Actualização da Segurança Alimentar em MOÇAMBIQUE Setembro de 2009

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1 Actualização da Segurança Alimentar em MOÇAMBIQUE Setembro de 2009 Embora as reservas alimentares estejam a registar queda acentuada, após uma safra relativamente boa, a maioria das famílias continua a ter bom acesso aos alimentos uma vez que a oferta e os preços no mercado continuam estáveis. Nos distritos semi áridos do sul da província de Tete e do noroeste da província de Gaza, e nos distritos semi áridos da província de Sofala, as famílias muito pobres e pobres continuam em situação de insegurança alimentar moderada. De acordo com a previsão sazonal para a época chuvosa 2009/10, durante a primeira metade da época (Outubro Dezembro 2009), espera se uma precipitação próxima do normal para acima do normal na maior parte do país, incluindo grande parte do centro e toda a região sul, e uma precipitação acima do normal com tendência para o normal para toda a região norte. Na segunda metade da época (Janeiro Março 2010), a região Sul e parte sul da região centro espera uma precipitação normal com tendência para abaixo do normal, sendo que a maior parte da região centro e partes da região norte poderão registar precipitação normal com tendência para acima do normal, e a região norte com maior probabilidade de registar precipitação acima do normal a normal. Os preços de milho e de bens alimentares estão, na generalidade, a subir em conformidade com a tendência sazonal. Calendário sazonal e eventos críticos Figura 1. Condições estimadas de segurança alimentar, Julho Setembro de 2009) Para mais informação sobre a Escala de Severidade da Insegurança Alimentar da FEWSNET, por favor visite o site TUwww.fews.net/FoodInsecurityScaleU3T Escala de Severidade de Insegurança Alimentar da FEWS NET Em Geral, Segurança Alimentar Boa Insegurança Alimentar Moderada Insegurança Alimentar Alta Insegurança Alimentar Extrema Fome Generalizada Fonte: FEWS NET FEWS NET MOZAMBIQUE Av. FPLM, 2698, Maputo Tel: ; Mobile: Fax: mind@fews.net FEWS NET Washington 1717 H St NW Washington DC info@fews.net Fonte: FEWS NET A FEWS NET é uma actividade financiada pela USAID. A opinião dos autorers nesta publicação não reflectem necessariamente a opinião da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional ou do Governo dos Estados Unidos.

2 Actualização da Segurança Alimentar em MOÇAMBIQUE Setembro de 2009 Sumário da segurança alimentar Embora as reservas de alimentos se encontrem em declínio acentuado, após uma safra relativamente boa, a maioria das famílias continua a ter bom acesso aos alimentos uma vez que a oferta e os preços do mercado continuam estáveis e em conformidade com os padrões sazonais. Nos distritos semi áridos do sul da província de Tete e noroeste da província de Gaza, e os distritos semi áridos da província de Sofala, as famílias muito pobres e pobres continuam em risco elevado de insegurança alimentar. Nessas zonas, a produção agrícola está abaixo das necessidades alimentares, e algumas famílias têm estado a empregar estratégias de sobrevivência para gerar renda para a compra de alimentos. O Grupo de Avaliação da Vulnerabilidade (GAV) do Secretariado Técnico de Segurança Alimentar e Nutrição (SETSAN) concluiu o trabalho de campo para a sua avaliação de vulnerabilidade de 2009 em Moçambique e as análises em curso irão fornecer informação actualizada da provável severidade e dimensão das necessidades até a próxima principal safra, em Abril de O relatório deverá ser lançado em meados de Outubro. Até o presente momento, estima se que cerca de 247 mil pessoas estejam numa situação de insegurança alimentar moderada nas zonas semi áridas e áridas. Ainda não foi disponibilizada qualquer ajuda alimentar devido principalmente à falta de recursos. O Programa Mundial de Alimentação (PMA) possui recursos confirmados para prestar assistência alimentar a apenas 175 mil pessoas em situação de insegurança alimentar de Outubro até Dezembro de Atenção especial deve ser dada às famílias mais vulneráveis durante o período de fome (de Outubro a meados de Janeiro), através da adopção de intervenções recomendadas, incluindo ajuda alimentar, com vista a evitar deterioração das condições e permitir que as famílias participem plenamente nos preparativos para a campanha agrícola que se avizinha. A produção da segunda época foi satisfatória nas zonas baixas e zonas irrigadas, proporcionando alimentos e renda adicionais para as famílias nestas zonas, e a preparação para a próxima época agrícola de 2009/10 está em curso com a aproximação do arranque da estação chuvosa. Nas regiões áridas e semi áridas, as condições mais secas poderão prejudicar a preparação da terra, uma vez que os solos estão duros, contrariamente ao resto das outras zonas agro ecológicas. A informação de campo revela que, devido à produção relativamente boa na última época agrícola, as sementes guardadas pelos próprios agricultores serão a principal fonte de sementes nesta época. Noutros locais, a maioria das famílias consegue satisfazer as suas necessidades sazonais de sementes através das suas tradicionais reservas ou através de compras no mercado. Um plano para a realização de feiras de sementes e de insumos ainda não está finalizado e até agora ainda não há confirmação se elas terão lugar. O cenário de segurança alimentar mais provável para Julho Dezembro de 2009 (vide a perspectiva de segurança alimentar da FEWS NET do mês de Julho) continua válido. Espera se que a situação de segurança alimentar permaneça estável para todo o país, excepto para as regiões áridas e semi áridas, onde se espera que as condições de segurança alimentar sejam críticas uma vez que aproximamo nos da época de fome e a disponibilidade de água poderá se tornar problemática. A insegurança alimentar moderada provavelmente vai estender se às famílias muito pobres e pobres, para além dos distritos nas zonas do interior. Com aproximação da época ciclónica, podem surgir necessidades temporárias na eventualidade de um ciclone atingir zonas ao longo da costa. Progresso sazonal e previsão climática A previsão sazonal para 2009/10, produzida por peritos climáticos internacionais, regionais, e nacionais, foi lançado no 13 ª Forum sobre a Previsão Climática na Região Austral da África (SARCOF 13) nos finais de Agosto de A previsão para Moçambique durante a primeira metade da época (Outubro de 2009 Dezembro de 2009) prevê a ocorrência de precipitação próxima do normal com tendência para acima do normal para grande parte do país, incluindo grande parte da região centro e toda a região sul, e precipitação acima do normal com tendência para normal para toda a região norte (Figura 2a). Para a segunda metade da época (Janeiro 2010 Março 2010), a região sul e a parte sul da região centro apresenta altas probabilidades de receber chuvas normais com tendência para abaixo da normal, enquanto que grande parte da região centro e partes da região norte têm maior probabilidade de receber precipitação próxima do normal para acima do normal, e a região norte (exceto o sul da província do Niassa) tem altas probabilidades de receber precipitação acima do normal a normal (Figura 2b).) Rede dos Sistemas de Aviso Prévio contra Fome 2

3 Actualização da Segurança Alimentar em MOÇAMBIQUE Setembro de 2009 Embora exista uma probabilidade 75 por cento nas duas maiores categorias (35 mais 40 por cento) ainda há uma probabilidade de ocorrência de 25 porcento para a menor categoria. Também, a previsão para a época chuvosa 2009/10 não leva em conta uma eventual precipitação excessiva que possa ocorrer como resultado de ciclones tropicais porque as perturbações tropicais, incluindo as condições de ciclone e outros sistemas meteorológicos locais, não podem ser previstos com precisão, numa base sazonal. Com base no prognóstico acima, o Grupo de Aviso Prévio da Segurança Alimentar do Ministério da Agricultura está a desenvolver projeções sobre as necessidades hídricas das culturas, que serão utilizadas para desenvolver recomendações para os agricultores sobre os tipos de culturas a plantar. Espera se que esta informação seja lançada em breve. Os cientistas climáticos da região também combinaram prognósticos de todos os países da SADC para produzir uma previsão regional. Isso é extremamente importante, porque ajuda os órgãos decisores e utilizadores em geral, a avaliarem os possíveis impactos das condições climatéricas em outras zonas dentro da região. O potencial impacto nas bacias hidrográficas internacionais (por exemplo, Zambeze, Limpopo, Save, Búzi, Maputo, etc) é de particular importância. As Figuras 3a e 3b ilustram as previsões climáticas regionais para Outubro Dezembro de 2009 (Figura 3a) e para Janeiro Março de 2010 (Figura 3b). A previsão sazonal regional é relevante apenas para períodos de tempo sazonais e zonas relativamente grandes, sendo que varições locais e de mês a mês poderão ocorrer. Figura 2a: Previsão para Outubro Dezembro 2009 Figura 2b: Previsão para Janeiro Março 2010 Fonte: Centro de Monitoria da Seca da SADC e Instituto Nacional de Metorologia (INAM) Os números para cada zona indicam as probabilidades da ocorrência da precipitação em cada uma das três categorias: abaixo do normal, normal e acima do normal. O número do topo indica a probabilidade de uma precipitação acima do normal, o número do meio é de precipitação normal, o número de baixo da precipitação abaixo do normal. Por exemplo, na figura à esquerda, para o sul e centro de Moçambique, existe uma probabilidade de 35 por cento da precipitação acima do normal, probabilidade de 40 por cento da precipitação normal, e uma probabilidade de 25 por cento de precipitação abaixo do normal. Rede dos Sistemas de Aviso Prévio contra Fome 3

4 Actualização da Segurança Alimentar em MOÇAMBIQUE Figura 3a: Previsão para Outubro Dezembro 2009 Setembro de 2009 Figure 3b: Previsão para Janeiro Março 2010 Fonte: Centro de Monitoria de Seca da SADC Início da estação chuvosa esperado em Novembro A Figura 4 mostra o calendário do início médio da estação chuvosa em todo o país. As chuvas normalmente começam no início de Novembro, na província de Maputo e na parte sul da província de Gaza. Até meados de Novembro, o período chuvoso evolui normalmente em grande parte do país, incluindo algumas das zonas produtivas na região centro de Moçambique e grande parte do semi árido sul. O início mais tardio das chuvas acontece no norte, em Nampula, Niassa, Cabo Delgado, e partes da Zambézia, Tete, e nas zonas semi áridas das províncias de Manica e Sofala, onde a época não começa normalmente até Dezembro. O gráfico mostra pequenas zonas, menor que o tamanho de um distrito, nas províncias de Manica e Gaza, onde as chuvas começam nos finais de Outubro. Durante a época passada (2008/09), o início das chuvas tardou por quase duas ou mais dekadas1 em grande parte do país quando comparado com o início médio apresentado na Figura 4. Após o início efectivo, a quantidade de precipitação recebida esteve abaixo do normal durante grande parte da primeira metade da época (Outubro Dezembro 2009), mas até meados de Dezembro, a precipitação melhorou significativamente no resto da época. O início médio das chuvas indicado na Figura 4 foi obtido pelo cálculo da média do início das chuvas durante oito estações chuvosas 2001/2002 até 2008/2009.) 1 Figura 4. Início histórico das chuvas (por dekadas = period de 10 dias) Fonte: USGS/FEWS NET Dekad palavra usada em inglês para designar um período de dez dias Rede dos Sistemas de Aviso Prévio contra Fome 4

5 Actualização da Segurança Alimentar em MOÇAMBIQUE Setembro de 2009 Mercados e Comércio Em geral, os preços do milho a retalho em todos os mercados monitorados continuam estáveis e abaixo dos do ano passado, embora estejam acima da média. De Janeiro a Maio de 2009, os preços eram muito superiores à média e aos preços do ano passado, como resultado da crise dos preços dos alimentos do ano passado. A partir de Maio, os preços do milho e outros alimentos estiveram abaixo dos níveis do ano anterior, após a colheita. Actualmente, os preços do milho e outros alimentos já se encontram geralmente a subir de acordo com a curva normal e sazonal. Em alguns mercados de referência do sul, a redução das reservas de alimentos e os níveis de oferta estão a provocar uma subida dos preços de alimentos básicos para níveis acima dos preços do ano passado. Isto é evidente em Chokwe, onde os preços do milho de Agosto subiram cinco por cento a partir de Julho, situando se actualmente a 4 por cento acima dos preços do ano passado. Em Maputo, os preços do milho de Julho para Agosto manteveram se inalterados, enquanto que nas províncias de Manica e Nampula, a variação de Julho para Agosto foi também de quatro por cento. Mais informações sobre as tendências dos preços dos alimentos básicos podem ser encontradas no Anexo de Preço anexo a esta publicação. Tal como referido em relatórios anteriores, na maioria das zonas do sul, as famílias dependem muito da sua produção para alimentos e renda. Com o total esgotamento das reservas alimentares, a maioria das famílias depende do mercado para a compra de alimentos, mas os preços mais altos limitam a quantidade que as famílias pobres e médias podem pagar. Até agora, os actuais preços do milho ainda estão dentro do alcance da maioria das famílias, mas isso pode mudar se os preços subirem de forma anormal pois mais famílias perdem o seu poder de compra. Por isso, recomenda se fortemente uma monitoria constante da evolução dos preços de alimentos básicos. De acordo com a variação sazonal, espera se que até Novembro, Dezembro e Janeiro, os preços atinjam a seu pico antes da queda sazonal em Fevereiro/Março, em antecipação das colheitas. De acordo com relatórios recentes do Sistema de Informação de Mercados Agrícolas (SIMA), os fluxos de milho estão em conformidade a tendência sazonal, levando a uma diminuição gradual da oferta de milho nos mercados do sul. Os principais mercados de referência no sul, Chókwè e Maputo, estão a receber milho da região centro. Por exemplo, o milho vendido nos mercados de Maputo é originário de Nhamatanda e Chibabava, na província de Sofala, enquanto que a maior parte do milho vendido em Chókwe vem da província de Manica, especificamente de Chimoio. O milho fornecido à cidade de Chimoio é originário do distrito de Bárue na província de Manica, enquanto que Beira, a principal cidade do centro, é em grande parte abastecida por Maringue e Nhamatanda, na província de Sofala. A capital da Zambézia, Quelimane, é abastecida principalmente pelo distrito de Morrumbala, na província do mesmo nome. A Cidade de Nampula, no norte é abastecida principalmente pela província da Zambézia, particularmente pelos distritos de Gurué, Ile e Alto Molócue. O fluxo de feijão é particularmente forte nesta altura do ano. Segundo os relatórios do SIMA, a cidade de Maputo, no sul, tem recebido feijão do distrito de Lichinga, no norte. Gorongosa está actualmente a vender feijão produzido localmente. Tete e a cidade de Chimoio são fortemente abastecidos pelo feijão de Angónia, um grande produtor na parte norte da província de Tete. A cidade de Quelimane está a receber feijão dos distritos de Gurué, Alto Molocue, e dos distritos de Maganja da Costa, dentro da mesma província. Rede dos Sistemas de Aviso Prévio contra Fome 5

6 ANNEXO: Boletim Mensal sobre Preços em Moçambique Setembro 2009 Milho, arroz e feijões são os alimentos mais importantes. O milho é o alimento básico para os pobres, com o arroz a desempenhar o papel mais importante como substituto. Os feijões são importantes para todos os grupos sociais. Cada um dos mercados aqui representado actua como indicador para uma região maior. Tete é representativo para a província com o mesmo nome, Nampula é o mercado mais importante no norte e é representativo para a região, e tem ligações com o interior das províncias de Zambézia e Nampula e da zona costeira de Nampula. O mercado de Manica tem ligações com o mercado de Chimoio que por sua vez tem ligações com Gorongosa e mercados do sul. Os mercados de Chókwe e Maputo no sul estão ligados aos mercados de Chimoio, Manica e Gorongosa na zona centro. Chókwe é o mercado de referência para a zona sul, exceptuando a capital Maputo. Preços mensais são fornecidos pelos sistema de informação de mercados em Moçambique. Rede dos Sistemas de Aviso Prévio contra Fome i

7 ANNEXO: Boletim Mensal sobre Preços em Moçambique Setembro 2009 Rede dos Sistemas de Aviso Prévio contra Fome ii

8 ANNEXO: Boletim Mensal sobre Preços em Moçambique Setembro 2009 Rede dos Sistemas de Aviso Prévio contra Fome iii