QUALIDADE DE FRUTOS VERDES E MADUROS DE SEIS CLONES DE ACEROLEIRA COLHIDOS EM DUAS ÉPOCAS 1 INTRODUÇÃO

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1 QUALIDADE DE FRUTOS VERDES E MADUROS DE SEIS CLONES DE ACEROLEIRA COLHIDOS EM DUAS ÉPOCAS 1 João Rodrigues de Paiva 2 ; Carlos Farley Herbster Moura 3 ; Ricardo Elesbão Alves 2 ; Andriano da Silva Almeida 3 1 Apoio financeiro do Banco do Nordeste/FUNDECI; 2 Embrapa Agroindústria Tropical, CP 3761, , Fortaleza, CE. paiva@cnpat.embrapa.br; 3 Eng. Agr. Bolsistas da FUNCAP. INTRODUÇÃO O melhoramento clonal da aceroleira (Malpighia emarginata D.C.) na Embrapa Agroindústria Tropical vem sendo efetuado com base na seleção de genótipos em populações segregantes, a partir de avaliações fenotípicas de caracteres agronômicos nas plantas e de características de qualidade em seus frutos. Para atender a demanda de obtenção de clones de acerola, com ênfase no aumento do conteúdo de vitamina C e na produtividade, com vistas também à melhoria da qualidade dos frutos e obtenção de cultivares adaptadas aos diferentes ecossistemas da região, foi proposto este trabalho com o objetivo de avaliar a qualidade dos frutos de seis clones de aceroleira, nos estádios verde e maduro, em duas épocas distintas. MATERIAL E MÉTODOS Os clones de acerola foram introduzidos ou originados da seleção de plantas do Programa de Melhoramento Genético da Embrapa Agroindústria Tropical. O experimento foi instalado em agosto de 1999, na Fazenda Frutacor Ltda, no município Limoeiro do Norte, CE, no delineamento de blocos ao acaso, com 45 tratamentos, três repetições e cinco plantas por parcela, no espaçamento de 5 m x 4 m. As parcelas estão dispostas em forma linear com bordadura de contorno envolvendo todo o experimento com o clone I 57/4. A área total do experimento é de 1,6 ha com área útil da parcela de 100 m 2. Os tratos culturais foram aplicados de acordo com a recomendação para o plantio comercial da acerola na região. A adubação de fundação das plantas constou do seguinte: 5 litros de esterco de gado, 250 g de super fosfato simples, 50 g de uréia e 30g de cloreto de potássio. O suprimento de água é feito por irrigação localizada, com micro

2 aspersores alto-compensante com vazão de 35 litros de água/hora, sendo irrigadas em média durante três horas por dia. Em janeiro e fevereiro de 2002, foram colhidas amostras de 30 a 50 frutos por clone para análise em laboratório. A vitamina C foi avaliada por titulometria com solução de DFI (Strohecker & Henning, 1967) e a acidez total titulável (ATT) com solução de NaOH (IAL, 1985), enquanto que para o ph foi utilizado potenciômetro com membrana de vidro e para o sólidos solúveis totais (SST) um refratômetro, conforme recomendação da AOAC (1992) para ambos os casos. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os valores de vitamina C nos frutos verdes, na primeira época, variaram de 1.483,8 mg/100g de polpa no clone BV 7 à 2.874,7 mg no clone Okinawa, enquanto que nos frutos maduros a variação foi de 920,1 mg à 1.850,1 mg para os mesmos clones, No segundo período de avaliação, os teores de vitamina C nos frutos verdes variaram de 1.728,1 mg (BV 7) à 2.992,3 mg (Okinawa), enquanto que nos frutos maduros a variação foi de 816,1 mg à 2.021,2 mg também para os mesmos clones, Os teores médios de vitamina C nos frutos verdes foram superiores em relação aos frutos maduros cerca de 67,5% e 64,8% na primeira e segunda colheitas, respectivamente, com variação de 43,6% a 111,7%. O clone I 13/2 apresentou maior conteúdo de vitamina C nos frutos verdes na primeira colheita superior em 90,5%, seguido dos clones FP 19 (79,4%) e II 26/4 (74,8%). No segunda colheita, o clone BV 7 apresentou-se superior em 111,7%, seguido dos clones FP 19 (73,9), I 13/2 e Sertaneja BRS (testemunha) ambos com 54,6%. Os teores médios de SST nos frutos verdes foram inferiores em 8,9% e 5,4% na primeira e segunda colheita, respectivamente, com redução de até 17,6% para o clone Sertaneja BRS. A relação SST/ATT foi menor para os frutos verdes, indicando frutos mais ácidos, com redução média de 18,1% e 8,0% na primeira e segunda colheitas, Inferindo-se que parte desta variação seja de natureza genética, estes resultados são indicativos de que é possível a seleção de clones com altos teores de vitamina C nos frutos verdes, possibilitando a recomendação específica de clones de aceroleira para a produção de vitamina C.

3 CONCLUSÕES 1. Existem diferenças nas características qualitativas entre frutos maduros e verdes de clones de acerola; 2. É possível discriminar clones de acerola pela avaliação do conteúdo de vitamina C em frutos verdes, diferentemente daquela em frutos maduros; 3. Na seleção futura de clones com base na avaliação de frutos verdes é possível a obtenção de maior progresso genético em relação a que vem sendo feita atualmente.

4 BV 7 SERT. BRS Clones FP 19 II 26/4 OKINAWA I 13/ Vitamina C Verde/Jan Maduro/Jan Verde/Fev Maduro/Fev Figura 1. Teor de vitamina C em frutos verdes e maduros de clones de aceroleira, colhidos em janeiro e fevereiro de 2002.

5 BV 7 SERT. BRS Clones FP 19 II 26/4 OKINAWA I 13/ SST (o Brix) Verde/Jan Maduro/Jan Verde/Fev Maduro/Fev Figura 2. Sólidos solúveis totais (SST) em frutos verdes e maduros de clones de aceroleira, colhidos em janeiro e fevereiro de 2002.