Agronegócio e Meio Ambiente: Desafios e Oportunidades
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- Domingos Raminhos Osório
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1 Agronegócio e Meio Ambiente: Desafios e Oportunidades Silvia H. G. de Miranda Professora ESALQ USP Pesquisadora CEPEA/ESALQ Seminário Comércio Internacional e Desenvolvimento Sustentável Memorial da América Latina - São Paulo de abril de
2 Roteiro da apresentação 1. Introdução 2. Agronegócio, comércio e meio ambiente: impactos dessa interação 3. Conflitos atuais envolvendo agronegócio, ambiente e comércio internacional do Brasil 4. O ambiente regulatório e a evolução recente de instrumentos de políticas 5. Considerações finais 2
3 INTRODUÇÃO - Importância do tema comércio agroindustrial e ambiente para o Brasil: - Fornecimento de alimento em quantidade e barato Segurança alimentar - Agronegócio energético - Empresas enfrentam crescentes exigências ambientais no comércio - Papel de destaque na economia nacional - Atendimento às preferências do consumidor 3
4 Importância econômica Agronegócio no Brasil Cepea (2011): Agronegócio respondeu por cerca de 23,1% do PIB total brasileiro em 2009 => cerca de R$735,3 bilhões. Nas exportações: participação de cerca de 37,9% sobre as exportações totais brasileiras em 2010: R$76,4 bilhões (MAPA) 4
5 Medidas não-tarifárias ambientais: uma realidade comercial para Agronegócio Literatura ainda é incipiente em classificar as medidas ambientais que afetam o comércio e discutir sua legitimidade Proposta de Miranda (2011) Burnquist et al (2006): requisitos voluntários são mais importantes para empresas exportadoras agroindustriais (entre outros setores) do que regulamentos 5
6 Ambiente regulatório No Brasil: cresce o número de regulamentos sobre o agronegócio e ambientais, contudo ainda faltam instrumentos que garantam eficácia e rapidez para promover os ajustamentos necessários Não há acordos formalizados dentro da OMC para tratar deste tema Comitê de Comércio e Ambiente (CTE) com temas prioritários a tratar 6
7 Problemas ambientais relacionados à agropecuária e agroindústria Uso indiscriminado de agrotóxicos Desmatamento Poluição hídrica (efluentes) e ineficiência na irrigação Queima de cana Pastagens degradadas Manejo inadequado de solo Feix et al (2010): ainda há segmentos importantes da agropecuária empregando métodos produtivos com potencial elevado de degradação ambiental 7
8 II - Agronegócio, comércio e meio ambiente: impactos dessa interação 8
9 Impactos da agropecuária sobre o ambiente Fao (2003): produção agropecuária é a principal fonte antropogênica de gases efeito estufa Em 2009, estudo da Embrapa apontou que, no Brasil: Desmatamento: 52% das emissões de GEE Agropecuária: 25% Pressão por melhoria de produtividade na agropecuária alimentos e energia mais baratas (inclusão social) + transposição de protecionismo no C.I. 9
10 Figura 1 Consumo de fertilizantes mundial e para algumas regiões do mundo (toneladas) Fonte: Faostat (2011) 10
11 Figura 2 Consumo de agrotóxicos (inseticidas, herbicidas, fungicidas e bactericidas) em países selecionados Fonte: Faostat (2011) 11
12 Figura 3- Produção mundial de produtos agrícolas e pecuários (em toneladas) Fonte: Faostat 12
13 Figura 4 Produção de grãos e cereais no Brasil, área cultivada e produtividade. Safra 1976/77 a 2010/11. Fonte: CONAB. 13
14 Indices de preços reais de commodities (Base 100= 2000). Fonte: World Bank, extraído de Baffes e Haniotis (2010). 14
15 Figura 6 Exportação brasileira por fator agregado (parcial). Participação sobre o total (%). Fonte: Secex/MDIC. 15
16 Figura 5 Balança comercial brasileira, total e do agronegócio (US$ Bilhões), Fonte: MAPA (2011) 16
17 Figura 6 - Índice de Preços de Exportação do Agronegócio (IPE-Agro/Cepea) em dólar, Índice de Volume de Exportação do Agronegócio (IVE- Agro/Cepea), Índice de Atratividade das Exportações do Agronegócio/IAT e o Índice da Taxa de Câmbio Efetiva Real do Agronegócio (IC-Agro/Cepea). Dados anualizados. Fonte: (Cepea- ESALQ) 300,00 250,00 200,00 150,00 100,00 50,00 0, IPE IVE IC IAT Nota 1: Para o IC e o IAT, 2010 representa a média dos valores de janeiro a novembro. Nota 2: O Índice de Câmbio representa a evolução da média ponderada das taxas de câmbio, em valores 17 deflacionados, do Real em relação às moedas dos 10 mais importantes parceiros do agronegócio brasileiro.
18 Evolução recente Cresce o comércio exportador de matérias primas básicas agrícolas e minérios Dificuldade de expandir vendas de produtos com alto valor agregado Cresce pauta importadora de bens de capital e redução da participação de petróleo e derivados Balança comercial de petróleo e derivados é positiva Importância do etanol combustível na redução do consumo de gasolina Disputas internacionais aumentam Casos mais evidentes soja, etanol combustível e carne bovina! 18
19 Lírio (2007, p.46-47)... uma das questoes-chave para o agronegócio brasileiro está na regulamentação, fiscalização e coordenação integrada de suas cadeias produtivas. Os episódios envolvendo a pecuária nacional expõem as limitações de recursos humanos, infra-estruturais e financeiros, com as quais convivem as instituições responsáveis...em todo o mundo, os consumidores de alimentos desejam saber o que compram e quem, onde e como se produziu... Nessa tendência, as normas técnicas e outros mecanismos associados (certificações) passam a peça central nas discussões de acesso a mercados 19
20 3 - Conflitos atuais envolvendo agronegócio e ambiente e comércio no Brasil Agronegócio é um dos setores mais sujeitos a requisitos de natureza ambiental: como diferenciar ecoprotecionismo de exigências legítimas de governos e consumidores? Multiplicidade de requisitos sobre um mesmo tema no C.I.: imposição de padrões próprios das empresas Algumas ilustrações para o Brasil: Pecuária e Amazônia: certificação? Moratória da soja Identidade Preservada (soja) Sustentabilidade do etanol brasileiro Negociações de Bens e Serviços Ambientais no CTE-SS (biocombustíveis) Desafio crescente: rotulagem ambiental 20
21 A rotulagem do Carbon Footprint Carbon footprint: quantificação da emissão dos gases liberados no ambiente causada, direta ou indiretamente, por um indivíduo, organização, evento ou produto (Carbon Trust, 2010) Há cerca de 200 iniciativas para diferentes tipos de rotulagens ou esquemas relativos ao clima (ISO, 2009) No âmbito privado Tesco: 120 produtos rotulados, incluindo manufaturas e alimentos;wal-mart, Far-foods, Casino No âmbito de governos Lei Grenelle na França rotulagem mandatória a partir de 2011 Diretiva Européia para biocombustíveis Ameaça: metodologias de mensuração das emissões não estão padronizadas e, portanto, consumidor terá informações que não são comparáveis na gôndola (Miranda et al, 2010) 21
22 4 - O ambiente regulatório e a evolução recente de instrumentos de políticas Ambiente regulatório internacional Comércio e Ambiente GATT: artigo XX Paulo Afonso L. Machado proteção ambiental não pode ser álibi para protecionismo comercial mas grandes esforços são necessários para prevenir a degradação decorrente do comércio OMC: Mandato de Doha, parágrafo 31 Acordos com dispositivos com implicações: AA, TRIPS (biopirataria), ASMC, TBT, SPS Comitê de Comércio e Meio Ambiente (CTE) 22
23 Figura 7 Custos do Programa Agrícola 2008 Atual e Previsto (US$ Bilhões). Extraído de Williams (2011) 23
24 Figura 8 Evolução do dispêndo da Política Agrícola Comum Européia (CAP), em bilhões Euros e participação no PIB da Comunidade Européia (%) Extraído de Oskam (2011) 24
25 BENS E SERVIÇOS AMBIENTAIS A negociação é um potencial canal para reduzir barreiras comerciais para produtos e serviços considerados ambientais Países ou grupos de países não concordam sobre a definição dos BS Há visões distintas sobre os critérios para identificar e negociar no CTE-SS Estimativa da Câmara Brasil-Alemanha (2007): potencial do BR para mercado ambiental seria de US$5,2 bilhões Relatório Renewable Energy Policy Network for the 21st Century (2010) Brasil detém 90% dos investimentos em energias renováveis da América Latina. Porém, os maiores exportadores desses bens (e dos REP) são os países desenvolvidos como o Japão, EUA e a UE (Paixão, 2011). 25
26 DEFINIÇÃO DE BENS E SERVIÇOS AMBIENTAIS Para o Brasil: critério de bens ambientalmente preferível, e seguindo essa lógica os bens ambientais incluiriam as fibras naturais, medicamentos, corantes, produtos florestais não madeireiros, energias renováveis, incluindo o etanol e o biodiesel. OCDE: A indústria de bens e serviços ambientais, que consiste em atividades que produzem bens e serviços para a mensuração, prevenção, limitação ou correção dos danos ambientais à água ar e solo, bem como problemas relacionados com resíduos, ruídos e ecossistemas, incluindo tecnologias mais limpas, produtos e serviços que reduzam os riscos ambientais, minimize a poluição e a utilização dos recursos OCDE (1999, p.9). 26
27 Figura 9 - Saldo comercial do Brasil para a categoria de Produção de Energias Renováveis (REP) segundo proposta da APEC junto à CTE-SS 27
28 Figura 10 - Saldo comercial do Brasil para a categoria de Produção de Energias Renováveis (REP) segundo proposta da OCDE junto à CTE-SS 28
29 Figura 11 - Saldo comercial do Brasil para a categoria de Produção de Energias Renováveis (REP) segundo proposta dos EUA junto à CTE-SS 29
30 Figura 12 - Saldo comercial do Brasil para a categoria de Energias Renováveis (REP) segundo proposta da OCDE junto à CTE-SS 30
31 NO BRASIL: o caso recente do Programa Agricultura de Baixo Carbono Lançado em 2010: aliar a produção de alimentos e energia com metas de redução de gases de efeito estufa Aplicação prevista no Plano de Safra 2010/11 de R$2 bilhões em técnicas ambientalmente preferíveis Implementação nos estados, em sistema participativo de discussão com agentes dos diversos setores Objetivos e algumas metas: Ampliar de 25 milhões ha de plantio direto para 33 milhões: redução de emissão de 16 a 20 milhões t CO2e Ampliar Integração Lavoura-Pecuária-Floresta em 4 milhões ha: redução de 18 a 22 milhões t CO2e Florestas Plantadas: aumentar de 6 para 9 milhões ha, com redução de emissões entre 8 e 10 milhoes t CO2e Aumento da recuperação de pastagens degradadas (de 40 para 55 milhões ha recuperadas) com redução de emissão entre 83 e 104 milhões t CO2e Fixação biológica de N: elevar de 16,5 milhões ha para 11 milhões ha 31
32 5 - Considerações finais No Brasil: expansão do agronegócio, portanto com maior pressão sobre recursos naturais e ambientais Há setores que já adotam modelos mais sustentáveis Mas, o governo também se mostra mais sensível à questão ambiental e promove alterações na estrutura regulatória e capacitação de pessoal Comércio deve continuar a enfrentar desafios ambientais nos próximos anos Consumidores e grandes varejistas são atores determinantes na imposição de padrões ambientais sobre as empresas 32
33 5 - Considerações finais É preciso focar as discussões na escolha e implementação de políticas públicas a poluição e a degradação são falhas de mercado e devem ser sanadas através de políticas públicas Ex: através de subsídios para energias limpas e técnicas menos degradantes (como o ABC) Integração e comunicação entre os diferentes níveis de competência regulatória e entre diferentes áreas agricultura e meio ambiente Tecnologias mais limpas e ambientalmente mais recomendáveis existem o problema maior é sua ampla difusão e adoção! 33
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