PERFORMANCE DE NOVE GENÓTIPOS DE SOJA CULTIVADOS EM DIFERENTES ÉPOCAS DE SEMEADURA NA EMBRAPA CERRADOS

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1 PERFORMANCE DE NOVE GENÓTIPOS DE SOJA CULTIVADOS EM DIFERENTES ÉPOCAS DE SEMEADURA NA EMBRAPA CERRADOS Plínio Itamar de Mello de Souza 1, Eduardo Rodrigues Francisco 1,2, Claudete Teixeira Moreira 1, Austeclínio Lopes de Farias Neto 1, Carlos Roberto Spehar 1,Sergio Abud 1, Nelson Santos Silva 1, 1 Embrapa Cerrados, BR 020, Km 18, Caixa Postal 08223, Planaltina, DF. Eduardo.rodrigues@cpac.embrapa.br 2 Bolsista da CAPES, Universidade de Brasília, Campus Universitário Darcy Ribeiro, Brasília, DF. Termos para indexação: genótipos, épocas, produtividade Introdução A soja ocupa uma posição privilegiada entre as oleaginosas cultivadas no mundo, por ser uma fonte de proteína e óleo. Tem grande importância para a humanidade, em função da farta aplicabilidade de seus produtos e utilização como fonte de alimento para o homem e animais, motivo pelo qual se expande cada vez mais no Brasil e no Mundo (Vidor & Dall Agnol, 2002). No estabelecimento da cultura, é necessária uma correta utilização de diversas práticas culturais, como o manejo correto do solo, a semeadura na época ideal em solo com boa disponibilidade hídrica, a utilização correta de herbicidas, eficiente regulagem da semeadura e a cultivar a ser plantada ( Embrapa, 2004 & FAO, 1995). A época de semeadura promove variações na produção e afeta outras características agronômicas. Semeadas em diferentes épocas, as cultivares expressam suas potencialidades em relação às condições do ambiente, que mudam no espaço e no tempo. Como os genótipos podem responder diferencialmente ao ambiente, as indicações da melhor época para cada cultivar devem ser precedidas de ensaios regionalizados, conduzidos por mais de um ano em varias épocas de plantio. (Barros et al., 2003 & Queiroz et al., 1998 & Souza e Arantes, 1993). Material e Métodos

2 O presente trabalho foi instalado na área experimental da Embrapa Cerrados em Planaltina, DF, durante o ano agrícola de 2005/06 em solo previamente corrigido, arado, sulcado e adubado. A Estação Experimental da Embrapa Cerrados está localizada a 15º39 84 de latitude S e 47º44 41 de longitude W, apresenta um Latossolo Vermelho Escuro textura argilosa. Nove genótipos foram avaliados em seis épocas de semeadura. (20/10, 03/11, 17/11, 01/12, 15/12 e 30/12/2005). Na semeadura utilizou-se o sistema convencional de preparo do solo e a adubação utilizada foi feita segundo as exigências da cultura, após prévia análise de solo. O delineamento utilizado foi o de blocos casualizados, com quatro repetições e nove tratamentos. Os tratamentos foram as cultivares de soja Flora, Nina, Rosa de ciclo precoce, Milena e Conquista de ciclo médio, Raimunda, Pétala, Doko, e Serena de ciclo tardio. A parcela experimental foi composta por quatro fileiras de 5,0 m de comprimento, sendo a área útil da parcela representada pelas duas fileiras centrais, eliminando-se 0,50 m da extremidade de cada fileira. A inoculação das sementes foi realizada com estirpes de Bradyrhizodium japonicum, por ocasião da semeadura, com a finalidade de obter-se uma boa nodulação das raízes da planta, garantindo o suprimento de nitrogênio à cultura. O controle de doenças, pragas e plantas daninhas foi realizado segundo as recomendações para a cultura. As plantas da área útil de cada parcela experimental, foram colhidas uma semana após terem apresentado 95% das vagens maduras, ou seja, uma semana após o estádio R8 (Fehr & Calvines, 1971). Após a colheita, as plantas foram trilhadas e as sementes pesadas, para determinação da produção de grãos a 13%. Foram avaliadas as seguintes características agronômicas de cada cultivar: altura média de planta (cm), número de dias para florescimento (dias), número de dias para maturação (dias) e produção de grãos, em kg.ha -1 a 13% de umidade. Foi realizada a analise de variância, e as médias foram comparadas pelo teste de Scott Knott, ao nível de 5% de probabilidade, por meio do programa estatístico SISVAR, desenvolvido pela Universidade Federal de Lavras (Ferreira, 2003).

3 Resultados e Discussão A principal característica agronômica considerada neste estudo foi a produção de grãos, peso em kg.ha -1. Houve efeito significativo da interação genótipo x época para produtividade, evidenciando a existência de heterogeneidade ambiental entre as épocas avaliadas permitindo que as análises fossem feitas mostrando desdobramento dos genótipos em diferentes épocas. Os dados sobre a análise de variância envolvendo as seis épocas de semeadura, e a classificação das cultivares sobre o rendimento de grãos são apresentados na Tabela 1. Tabela 1 - Análise de variância para produção de grãos envolvendo nove genótipos cultivados em seis épocas de semeadura. FV GL SQ QM FC Pr>Fc Blocos ns Cultivares * Época * Cultivar x Época * Erro Total Corrigido Média Geral Número de observações: 216 CV (%) 9.23 ns: não significativo *: significativo quando for menor do que 0.05 através do teste estatístico Scott-Knott Com relação ao número de dias para o florescimento (Tabela 2), não foram observadas grandes variações entre a maioria das épocas de semeadura. Esses resultados estão em concordância com os obtidos por Urben Filho e Souza (1993), que observaram em trabalhos conduzidos no Centro de Pesquisa Agropecuária dos Cerrados (CPAC), variações relativamente pequenas no número de dias necessários à floração quando comparadas com as variações sofridas pelas cultivares das regiões onde a soja é tradicionalmente cultivada em larga escala no Sul do Brasil.

4 O ciclo total da maioria das cultivares, representado pelo número de dias contados da emergência à maturação, foi reduzido com o atraso da semeadura, principalmente para as cultivares de ciclo longo. A cultivar Nina atingiu a maturação mais cedo em relação às cultivares estudadas. (Tabela 2). Quanto à altura de planta, não foram observadas índices inferiores a 50 cm, que possam resultar em perdas durante a colheita mecanizada. A menor altura de planta registrada foi para o genótipo Flora, com 51 cm, no plantio de Novembro (2ªépoca). A maior altura de todos as cultivares foi obtida nos plantios da quinta e sexta época, possivelmente em conseqüência da melhor disponibilidade hídrica durante a fase de crescimento das plantas. Tabela 2 - Médias do número de dias para florescimento, número de dias para maturação e altura das plantas (cm), em função do genótipo e da época de semeadura, no ano agrícola de 2005/06. Época Florescimento (Dias) 1 Maturação (Dias) 1 Altura de Plantas (Cm) 1 1º 2º 3 4º 5 6 1º 2º 3 4º 5 6 1º 2º 3 4º 5 6 Genótipo Flora (P) Nina (P) Rosa (P) Milena (M) Conquista (M) Raimunda (T) Pétala (T) Doko (T) Serena (T) Média º Primeira época 20/10; 2º - Segunda época 03/11; 3º - terceira época 17/11; 4º - quarta época 01/12; 5º - quinta época 15/12; 6º - sexta época 30/12 2 (P) - Precoce; (M) Média; (T) - Tardia

5 Os dados da tabela 3 mostram os genótipos estudados em todas as épocas, sendo que as épocas de semeadura que proporcionaram produções mais elevadas foram a quarta e quinta época especialmente nos genótipos Serena, Pétala e Milena. Houve menor diferença para a maioria dos genótipos avaliados em 15/12 e 30/12 com exceção dos genótipos Serena avaliado em 15/12, Doko e Conquista avaliados em 30/12. Os genótipos Flora e Conquista tiveram produtividades superiores principalmente na primeira e segunda épocas, semeadas em 20/10 e 03/11/05 respectivamente. Tabela 3 - Valores de produção de nove genótipos de soja no ano de 2005 semeadas em seis épocas de semeadura. Época Ano de Plantio 2005/06 Ciclo Genótipo 20/10 03/11 17/11 01/12 15/12 30/12 Média Flora 3132 Aa 2584 Cc 2365 Cc 2848 Cb 3407 Ba 2838 Cb 2862 C Nina 2561Cc 2600 Cc 2335 Cc 2623 Cc 3255 Ba 2671 Cc 2674 C (P) 2 Rosa 2797 Bb 2634 Cc 2157 Cc 2649 Cc 3409 Ba 2860 Cb 2749 C (M) 2 Milena 2351Cc 2444 Cc 2410 Cc 3339 Ba 3523 Ba 2756 Cc 2804 C Conquista 3228 Aa 3052 Ab 3023 Bb 2755 Cc 3240 Ba 3090 Bb 3065 B (T) 2 Raimunda 2540 Cc 2878 Bb 2860 Bb 3022 Ca 3321 Ba 2858 Cb 2913 B Pétala 2508Cc 2751 Bb 2966 Bb 3618 Ba 3249 Ba 2856 Cb 2991 B Doko 2444 Cc 2523 Cc 2341 Cc 2781 Cb 3267 Ba 3148 Ba 2751 C Serena 2348 Cc 2492 Cc 3118 Ba 3294 Ba 2768 Cb 2835 Cb 2809 C Média 2656 c 2662 c 2619 c 2992 b 3271a 2879 b 2847 c CV (%) 7.56 Médias seguidas por uma mesma letra maiúscula na coluna e minúscula na linha, não diferem entre si, a 5% de probabilidade, pelo teste Scott-Knott 2 (P) - Precoce; (M) Média; (T) - Tardia Das épocas de semeadura avaliadas no ano de 2005/06, as realizadas no mês de dezembro mostraram melhores do que a realizada no mês de novembro, independentemente do genótipo (Tabela 3), sendo que as maiores produtividades foram

6 observadas na semeadura de 15/12 foram observadas nas cultivares Milena (3523 Kg.ha -1 ) e Rosa com (3409 Kg.ha -1 ). Conclusões Observou-se interação Genótipo x Ambiente para a característica produtividade. Houve variação entre os genótipos testados, com relação ao florescimento em que o tempo mínimo foi de 49 dias e o máximo de 71 dias. O retardamento do plantio causou redução no número de dias para a maturação de todos os genótipos na medida em que as épocas de semeadura se sucederam. A altura da planta se mostrou adequada à colheita mecanizada mesmo na semeadura efetuada no final de dezembro. A época mais recomendável entre os nove genótipos estudados para a expressão do rendimento de grãos foram a quarta e quinta épocas, em 01/12 e 15/12, respectivamente. Os genótipos que expressaram maior potencial produtivo na média geral das épocas foram Flora, Conquista, Pétala e Raimunda. Referência Bibliográfica BARROS, H. B.; PELUZIO, J. M.; SANTOS, M. M.; BRITO, E. L.; ALMEIDA, R. D. Efeitos das épocas de semeadura no comportamento de cultivares de soja, no sul do Estado do Tocantins. Revista Ceres, Viçosa, v. 50, n. 291, p set EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Soja (Londrina, PR). Tecnologias de Produção de Soja Região Central do Brasil Londrina, p. FAO - El cultivo de la soja en los trópicos. Mejoramiento y producción. Colección FAO: Producción y Protección Vegetal, n. 27, 254p FEHR, W. R., CAVINESS, R. E., BURMOOD, D. T., PENNINETON, J. S. Stage of development descriptions for soybeans, Glycine max L. Merrill. Crop. Sci., Madison, v.11, n.6, p , 1971.

7 FERREIRA, D.F. SISVAR software: versão 4.6. Lavras:UFLA/DEX, software. QUEIROZ, E. F.; GAUDÊNCIO, C. A.; GARCIA. A.; TORRES, E.; OLIVEIRA, C. N. Efeito de época de plantio sobre o rendimento da soja, na Região Norte do Paraná. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 33, n. 9, p set nos períodos 2003/04 e 2004/05 URBEN FILHO, G.; SOUZA, P. I. M. Manejo da cultura da soja sob Cerrado: época, densidade e profundidade de semeadura. In: ARANTES, E. N.; SOUZA, P. I. M. (Ed.). Cultura da soja nos Cerrados. Belo Horizonte: POTAFOS, p VIDOR, C; DALL AGNOL, A. Situação atual e perspectivas da produção e da pesquisa de soja no Brasil. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE SOJA E MERCOSOJA, 2, Anais..., Londrina: Embrapa Soja, p.