Os cenários macroeconómicos e financeiros do teste de esforço ao Novo Banco

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1 Comunicado do Banco de Portugal sobre o resultado do Novo Banco no teste de esforço integrado no exercício de avaliação completa conduzido pelo Mecanismo Único de Supervisão/Banco Central Europeu Novo Banco supera teste de esforço do BCE no cenário de base. No cenário mais adverso, foi apurada insuficiência de fundos próprios no montante de EUR milhões, em linha com as expectativas. Insuficiência no cenário mais adverso será suprida através da implementação do plano estratégico, que já se encontra em preparação e deverá ser apresentado nas próximas semanas, e do prosseguimento do processo de venda da participação detida pelo Fundo de Resolução. Clarificação quanto às necessidades de reforço de fundos próprios permite que seja iniciada de imediato a preparação da nova etapa do processo de venda. Em estreita colaboração com o Banco de Portugal e o Fundo de Resolução, o Novo Banco dará continuidade às medidas de reforço da solidez e prosseguirá a sua atividade em plena normalidade. O Banco Central Europeu (BCE) divulgou hoje os resultados da avaliação completa realizada a um conjunto de nove bancos da área do euro, entre os quais o Novo Banco. O exercício de avaliação completa compreende duas componentes: uma análise da qualidade dos ativos (Asset Quality Review, AQR) e a realização de um teste de esforço. Com base nos exercícios de avaliação e auditoria especiais conduzidos em 2014, o BCE considerou que o Novo Banco já havia completado, com sucesso, a análise da qualidade dos ativos. De acordo com os resultados hoje divulgados, o Novo Banco superou o teste de esforço conduzido pelo BCE no cenário mais provável (rácio Common Equity Tier 1 de 8,24%, acima do limiar de 8,0%), mas revelou uma insuficiência no cenário mais adverso (rácio CET1 de 2,43% face ao limiar de 5,5%), o que corresponde a um desvio de EUR milhões (Gráfico 1), projetado para o final de

2 No conjunto da avaliação completa realizada pelo BCE, a insuficiência de fundos próprios no Novo Banco ocorre no caso do cenário mais adverso do teste de esforço apenas em 2017, que tem por referência um cenário hipotético, e que por natureza reflete uma perspetiva pessimista. A insuficiência registada pelo Novo Banco no cenário mais adverso do teste de esforço encontra-se genericamente alinhada com as expectativas e reflete a natureza específica de banco de transição que resultou da medida de resolução aplicada ao Banco Espírito Santo, S.A.. Trata-se, ainda assim, de uma insuficiência que terá que ser suprida. Como foi anunciado pelo Banco de Portugal no dia 15 de setembro, o Conselho de Administração do Novo Banco já se encontra mandatado para elaborar um plano de reforço de fundos próprios e de reorganização estratégica. Esse trabalho foi iniciado em antecipação da existência de necessidades de reforço de fundos próprios e deverá ser apresentado nas próximas semanas, prevendo-se que seja posteriormente debatido no âmbito do diálogo e colaboração que existe com o BCE e com a Comissão Europeia. O plano irá incluir medidas para mitigar as necessidades hoje divulgadas no horizonte temporal apropriado, as quais serão planeadas e executadas em articulação e com o apoio do Banco de Portugal, na qualidade de autoridade de resolução, e do Fundo de Resolução. De entre as principais iniciativas de execução no curto prazo, destacam-se as seguintes, que serão implementadas em estreita coordenação e com o apoio do Banco de Portugal e do Fundo de Resolução: Alienação da participação do Novo Banco na GNB Vida - Companhia de Seguros, S.A.; Alienação de outras participações consideradas como não estratégicas para a atividade do grupo Novo Banco. As medidas a executar no quadro do plano estratégico complementarão o reforço de fundos próprios que decorrerá do processo de venda da participação acionista detida pelo Fundo de Resolução no Novo Banco. A preparação da nova etapa do processo de venda será iniciada de imediato, agora que está afastado um dos principais fatores de incerteza que condicionou o procedimento anterior. A reorganização estratégica e o reforço de fundos próprios não comprometem, naturalmente, o prosseguimento da atividade do Novo Banco, em plena normalidade. O Banco de Portugal, na qualidade de autoridade de resolução que detém o controlo sobre o Novo Banco, e o Fundo 2

3 de Resolução, na qualidade de ainda acionista único do Novo Banco, mantêm-se empenhados em garantir, em estreita colaboração com o Novo Banco, as condições para o aprofundamento dos progressos já conseguidos e para a venda da participação detida pelo Fundo de Resolução, no quadro de manutenção da solidez do Novo Banco. Os cenários macroeconómicos e financeiros do teste de esforço ao Novo Banco O teste de esforço foi desenvolvido em dois cenários distintos de evolução das variáveis macroeconómicas de 2015 a O cenário de base (mais provável) foi elaborado pela Comissão Europeia e refletia as projeções macroeconómicas oficiais no final de O cenário adverso foi construído por aplicação de desvios ao cenário de base, resultantes de choques negativos de probabilidade reduzida com impacto sobre as variáveis macroeconómicas e financeiras. Esses choques foram definidos por referência aos principais riscos sistémicos identificados para a União Europeia aquando da realização do exercício de avaliação completa de 2014, incluindo: um aumento significativo das yields da dívida pública na generalidade das economias; a deterioração adicional acentuada da qualidade de crédito em economias da União Europeia com procura agregada doméstica reduzida e com sistemas bancários mais vulneráveis; o adiamento de adoção de reformas, suscitando dúvidas quanto à sustentabilidade das finanças públicas num conjunto significativo de economias da União Europeia; o ajustamento insuficiente do balanço dos bancos que condiciona a obtenção de financiamento de mercado a custo razoável. Adicionalmente, o cenário adverso foi construído com grau de severidade idêntico àquele que foi calibrado no exercício de teste de esforço de 2014, avaliado a partir dos desvios face ao cenário de base. Os cenários para Portugal No cenário de base do teste de esforço a atividade económica recupera progressivamente em Portugal, situando-se a respetiva taxa de crescimento em níveis ligeiramente abaixo da média da União Europeia, ao longo do horizonte de projeção ( ). 3

4 Quanto ao cenário adverso, este caracteriza-se pelas seguintes projeções principais, para o mesmo horizonte de projeção ( ): uma redução acumulada da atividade económica de 2,8 pontos percentuais; um nível de taxa de desemprego acima de 14 por cento, a partir de 2016; uma subida significativa das taxas de juro de longo prazo, atingindo valores em torno de 3,5 a 4,0 por cento, com reflexo no financiamento da economia e na valorização das carteiras de títulos de dívida dos bancos; uma redução acumulada dos preços dos imóveis residenciais de cerca de 13 por cento. Assinala-se que as projeções mais recentes têm-se apresentado ligeiramente mais favoráveis na generalidade das variáveis, mesmo por comparação com as projeções subjacentes do cenário base do exercício de teste de esforço. Esta evolução permite afirmar que o cenário adverso, que por natureza é desenhado para ser menos provável do que o cenário de base, incorpora projeções que, nesta fase, têm uma probabilidade de ocorrer bastante menor. Principais Variáveis dos Cenários Macroeconómicos e Financeiros Portugal Portugal União Europeia Cenário de Base 2015 (projeções/valores observados mais recentes) PIB a preços constantes (taxa de variação anual, em percentagem) 1,7* 1,6 1,7 1,9 1,7 2,1 2,0 Desemprego (em percentagem da população ativa) 12,4** 13,4 12,6 11,8 9,8 9,3 8,6 Taxa de juro de longo prazo (OTS a 10 anos, em percentagem) 2,39*** 1,9 2,0 2,2 1,2 1,3 1,5 Preços de imóveis residenciais (taxa de variação anual, em percentagem) 2,9**** -1,0-1,3-0,5 2,1 3,5 4,5 Cenário adverso PIB a preços constantes (taxa de variação anual, em percentagem) 0,1-2,1-0,8-0,5-1,3 0,3 Desemprego (em percentagem da população ativa) 13,8 14,3 14,6 10,4 11,2 11,5 Taxa de juro de longo prazo (OTS a 10 anos, em percentagem) 4,2 3,7 3,9 2,7 2,4 2,7 Preços de imóveis residenciais (taxa de variação anual, em percentagem) -4,7-4,9-3,8-6,6-5,4-1,3 * Projeções do Banco de Portugal, Junho ** Valor para o 2º trimestre de 2015; Fonte: INE. *** Dados a 30 de setembro de 2015; Fonte: Bloomberg. **** Taxa de variação em cadeia relativa ao 2º trimestre de 2015; Fonte: INE. 4

5 % % Metodologia O exercício teve como ponto de partida a data de 31 de dezembro de 2014, tendo as projeções de resultados financeiros e prudenciais dos bancos considerados na amostra sido realizadas para um período de três anos, isto é, de 2015 a A variável relevante para a análise é o rácio CET1, sendo o limiar escolhido para este indicador 8 por cento em cenário de base e 5,5 por cento em cenário adverso, à semelhança do exercício de O teste de esforço decorreu sob a hipótese genérica de balanço estático, de acordo com a qual as rubricas de balanço dos bancos se mantêm constantes (fixadas às data de 31 dezembro de 2014) e os instrumentos financeiros são renovados na maturidade, mantendo as mesmas caraterísticas. Não são tidas em consideração, portanto, as medidas de gestão que possam ser adotadas pelas instituições para melhorar o respetivo desempenho. Devido à metodologia de balanço estático as projeções são particularmente condicionadas pelos valores de partida do exercício. Por esta via, o resultado do exercício de teste de esforço do Novo Banco foi afetado pelas dificuldades que o banco defrontou nos seus primeiros meses de atividade, na sequência da medida de resolução aplicada ao BES. Gráfico 1 Evolução do rácio CET1 do Novo Banco Cenário de Base Cenário Adverso Dez 2014 Capital Resultados e reservas Ded. disp. transitórias RWA Dez Dez 2014 Capital Resultados e reservas Ded. disp. transitórias RWA Dez 2017 Notas: As colunas a cinzento correspondem ao rácio CET1 em dezembro de 2014 e em dezembro de A informação reportada corresponde ao Novo Banco em base consolidada excluindo o BESI. Os contributos negativos para a evolução do rácio são apresentados a vermelho. A coluna Capital diz respeito a aumentos de capital e/ou amortização de Instrumentos Híbridos; a coluna Resultados e Reservas refere-se à acumulação de resultados e variação de reservas; a coluna Deduções e disposições transitórias refere-se a deduções a fundos próprios de acordo com a CRR / CRDIV e as respetivas disposições transitórias; a coluna RWA apresenta o impacto no rácio decorrente de alterações de requisitos de fundos próprios. Lisboa, 14 de novembro de

6 Anexo - Principais resultados - Novo Banco, SA Dados referentes a 31 de dezembro de 2014 euros, % Fundos próprios principais de nível 1 (CET 1) (1) Ativos ponderados pelo risco (1) Rácio CET 1, % 10,2 Resultados no cenário de base em dezembro de 2017 euros, % Fundos próprios principais de nível 1 (CET 1) (1) Ativos ponderados pelo risco Rácio CET 1, % 8,2 Resultados no cenário adverso em dezembro de 2017 euros, % Fundos próprios principais de nível 1 (CET 1) (1) Ativos ponderados pelo risco Rácio CET 1, % 2,4 Défice de fundos próprios (2) Pontos base euros Face ao limiar de 8% no cenário de base 0 0 Face ao limiar de 5.5% no cenário adverso (1) Disposições transitórias de acordo com a CRR/CRD4 à data de reporte. Dados de 31/12/2014 calculados de acordo com as regras aplicáveis a 01/01/2015. (2) O valor para os ativos ponderados pelo risco utilizado corresponde ao cenário relevante no pior ano. 6