INFLUÊNCIA DE ÉPOCAS DE SEMEADURA NA PRODUTIVIDADE E NOS COMPONENTES PRODUTIVOS DE QUATRO CULTIVARES DE SOJA (Glycine max (L.
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- Heloísa da Mota Fernandes
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1 INFLUÊNCIA DE ÉPOCAS DE SEMEADURA NA PRODUTIVIDADE E NOS COMPONENTES PRODUTIVOS DE QUATRO CULTIVARES DE SOJA (Glycine max (L.) Merrill) C. Pierozan Junior 1 ; J. Kawakami; K. Schwarz; M. V. Del Conte; M. Bridi 1 UNICENTRO Universidade Estadual do Centro-Oeste. Rua Simeão Camargo Varela de Sá, 03, CEP Vila Carli PR, clovispjunior@hotmail.com (54 42) , jkawakami@unicentro.br; kelinschwarz@hotmail.com; muriloviottodelconte@hotmail.com; marcelo.bridi@ibest.com.br Palavras chaves: Vagens, produtividade, peso de grãos, ambiente. Introdução A época de semeadura é, provavelmente, a prática cultural isolada mais importante para a cultura da soja (PEIXOTO et al., 2000). Essa prática é a variável que produz maior impacto sobre a cultura, pois interfere de modo acentuado no desenvolvimento e na arquitetura das plantas, e consequentemente na produção da soja (STÜLP, 2009). As cultivares semeadas em diferentes épocas expressam suas potencialidades conforme as condições ambientais, que por sua vez se modificam no espaço e no tempo (PELÚZIO et al., 2006). Como os genótipos podem responder diferentemente ao ambiente, a indicação da melhor época de semeadura para cada cultivar deve ser precedida de ensaios regionalizados (PELÚZIO et al., 2006). A região de Guarapuava no estado do Paraná apresenta-se como grande produtora nacional de cereais de inverno, sendo que no ano de 2008 o município foi o 8º colocado no ranking nacional de produção de trigo, o 1º colocado em produção de cevada, e o 3º em produção de triticale com Mg (IBGE, 2010). O zoneamento agrícola para os cereais de inverno para a região, de maneira geral, vai do início de junho ao final de julho (MAPA, 2010). Considerando esses fatores, nota-se que a semeadura da soja em Guarapuava e região em muitas áreas onde é feito o cultivo de cereais de inverno, pode ser forçado a ser realizado até no final de dezembro. Neste contexto, o presente trabalho tem como objetivo mensurar a produtividade e seus componentes (peso de cem sementes, número de vagens e número de grãos por vagem) das quatro cultivares de soja mais cultivadas e/ou mais promissoras na região de Guarapuava - PR, em três épocas diferentes de semeadura. Materiais e Métodos O experimento foi realizado no município de Guarapuava PR, situado na zona subtropical do Paraná (MAACK, 2002), no Campus, CEDETEG da Universidade Estadual do Centro- Oeste UNICENTRO, sob as coordenadas geográficas 25º de latitude sul e 51º27 19 de longitude oeste e m de altitude. O clima da região, segundo a classificação de Köppen é temperado de altitude - Cfb, caracterizado por temperatura média no mês mais frio abaixo de 18ºC (mesotérmico), verões amenos, temperatura média no mês mais quente inferior a 22ºC, sem estação seca definida e com geadas severas (IAPAR, 2000). O solo da área experimental é classificado como Latossolo Bruno (POTT et al.,2007). A análise química do solo na área, realizada em julho de 2010, acusou ph (CaCl 2 ) de 5,2, 42 g dm -3 de matéria orgânica (MO), teores de 3,98 cmol c dm -3 para Ca, 2,04 cmol c dm -3 para Mg, 0,18 cmol c dm -3 para K, 0,0 cmol c dm -3 para Al e 6 mg dm -3 para P, com CTC (ph 7,0) de 9,73 cmol c dm -3, e saturação por bases (V%) de 62%. A adubação utilizada foi de 310 kg ha -1 do formulado na semeadura, totalizando 15,5 kg de N, 77,5 kg de P 2 O 5 e 77,5 kg de K 2 O conforme recomendação (EMBRAPA, 2006). As sementes foram inoculadas com inoculante turfoso com a dosagem recomendada pelo fabricante, e o controle de plantas daninhas, pragas e doenças foram realizados seguindo as recomendações técnicas conforme a necessidade. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados, em um arranjo de parcelas subdivididas (split-plot), com três repetições. As parcelas principais tiveram como fonte de variação três épocas de semeadura, sendo 21/10, 18/11 e 20/12 do ano de 2010, e - 1 -
2 as subparcelas tiveram como fonte de variação quatro cultivares: BMX Apolo RR, FPS Urano RR, BMX Energia RR e BRS 284. Cada uma das subparcelas eram constituídas por 4 linhas de cultivo espaçadas por 0,4 m, e 11 m de comprimento. Foram semeadas 20 sementes por metro linear, totalizando uma população de plantas ha -1, que em estádio VC/V1 (escala de FEHR & CAVINESS, 1977) foram raleadas para que o estande final fosse de plantas ha -1 (10,4 plantas m -1 ). Foram colhidos 3 m lineares em duas linhas centrais de cada subparcela, onde foram avaliados, número de vagens, número de grãos por vagem, peso de cem grãos e produtividade, alem da duração em dias de todos os estádios fenológicos em cada uma das subparcelas do experimento. Os resultados foram submetidos à análise de variância pelo programa Sisvar, e quando verificada diferença significativa entre os tratamentos, os resultados foram submetidos à análise de regressão, ou teste de comparação de média através do teste Tukey a 95% de probabilidade de confiança. Resultados e Discussão A análise de variância mostrou que, em relação ao número de vagens m -2 e ao número de grãos não houve interação significativa entre a época de semeadura e as cultivares, sendo que, apenas foi verificada diferença entre as cultivares (Tabela 1). A interação entre os tratamentos foi verificada apenas para a produtividade e para o peso de 100 grãos (Tabela 1). Tabela 1: Resultados de ANOVA para os fatores produtividade, peso 100 sementes, nº de vagens m -2 e nº grãos m -2. Valores de Pr>Fc iguais ou menores que 0,05 indicam diferença significativa à 5%, valores menores que 0,01 indicam significância à 1%. Fator Produtividade Peso 100 sem. Nº vagens m -2 Nº grãos m -2 Significância FV Pr>Fc Pr>Fc Pr>Fc Pr>Fc BLOCOS 0,157 0,3517 0,5761 0,3455 ÉPOCAS 0,0007 0,0053 0,0608 0,0607 CULTIVARES 0,0739 0,0000 0,0015 0,0000 ÉPOCAS*CULTIVARES 0,0211 0,0001 0,4333 0,2280 CV 1 (%) 3,72 4,44 4,46 5,85 CV 2 (%) 6,39 3,79 6,18 6,24 Quanto ao número de vagens (Tabela 2) as cultivares FPS Urano, e BRS 284, apresentaram as maiores médias. Em estudo realizado por Motta et al. (2000), os resultados obtidos para este fator mostrou interação entre cultivar e época, porém o autor relata que as cultivares apresentam comportamento bastante diferenciados entre si. No presente estudo podemos verificar que a característica número de vagens não sofreu influência da época de semeadura para as quatro cultivares na região de Guarapuava, sendo dependente do genótipo da cultivar. O número de grãos (Tabela 2) foi superior apenas na cultivar BRS 284 por estar relacionado ao maior número de vagens, fato que para a cultivar FPS Urano não se repetiu por esta apresentar o menor número de grãos vagem -1 das quatro cultivares estudadas. Tabela 2: Número de vagens m -2 e número de grãos m -2 de quatro cultivares de soja em três épocas de semeadura
3 Época/ Número vagens m -2 Número grãos m -2 Médias Cultivar 20/out 18/nov 21/dez 20/out 18/nov 21/dez Médias Urano a b Apolo b b Energia b b BRS a a Médias Médias seguidas da mesma letra não diferem estatisticamente a 5% de probabilidade de erro Em relação à produtividade, houve interação significativa entre as fontes de variação época e cultivar, sendo que, para as cultivares FPS Urano, BMX Apolo e BMX Energia houve redução da produtividade com o atraso da semeadura, fato que não ocorreu para a cultivar BRS 284 (Tabela 3). Entre as cultivares, a BMX Energia foi a que apresentou a maior produtividade na 1ª época de semeadura, porém com o atraso da semeadura, foi a que apresentou a maior redução da produtividade, cerca de 23% para 2ª época, momento que se estabilizou mantendo-se praticamente estável para a 3ª época em termos percentuais, e não apresentando diferença estatística. A cultivar FPS Urano e BMX Apolo apresentaram rendimentos intermediários entre as cultivares na 1ª época de semeadura, porém da mesma forma reduziram significativamente suas produtividades na 2ª época de semeadura, 21% e 13% respectivamente, e, também mantiveram as produtividades entre a 2ª e 3ª época, não sendo verificada diferença estatística entre as mesmas. A cultivar BRS 284 apresentou um comportamento diferenciado das demais nesse sentido. Sua produtividade foi inferior a das outras três cultivares na 1ª época de semeadura (Figura 1 a), porém, não houve redução de seu rendimento nas demais épocas, mostrando dessa forma um comportamento produtivo estável conforme o atraso da semeadura, o que, provavelmente lhe rendeu ligeiramente a maior produtividade dentre todas na 2ª época e produtividade igual as demais na 3ª. Tabela 3: Produtividade kg ha -1 e peso 100 grãos de quatro cultivares de soja em três épocas de semeadura. Época/ Produtividade kg ha -1 Peso 100 grãos Médias Médias Cultivar 20/out 18/nov 21/dez 20/out 18/nov 21/dez Urano ab ,31 aba 18,51 ab 17,28 ab 18,7 aba ab Apolo ba ,58 ba 18,02 ab 16,72 ab 18,10 ab aab Energia aa ab ,61 aa 18,42 ab 17,14 ab 19,05 ab BRS ba aa ,46 ca 15,97 ba 16,66 aa 16,03 aa Médias ,24 17,73 16,95 17,97 Letras maiúsculas comparam médias nas linhas. Letras minúsculas comparam médias nas colunas. Médias seguidas da mesma letra não diferem estatisticamente a 5% de probabilidade de erro O comportamento produtivo com o passar do tempo de cada cultivar, é explicado pelo peso de 100 sementes (Figura 1 b), que da mesma forma que a produtividade, decresce nas semeaduras mais tardias para a cultivar BMX Energia, FPS Urano e BMX Apolo, com perdas de aproximadamente 21%, 15% e 15%, respectivamente entre a 1ª e a 3ª época de semeadura. Para essas três cultivares a diferença estatística está apenas entre a 1ª e 2ª épocas, sendo que, na 3ª, mesmo havendo uma ligeira redução de peso, os valores não diferem estatísticamente. O peso de 100 sementes (Tabela 3) também comporta-se de maneira particular para a cultivar BRS 284, sendo que esta foi a que apresentou os menores - 3 -
4 valores na 1ª e 2ª época de semeadura, e valores iguais as demais na 3ª época, explicando dessa maneira a estabilidade da produtividade através da estabilidade do peso de 100 sementes. O peso de 100 sementes que era 29% inferior entre BRS 284 e BMX Energia, respectivamente 4ª e 1ª na 1ª época de semeadura, passou para apenas 3% para BRS 284 e FPS Urano, respectivamente 4ª e 1ª no mesmo quesito, mas na 3ª época de semeadura, não apresentando dessa maneira, diferenças estatísticas significativas entre as cultivares. Com o trabalho, podemos concluir que exceto para uma das cultivares que foram estudadas, o peso de sementes é o fator afetado pela época de semeadura, refletindo em decréscimo da produtividade, e que, a cultivar BRS 284 não apresentou decréscimo de nenhum componente de produtividade nas diferentes épocas de cultivo. Figura 1: a) Produtividade (kg ha -1 ) e b) Peso de 100 sementes (gramas), de quatro cultivares de soja, de acordo com a época de semeadura Referências Bibliográficas EMBRAPA Tecnologias de produção de soja Paraná Embrapa Soja, 217p., Londrina PR. FEHR, W,R; CAVINESS, C,E Stage of soybeans development. Ames: Iowa State University, Special Report, 80, 12p. INSTITUTO AGRONÔMICO DO PARANÁ - IAPAR Cartas Climáticas do Paraná. Versão 1.0. (formato digital) 1 CD. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE. (Sistema IBGE de Recuperação Automática) SIDRA Banco de Dados Agregados. Disponível em: < Acesso em: 03 set
5 MAACK, R Geografia física do Estado do Paraná. 3. ed.curitiba: Imprensa Oficial. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO MAPA. Secretaria de política agrícola. Departamento de gestão de risco rural. Coordenação-geral de zoneamento agropecuário portaria nº 79, de 30 de março de PEIXOTO, C,P; CÂMARA, G,M,S; MARTINS, M,C; MARCHIORI, L,F,S; GUERZONI, R,A; MATTIAZZI, P Épocas de semeadura e densidade de plantas de soja: I. Componentes da produção e rendimento de grãos. Scientia Agricola, v.57, n.1, p PELÚZIO, J,M; FIDELIS, R,R; ALMEIDA JÚNIOR, D; BARBOSA, V,S; RICHTER, L,H,M; SILVA, R,R, da; AFFÉRRI, F,S Desempenho de cultivares de soja, em duas épocas de semeadura, no sul do estado do Tocantins. Bioscience Journal, Uberlândia, v.22, n.2, p POTT, C,A; MÜLLER, M,M,L; BERTELLI, P,B Adubação verde como alternativa agroecológica para recuperação da fertilidade do solo. Revista Ambiência, v.3, p STLP, M; BRACCINI, A, de L; ALBRECHT, L,P; ÁVILA, M,R; SCAPIM, C,A; SCHUSTER, I Desempenho agronômico de três cultivares de soja em diferentes épocas de semeadura em duas safras. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v. 33, n. 5, p
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