Aula 9 - Irã, Arábia Saudita e Iêmen

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Samuel Canejo Bacelar
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1 Aula 9 - Irã, Arábia Saudita e Iêmen

3 A disputa regional entre Irã e Arábia Saudita Irã e Arábia, de muitas formas, representam de forma extremada as divisões que existem no mundo islâmico. O Irã é um país de origem persa que segue a linha xiita do islamismo. A Arábia Saudita é de origem árabe e segue o sunismo. Ambos são grandes produtores de petróleo, ambos apresentam governos e sistemas políticos em que a religião tem um papel de destaque.

4 A disputa regional entre Irã e Arábia Saudita São as duas potencias regionais e, como tal, disputam poder misturando economia, etnia e religião. Ambos interferem nos conflitos da região, mesmo que os conflitos e seus agentes não tenham sido criados por eles. Nos atuais conflitos como a Síria e o Iêmen, a Arábia e o Irã apoiam grupos rivais. O Iraque, país também dividido em linhas religiosas, é outro palco desse confronto.

5 A disputa regional entre Irã e Arábia Saudita Grupos xiitas como o Hizbollah libanês recebem apoio do Irã. Grupos sunitas, alguns extremistas, recebem apoio saudita. Arábia e Irã buscam aliados em cada conflito local como forma de manter ou aumentar sua influência. Visões religiosas, políticas e econômicas se misturam.

6 Irã População: origem persa (não-árabe); minorias árabes e curdas. Religião majoritária: islamismo xiita. Presidente: Hassan Rouhani. Líder religioso supremo: aiatolá Ali Khamenei. Potências aliadas: Rússia e China. Outros aliados: Síria e Hizbollah (Líbano)

Gabinete (ministros) Forças armadas Assembléia de especialistas (religiosos)

7 Candidatos e decisões Centro do poder podem sofrer VETO do Conselho dos Guardiões Parlamento Conselho de Guardiões Chefe do judiciário Eleitores Presidente Gabinete (ministros) Forças armadas Assembléia de especialistas (religiosos) Líder religioso supremo Conselho administrativo Eleição direta Indicação/nomeação ou aprovação

8 Irã - Revolução de 1979 e seus desdobramentos Revolução derrubou a monarquia de Reza Pahlevi, governo autoritário e pró-ocidental. Inicialmente a revolução foi popular e ampla, aos poucos foi dominada pelos religiosos. Pahlevi recebeu asilo nos EUA, fortalecendo a sensação de apoio ocidental ao seu governo. O novo governo dos aiatolás (líderes religiosos) respondeu através do segundo choque do petróleo. Grupos religiosos tomaram a embaixada dos EUA no país.

9 Irã - Revolução de 1979 e seus desdobramentos Politicamente o governo iraniano buscou apoio da URSS (hoje o apoio é russo) e transformou-se em um obstáculo à expansão ocidental na região. Outros aliados: governo sírio de Bashar Al Assad e milícia libanesa Hizbollah (após 1982), ambos ligaos aos xiitas. Israel, outro antigo aliado de Pahlevi na região, tornou-se um grande inimigo do Irã, sendo visto como representante dos EUA no Oriente Médio.

10 Irã - Revolução de 1979 e seus desdobramentos Nos anos 1980 o Irã enfrentou o Iraque em um longo conflito ( ). O Iraque contava com apoio ocidental: temia-se que a expansão dos ideais xiitas e antiocidentais do Irã pudesse abalar outros países da região. Saddam Hussein (ditador do Iraque na época) temia que a maioria xiita iraquiana (60% da população) seguisse o exemplo do Irã e derrubasse seu governo.

11 Irã - Programa nuclear, acordo e consequências Irã historicamente alegou que seu programa nuclear buscava apenas fins energéticos e médicos. Para EUA, Europa, Israel e Arábia Saudita, a real intenção era a fabricação de bombas atômicas. Por décadas o programa foi tema central de diversas polêmicas e crises. O país foi alvo de diversas sanções econômicas que prejudicaram muito sua economia. Governos mais moderados nos EUA (Obama) e Irã abriram espaço para um diálogo.

12 Irã - Programa nuclear, acordo e consequências Em 2015 foi fechado o primeiro acordo efetivo. No início de 2016 os primeiros resultados começaram a aparecer. Sanções foram suspensas e o país teve acesso a US$100 bilhões que estavam retidos em outros países. Governo Trump é uma incógnita quanto à relação com o Irã. Arábia Saudita e Israel se opõe ao acordo.

13 Irã Ocidente Redução em 2/3 na quantidade de centrífugas para enriquecimento de Urânio Suspensão gradual das sanções econômicas contra o Irã Redução em 98% no estoque de urânio Suspensão das sanções sobre comércio e vendas de armas Aceitação de inspeções da ONU Sanções podem ser reaplicadas caso Irã não cumpra sua parte no acordo

14 Influência iraniana no Oriente Médio Iraque: 60% da população segue o islamismo xiita; ou seja, em termos religiosos o Irã tem muita influência sobre o Iraque. O Irã é também responsável por grandes investimentos e empreendimentos econômicos e energéticos. Estado Islâmico/ISIS: grupo extremista sunita que tem os xiitas como inimigos religiosos. O Irã e o xiismo são inimigos do ISIS e, dessa forma, estão juntos do ocidente e de outros grupos nessa luta. Apoio iraniano tem sido fundamental.

15 Influência iraniana no Oriente Médio Síria: ditador Bashar Al Assad e seu governo seguem o alauísmo, uma seita islâmica próxima dos xiitas. Irã e Síria são aliados, uma futura resolução da guerra civil da Síria deve incluir o Irã, já que sua influência é real e decisiva. Hizbollah, no Líbano, é uma milícia e também um partido político reconhecido e com representação parlamentar, peça-chave para a política libanesa. O Hizbollah e o Irã são aliados pois o Hizbollah é xiita e conta com apoio iraniano para conseguir armas.

16 Arábia Saudita População: árabe. Religião majoritária: islamismo sunita com forte presença de visões fundamentalistas como a wahhabita. Em sua versão política radical, esta visão é adotada por grupos como o Estado Islâmico/ISIS. Minoria xiita é fortemente reprimida. Política: monarquia absoluta. Potências aliadas: EUA e países europeus dependentes de petróleo.

17 Arábia Saudita - polêmicas Arábia Saudita fornece muito petróleo ao ocidente e por isso recebe apoio ou é perdoada em questões ligadas à repressão política e violações de direitos humanos. O tratamento dado às mulheres é especialmente criticado, mas nada de prático foi feito até hoje. A recente onda de extremismo representada pelo Estado Islâmico e pelos ataques à Europa levou a um debate sobre o papel da monarquia saudita neste fenômemo. Críticos dizem que é impossível combater o terrorismo e ser aliado da Arábia.

18 Arábia Saudita - polêmicas 2016: governo saudita executou um clérigo xiita chamado Nimr al-nimr. O Irã considerou a execução como injusta e como um ataque aos xiitas sauditas. O evento levou a um rompimento de relações diplomáticas, mais um capítulo da antiga disputa entre os dois países. A embaixada saudita no Irã foi invadida e saqueada. No Iraque também houve protestos. Arábia é suspeita de patrocinar grupos extremistas sunitas que agem no Iraque e na Síria.

19 Arábia Saudita - polêmicas Aos poucos os EUA buscam diminuir sua dependência energética. Houve avanços no uso de energias alternativas e na produção doméstica (EUA) de petróleo. Com menos dependência os EUA aos poucos buscam se envolver menos nos conflitos regionais. O apoio aos sauditas tende (ao longo do tempo) a diminuir. Essa redução cria desafios econômicos e políticos e explica em parte as ações da Arábia para tentar reforçar sua posição no cenário regional.

20 Iêmen A crise do Iêmen mistura os reflexos da Primavera Árabe com questões internas ao país e com a disputa entre Irã e Arábia Saudita. Divisão étnica: houthis (minoria) e árabes (maioria). Divisão religiosa: houthis são xiitas, árabes são na maioria sunitas. País mais pobre do mundo árabe. Separatismo (país não era unificado até o início dos anos 1990). Presença de extremistas religiosos como a Al Qaeda.

21 Iêmen: Primavera Árabe e guerra civil Primavera árabe derrubou o governo de Ali Abdullah Saleh. Até este momento a crise seguia o contexto geral das revoltas de 2011: revoltas populares contra o governo. Novo governo de Hadi Mansour (apoiado pela Arábia Saudita) não trouxe mudanças nem democratização. Efeitos: - árabes sunitas que esperavam mais democracia se frustraram. - houthis xiitas perceberam que não ampliariam seu espaço na política do país.

22 Iêmen: Primavera Árabe e guerra civil Revolta dos houthis em busca de mais participação. Queda do governo Hadi Mansour. Setembro de 2014: houthis tomaram Sanaa, a capital do país. Chegada dos houthis ao poder preocupou a Arábia Saudita (que perdeu um aliado) e interessou ao Irã (que ganhou um governo aliado). Irã: apoia o governo houthi e busca ampliar sua influência regional. Arábia Saudita: apoia os partidários de Mansour e ataca os houthis.

23 Iêmen: Primavera Árabe e guerra civil Cenário de caos favorece o crescimento de grupos extremistas. Destaque: Al Qaeda. Posição estratégica do Iêmen torna o país importante: junto com a Somália (também em crise), o Iêmen controla a passagem do Golfo de Aden para o Mar Vermelho, rota que leva ao Canal de Suez. Esta rota é essencial para a navegação mundial. Há grupos extremistas tanto no Iêmen como na Somália, fator que preocupa os países que dependem do comércio que passa pela região.

25 Irã e Arábia Disputa regional Xiita Iraque ISIS/EI Síria Hizbollah EUA Grupos extremistas? Europa Sunita Persa Árabe Antiocidental Irã Iêmen Guerra Civil Arábia Saudita Pró-ocidental Petróleo Rússia Israel Petróleo Teocracia Monarquia

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