COMPORTAMENTO DE CULTIVARES DE GIRASSOL NA REGIÃO NOROESTE DO PARANÁ
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- Ana Júlia Marques Delgado
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1 COMPORTAMENTO DE CULTIVARES DE GIRASSOL NA REGIÃO NOROESTE DO PARANÁ Simone Correia Molina, DAG-UEM, Anderson Rodrigo Peres Rotta, DAG-UEM, Guilherme Balan, DAG-UEM, Fabiano Petri, DAG-UEM, Claudia Regina Dias-Arieira, DAG-UEM, RESUMO: O girassol (Helianthus annuus L.) vem sendo utilizado como cultura de alta qualidade, apresentando características agronômicas importantes, como a do óleo vegetal, que é considerado um dos óleos de melhor qualidade nutricional e organoléptica (aroma e sabor) na nutrição humana, além disso, utilizado na alimentação animal, e produção de biocombustíveis. Neste contexto, este trabalho teve como objetivo avaliar o comportamento de 11 híbridos de girassol, na região noroeste do Paraná avaliando características morfológicas da cultura. O experimento foi instalado no Campus Regional de Umuarama da Universidade Estadual de Maringá, em parcelas experimentais com 6 m de comprimento e quatro linhas espaçadas a 0,80 m, com quatro repetições para cada tratamento. A semeadura ocorreu no mês de dezembro de Após 30 dias, avaliou-se a altura média das plantas e, ao final do ciclo determinou-se o diâmetro do capítulo e a produtividade média de cada material. Os resultados permitiram concluir que as cultivares Aguará 4, Charrua, Hélio 360, Agrobel 960 e Hélio 358 foram as que apresentaram maior altura de planta após 30 dias de semeadura. A cultivar Charrua foi a que apresentou ciclo mais longo (105 dias), enquanto o menor ciclo foi registrado para Embrapa 122 (78 dias). Palavras-chave: Girassol, Híbridos, Adaptação, Produtividade.
2 INTRODUÇÃO O biodiesel consiste em um combustível produzido a partir de óleos vegetais, gorduras animais, resíduos industriais e esgoto sanitário. Contudo, não é todo óleo vegetal que pode ser usado para esse fim, porque algumas de suas propriedades podem ser inadequadas para a combustão. São possíveis fontes de biodiesel o girassol, a mamona, a soja, o amendoim, o milho, o dendê, a babaçu, entre outras oleaginosas. Além da aplicação como combustível, o biodiesel pode ser usado como óleo de limpeza para peças e máquinas, além de servir como solvente de tintas e adesivos químicos, ou ainda, no funcionamento de aquecedores e fornos. A utilização do biodiesel como fonte de combustível apresenta inúmeras vantagens, a primeira delas é o fato de tratar-se de uma fonte de energia renovável, adiciona-se a isto, o fato de ser biodegradável, além da possibilidade de exploração de diferentes culturas vegetais. Neste contexto, algumas áreas de produção agrícola deverão ser utilizadas ao cultivo de espécies destinadas à produção de biocombustível e a região Noroeste do Paraná, desponta-se como promissora para o plantio de inúmeras espécies utilizadas para este fim. Até alguns anos atrás, a exploração agrícola nesta região, estava praticamente limitada às pastagens, no entanto, nos últimos anos, este cenário vem experimentando importantes modificações, devido ao interesse em aproveitar melhor as áreas para o cultivo de diferentes lavouras. Dentre as espécies que vem sendo introduzidas na região, o destaque maior é para o girassol (Helianthus annuus L.). Segundo Fagundes et al. (2007), o girassol é a quarta oleaginosa em produção de grãos do mundo, apresentando diversas características agronômicas desejáveis, como maior tolerância à seca, ao frio e ao calor, principalmente quando comparada com a maioria das espécies cultivadas no Brasil (Leite et al., 2005). Suas sementes podem ser utilizadas para fabricação de ração animal e extração de óleo de alta qualidade para consumo humano ou como matéria-prima para a produção de biodiesel. Devido a essas particularidades e à crescente demanda do setor industrial e comercial, a cultura do girassol tornou-se importante alternativa econômica em sistemas de rotação, consórcio e sucessão de cultivos nas regiões agrícolas. A obtenção de informações por meio da pesquisa tem sido decisiva para dar suporte tecnológico ao desenvolvimento da cultura, garantindo melhores produtividades e retornos econômicos competitivos (Porto et al., 2007). De acordo com Leite et al. (2005), o girassol apresenta-se como uma cultura melhoradora da fertilidade do solo, por apresentar uma elevada capacidade de ciclagem de
3 nutrientes absorvidos em profundidade e uma reduzida taxa de exportação de nutrientes. No entanto, devido às restrições fitossanitárias é recomendável à rotação de áreas de cultivo de girassol, com a introdução da cultura a cada quatro anos numa mesma área. Um dos pontos críticos a serem analisados em relação à cultura do girassol é a identificação de genótipos que apresentam características favoráveis de rendimento de grãos, tolerância a doenças, ciclo, teor de óleo e adaptação à colheita mecanizada (Trezzi et al. 1997). Neste contexto, o trabalho teve como objetivo avaliar o comportamento de diferentes cultivares de girassol na região do Arenito Caiuá, noroeste do Paraná. MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi conduzido no Campus Regional de Umuarama da Universidade Estadual de Maringá, na cidade de Umuarama, região noroeste do Paraná. A área experimental localizou-se nas coordenadas geográficas 23º de latitude Sul e 53º de longitude Oeste e altitude de 430 m. O experimento foi realizado no ano agrícola de 2007/2008, em solo classificado como Latossolo Vermelho Amarelo distrófico típico (EMBRAPA/CNPS, 1999). Foram avaliados onze genótipos diferentes de girassol, sendo eles Agrobel 960, Hélio, 250, Hélio 360, Hélio 358, Charrua, Aguará 3, Aguará 4, Paraíso 33, Paraíso 20, Paraíso 24 e Embrapa 122. As parcelas foram constituídas de 6 m de comprimento, com espaçamento entre filas de 0,80 m e 0,30 m entre as plantas. A área útil utilizada foram as duas fileiras centrais com tamanho de 5 m, sendo as duas fileiras laterais usadas como bordaduras. A área de plantio foi dessecada com Round-up 15 dias antes do plantio. As sementes foram tratadas com Futur 300 (tiocarbe), na dosagem de 300 g/l e 2l/100 kg de sementes. A semeadura foi feita manualmente com duas sementes por cova, no dia 15 de dezembro. As adubações foram feitas de acordo com a análise de solo, desta forma aplicou-se 2 t/ha de calcário aproximadamente dois meses antes do plantio. A adubação de base foi feita com 300 kg de NPK e na cobertura utilizou-se 150 kg de Após a semeadura aplicou-se 2 kg de boro por hectare. Para o controle de plantas daninhas utilizou-se o herbicida Poast (Setoxidim), na concentração de 184 g/l e dosagem de 1,5l/ha, após 30 e 65 dias da semeadura e capina manual aos 60 dias.
4 Para o controle de lagarta preta (Chosyme lacinia saudersi) na época da floração utilizou-se óleo de nim (Rotinin) na dosagem de 1,5 l/ha e, após 15 dias, Tamaron (Metamidafos), na dosagem de 0,22 l/20 l. Não se registrou ocorrência de doenças. Após 30 dias de semeadura determinou-se a altura das plantas, amostrando-se dez plantas por parcela. A colheita foi realizada no mês de março. Após a colheita determinou-se o diâmetro do capítulo e a produtividade de cada cultivar avaliada. Os capítulos foram encapados com sacos de papel para evitar o ataque de pássaros no final do ciclo. O experimento foi em delineamento inteiramente casualizado. Os resultados das avaliações foram submetidos à análise de variância e as médias foram comparadas pelo teste de Tukey, a 5 % de probabilidade. Durante a condução do experimento registrou-se a maior precipitação no mês de fevereiro, com média mensal igual a 150 mm e a menor no mês de março, com média de 40 mm. A temperatura média registrada no período variou de 25 a 28 ºC (IAPAR, 2008). RESULTADOS E DISCUSSÃO No que tange a altura da planta com 30 dias, observou-se que as cultivares Aguará 4, Charrua, Hélio 360, Agrobel 960 e Hélio 358 foram as que mostraram melhor desempenho (Tabela 1). Por outro lado, a cultivar Paraíso 24 foi a que apresentou menor desempenho nas condições em que o experimento foi conduzido. Trabalhos realizados por Lira et al. (2007) no Rio Grande do Norte também apontaram o bom desempenho das cultivares Agrobel 960 e Hélio 360, com destaque também para maiores alturas de planta para as cultivares VDH 487, V 20038, V 20044, MG 52, Nutrissol, Embrapa 122 e M 734. A cultivar Hélio 358 foi a que apresentou maior altura de plantas no trabalho realizado por Resende et al. (2007), com 1,48 m ao final do ciclo da cultura. Diâmetro de capítulo significativamente superior aos demais tratamentos foi observado para a cultivar Agrobel 960 (Tabela 1). Resultados semelhantes foram obtidos no trabalho realizado por Amorim et al. (2007), no qual, esta cultivar destacou-se entre as que apresentaram maior diâmetro de capítulo, juntamente com as cultivares M734 e V Estes resultados corroboram aqueles observados por Lopes et al. (2007), quando Agrobel 960 apresentou capítulos com diâmetros significativamente maiores do que Helio 358, Embrapa 122 e Aguará 3. Por outro lado, Lira et al. (2007) não observaram diferença estatística deste parâmetro quando comparou 18 genótipos de girassol.
5 Menor rendimento em peso de sementes por capítulo foi observado para a cultivar Paraíso 24 (Tabela 1), enquanto o maior rendimento foi para Hélio 250. A divergência genética existente entre genótipos de girassol foi pesquisada por Amorim et al. (2007), que observaram que o rendimento de grãos por planta foi maior para as cultivares V 20044, Embrapa 122, BRSG 03, Catissol e EXP1447. No presente trabalho a cultivar Embrapa 122 também esteve entre as que apresentaram maiores rendimentos, não diferindo estatisticamente (P 0,05) da cultivar Hélio 250. Quanto à duração do ciclo de vida, as cultivares Aguará 4 e Charrua apresentaram ciclos de 100 e 104 dias, respectivamente, sendo estes os mais longos. O menor ciclo observado foi para Embrapa 122, igual a 78 dias (Tabela 1). A precocidade desta cultivar é citada por Lira et al. (2007). No trabalho realizado por Lopes et al. (2007), o ciclo do girassol foi menor quando a semeadura ocorreu no mês de fevereiro, no entanto, a produtividade das plantas semeadas nesta época foi inferior a produtividade das mesmas cultivares semeadas em dezembro, contribuindo para estes resultados a redução no diâmetro do capítulo e na massa de 100 sementes obtidos com a semeadura tardia. No referido trabalho, as cultivares Agrobel 960, BRHS 01 e M734 tiveram maior produtividade quando foram semeadas no início de janeiro (04), enquanto Hélio 358 e Embrapa 122 não diferiram em produtividade quando semeadas em dezembro ou início de janeiro. Por outro lado, a cultivar Aguará 03 apresentou maior produtividade quando semeada em dezembro.
6 Tabela 01: Valores médios para altura de planta, aos 30 dias após semeadura, diâmetro de capítulo, peso de sementes do capitulo e duração do ciclo de vida de cultivares de girassol na região noroeste do Paraná Cultivares Altura aos 30 dias (cm) Diâmetro do capítulo (cm) Peso de sementes por capítulo (g) Duração do ciclo (dias) Aguará 4 22,96 a 15,05 b 23,93 bc 100 Charrua 22,40 a 16,50 b 28,41 abc 105 Hélio ,37 a 13,80 b 28,43 abc 83 Agrobel ,67 a 24,50 a 24,5 bc 90 Hélio ,91 a 12,30 b 27,13 abc 95 Aguará 3 20,71 ab 12,70 b 24,53 bc 99 Embrapa ,51 ab 15,00 b 35,29 ab 78 Hélio ,06 ab 16,70 b 42,83 a 85 Paraíso 33 19,09 ab 17,50 b 27,98 abc 95 Paraíso 20 18,10 ab 15,60 b 33,21 abc 93 Paraíso 24 14,11 b 15,65 b 17,60 c 87 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMORIM, E.P., RAMOS, N.P., UNGARO, M.R.G., KIIHL, T.A.M. Divergência genética em genótipos de girassol. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v. 31, n. 6, p , GOMES, D.P.; BRINGEL, J.M.M.; MORAES, M.F.H.; KRONKA, A.Z.; TORRES, S.B. Características agronômicas de genótipos de girassol cultivados em São Luís MA. Revista Caatinga, v.20, n.3, p , EMBRAPA/CNPS. Sistema brasileiro de classsificação de solos. São Paulo, SP: EMBRAPA, SPI, FAGUNDES, J.D., SANTIAGO, G., MELO, A.M., BELLÉ, R.A., STRECK, N.A. Crescimento, desenvolvimento e retardamento da senescência foliar em girassol de vasol
7 (Helianthus annuus L.): fontes e doses de nitrogenio. Ciencia Rural, Santa Maria, v.37, n.4, p , IAPAR http: ;disponivel em 12/05/2008 as 22:38 LEITE, R.M.V.B.C.; BRIGHENTI, A.M.; CASTRO, C. Girassol no Brasil. Londrina: Embrapa Soja, LIRA, M.A.; CARVALHO, H.W.L.; CARVALHO, C.G.P.; LIMA, J.M.P.; MEDEIROS, A.A. Avaliação de Cultivares de Girassol no Estado do Rio Grande do Norte Disponível em: Acesso em: 20/05/2008. LOPES, P.V.L.; MARTINS, M.C.; TAMAI, M.A.; CARVALHO, C.G.P.; OLIVEIRA, A.C.B. Influência da época de semeadura na produtividade de genótipos de girassol no oeste da Bahia. Anais: XVII Reunião Nacional de Pesquisa de Girassol V Simpósio Nacional sobre a Cultura do Girassol, Uberaba, MG, 03 a 05 de Outubro de Londrina; Embrapa soja, (Documentos / Embrapa soja, n. 292). Disponível em: %20RNPG%202007%20Girassol%20%E9pocas%20definitivo.pdf. Acesso em: 20/05/2008. PORTO, W. S.; CARVALHO, C. G. P.; PINTO, R. J. B. Adaptabilidade e estabilidade como criterios para seleção de genotipos de girassol. Pesquisa agropecuaria brasileira, Brasilia, v. 42, n. 4, p , abr RESENDE, J.C.F.; PACHECO, D.D.; PIMENTEL, R.M.A.; SANTOS, D.A.; SOARES, J.F. Características de Híbridos de Girassol no Norte de Minas Gerais Disponível em: Acesso em: 22/05/2008. TREZZI, M.M; MARTINELLO, G.; RIBEIRO,L.C.M. Avaliação de genótipos de girassol do Ensaio Final da Rede Nacional, na região sudoeste do Paraná, em 1995/96. In: REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA DE GIRASSOL, 12, 1997, Campinas, SP. Resumos... Campinas: Fundação Cargill, p
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