Informativo mensal nº21. Julho/2015

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1 Informativo mensal nº21 Julho/2015 AMÉRICA/EUROPA OCIDENTAL CONFLITO COLOMBIANO Durante o mês de julho, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbias (FARC) adotaram, a partir do dia 20, um novo cessar-fogo unilateral com a intenção de que o governo da Colômbia também adote medida similar. O governo colombiano, por sua vez, não deu qualquer sinal de que adotará o cessar-fogo, mas elogiou as medidas do grupo insurgente. Em outra tentativa de tentar avançar os diálogos de paz, as FARC liberaram um militar mantido em cativeiro. Em contrapartida, o governo de Juan Manuel Santos anunciou o confisco de 280 mil hectares de terras que eram ocupadas pela guerrilha. As FARC ainda sugeriram, durante o início de uma nova rodada de discussões com o governo colombiano, a implementação de uma Comissão da Verdade para apurar o conflito histórico que já dura décadas. Para os líderes insurgentes, apenas uma comissão imparcial evitará um mau julgamento, uma vez que ao longo dos anos as FARC acumularam muitos inimigos políticos. Há uma tentativa de que essa comissão funcione a partir de novembro.

2 ÁSIA/LESTE EUROPEU RÚSSIA INVESTE EM REFORÇOS MILITARES E AUMENTA TENSÕES DIPLOMÁTICAS COM A UCRÂNIA Como defesa de rotas alternativas entre a Europa e a Ásia por meio do Oceano Ártico e a exploração de petróleo e gás, a Rússia reforçou recentemente suas defesas antiaéreas no Ártico. Houve tensões diplomáticas após o Ministro de Relações Exteriores russo alegar que a ação unilateral tomada pelo governo ucraniano de regulamentar as diretrizes de descentralização que violaria os acordos de Minsk, pondo em xeque a validade de tal ação. O Presidente Vladimir Putin assinou decreto que cria uma nova força militar de reservistas no país como medida de melhorar o treinamento do exército russo, em um momento de acirramento no conflito na Ucrânia e com a União Europeia. CONFLITOS SE MANTÉM E ACORDO CONCEDE MAIOR AUTONOMIA A REPÚBLICAS NA UCRÂNIA Seguem-se os conflitos na Ucrânia aumentando, consideravelmente, o número de atentados e tensões entre separatistas e pró-rússia. A situação do país tornou-se instável com a proximidade de eleições locais. Organizações nazifascistas envolveram-se em tiroteios no sudoeste do país. O governo ucraniano cercou a base organização fascista Setor de Direita (PraviSektor), em Kiev com unidades policiais. O Parlamento Ucraniano ainda aprovou o projeto de lei visando a maior autonomia das Repúblicas de Donestk e Lugansk, passo necessário para a paz segundo os acordos de Minsk AFEGANISTÃO TENTA ACORDOS DE PAZ COM TALIBÃ Atentados suicidas contra policiais deixaram mortos no Afeganistão. Paralelamente a isso, o governo do país enviou ao Paquistão uma delegação para discutir assuntos de paz com o Talibã. Como um tipo de tentativa diplomática estratégica, o Presidente afegão afirmou que as conversas de paz com o grupo são a única forma de findar o

3 derramamento de sangue no país. Ele agradeceu Mullah Mohammad Omar, chefe do grupo no Afeganistão, por endossar as negociações e afirmou a importância do interesse do Talibã nas conversas. ORIENTE MÉDIO ESTADO ISLÂMICO A Síria lançou um bombardeio contra a cidade de Al-Bab, controlada pelo Estado Islâmico. As bombas usadas eram três vezes mais destrutivas que as normalmente utilizadas em ataques aéreos desse tipo. Iniciou-se no Iraque uma operação que tem como objetivo retomar a província de Anbar, ocupada pelos extremistas do EI desde As forças são apoiadas por combatentes pró-governo xiitas e sunitas. O Estado Islâmico assumiu o lançamento de dois mísseis que explodiram em Israel, em uma região próxima à Faixa de Gaza. Acredita-se que os mísseis foram lançados da Península do Sinai com o intuito de arrastar o Estado israelense para a luta contra Egito. Membros do EI destruíram a estátua de um leão, datada de dois mil anos, localizada na parte externa de um museu em Palmyra, na Síria. O grupo terrorista ainda liberou um vídeo que mostra uma execução em massa na mesma cidade KUWAIT E O ATENTADO A MESQUITAS Kuwait condenou à morte onze dos 29 culpados pelos atentados a mesquitas ocorridos recentemente. Tal medida faz parte dos esforços nacionais para combater o terrorismo. Não obstante, o governo do Kuwait prendeu dois policias como consequência dos mesmos atentados. Medidas severas para combater o Estado Islâmico vêm sendo adotadas no país. HEZBOLLAH E EXÉRCITO SÍRIO LIBERAM NOVAS ÁREAS

4 Os combatentes do Hezbollah e as tropas do exército sírio liberaram o bairro de AlZallah e as fazendas ao sul da cidade de Zabadani, na Síria, que eram controladas por grupos insurgentes. O mesmo grupo lançou uma operação contra um acampamento do grupo Takfiri Al-Nusra. O Hezbollah e as forças armadas sírias estão engajados em uma campanha militar em larga escala contra o grupo Al-Nusra que opera em toda a Síria. ÁFRICA NIGÉRIA E SEUS VIZINHOS SE MANTÊM NA LUTA AO BOKO HARAM E CONTINUAM SENDO ALVO DE ATAQUES O grupo extremista Boko Haram realizou diversos ataques na Nigéria e em seus países vizinhos, como Camarões, Chade e Níger, os quais também estão no combate aos militantes. As cidades nigerianas mais afetadas foram Maiduguri, Jos, Gombe, Damaturu. Em Camarões, um ataque foi repelido e três militantes foram mortos. A tentativa de invasão em uma prisão no Níger para libertar membros do grupo foi repelida e o Exército do Níger matou 30 supostos militantes na fronteira com a Nigéria. Ataques às cidades nigerianas de Dinka e Maiduguri também foram repelidos. Camarões desdobrou mais dois mil soldados na ação contra o grupo, fazendo com que o novo Presidente nigeriano, Muhammadu Buhari, iniciasse novas conversas com o país e com Benin, ampliando a chance de empregar a Força-Tarefa Conjunta Multinacional contra o Boko Haram. Buhari garantiu à comunidade internacional que, durante a luta contra o Boko Haram, o Exército irá levar em conta a proteção aos direitos humanos, já que a Nigéria fora acusada de violações, inclusive pela Anistia Internacional. Com o novo Presidente, houve abertura para novas negociações, nas quais o Boko Haram propôs novamente a devolução das mais de 200 meninas sequestradas em uma escola nigeriana em 2014 em troca da libertação de militantes que estão nas mãos do governo. ESTADO ISLÂMICO REDIRECIONA ATENÇÃO PARA A ÁFRICA

5 O Estado Islâmico (EI) afirmou ter a intenção de expandir sua influência na África, principalmente sobre a Líbia, Tunísia, Argélia, Egito e África Ocidental, não deixando imune nem a África do Sul ou o Quênia. A ONU aponta que, nos últimos seis meses, dez vezes mais estrangeiros foram recrutados para lutar ao lado do EI. Sul-Africanos continuam a aderir ao EI e são considerados de grande potencial, pois são doutores, advogados, engenheiros e jovens. Muitos tunisianos também ingressaram no grupo. Já o Quênia provavelmente irá ultrapassar a Síria como novo destino jihadista. A Líbia seria a mais forte franquia do grupo, possuindo três grupos filiados a ele, além de ser considerada estratégica como caminho para a Europa. Os extremistas foram convocados para tornar o Ramadã um tempo de calamidade para os infiéis e seu líder apontou que o mês sagrado seria vantajoso para aqueles que lutassem a seu favor, pois haveria maior chance de serem aceitos no paraíso. CONFRONTOS CONTINUAM NA LÍBIA E FILHO DE GADDAFI É CONDENADO À MORTE Ocorreram confrontos entre líbios e islamitas, além de um ataque suicida, em Benghazi, na Líbia. Quatro italianos empregados da Bonatti, uma empresa de construção com especialização na indústria petrolífera, foram raptados no país e acredita-se que os autores da ação sejam combatentes islâmicos fiéis ao governo rebelde de Trípoli. Saif al-islam Gaddafi, filho de Muammar Gaddafi, foi condenado à morte por crimes de guerra e perseguição contra manifestantes da revolta que levou à queda o governo de seu pai. Também foram condenados outros oito antigos membros do govêrno. ONU SITUAÇÃO CADA VEZ MAIS TENSA PARA MISSÕES DA ONU EM PAÍSES AFRICANOS

6 Ataques a trabalhadores humanitários continuaram a preocupar a Organização das Nações Unidas (ONU) no mês de julho. Apelos foram feitos na República Centro- Africana, que foi palco de ataque a um comboio do Programa Mundial de Alimentos (PMA) e no Sudão do Sul, onde 27 trabalhadores humanitários já foram mortos desde o início do conflito. Ainda no Sudão do Sul, a ONU pediu a diminuição das restrições de transporte no rio Nilo para que ajuda seja levada à população, enquanto a situação de violência continua preocupante, com sérias denúncias de violações realizadas por investigadores sobre os Direitos Humanos da Organização. Modificar a situação na Líbia também continua sendo um desafio. Propostas de negociações da ONU foram rejeitadas e a Líbia acusou o Conselho de Segurança (CSNU) de estar dificultando a luta contra o Estado Islâmico (EI) por meio de sanções, uma vez que o comitê de sanções do Conselho ainda não respondeu aos pedidos do país, feitos em março, por mais armamentos que serviriam para o monitoramento de fronteiras e combate ao grupo jihadista. No Burundi a situação preocupa pelas frequentes ondas de violência, que fizeram a missão de observação eleitoral da ONU no país a pedir pelo adiamento das eleições. Investigadores de Direitos Humanos da Organização pedirem ao CSNU uma intervenção imediata no país, para evitar a volta do conflito. No Mali, destruições de patrimônio cultural por ataques da Al-Qaeda fizeram a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) levar o caso a Corte Internacional de Justiça. No âmbito dos estudos em relação às novas missões de paz, o Secretário-Geral Adjunto para o assunto considerou uma missão na Somália como um empreendimento de alto risco, devido às ameaças representadas pelos militantes do Al-Shabaab, sublinhando, então, a importância de ajuda da comunidade internacional ao governo do país. ORIENTE MÉDIO MARCADO POR GRAVES VIOLAÇÕES DE DIREITOS HUMANOS Em julho um relatório feito pelo Alto Comissariado para os Direitos Humanos das Nações Unidas (ACNUDH) e pela Missão de Assistência da ONU para o Iraque (UNAMI) denunciou violações de Direitos Humanos causadas pelo grupo Estado Islâmico (EI) e também por forças do governo. Ainda em relação ao Iraque, dados referentes a junho contabilizaram quase 1500 civis mortos pelo conflito, significando

7 um aumento de 40% em relação a maio. A situação dos civis na Síria também tem sido preocupante para a ONU, cujo representante no país relatou muitas mortes e destruições sem precedentes causadas por armas rudimentares como bombas de barril, que foram lançadas pelo próprio governo na região fronteiriça com o Líbano. A violência no país já causou o deslocamento de mais de 4 milhões de sírios para outros países, o maior número de refugiados a partir de um único conflito nesta geração. No Iêmen o mês foi instável, com a negociação de uma trégua humanitária que entrou em vigor no país mas, foi violada em seguida. No final do mês, o conflito se deslocou mais para o norte e oeste do país, possibilitando o planejamento de envio de auxílios para a cidade portuária de Aden.