CARACTERIZAÇÃO PÓS-COLHEITA DO TOMATE SOB LÂMINAS DE IRRIGAÇÃO NAS FASES FENOLÓGICAS
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- Isabela de Sá Carrilho
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1 CARACTERIZAÇÃO PÓS-COLHEITA DO TOMATE SOB LÂMINAS DE IRRIGAÇÃO NAS FASES FENOLÓGICAS Francisco Vanies da Silva Sá 1 *, Lauriane Almeida dos Anjos Soares 2, Marcos Eric Barbosa Brito, Geovani Soares de Lima 2 Resumo A escassez de água na região semiárida compromete o desenvolvimento das culturas, sendo necessário um manejo que resulte em maior produção e melhor aproveitamento dos recursos hídricos. Objetivou-se caracterizar os aspectos químicos de pós-colheita de frutos de tomate sob lâminas de irrigação nas fases fenológicas. Para tanto, usou-se o delineamento estatístico de blocos casualizados, estudando-se quatro lâminas (6, 8, 1 (testemunha) e 12% da Evapotranspiração da real - ETr), distribuídos em quatro blocos com uma planta por parcela, sendo avaliadas os sólidos solúveis totais, acidez total titulável e o potencial hidrogeniônico, sendo os dados submetidos a análise de regressão polinomial para o fator lâmina em cada fase, por ter havido significância. Os sólidos solúveis totais do fruto do tomateiro foram influenciados pela quantidade de água aplicada, diminuindo à medida que se aumentou a lâmina. Os efeitos das diferentes lâminas de água sobre a cultura do tomateiro resultam em maior acidez total titulável dos frutos quando irrigadas com lâminas de água entre 71 e 112% da ETr, principalmente nas fases vegetativa e de floração. A acidez total titulável foi pouco influenciada na fase de frutificação, havendo pouca diferença entre as lâminas de água. O aumento das quantidades de água aplicada aumenta o PH dos frutos. Palavras-chave: Lycopersicon esculentum, Escassez de água, Irrigação INTRODUÇÃO O tomateiro é uma das hortaliças mais cultivadas no mundo, correspondendo a uma atividade expressiva no Brasil, chegando a atingir, em 211, pouco mais de 4.4. toneladas de frutos produzidas, cultivadas em cerca de 71 mil hectares e produtividade IBGE (211). *Autor correspondente 1 Graduando em Agronomia, CCTA/UFCG, Pombal, PB, vanies_agronomia@hotmail.com 2 Eng. Agrônomo, Pós-graduando em Engenharia Agrícola, CTRN/UFCG, Campina Grande, PB, laurispo@hotmail.com; geovanisoareslima@gmail.com Eng. Agrônomo, D.Sc. Prof. do CCTA/UAGRA/UFCG, Pombal PB, Brasil, marcoseric@ccta.ufcg.edu.br
2 A região semiárida nordestina, embora possua potencial para o cultivo desta hortaliça, apresenta um regime irregular de chuvas e elevada taxa de evaporação, onde a reposição de água ao solo por meio da irrigação constitui um fator de aumento de produtividade e diminuição de riscos, influindo na qualidade e quantidade de frutos, entre outros fatores de produção (MAROUELLI et al., 22). Segundo Marouelli e Silva (26), as hortaliças são culturas bastante susceptíveis às deficiências hídricas, principalmente às grandes variações do nível de água no solo, resultando num crescimento reduzido e desuniforme dos frutos. Dentre essas, destaca-se o tomateiro. Ainda, segundo os mesmos autores, em vários trabalhos podem ser constatados que a suplementação de água por meio da irrigação, na cultura do tomateiro, constitui um fator de aumento de produtividade e diminuição de riscos, uma vez que essa hortaliça apresenta nas fases de desenvolvimento e produção bastante exigente com necessidades hídricas totais, após o transplantio, entre 4 e 6 mm, dependendo do clima (SILVA et al., 2). Ressalta-se que o uso de água pelas plantas e, portanto, todos os processos fisiológicos, estão diretamente relacionados ao seu status no sistema solo-água-planta; sendo assim, o conhecimento das inter-relações entre esses fatores é fundamental para o planejamento e operação de sistemas de irrigação para se obter máxima produção e boa qualidade do produto (TRANI e CARRIJO, 24). O ciclo do tomateiro pode ser dividido em três fases distintas, a primeira fase tem duração de quatro a cinco semanas aproximadamente, vai do transplante das mudas até o início do florescimento; a segunda fase tem duração de cinco a seis semanas, iniciando-se por ocasião do florescimento e terminando no início da colheita dos frutos; a terceira fase vai do início ao final da colheita (ALVARENGA, 24). Alvarenga (2) menciona que a demanda máxima de água pelo tomateiro ocorre durante a floração e o crescimento dos frutos, entretanto, a irrigação excessiva durante o período de floração, tem provocado aumento na queda de flores e redução no estabelecimento de frutos, o que pode causar, também, crescimento vegetativo excessivo, atraso na maturação e maior ocorrência de doenças. Neste sentido, objetivou-se avaliar o efeito de diferentes lâminas de água aplicado em diferentes fases fenológicas, sobre a qualidade pós-colheita do tomate.
3 MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido em casa de vegetação, do Centro de Ciências e Tecnologia Agroalimentar da Universidade Federal de Campina Grande, Pombal-PB, usando-se um delineamento experimental em blocos casualizados, em esquema fatorial (4 x ), sendo quatro lâminas de irrigação aplicadas em três fases de desenvolvimento, distribuídas em quatro blocos com uma planta por parcela. O primeiro fator foi composto por quatro lâminas de irrigação (6, 8, 1 (testemunha) e 12% da Evapotranspiração da real - ETr) distintas por meio do número de gotejadores disponível em cada planta, sendo, 4, 5 e 6, respectivamente, destacando-se que o tempo de irrigação de cada tratamento foi mensurado através do consumo das plantas sob 1% da ETr, usando-se do método da lisimetria de drenagem, assim como descrito em Bernardo et al. (26). Tal volume consumido pôde ser convertido em Evapotranspiração real, pela divisão com a área do lisímetro. Assim, para irrigação dos outros tratamentos multiplicou-se o valor da ETr obtida pela percentual de evapotranspiração de cada tratamento. As lâminas de irrigação foram aplicadas nas três fases de desenvolvimento da cultura (Vegetativo, Floração e Frutificação) do tomateiro, sendo estas descritas da seguinte maneira: a primeira, com duração de três a quatro semanas, teve início aos 15 dias após transplante (DAT) e foi finalizada com o florescimento, aos 41 DAT, a segunda fase, que se estendeu por seis semanas, foi iniciada aos 41 DAT e finalizada aos 82 DAT, com inicio da terceira fase, correspondente a frutificação, que perdurou pelo período de 82 a 112 DAT, sendo finalizado com a colheita, conforme é descrito por Alvarenga (24). Foram utilizadas sementes do cultivar Super Marmande de tomateiro, apresentando como característica, hábito de crescimento indeterminado, ciclo de 15 dias após a emergência, resistência a Fusarium e Verticillium, frutos do tipo globular com sulcos, peso médio de 18 g, com produtividade média entre 5 e 8 toneladas de frutos comerciais por hectare. Utilizou-se para o cultivo do tomateiro vasos plásticos de 4 L de capacidade, preenchidos com 4 kg de brita (número zero) a qual cobria a base e 52 Kg de material de solo (franco-arenoso). Os vasos possuíam furos na base para permitir o acompanhamento do volume drenado e consumo de água pela cultura. A adubação foi
4 feita com base na análise química do solo, segundo recomendações de Eloi (27) para adubação de plantio e via fertirrigação. Durante a condução do experimento foram realizados tratos culturais, conforme recomendações dispostas em Filgueira (2) Para análise do efeito dos tratamentos sobre a cultura determinou-se o teor de sólidos solúveis totais (SST) (ºbrix), acidez total titulável (ATT) (% de ácido cítrico) e o potencial hidrogeniônico ph; a partir do suco (macerado) dos frutos, onde as amostras dos tratamentos e repetições foram realizadas em triplicata, conforme metodologia proposta por Lutz, O teor de sólidos solúveis totais foi determinado por meio de refratômetro digital, sendo os resultados expressos em Brix; a acidez total titulável, através da titulação da polpa com NaOH (,1N), expresso em g de ácido cítrico/1 g da amostra, conforme Pregnolatto e Pregnolatto (1985); e o ph obtido a partir da polpa, determinado em amostras constituídas de 1 g de polpa em 1ml de água destilada com um phmetro digital de bancada. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância pelo teste F e, como houve significância, realizou-se análise de regressão polinomial linear ou quadrática para o fator lâmina em cada fase de desenvolvimento da cultura, utilizando-se do software estatístico SISVAR 4.(FERREIRA, 2). RESULTADOS E DISCUSSÃO O incremento da quantidade de água aplicada às plantas de tomateiro ocasionaram redução linear no conteúdo de sólidos solúveis totais (SST), notadamente quando o estresse foi aplicado na fase vegetativa (Figura 1A), sendo esta na ordem de,55% por aumento de 2% da Evapotranspiração Real (ETr), ou seja, redução de 1,65% no Brix dos frutos das plantas irrigadas com 6% da ETr quando comparadas aos frutos das plantas sob lâmina de 12% da ETr. Koetz et al. (21) em estudos com tomateiro também verificaram redução linear do SST dos frutos, com decréscimos na ordem de 2,4% por incremento de 25% da lâmina de água, as plantas quando submetidas a lâmina de água de 175% tiveram redução no SST de 7,% em comparação com as irrigadas com a 5% da lâmina de água. Tal resposta pode estar relacionada ao efeito de diluição de açucares, ocasionado pelo aumento da aplicação de água, o que é
5 interessante, pois pode contribuir para o produtor restringir a aplicação de água no final do ciclo, afim de aumentar a concentração de açucares. 7, Vegetativo A 7, Floração B 7, Frutificação C 5,6 5,6 5,6 SST (º brix) 4,2 2,8 1,4, y = 5,7872 -,16x R² =,2775 SST (ºbrix) 4,2 2,8 1,4, y =,1458 +,921x -,6x 2 R² =,9897 SST (ºbrix) 4,2 2,8 1,4, y = -,9216 +,1885x -,11x 2 R² =,9572 Figura 1.Sólidos solúveis totais (SST) de frutos do tomateiro em função das lâminas de irrigação aplicadas nas fases (A) Vegetativa, (B) floração e (C) frutificação aos 112 dias após transplante. Pombal, PB, 21. Já ao aplicar o estresse nas fases de floração e frutificação (Figuras 1B e 1C), a resposta foi quadrática, evidenciando-se maiores valores, em termos de sólidos solúveis totais, nas lâminas de 78 e 86% da ETr, respectivamente, acrescenta-se que as plantas quando irrigadas com essas lâminas possuíam, em média, SST igual a 6,67 e 7,15 Brix. Segundo Mencarelli e Salveit Jr. (1988), frutos de alta qualidade devem possuir sólidos solúveis superior a ºBrix, enquanto Morgan (1997) sugere valores acima de 5 ºBrix. Desta forma, verifica-se que os frutos, independentemente da fase em que foi aplicado ao estresse, apresentaram alta qualidade, porém, a restrição no volume de água aplicado é uma alternativa para aumentar o teor de açucares. Verifica-se pelos estudos de regressão (Figura 2A e 2B), em relação às lâminas de água nas fases vegetativa e de floração, que o modelo ao qual os dados se ajustaram melhor, em termos de acidez total titulável (ATT), foi o quadrático, onde nota-se que o intervalo de lâminas de água entre 71 e 112% da ETr promoveu a máxima ATT nas plantas (1 e 5 mg/1g), respectivamente, sendo que a partir destas ocorreu redução na acidez titulável. Comportamento similar foi encontrado por Marouelli e Silva (28), onde a acidez titulável aumentou linearmente quanto maior a tensão deágua no solo para a qual as plantas foram irrigadas. Assim, plantas submetidas a restriçõeshídricas produziram frutos mais ácidos que aquelas irrigadas com maior lâmina.
6 15 Vegetativo A 15 Floração B 15 Frutificação C ATT (%) 9 6 ATT (%) 9 6 ATT (%) 9 6 y = -25,5519 +,8715x -,52x 2 R² =,6686 y = -22,898 +,585x -,x 2 R² =, y = 22,681 -,4267x +,24x 2 R² =, Figura 2.Acidez total titulável (ATT) de frutos do tomateiro em função das lâminas de irrigação aplicadas nas fases (A) Vegetativa, (B) floração e (C) frutificação aos 112 dias após transplante. Pombal, PB, 21. Na fase de frutificação (Figura 2C) foi observado comportamento similar, porém, a equação foi inversa, ou seja, quadrática negativa, com isso, os maiores valores em termos de acidez total titulável foram observados em lâminas entre 11 e 12% da ETr. Um aspecto relevante é que, nas plantas sob condições de estresse na fase de frutificação, a ATT foi pouco influenciada, havendo pouca diferença entre os nível de 6 e 12% da ETr, quando comparado aos frutos obtidos de plantas submetidas ao estresse nas outras fases de desenvolvimento. Estudando-se o potencial de hidrogeniônico em função das lâminas, em cada fase, observa-se, na fase vegetativa, comportamento linear (Figura A), ocorrendo um acréscimo de 2,9% no ph dos frutos por aumento de 2% na lâmina de água aplicada, ou seja, aumento de 6,28% no ph dos frutos das plantas irrigadas com 12% da ETr em relação as sob 6% da ETr. Na fase de floração os frutos do tomateiro possuíam em média um ph de,8. O incremento da quantidade de água aplicada às plantas de tomateiro na fase de frutificação ocasionaram redução linear no ph dos frutos, sendo esta na ordem de 4,49% por aumento de 2% da ETr, ou seja, redução de 1,49% do phdos frutos das plantas irrigadas com 12% da ETr quando comparadas as sob 6% da ETr. Os valores médios do ph dos frutos do tomateiro nas fases de desenvolvimento, variaram de,9 a,67 (Figura ). Esses valores estão na faixa encontrada por Shi et al. (1999) e Camargos et al. (2), que relataram valores entre,88 a 4,6 para diferentes
7 cultivares. De acordo com Pazinato e Galhardo (1997), os frutos produzidos nas diferentes lâminas são considerados ácidos, por apresentarem ph abaixo de 4,5. 5 Vegetativo A 5 Floração B 5 Frutificação C ph 2 ph 2 ph 2 1 y =,57 +,7x R² =,517 1 y média =,8 1 y = 4,979 -,112x R² =,5154 Figura.Potencial hidrogeniônico de frutosdo tomateiro em função das lâminas de irrigação aplicadas nas fases (A) Vegetativa, (B) floração e (C) frutificação aos 112 dias após transplante. Pombal, PB, 21. CONCLUSÕES O teor de sólidos solúveis totais dos frutos de tomateiro são influenciados pela quantidade de água aplicada, diminuindo à medida que se aumenta a lâmina de água. Os efeitos das diferentes lâminas de água sobre a cultura do tomateiro resultam em maior acidez total titulável dos frutos quando irrigadas com lâminas de água entre 71 e 112% da ETr, nas fases vegetativa e de floração. A acidez total titulável foi pouco influenciada na fase de frutificação, havendo pouca diferença entre as lâminas de água.as lâminas de água crescente resultam em PH dos frutos mais ácidos. REFERÊNCIAS BIBLIOGÁFICAS ALVARENGA, M.A.R. Cultura do tomateiro. Lavras: UFLA, 2. 91p. ALVARENGA, M.A.R. Tomate: produção em campo, em casa-de-vegetação e em hidroponia. Lavras: UFLA, 4p. 24. BERNARDO, S; SOARES, A.A.; MANTOVANI, E.C. Manual de irrigação. Viçosa: UFV, 625 p. 26. CAMARGOS, M.I.de; FONTES, P.C.R.; FINGER, F.L.; CARNICELLI, J.H.A. Qualidade de tomate longa vida em estufa, influenciada por espaçamento e número de cachos por planta. In: Congresso brasileiro de olericultura, 4.; congresso ibero-americano sobre utilização de plástico na agricultura, 1., 2, São Pedro. Anais... Brasília: SOB/FCAV-UNESP, 2. v.18, p
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