transmissão do conhecimento, enquanto a terceira é

27 27 marcada pelos avanços tecnológicos como os Satélites, a internet, a fibra ótica, micro-ondas, CD-ROM, etc. Segundo Chermann e Bonini (2000): A terceira geração é a que vivemos hoje, pois o avanço tecnológico traz para dentro das escolas e universidades as mais diversas tecnologias de transmissão e recepção de informação (CD-ROM, Internet, fibra ótica, microondas, satélites, etc.(chermann & BONINI, 2000, p.18). Hoje sem dúvida esse avanço tecnológico tem se fortalecido cada vez mais, na medida em que essas diversas tecnologias se fazem presentes não só nas escolas e nas universidades, mas também na vida cotidiana das pessoas. Dados obtidos de 2012 do Instituto Brasileiro de Opinião e Estatística (IBOPE) apontam que a quantidade de usuários de internet no Brasil, no terceiro trimestre era 94,2 milhões de usuários com acesso à internet de ambientes diversos (casas, trabalho, escolas, entre outros locais). No levantamento da pesquisa, o Ibope aponta que entre o terceiro trimestre de 2011 e o mesmo trimestre de 2012, houve um aumento de quase 20% do número de usuários de internet, mostrando o grande potencial que tem o uso dessa ferramenta para a abrangência da educação a distância pela facilidade de acesso aos meios eletrônicos. Ver o Gráfico 1, abaixo. Gráfico 1 - Evolução do número de pessoas com acesso à internet em qualquer ambiente, em milhões Brasil 3º trimestre de 2011 a 3º trimestre de Fonte: IBOPE. Disponível em: milhoes-de-pessoas-tem-acesso-a-internet-no-brasil.aspx. Acesso em: 08 fev 13.

28 28 O Gráfico 2, nos mostra que a maioria dos acessos à internet ocorre em locais de trabalho e de domicílios; se consideramos somente o local de acesso pelo domicílio, o número de usuários, segundo o Ibope, foi de 69,5 milhões. Gráfico 2 - Evolução do número de pessoas com acesso, em milhões Brasil 3º trimestre de 2011 a 4º trimestre de 2012 domicílios - trabalho e domicílios. Fonte: IBOPE. Disponível em: milhoes-de-pessoas-tem-acesso-a-internet-no-brasil.aspx. Acesso em: 08 fev 13 Diante do exposto temos, assim, alguns dados importantes que registram o número de usuários de internet no Brasil e que nos ajudam a entender melhor essa questão. A internet é um meio de comunicação importante, por onde podemos nos comunicar com as diversas partes do mundo, bastando para isso um computador e ferramentas necessárias para o devido acesso. Os satélites transmitem sinais do espaço para a terra que são captados pelo rádio, televisão e pela própria internet. A fibra ótica está presente na interação entre TV a cabo e internet, possibilitando o acesso aos diversos programas de entretenimento. Já o microondas está presente em quase todos os lares, bem como o CD- ROM que permite gravar músicas, programas, etc. Como vemos essa terceira geração é caracterizada pelo uso de ferramentas modernas que permitem a rápida transmissão de conhecimento e informação, dado a sua velocidade. Hoje estamos entrando na quarta geração que segundo Chermann e Bonini (2000), é caracterizada pela escola virtual como podemos observar no trecho seguinte: A quarta geração é a da escola virtual, exatamente aquela que introduzimos hoje em algumas instituições brasileiras, não como substituta do ensino

29 29 presencial, porém, como coadjuvante no processo de ensinoaprendizagem. No Brasil a EAD nasceu já no século XX. Para Saraiva (1996), a EAD tem inicio no Brasil entre 1922 e 1925, com Roquete Pinto e a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, a partir da inserção de trechos da programação dedicados à radiofusão da cultura, com a finalidade de ampliar o acesso à Educação. Em seguida, temos algumas experiências feitas pela Marinha e pelo Exército brasileiros, pelo Instituto Rádio Monitor, criado em 1939, assim, como pelo Instituto Universal Brasileiro, fundado em Estes últimos existem ainda hoje. (SARAIVA, 1996 apud CHERMANN & BONINI, 2001, p.18 e 19). A diferença entre a quarta geração e a terceira, é que a quarta geração não descarta as ferramentas modernas utilizadas pela terceira geração, mas as complementa com a escola virtual, ou seja, contribui de forma a interagir com o processo de ensino-aprendizagem. Há que se destacar que ambas, tanto a terceira geração como a quarta, se complementam no processo de ensino aprendizagem. Talvez essa interação entre elas, possa responder com rapidez e agilidade os anseios daqueles que buscam essa nova modalidade de ensino aprendizagem como forma de se obter conhecimento e informação. Outra contribuição valiosa para compreensão da quarta geração a partir de 1990 em diante é dada por Mundim (2006) onde: Os avanços na tecnologia criaram novas formas de interatividade que reformularam a educação a distância e o modo como os alunos aprendem à distância. Neste sentido, o ensino a distância da quarta geração (EaD-4G) se apresenta como uma nova roupagem e está baseado nas novas tecnologias (Internet, computador DVD.(MUNDIM, 2006, p.120). A quarta geração apresenta o que há de mais moderno em termos de tecnologia avançada, sendo incorporada na Educação a Distância contribuindo para o processo de ensino-aprendizagem e fortalecimento dessa nova modalidade, que a cada dia cresce e amplia seus horizontes. Nessa discussão não podemos perder de vista o principal objetivo da educação a distância em função do qual ela foi pensada e implantada. A Educação a Distância teve objetivos diferentes de acordo com o contexto histórico apresentados e encontrados nas diversas gerações que se sucederam. Há outras discussões que permeia os objetivos da Educação a Distância. Segundo Kramer (1999) o principal objetivo da Educação a Distância: atender o mercado de trabalho, dando formação profissional e capacitando pessoas para o exercício de certas atividades e para desenvolver determinadas habilidades (KRAMER, 1999, p.41). O discurso da autora aponta para a importância que a Educação a Distância

30 30 (EAD) exerce nesse contexto histórico onde foi criada, que é a formação e a capacitação dos indivíduos para o mercado de trabalho, porém ela não especifica quais são essas atividades e habilidades a serem desenvolvidas por profissionais formados por essa modalidade. Por isso, não há como estabelecer qual segmento requer essa mão de obra qualificada. Já para Juan Diaz Bordenave, o caminho para a Educação a Distância estava aberto quando os primeiros homens começaram a aprender diretamente do texto escrito e não diretamente do professor (BORDENAVE apud KRAMER, 1999, p.41). Como podemos notar a Educação a Distância (EAD) possui um papel relevante desde a sua criação até os dias de hoje, conforme relato dos autores acima citados. Observa-se assim, que essa modalidade vem evoluindo ao longo da história, sempre se adequando as necessidades e interesses daqueles que a utilizam. Essa modalidade tem contribuído bastante para que mais e mais escolas e universidades, possam adotá-la e incorporá-la em suas grades curriculares, oferecendo assim, novos cursos, para captação de novos alunos e a obtenção de lucros. Para as empresas, a modalidade serve para capacitar e aperfeiçoar seus trabalhadores, atendendo necessidades pontuais. Hoje existem empresas que possuem suas próprias Universidades Coorporativas (UCs),que criam e estabelecem seus próprios programas direcionados aos seus funcionários, realizando reuniões de negócios e formação por meio de teleconferências. É possível que dessa forma consigam atender mais rapidamente seus objetivos, ou seja, capacitar e aperfeiçoar seu quadro de colaboradores. Temos ainda a contribuição de outros autores que estudam Educação a Distância associando esta modalidade de educação às novas tecnologias, para eles, a educação a distância nasce a partir das novas tecnologias. Os dados, coletados até o presente, mostram que embora a educação a distância tenha recebido um grande impulso com as novas tecnologias, ela tem uma longa história. A relação entre as novas tecnologias e a educação a distância, contudo, será assunto do próximo capítulo deste trabalho.

31 A Educação a distância no Brasil No Brasil, a Educação a Distância (EAD) vem se expandindo e se fortalecendo cada vez mais nas instituições públicas e privadas de diversos níveis e modalidades de ensino, com mais ênfase no Ensino Superior e nos cursos de Pósgraduação, além dos cursos tecnológicos e técnicos entre outros. Com a incorporação de novas ferramentas na educação como a internet, o computador, o uso das tecnologias da informação e comunicação, amplia-se seu campo de atuação. Há que ressaltar que a educação já existia, quando ocorreu a incorporação de novas tecnologias em seu contexto, permitindo assim, estabelecer um novo jeito de informar e transmitir conhecimentos. Dessa forma o ensino - aprendizagem sofreu uma mudança quanto a seu formato de transmitir conhecimento. Em 1970 tivemos a contribuição de outros projetos relevantes, como o projeto Minerva,no auge do período militar o governo brasileiro passou a utilizar os meios de massa, como rádio e TV a fim de ampliar a escolarização da população não alfabetizada, sobretudo o público adulto, em sua grande maioria com baixa ou quase nenhuma escolarização, o que prejudicava a própria produtividade da classe trabalhadora. A partir daí torna-se obrigatória a transmissão de seus programas junto a emissoras de rádio e TV. De acordo com Niskier (1999), esse projeto nasceu no interior do Serviço de Radiofusão Educativa do Ministério da Educação e Cultura, cuja programação oficial educativa e cultural era transmitida pelo rádio. Seu início ocorreu em 1º de Setembro de Seu nome (Minerva) decorre da homenagem à deusa grega da sabedoria. (NISKIER, 1999, p.215 e 216). Foi através de um decreto presidencial e uma portaria ministerial (nº 408/70), que obrigava todas as emissoras de rádio do país a transmitir a programação educativa. Essa obrigatoriedade foi fundamentada na Lei 5.692/71. Segundo Niskier (1999): Para essa grande massa de excluídos, a Lei n.º 5.692/71 admitiu a utilização de rádio, TV, correspondência e outros meios de comunicação

32 32 para atingir um maior número de alunos. A legislação reconhecia a tecnologia como fator de educação, porém só a recomendava de forma supletiva. Como se observa, a lei ressentia-se ainda daquele ressaibo preconceituoso que, desde longos anos, discriminava a educação em cursos de primeira classe e cursos de segunda. Agora, pelo menos, está prevista legalmente a implantação da educação a distância, o que é um passo adiante. (NISKIER, 1999, p.27). Com a implantação da educação a distância a discriminação de cursos de primeira e segunda classe, tende a cair por terra, pois com ajuda da tecnologia, a educação a distância amplia seu campo de atuação e participação nos mais diversos cursos. Dessa forma, a lei reconhece e permite o seu funcionamento com a utilização do rádio, TV, da correspondência e outros meios de comunicação. É possível afirmar que o rádio teve e tem um papel relevante nesse contexto. Esse projeto foi criado em 1970 para atender os objetivos do governo militar brasileiro que, desde 1964, propunha uma mudança no processo educativo que era transmitir educação a um número maior de pessoas através do rádio e da televisão. Segundo Pavan (2006) apud Castro (2007): O projeto Minerva tinha um cunho informativo-cultural com uma produção regionalizada, concentrada no eixo Sul Sudeste e uma distribuição centralizada. O programa acabou não conquistando a população, que o chamava de projeto me enerva que contribuiu para fortalecer a imagem, segundo Pavan, de que o rádio educativo é chato e cansativo (Pavan apud Castro, 2007, p. 50). Talvez por ser um projeto de cunho militar, por se concentrar no eixo Sul Sudeste, além de ter sua distribuição centralizada, tenham esses fatores colaborado para rejeição da população. Destacando o seu baixo custo, a aquisição e manutenção dos aparelhos receptores, bem como, a facilidade de se adquirir ou ouvir um rádio, que ele foi escolhido para atender ao propósito do governo. Nesse contexto, a proposta do governo era solucionar os problemas educacionais existentes com a implantação de uma cadeia de rádio e televisão educativas para a educação de massa por meios de métodos e instrumentos não convencionais de ensino. O projeto Minerva foi, então, concebido pelas seguintes instituições: Ministério da Educação, Fundação Padre Anchieta e Fundação Padre Landell de Moura, com base na Lei 5692, com ênfase na educação de adultos. O Projeto Minerva foi transmitido, em rede nacional, por várias emissoras de rádio e de