Sistemas de Aviso Prévio Contra a Fome. 28 de Abril de Destaques

Transcrição

1 Sistemas de Aviso Prévio Contra a Fome Actualização da Segurança Alimentar em Moçambique 28 de Abril de 2004 Destaques O princípio de Abril foi caracterizado por chuvas intensas nas zonas costeiras das províncias de Nampula e Cabo Delgado tendo ocorrido cheias rápidas e localizadas em Cabo Delgado. Enquanto a precipitação acumulada registada de Janeiro até meados de Abril foi acima do normal em Maputo e na maior parte do interior de Gaza, muitas outras áreas registaram chuvas abaixo do normal, com défices assinaláveis na zona costeira do sudeste de Inhambane. As culturas recentemente colhidas estão progressivamente a entrar nos mercados, aumentando a oferta local. Contudo, os preços continuam acima do normal para esta época do ano devido ao atraso do início da campanha. O aumento da procura no vizinho Malawi, onde o défice alimentar é já evidente no sul, vai intensificar o comércio trans-fronteiriço entre aquele país vizinho e a zona norte de Moçambique. A FEWS NET e o PMA pretendem lançar um sistema de monitoria trans-fronteiriço a partir da presente campanha, incluindo os principais pontos comerciais entre as fronteiras de Malawi, Zâmbia, Moçambique, Zimbabwe, Tanzânia e a República Democrática de Congo. O sistema, baseado na Rede Regional de Comércio Agrícola em funcionamento na África Oriental, vai monitorar, registar e disseminar toda a informação referente ao comércio informal. O PMA e a FAO levarão a cabo uma Missão de Avaliação das Culturas e Disponibilidade de Alimentos de 30 de Abril a 16 de Maio para confirmar as estimativas nacionais das culturas. O Comité de Avaliação de Vulnerabilidade (CAV), uma equipa multi-sectorial e multidisciplinar, concluiu o trabalho de campo referente a avaliação para 2004, estando neste momento no processo de análise. O relatório deverá estar pronto nos meados do mês de Maio. Este boletim mensal é produzido pela FEWS NET em colaboração com os seus parceiros, incluindo o Departamento do Aviso Prévio (DAP) e o Sistema de Informação sobre Mercados agrícolas (SIMA), o Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural (MADER), O Instituto Nacional de Meteorologia (INAM),a organização da Alimentação e Agricultura (FAO) e o programa Mundial da Alimentação (WFP). A (FEWS NET) Rede de Sistemas de Aviso Prévio sobre Fome é financiada pela USAID e gerida pela Chemonics International, Inc. FEWS NET Moçambique Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural Direcção Nacional da Agricultura Av. das FPLM, 2698 Instituto Nacional de Investigação Agronómica (INIA) P.O. Box 4739 Maputo, Moçambique Telefone: (258-1) Facsimile: (258-1) mind@fews.net

2 Actualização da situação da época agrícola As chuvas continuaram a comportar-se de forma errática durante o mês de Março e primeira metade de Abril, com inconsistências tanto na distribuição espacial como temporal (veja figura 1). Chuvas intensas em princípios de Abril nas zonas costeiras de Nampula e Cabo Delgado provocaram cheias rápidas e localizadas em algumas zonas costeiras da província de Cabo Delgado com menor impacto sobre as culturas e propriedades. FIGURA 1: ANOMALIAS DE PRECIPITAÇÃO (Baseadas em estimativas por satélite) 1-10 Março Março Março 1-10 Abril Abril LEGENDA: a b c d e Fonte de dados: USGS/FEWS NET Figura2: Estimativas de precipitação acumulada Percentagem do Normal 1 de Janeiro a 20 de Abril de 2004 A figura 2, mostra que enquanto a precipitação acumulada de 1 de Janeiro a 20 de Abril de 2004 foi acima de 100% do normal em Maputo e grande parte do interior de Gaza, muitas outras áreas registaram valores abaixo do normal, com notáveis défices na zona costeira do sudeste de Inhambane onde se registaram apenas 20 a 60% do normal. Surpreendentemente, o interior de Gaza, que normalmente é vulnerável a seca, registou os valores mais altos, com Massingir, Chicualacuala e Mabalane a registarem 180%, 173 e 152% do normal respectivamente. Níveis normais de chuva acumulada se registaram em Tete, norte e nordeste de Cabo Delgado, sul de Zambézia, nordeste de Nampula e norte de Manica Apesar do défice mostrado no mapa em relação a zona costeira do sudeste Fonte de dados: USGS/FEWS NET 2

3 de Inhambane (que inclui os distritos 1 de Inhambane, Maxixe, Jangamo, Homoine, Morrumbene, Zavala e Inharrime), alguns factores poderão concorrer para minimizar os efeitos negativos da aparente falta de chuva para a segurança alimentar das famílias daquela região. Em primeiro lugar, a mandioca e feijão nyemba, principais culturas da zona, são relativamente resistentes à seca, e informações do terreno sugerem que ambas as culturas estão a ter um bom desempenho. Em segundo lugar, esta zona possui "machongos" (zonas com solos férteis e com reservas de humidade, favoráveis à prática das culturas muito dependentes da chuva). Terceiro, a prática da actividade pesqueira e da pecuária são importantes como fontes alternativas de alimentos e de rendimentos, ajudando a cobrir o impacto negativo da perda de culturas do celeiro anual das famílias. E ainda, a zona situa-se próximo da estada nacional (EN1) que impulsiona o papel e a contribuição do comércio informal na economia das famílias. Conforme já referido nos boletins anteriores, a presente época chuvosa começou com cerca de dois meses de atraso, e se a época no seu todo terá se deslocado por dois meses, ou simplesmente a época iniciou tarde vai depender da continuidade das chuvas até Abril ou Maio dependendo do local. De acordo com informações do campo, o milho plantando em Janeiro está já no circuito normal dos mercados. O sucesso das culturas plantadas em Fevereiro está dependente do prolongamento das chuvas até finais de Abril; e para o milho plantado em Março, o sucesso dependerá da existência de humidade suficiente até Maio. Figura 3 Meticais/Kg Figura 4 Meticais/Kg Preços de Milho -Retalhista em Xai-Xai Jul Aug Sep Oct Nov Dec 2001/ / /04 Média ( ) Jan Feb Mar Apr Preços de Milho-retalhista na Beira 2001/ / /04 Média ( ) May Jun Jul Aug Sep Oct Nov Dec Jan Feb Mar Apr May Jun Fonte dados: SIMA Tendência dos mercados agrícolas Como resultado das chuvas irregulares, o milho encontra-se em várias fases de desenvolvimento, havendo distritos que já iniciaram com as colheitas e o respectivo processamento enquanto que noutros, as culturas ainda se encontram em fase de maturação ou secagem. Consequentemente, o abastecimento em termos de milho tem evoluído mais lentamente do que o normal enquanto que a procura se mantém alta. Este factor poderá explicar a lentidão da diminuição sazonal dos preços no sul e centro (figuras 3 e 4). 1 É importante sublinhar que dos distritos acima referidos, apenas Morrumbene e Inharrime não foram abrangidos pela avaliação realizada pelo CAV. A próxima missão de avaliação da FAO/PMA incluirá Zavala e Homoine. 3

4 Os preços a retalho de milho aumentaram entre 3 a 15% na Beira (zona centro) e Xai-Xai (zona sul) respectivamente, entre Fevereiro e Março. Os preços em Chimoio, outro mercado da zona centro permaneceram quase inalteráveis desde Dezembro O último boletim semanal do SIMA mostra que em Abril, os preços do milho nestes mercados, começaram a diminuir, com grandes quedas durante as duas últimas semanas. Em Maputo (zona sul), os preços têm permanecido estáveis e altos com preços médios mensais do milho entre 6429 e 6485 Mt/Kg. Em Abril, os preços estavam entre 6349 e 6598 Mt/Kg. A seca no sul do Malawi poderá beneficiar os agricultores Moçambicanos A possível ocorrência de um défice na produção agrícola no sul do Malawi poderá beneficiar os agricultores e comerciantes Moçambicanos. No geral, a situação na parte Moçambicana que faz fronteira com aquele país é reportada como estando em pleno progresso. Últimas informações provenientes dos distritos de Milange, Morrumbala, e Mutarara revelam que a presente época teve um começo tardio, mas de Janeiro em diante as chuvas têm caído duma forma moderada. O milho da presente campanha e das reservas do ano passado está sendo vendido a partir dos distritos de Milange, Ile e Mocuba, e Mutarara nas províncias da Zambézia e Tete respectivamente aos comerciantes vindos de Malawi. Os comerciantes Malawianos trazem para o país o feijão manteiga. Informações disponíveis até agora não nos permitem efectuar qualquer comparação com os anos anteriores. A FEWS NET e parceiros irão monitorar de perto a actividade trans-fronteiriça. Iniciativa de monitoria trans-fronteiriça começa Nos últimos dois anos, o comércio informal trans-fronteiriço de alimentos jogou um papel importante para o alívio da insegurança alimentar das famílias na África Austral através de uma redistribuição de alimentos das zonas excedentárias para zonas deficitárias. Contudo, porque o comércio informal não está sendo monitorado com regularidade, é difícil para os analistas determinar o volume a transaccionar para suprir os défices locais. A FEWS NET na África Oriental, juntamente com a IITA e o projecto RATES, estabeleceram sistemas de baixo custo para monitorar, registar e disseminar informação referente à evolução do comércio de alimentos e oportunidades de mercado. Esta informação é recolhida, analisada e disseminada através da Rede Regional de Comércio Agrícola ( Deste 2003, a RATIN tem provado ser uma fonte útil de informação actualizada sobre as oportunidades e constrangimentos ao nível do comércio trans-fronteirço. Com base no sucesso da RATIN na África Oriental, a FEWS NET e a representação regional do PMA procuram formas de expandir a zona abrangida pela monitoria da RATIN de modo a incluir o Malawi, Zâmbia, Moçambique, Zimbabwe, Tanzânia e a República Democrática de Congo. Na fase inicial, prevista a arrancar em finais de 4

5 Junho, serão incluídos um total de vinte principais centros comerciais ao longo das fronteiras comuns destes países. Espera-se que tal iniciativa venha a fortalecer os laços comerciais entre os países e por conseguinte, melhorar a segurança alimentar. Uma parceria nacional é fundamental para o sucesso desta iniciativa. Para mais informações contacte a FEWS NET, mind@fews.net, telefone / CFSAM inicia brevemente; Análise de vulnerabilidade em curso Na sequência do pedido formulado pelo Governo de Moçambique, o PMA e a FAO levarão a cabo uma Missão de Avaliação das Culturas e Disponibilidade de Alimentos (CFSAM sigla em inglês) de 30 de Abril a 16 de Maio. O objectivo da Missão será o de confirmar as estimativas da produção nacional derivadas dos rendimentos locais e projecções por hectare. A Missão espera visitar os seguintes distritos, sujeitos à alterações: Província Maputo Gaza Inhambane Sofala Manica Zambézia Tete Nampula Cabo Delgado Niassa Distritos Boane ou Magude e Matutuine Chicualacula (Mapai), Chigubo, Chókwe, Mabalane, e Massingir Homoíne, Mabote, Govuro, e Zavala Buzi, Cheringoma, Chibabava, e Nhamatanda Barue,Gondola, Guro e Sussundenga Ilé, Namacurra, Mocuba, Morrumbala, Milange e Pebane nge, and Pebane Angónia, Changara, Chiuta, Magoe e Moatize Memba, Mogovolas, Ribaue, e Monapo Balama, Chiúre, Macomia e Quissanga Cuamba, Mandimba, Nipepe e Lichinga Entretanto, o Comité de Avaliação da Vulnerabilidade de Moçambique, uma equipa mutisectorial e multidisciplinar, concluiu o trabalho de campo referente à avaliação de Foram pesquisadas perto de 5,000 famílias, e o CAV arrancou com o processo de análise. O relatório deverá ser finalizado nos meados de Maio. A avaliação destina-se a avaliar a situação da segurança alimentar nas comunidades rurais afectadas pela seca. 5