O papel do Direito Internacional Humanitário frente aos cenários de conflitos armados no século XXI. Professor Sérgio Tavares
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- Isabela Pereira
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1 O papel do Direito Internacional Humanitário frente aos cenários de conflitos armados no século XXI Professor Sérgio Tavares
2 Noções Introdutórias sobre o Direito Internacional Humanitário(DIH) - Conceito. - Denominações. - Importância. - Natureza jurídica. - Principais vertentes.
3 Panorama geral sobre as guerras no século XXI - Fim da Guerra Fria. - Tensões atuais e guerras de ocupação. - Dificilmente, vê-se as batalhas campais (luta-se contra um inimigo quase invisível). - China versus EUA? - Disputas por recursos naturais (ex: petróleo, água, diamantes e outros minerais). - Um novo inimigo : o Terrorismo. A A Era do Terror? - O 11 de Setembro de APrimaveraÁrabe -OEstadoIslâmico - A incômoda Guerra da Síria (2011- presente). - África Subsaariana, tentativas de avanço da Rússia e Oriente Médio.
4 Exemplos de guerras no século XXI - Guerra Civil Colombiana ( ). - Conflito Civil nas Filipinas (1969 presente). - Guerra Civil da Ucrânia (Donbass, Leste da Ucrânia) (2014 presente). - Guerra Civil da Síria (2011 presente). - Insurgência islâmica na Nigéria (Boko Haram) (2009 presente). - Guerra Civil do Iêmen (2015 presente). - Guerra do Iraque (ou Segunda Guerra do Golfo) ( ). - Segunda Guerra Civil Iraquiana (2011 presente). - Conflito de Darfur (oeste do Sudão) (2003 presente) separatista. - Segunda Guerra da Chechênia ( ) separatista. - Crise Separatista nos Camarões (2016 presente).
5 Exemplos de guerras no século XXI - Conflito de Cabinda ( presente) separatista. - Conflito interno em Myanmar ( presente) grupos étnicos; separatista. - Conflito entre Israel e Palestina (fins século XIX - presente). - Guerra no Afeganistão (2001- presente) grupos contra o governo. - Conflito na Caxemira (1947 presente) Índia e Paquistão. - Guerra Civil da Argélia (1992 presente) grupos contra o governo. - Guerra Civil Sul-Sudanesa (2003 presente). - Conflito de Kivu (2004 presente) Congo versus Grupo Hutu separatista. - Segunda Guerra do Congo ( ). - Guerra Civil Angolana ( ).
6 Respostas do DIH: princípios do DIH (1/2) - Limitação há limites para se atacar o inimigo. - Humanidade deve-se respeitar as pessoas que estejam fora de combate sob o poder da parte adversa. Cláusula Martens Art 1º inciso II, Prot Adc I, de Necessidade militar capacidade de realizar atos tidos como indispensáveis em relação ao objetivo individual de vencer o adversário. Permite a derrogação de algumas normas humanitárias (ex: privação de comunicação, de visitas, de socorro, etc). - Proporcionalidade relação de equilíbrio que deve haver entre a necessidade militar e o princípio da humanidade. Quando for possível escolher entre vários objetivos militares para obter uma vantagem militar equivalente, a escolha deverá recair sobre o objetivo cujo ataque seja susceptível de apresentar o menor perigo para as pessoas civis ou para os bens da caráter civil.
7 Respostas do DIH: princípios do DIH (2/2) - Distinção fundamental entre civis e combatentes consiste em assegurar o respeito e a proteção da população civil e dos bens de caráter civil, de modo que as operações se dirijam unicamente contra os objetivos militares. - Proibição de causar males supérfluos e sofrimentos desnecessários consiste na proibição de determinadas armas, bem como da crueldade exacerbada, desproporcional, excessiva. Declaração de São Petersburgo (1868) já dispunha sobre o objetivo da guerra (enfraquecimento das forças armadas inimigas). Também Art 35, item 2, Prot Adc I (1977). - Independência do ius in bello (direito na guerra) em relação ao ius ad bellum (direito de ir à guerra) a prioridade deve ser manter a paz. Missão maior da ONU. Alguns falam em ius contra bellum (direito contra a guerra). Essa independência garante que as normas protetivas do DIH sejam respeitadas (não importa quem tem razão na guerra, importam as normas humanitárias na guerra).
8 Situações favoráveis a conflitos no século XXI - Estopins Disputas por riquezas econômicas, governos fracos, economias atrasadas, extremismo religioso, movimentos juvenis irracionais, rivalidades étnicas, disputas territoriais, cartéis criminosos (como o de tráfico de drogas e armas), governos populistas ( salvadores da pátria ), intolerâncias como o islamofobia, antissemitismo, neonazismo e perseguição de minorias ideológicas, interesses da indústria bélica, ameaça nuclear, terrorismo internacional. - Ameaças importantes posicionamento da Coreia do Norte (Kim Jongum), crise na Venezuela (Nicolas Maduro), destino da Guerra Civil da Síria (Bashar al-assad), avanço silencioso das redes terroristas (Estado Islâmico, Boko Haram, etc), possibilidade de uso de armas não convencionais ou não permitidas, além dos ataques suicidas terroristas (exs: armas biológicas, armas nucleares, armas de destruição em massa).
9 Principais ferramentas do DIH Direito de Haia e o Direito de Genebra - Direito de Haia preocupa-se mais com a regulamentação dos métodos e meios de combate. Concentra seus estudos na condução das operações militares. É de interesse fundamental ao comandante militar em terra, mar e ar. Inalterado desde Direito de Genebra preocupa-se na proteção das vítimas de guerra (militares ou civis), na água ou em terra. Também protege as pessoas fora de combate (feridos, náufragos e prisioneiros de guerra). Continuou evoluindo.
10 Principais respostas do Direito de Haia -Estabelece restrições de meios e métodos de combate. -Fundamenta-se em dois grandes princípios: -PRINCÍPIO DA LIMITAÇÃO Art 35, 1, do PA I/77 -PRINCÍPIO DA DISTINÇÃO FUNDAMENTAL ENTRE CIVIS E COMBATENTES Art 48, do PA I/77. - A partir dessas concepções, são impostos os seguintes parâmetros: - PROIBIÇÃO DE ATACAR CIVIS - PROIBIÇÃO DE ATACAR BENS CIVIS (NOÇÃO DE OBJETIVOS MILITARES) - PROIBIÇÃO DE ATAQUES INDISCRIMINADOS - PROIBIÇÃO DE ATACAR BENS CULTURAIS E LUGARES DE CULTO - IMUNIDADE DE OUTROS LOCAIS (QUE NÃO PODEM SER OBJETOS DE ATAQUES) -ARMAS PROIBIDAS -MEIOS E MÉTODOS DE COMBATE PROIBIDOS -PROIBIÇÃO DE CAUSAR GRAVES DANOS AO MEIO AMBIENTE -PROIBIÇÃO DE ATOS TERRORISTAS -MEDIDAS DE PECAUÇÃO
11 Resposta do DIH: Armas proibidas a questão das armas nucleares - Apesar de as armas nucleares terem um potencial lesivo muito alto, há brecha jurídica (na legislação da ONU), para dispor que o emprego delas não está totalmente impedido, em circunstâncias extremas de legítima defesa. - Inexiste ato convencional que expressamente proíba o uso de armas nucleares. - Obss: 1 O Trato de Não-Proliferação de Armas Nucleares de 1968 (Brasil aderiu em 1988; Decreto federal 2.864, de 07 dez 1998) não é um instrumento específico de DIH. Hoje, com adesão de 189 países. 2 O Brasil ratificou o Tratado de Tlateloloco (México, 1967) sobre a proscrição (extinção) de armas nucleares no âmbito da América Latina e Caribe (Decreto federal 1.246, de 1994).
12 Principais respostas do Direito de Genebra - Instrumentalizado pelas 4 Convenções de Genebra (de 1949) e pelos Protocolos Adicionais: - CG I proteção aos feridos e enfermos dos exércitos em campanha; - CG II proteção aos feridos, enfermos e náufragos das forças armadas no mar; - CG III proteção aos prisioneiros de guerra; - CG IV proteção às pessoas civis em tempo de guerra; - PA I (1977) proteção às vítimas de conflitos armados de caráter internacional (CAI); - PA II (1977) proteção às vítimas de conflitos armados de caráter não internacional (CANI); e - PA III (2005) estabelece o símbolo do Cristal Vermelho.
13 Emblemas, sinais e sinalizações distintivas - Para a proteção do pessoal sanitário e religioso e das unidades e meios de transporte sanitários. - Art 38, CG I; Art 8º, l e m, PA I/1977 e PA III/ Cruz Vermelha, Crescente Vermelho, Leão e Sol Vermelho e Cristal Vermelho. - O uso indevido dos emblemas, sinais e sinalizações distintivas deve ser evitado e reprimido pelos Estados, inclusive criminalmente.
14 Proteção aos prisioneiros de guerra (PG) - CG I; CG III (143 artigos) e PA I/ Prisioneiro de guerra é todo o combatente que cai em poder da parte inimiga. O PG, além da proteção do DIH, tem também a imunidade criminal quanto ao fato de ter tomado parte nos confrontos armados. - Categorias de combatentes (Art 4º, CG III): - Membros das FFAA não inclui pessoal sanitário e médico. - Milícias, corpos de voluntários e movimentos de resistência desde que tenham um líder, sinal distintivo fixo, usem armas à vista e respeitem as leis e usos de guerra. - Levantamento em massa população de território não ocupado que, à aproximação do inimigo, pega espontaneamente em armas, para combater a invasão, sem se organizar como força regularmente, desde que transporte armas à vista e respeita as leis e costumes de guerra.
15 Alguns pontos críticos do cenário internacional - Existência de conflitos assimétricos. - Avanço dos radicalismos e do terrorismo internacional. - Possíveis disfarces quanto ao uso da energia nuclear. - Obs: 9 países fazem parte do clube nuclear : EUA, Rússia, Reino Unido, França e China (assinaram o Tratado de Não Proliferação de 1968); Índia, Paquistão e Coreia do Norte (não assinaram) e Israel (não declarou se possui ou não arsenal nuclear). Tratativas com Coreia do Norte e fiscalização sobre o Irã. - A constante e sensível questão da Soberania Nacional como dificuldade de coercibilidade do DIH, principalmente em cenários de conflitos em potencial ou deflagrados. Ex: aplicação do DIH nos CANI - Dificuldades na própria implementação do DIH por meio de mecanismos normativos, institucionais e penais. - A busca da efetividade do DPI, por meio das condenações em tribunal penal internacional.
16 Coerbilidade do Direito Penal Internacional - Peculiaridades: - Permite a incriminação de uma conduta com base em costumes (que também são fontes jurídicas do Direito Internacional). Ver Art 8º, ER. - Processo legislativo (penal) internacional: os tratados e convenções internacionais são fruto do trabalho de diplomatas, não necessariamente afetos às estritas questões técnico-jurídicas. Ou seja, esse processo legislativo é primordialmente político. - Além de normas penais propriamente ditas, o DPI inclui normas de cunho processual penal, regras de cooperação penal internacional e normas administrativas da Justiça Penal Internacional. - Dificuldades : - A aplicação do DPI por se dar: por meio da voluntariedade dos Estados ao se vincularem aos tratados internacionais, obrigando-se a processar e julgar os criminosos internacionais OU por meio dos tribunais internacionais. -O DPI muitas vezes acaba mitigado, em razão da questão da soberania nacional, frente aos regimes jurídicos penais nacionais.
17 Terceira Guerra Mundial? - Opiniões divididas: alguns analistas afirmam que dificilmente as grandes potências se envolveriam numa guerra mundial; outros entendem que existe essa possibilidade, mesmo que a partir de alguma questão menor. - Guerra Cibernética? Uso de comunicações militares por meio de satélites comerciais. Exs de ataques cibernéticos: Rússia contra comunicações da Ucrânia; os EUA contra unidades de pesquisa nuclear no Irã. - Zonas de tensão: - China versus Índia? - Coreia do Norte? - Oriente Médio? (Iraque, Gaza, Síria, Irã, Israel, Líbano) - Rússia versus OTAN? - China versus EUA? (alguns apontam como inevitável).
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