Informativo mensal nº 44. Agosto/2017

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1 Informativo mensal nº 44 Agosto/2017 AMÉRICA/EUROPA OCIDENTAL ATAQUES TERRORISTAS PERSISTEM NOS PAÍSES EUROPEUS Ao longo dos últimos anos tornou-se evidente a ineficácia do controle do terrorismo intensificado com as intervenções, principalmente em território europeu, onde as principais medidas tomadas foram em relação ao fluxo de imigração que são usados para a movimentação das células terrorismo. Nesse sentido, no entanto, percebeu-se uma crescente de efeitos colaterais, como são os casos dos novos ataques que ocorreram durante o mês de agosto, em Bruxelas e em Londres. Ambos os ataques contaram com o uso de facas por parte dos terroristas envolvidos, sendo que apenas o ataque na Bélgica teve sua autoria assumida pelo grupo terrorista Estado Islâmico. Já na Espanha, uma van desgovernada deixou mortos e feridos, tendo o ato sido reivindicado novamente pelo Estado Islâmico. Posteriormente a este ocorrido, uma explosão próxima a Barcelona deixou uma pessoa morta, no entanto, mas a autoria do ataque não foi confirmada. O EI tem perdido efetivos e territórios em suas batalhas contra exércitos nacionais no Oriente Médio, o que pode justificar que seus ataques estejam se restringindo a táticas mais covardes e mais baratas na Europa.

2 FARC BUSCA PROGRESSO EM SEU ACORDO DE PAZ PELA POLÍTICA A guerrilha mais antiga do Estado colombiano recentemente iniciou seu acordo de paz com o governo de Juan Manuel Santos, que fora mediado pela Organização das Nações Unidas (ONU) e estruturado em diversas etapas de desarmamento em troca da desistência da luta. O grupo reivindicou, como parte do acordo, sua participação dentro da política nacional, que será representada por um partido político próprio, do qual poderão ser indicados cinco representantes em cada uma das câmaras legislativas. Nesse sentido, o partido formado por ex membros das FARC deve entrar em funcionamento em breve. A REAÇÃO VENEZUELA ÀS AFIRMAÇÕES INTERVENÇÃO EXTERNA E AS NOVAS REPERCUSSÕES DE SUA CRISE Tropas venezuelanas ensinaram civis da cidade de Caracas a atirar, reagir em situação de luta a corpo e até mesmo a disparar mísseis representando uma manifestação contra as sanções e afirmações de intervenção pelos Estados Unidos. As tensões entre Venezuela e Estados Unidos têm se intensificado com as declarações do Presidente Donald Trump, embora o assessor de segurança nacional estadunidense, H. R. MacMaster, negue a possibilidade de ações militares na Venezuela em um futuro próximo. A crise no Estado venezuelano gerou diversas repercussões, tais como o pronunciamento do Ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, que defendeu a necessidade de soluções pacíficas e sem a interferência externa, contra as pretensões dos Estados Unidos. Ainda nesse contexto, o governo do Panamá declarou que, em relação à sua proximidade territorial com a Venezuela, será obrigatório ter o visto para a entrada no país até quando a democracia for reinstaurada. O governo se justificou alegando preza pela segurança de seus cidadãos, contra a fuga dos refugiados que surgiram da crise venezuelana, e a medida seria válida já a partir do segundo semestre de 2017.

3 ÁSIA/LESTE EUROPEU CHINA TENTA MANTER RELAÇÕES PACÍFICAS COM ALIADOS E RIVAIS E COREIA DO NORTE LANÇA MAIS UM MÍSSIL A China vem fazendo uso máximo da sua diplomacia para defender seus interesses sem a necessidade de se envolver em conflitos, mesmo em contextos complexos como é o caso das ofensivas militares da Coreia do Norte. A China precisou lidar com um assunto que vem rendendo hostilidades há um bom tempo: a disputa territorial com a vizinha Índia. O governo acusou a Índia de colocar tropas na região himalaia de Sikkim, alegando que tais medidas apenas atrapalham as negociações diplomáticas entre os países. A Índia rebateu as acusações citando que a área reivindicada de fato pertence ao território indiano há muito tempo. Já acerca do conflito que vem se delineando na península coreana, a China tomou uma série de atitudes diplomáticas como maior potência local. O Ministro das Relações Exteriores, Wang Yi, anunciou que a China acatará com a decisão do Conselho de Segurança de impor um embargo econômico contra a Coreia do Norte, mesmo sendo profundamente prejudicada por não poder importar insumos importantes para a indústria chinesa por serem oriundos daquele país. Apesar de respeitar a decisão, a China novamente pediu que houvesse uma solução por meio do diálogo entre os países envolvidos. Além disso, novos testes de mísseis foram realizados durante o mês de agosto: um míssil de curto alcance, lançado pela Coreia do Norte, caiu no Oceano Pacífico, pouco depois de sobrevoar o Japão. O míssil era o primeiro teste desde o lançamento de um míssil de longo alcance em julho, que poderia ter alcançado o território contíguo dos Estados Unidos. Durante o mês de agosto, o governo japonês pediu que os norte-americanos fossem mais enérgicos em relação ao programa nuclear norte-coreano, tendo se juntado com a Coreia do Sul e os Estados Unidos para discutir possíveis exercícios militares conjuntos para cessar as ações nucleares norte-coreanas. RÚSSIA NEGA PLANOS DE INVASÃO AO LESTE EUROPEU A Rússia pretende fazer vários exercícios militares nos próximos meses e, por isso, foi acusada pelos Estados Unidos de tentar invadir países do leste europeu. O governo russo nega as afirmações. Posto isso, após o Congresso americano votar a favor de

4 sanções contra a Rússia, o Kremlin ordenou aos Estados Unidos que reduzissem a equipe diplomática em Moscou. O governo russo anunciou também que irá tomar posse das propriedades americanas na Rússia. Putin anunciou que é contra quaisquer sanções americanas impostas à Rússia, e, em seguida, acrescentou que mais de 700 funcionários deverão ser cortados. CONFLITOS RELIGIOSOS CONTINUAM E DEIXAM MAIS MORTOS EM MYANMAR Somente durante o mês de agosto, pelo menos 100 pessoas, incluindo civis, militantes e militares, foram mortas em conflitos de cunho religioso em Myanmar, o que vem desencadeando um novo êxodo de refugiados para Bangladesh. O maior prejuízo tem sido em relação às vítimas da minoria étnica muçulmana Rohingya, que vem sido vítima de ofensas verbais e físicas, já que é tratada como ilegal por boa parte da população budista de Myanmar. MORTES CONTINUAM EM CONFLITO NA CAXEMIRA Durante o mês de agosto, pelo menos 30 pessoas, entre civis e militantes, foram mortas em conflitos armados na região. Entre as vítimas, estavam um líder de um vilarejo e um membro do Partido Popular Democrático, que foi morto por homens armados. Mais ao fim do mês, pelo menos seis agentes de segurança e dois militantes foram mortos depois que um grupo de insurgentes atacou um policial na Caxemira. O conflito, até o momento, não apresentou mudanças ou melhoras, o que torna crescente o número de vítimas fatais. ESTADOS UNIDOS E AFEGANISTÃO: NOVO ENVIO DE TROPAS E CIVIS MORTOS O governo estadunidense anunciou, recentemente, que ordenou o envio de mais tropas ao Afeganistão, como modo de lutar contra o grupo rebelde Talibã e proteger os civis afegãos. Durante o mês, um ataque comandado pelos Estados Unidos visando desestruturar o grupo deixou 13 civis de uma mesma família mortos, além de 15 feridos e 12 membros do grupo também mortos. No primeiro semestre deste ano, pessoas morreram e mais de foram feridas no país, número mais elevado desde 2009.

5 ORIENTE MÉDIO OFENSIVAS MILITARES CERCAM COMBATENTES DO EI NO NORTE DO IRAQUE De acordo com autoridades de defesa dos Estados Unidos, após serem expulsos de seu reduto no norte do Iraque, os militantes do Estado Islâmico encontram-se confinados a um entorno militar e cercados em ambos os lados da fronteira Síria-Iraque. Segundo a mídia estadunidense, parece provável que, nos próximos meses, Donald Trump esteja em condições de declarar uma ação vitoriosa no Iraque, à medida que os combatentes do Estado Islâmico perdem efetivo e força. Por outro lado, a Síria ainda se encontra como um problema mais sombrio, mesmo com o Estado Islâmico perdendo terreno contra os combatentes locais apoiados pelos Estados Unidos e forças do governo sírio apoiadas pela Rússia. LÍBANO E HEZBOLLAH CONSEGUEM ACORCO COM EI E EXPULSAM O GRUPO DA FRONTEIRA SÍRIO-LIBANESA O exército libanês lançou uma ofensiva contra o grupo terrorista Estado Islâmico (EI) na fronteira com a Síria, no mesmo momento em que o grupo xiita libanês Hezbollah anunciou um ataque ao mesmo grupo do lado sírio da fronteira. Além disso, as Forças Armadas do Líbano destruíram 12 postos de comando do EI, o que resultou em 15 militantes extremistas e três soldados do exército mortos na operação. O Líbano lançou uma ofensiva contra os jihadistas após duas semanas de ataques de artilharia contra posições do grupo e o Hezbollah utilizou-se de drones armados para atacar terroristas do EI na região, forçando o grupo terrorista a concordar com um cessar-fogo com as duas frentes, após perder grande parte de seu enclave montanhoso que se estende pela fronteira. Além disso, o Hezbollah fez um acordo de evacuação com o Estado Islâmico, possibilitando que militantes e famílias locais pudessem deixar o território libanês e se dirigirem ao leste do território sírio, sendo esta uma tentativa de se obter a localização dos corpos de soldados libaneses capturados e mortos pelo grupo extremista no ano de Já sobre a estratégia iraniana de ocupar o vazio deixado pelo EI nesses locais, o governo de Israel deixou claro que não permitirá a presença iraniana em territórios da Síria e Líbano.

6 ÁFRICA ELEIÇÕS NO QUÊNIA PROVOCAM CRESCIMENTO DA VIOLÊNCIA NO PAÍS Pelo menos 24 pessoas morreram nos conflitos que sucederam os resultados das eleições presidenciais do Quênia, com a reeleição do presidente Uhuru Kenyatta. A oposição se radicalizou e contestou os resultados com protestos que terminaram de forma violenta, entre elas com a morte de uma criança de nove anos vítima de uma bala perdida no confronto entre manifestantes e policiais. MALI: SE INTENSIFICAM OS COMBATES CONTRA OS GRUPOS JIHADISTAS O governo de Guiné comprometeu-se a enviar cerca de 850 soldados para a região norte do Mali, a fim de combater o terrorismo que assola a região. Isto se trata de uma ação defensiva, pois o governo teme que os ataques terroristas se espalhem ainda mais pela região do Sahel. A força BARKHANE, juntamente com as Forças Armados do Mali e a Missão de Paz das Nações Unidas no Mali (MINUSMA), querem controlar as rotas no norte do país para evitar o tráfico de armas e drogas. Nesse contexto de conflito, um comboio de logística da MINUSMA foi vítima de uma mina terrestre, em que alguns soldados ficaram feridos. Paralelamente, o Comissário da Polícia Islâmica do grupo islâmico MUJAO, Aliou Mahamane Touré, foi sentenciado a 10 anos de prisão por crimes cometidos contra civis. CONTINUAM OS ATAQUES DO BOKO HARAM NA NIGÉRIA E EM CAMARÕES Tropas de uma divisão da Operação Lafiya Doye mataram dez combatentes do grupo rebelde Boko Haram no estado de Borno, na Nigéria, após estes caírem em uma emboscada. Mas o grupo ainda realizou ataques a várias aldeias deixando mortos. Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), o número de crianças utilizadas em ataques com bombas pelo Boko Haram aumentou em quatro vezes, desde o meio do ano passado. Militantes do grupo também foram acusados de orquestrar um

7 ataque em que atearam fogo a uma aldeia de Gakara, em Camarões, próximo a fronteira com a Nigéria. ESTADOS UNIDOS SE UNEM COM O GOVERNO DA SOMÁLIA CONTRA EXTREMISTAS NO PAÍS Militares dos Estados Unidos, em parceria com as forças do governo da Somália, afirmaram terem matado combatentes do grupo Al Shabaab após a realização de uma série de ataques aéreos a sudoeste de Mogadishu, capital da Somália. Outros suspeitos ainda foram mortos em uma operação na vila Bariire, o que causou revolta na população da aldeia, uma vez que os familiares das vítimas alegaram que eles eram apenas agricultores. Civis foram mortos em outro ataque pelas forças da Somália em Lower Shabelle, porém o governo nega tal acusação, afirmando que o ataque resultou nas mortes de combatentes do Al Shabaab. Os militantes do grupo invadiram a aldeia de Abal, localizada ao sudoeste da capital Mogadíscio e em um confronto com apoiadores do ex-líder, Mukhtar Robow, deixaram 19 mortos em um feroz combate. De início, os combatentes do Al Shabaab expulsaram os apoiadores de Robow da aldeia, mas logo em seguida estes a recuperaram. ONU CRÍTICA SITUAÇÃO DO SUDÃO DO SUL PERMANECE E NÚMERO DE REFUGIADOS AUMENTA De acordo com um recente relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), o número de sul-sudaneses que fugiram para Uganda atingiu a marca de um milhão durante o mês de agosto. Conforme dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), no último ano a situação de conflito empurrou uma média diária de sul sudaneses para o país vizinho, em sua maioria mulheres e crianças. Outros milhares procuraram refugio em outros países da região, mas foi Uganda que suportou o peso da crise. De acordo com Bik Lum, chefe do ACNUR em Arua, onde fica Bidibidi, o maior campo de refugiados do mundo, não há perspectiva de cessar a chegada de novas pessoas. O subsecretário-geral das Operações de Paz das

8 Nações Unidas, Jean-Pierre Lacroix, em visita ao Sudão do Sul, defendeu a importância do fim dos combates para que se vislumbre sucesso nos processos de paz. Ele ainda destacou as ações da Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento (IGAD) como fundamentais para a consolidação de acordos de paz e também de ajuda à grave situação humanitária que o país enfrenta.