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1 PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 18ª REGIÃO VARA DO TRABALHO DE JATAÍ RUA ALMEIDA, 260, VILA JARDIM MAXIMIANO PERES, JATAI - GO - CEP: RTOrd AUTOR: SINDICATO DOS DOCENTES DAS UNIVERSIDADES FEDERAIS DE GOIAS - ADUFG SINDICATO RÉU: ASSOCIACAO DOS DOCENTES DOS CAMPUS AVANCADO DE JATAI RTOrd SENTENÇA Relatório Trata-se de ação movida pelo SINDICATO DOS DOCENTES DAS UNIVERSIDADES FEDERAIS DE GOIAS - ADUFG em desfavor de ASSOCIACAO DOS DOCENTES DOS CAMPUS AVANCADO DE JATAI, cujo objeto é a condenação da requerida em obrigação de não fazer, consistente na abstenção de falar em nome da categoria dos docentes da UFG em Jataí-GO, além do pedido de indenização por danos morais. Foi dado à causa o valor de R$ ,00. O requerido apresentou defesa asseverando serem indevidas as postulações e, com as cautelas de praxe, requereu a improcedência dos pedidos contidos na inicial. Documentos foram juntados pelos litigantes. Na audiência de instrução, não houve produção de prova oral por deliberação deste Magistrado, com registro dos respectivos protestos. Número do documento: Num Pág. 1

2 Sem mais provas, encerrou-se a instrução processual com mais uma audiência, sendo que as propostas conciliatórias restaram prejudicadas. Fundamentação. Conflito de representatividade entre entidades sindicais. Obrigação de não-fazer. Antes do mais, deixo de apreciar a preliminar de carência de ação por não se referir, seguramente, a este processo. Após tecer considerações genéricas e vazias, a requerida assevera que "consoante será demonstrado no item do mérito que esclarece a verdade dos fatos, o Reclamante carece de atendimento ao pleito em questão, vez que o Contestante quitou todas as verbas contratuais e rescisórias com o Reclamante." A lide, no entanto, trata-se de conflito de representatividade classista entre duas entidades. Portanto, com o perdão da informalidade, a preliminar não tem "nada a ver" com o presente processo, razão pela qual não será analisada. Como visto, trata-se de ação ajuizada pelo SINDICATO DOS DOCENTES DAS UNIVERSIDADES FEDERAIS DE GOIAS - ADUFG, buscando que a ASSOCIACAO DOS DOCENTES DOS CAMPUS AVANCADO DE JATAI se abstenha de falar em nome da categoria dos docentes da UFG em Jataí-GO. A requerida refuta a pretensão sindical, alegando que o objetivo pretendido por seu adversário "acarreta, necessariamente, no óbice à liberdade de associação e mais, no óbice à liberdade de organização, conferida às entidades sindicais e, em última medidas, às entidades associativas, o que é vedado pela Constituição Federal, em seu art. 8º e incisos e no próprio art. 5º, também da Carta Magna." Número do documento: Num Pág. 2

3 Pois bem. A liberdade sindical brasileira, prevista no art. 8º, da Constituição Federal, é caracterizada pelo direito de constituir organizações sindicais destinadas à defesa de direitos coletivos (liberdade constitutiva), com adoção da forma que os fundadores reputarem conveniente, ditando suas regras de funcionamento e ações que devam ser empreendidas (liberdade de funcionamento) e de filiar-se e permanecer filiado ao sindicato (liberdade de filiação) e de para ele contribuir (liberdade de contribuição, ressalvada a contribuição obrigatória), na representação da categoria ou profissão. O referido art. 8º, da CF, impõe, no entanto, limites à plena liberdade sindical, que são: a unicidade sindical, a representação unicamente por categorias, com enquadramento obrigatório e independentemente de filiação, além da contribuição sindical obrigatória. O enquadramento sindical, destinado a ordenar os sindicatos em categorias econômicas e profissionais, conforme quadro orientador de atividades e profissões do art. 570, caput e 577, CLT, é automático (e não espontâneo), em categorias específicas correspondentes à atividade econômica ou trabalho na atividade, inclusive nas diferenciadas, a partir da constituição do sindicato, observado o princípio da especificidade em relação à atividade preponderante (art. 570, caput, CLT). No caso, compulsando os atos constitutivos colacionados aos autos, verifica-se que a ADUFG representa a categoria profissional dos Docentes das Universidades Federais de Goiás, e tem sua base territorial o Estado de Goiás, tendo por objetivo organizar sindicalmente os docentes das universidades federais do Estado de Goiás gozando, para tanto, das prerrogativas sindicais asseguradas na legislação, inclusive a de representação dos interesses da categoria docente ligada à sua base sindical, em juízo ou fora dele, sobretudo na qualidade de substituto processual (artigos 2º e 3º do Estatuto da ADUFG - fl ID. 29f260a - Pág. 1). O cadastro da referida entidade remonta a 11 de março de Por sua vez, o cadastro da requerida foi levado a efeito somente no dia 17 de maio de 2001, sendo constituída como "uma entidade representativa dos direitos e interesses trabalhistas, em juízo e fora dele, dos docentes representados pela FUNDAÇÃO NACIONAL DE JATAÍ e colocados à disposição do CAMPUS AVANÇAO DE JATAÍ da UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS, através de convênio Número do documento: Num Pág. 3

4 firmados entre UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS, FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE JATAÍ e PREFEITURA MUNICIPAL DE JATAÍ. Adiante, consta no ato constitutivo da segunda reclamada que "são sindicalizados da ADCAJ-Ssind todos os docentes contratados pela FUNDAÇÃO NACIONAL DE JATAÍ e colocado à disposição do CAMPUS AVANÇADO DE JATAÍ, que junto a ela, requeiram sua sindicalização, quer sejam eles na carreira de magistério, visitantes ou substitutos, quer sejam em efetivo exercício, afastados ou aposentados". Com efeito, apenas a entidade nacional da qual integra a requerida tem como finalidades precípuas, segundo o registrado em seu estatuto, a união, a defesa de direitos e interesses da categoria e a assistência a seus sindicalizados. Todavia, essa disposição estatutária foi registrada em fevereiro de Todavia, não há razão para o desmembramento ou da sobreposição de entidades representativas da categoria profissional em análise, vez que a categoria dos professores é única. Aliás, nos termos da Orientação Jurisprudencial nº 23 da Seção de Dissídios Coletivos do C. TST, a representação sindical abrange toda a categoria, não comportando separação fundada na maior ou menor dimensão de cada ramo ou empresa. No mais, verifica-se que o Sindicato autor conta com registro anterior ao seu adversário. Desse modo, tenho que não foi observado o princípio da unicidade sindical, fixado no artigo 8º, inciso II, da CF/88. Assim, em respeito aos princípios da anterioridade e da unicidade sindical, deve ser reconhecido que a representatividade da categoria profissional em referência cabe ao Sindicato autor. O sindicato autor trouxe vários elementos probatórios no sentido de que a requerida vem exercendo atos de representação de forma indevida. Os informativos juntados com a petição inicial, e os documentos Número do documento: Num Pág. 4

5 apresentados após o encerramento da instrução processual comprovam sobejamente a alegação do Sindicato autor. Ademais, houve a análise exauriente das provas e normas legais aplicáveis à espécie. Desta forma, satisfeitos os requisitos legais, entendo que há campo propício para a concessão de tutela de urgência e emergência, na forma do artigo 300 do novo CPC. Assim, julgo procedente o pedido de obrigação de não fazer veiculado na presente ação para determinar que a requerida, imediata e independentemente do trânsito em julgado, se abstenha de praticar quaisquer atos de representação coletiva ou individual dos professores das Universidades de Jataí, sob pena de multa de R$ 5.000,00 por ato praticado. Indenização por danos morais O Sindicato autor postula ainda indenização por danos morais em razão da representação indevida de seus substituídos pela entidade associativa requerida. Para caracterização do dever de indenizar, consoante o primado da responsabilidade civil, é necessária a presença concomitante dos seguintes pressupostos: a efetiva existência do dano, a culpa ou dolo do empregador e o nexo causal entre a ação ou omissão deste e a ocorrência do dano. Ausente qualquer um destes requisitos, não há como se reconhecer a responsabilização do empregador pela indenização respectiva. O ordenamento jurídico pátrio acolhe a possibilidade de indenização por danos morais às pessoas jurídicas, pois estas possuem direitos não patrimoniais a serem defendidos. Sob esse aspecto, merece especial destaque a Súmula n. 277 do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que é categórica quanto a essa possibilidade e está redigida nos seguintes termos: Número do documento: Num Pág. 5

6 STJ Súmula nº Pessoa Jurídica - Dano Moral. A pessoa jurídica pode sofrer dano moral. Porém, no presente caso, a conduta da entidade associativa reclamada, embora indevida, não foi suficiente para caracterizar dano moral sofrido pelo Sindicato autor, pois os atos praticados não tiveram o condão de prejudicá-lo perante os seus associados. Explica-se: o dano moral, para a pessoa jurídica, não é exatamente o mesmo que se pode imputar à pessoal natural. Só essa que obviamente tem atributos biopsíquicos. Por isso, o dano moral para pessoa jurídica é o que envolve a imagem, o bom nome, a fama, a reputação, que são bens que integram o seu patrimônio. Com efeito, a configuração de tal ofensa exige elementos mais robustos e convincentes. As provas trazidas aos autos não indicam que a requerida tenha ostentado uma posição ofensiva em relação ao Sindicato autor. Em síntese: não houve nenhum qualquer elemento, ainda que indiciário, que autorize a ilação de que o Sindicato autor tenha sofrido alguma ofensa que maculasse a sua imagem perante a sociedade, perante terceiros e menos ainda perante seus substituídos. Desta forma, tenho que não restou caracterizado danos morais sofridos pelo Sindicato autor passíveis de indenização, razão pela qual julgo improcedente o pedido em referência. Honorários advocatícios. O entendimento consagrado na súmula 219 do C. TST aponta no sentido de que são cabíveis honorários advocatícios nas causas que não derivem da relação de emprego, conforme a disciplina do Código de Processo Civil (arts. 85, 86, 87 e 90). Nos termos do artigo 85, 2º, no novo CPC, os honorários serão fixados entre o mínimo de dez e o máximo de vinte por cento sobre o valor da condenação, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa, atendidos: I - o grau de zelo do profissional; II - o Número do documento: Num Pág. 6

7 lugar de prestação do serviço; III - a natureza e a importância da causa e; IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço. Considerando tais critérios, entendo por bem fixar o valor dos honorários advocatícios à razão de 15% sobre o valor da condenação. Dispositivo Posto isso, julgo procedente o pedido de obrigação de não fazer veiculado pelo autor em face da requerida, indeferindo, contudo, o pedido de indenização por danos morais, conforme fundamentação acima adotada. Por conseguinte, condeno o requerido ao pagamento de custas processuais, à razão de 2%, e honorários advocatícios, no importe de 10%, ambos calculados sobre o valor dado à causa, fixado em R$ ,00, por refletir, por razoável estimativa, ao conteúdo econômico da causa. Intimem-se as partes. GUILHERME BRINGEL MURICI Juiz do Trabalho JATAI, 14 de Dezembro de 2016 GUILHERME BRINGEL MURICI Número do documento: Num Pág. 7