FORMAÇÃO DO JOVEM APRENDIZ PARA O TRABALHO NO CONTRATO DE APRENDIZAGEM SEGUNDO A LEI /2000
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- Ana Lívia Beretta Estrada
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1 FORMAÇÃO DO JOVEM APRENDIZ PARA O TRABALHO NO CONTRATO DE APRENDIZAGEM SEGUNDO A LEI /2000 Cláudia Leão de Carvalho Costa 1 - claudialeaotrabalho@gmail.com Centro Federal de Educação Tecnológica CEFET Minas Av. Amazonas, Nova Gameleira, CEP: , Belo Horizonte,MG, Brasil. A tarefa de formar pessoas constitui um desafio que requer estudos e pesquisas constantes e aprimoradas e que precisa renovar-se diuturnamente uma vez que novas tecnologias e novas demandas surgem vertiginosamente. A atualização das práticas pedagógicas requer aprimoramento para acompanhar a evolução do trabalho e das tecnologias aos muitos jovens que se inserem por meio da educação profissional no mundo do trabalho. O ingresso no trabalho constitui-se, tradicionalmente, um dos principais marcos da passagem da condição juvenil para a vida adulta. A compreensão do significado do trabalho para o jovem contemporâneo, e o primeiro contrato de trabalho do jovem sob a égide da Lei /2000, conhecida popularmente como Lei do Jovem Aprendiz, é o objeto da pesquisa proposta e um diálogo entre juventude e trabalho. Assistimos a um fértil volume de legislações protetivas e que visam garantir direitos fundamentais da criança, do jovem e das pessoas em situação de vulnerabilidade social em geral. E é neste panorama que foi promulgada a Lei de 2000 com o desafio de garantir a inserção e qualificação profissional de jovens e e também estabelecer diretrizes para que tal contratação aconteça em consonância com proteção integral preconizada pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. A lei /2000, conhecida como lei da aprendizagem ou programa jovem aprendiz, determina que todas as empresas de grande e médio porte contratem número de aprendizes equivalente entre 5% a 15% do seu quadro de funcionários. Esse programa parametriza o vínculo empregatício especial do jovem adolescente por meio de contrato de aprendizagem com uma empresa, para a realização de curso de profissionalização em uma das instituições autorizadas pelo Ministério do Trabalho e 1 A autora é graduada em Direito Pela UNIFEMM Especialista em Docência para a Educação Profissional do SENAC Minas - Mestranda do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais Orientador Antonio de Pádua Nunes Tomasi.
2 Emprego- MTE. Neste contrato o empregador se compromete a assegurar ao jovem, inscrito no programa de aprendizagem, formação técnico profissional. Dessa forma, duas instituições são co-responsáveis pela formação profissional do jovem: a empresa e instituição formadora, no qual o jovem fará o curso de aprendizagem. (BRASIL, 2014) Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (1990) podem trabalhar os adolescentes a partir de 14 anos na condição de aprendiz e estabelece que a formação técnico-profissional deve garantir o acesso e freqüência obrigatória ao ensino regular e atividade compatível com o desenvolvimento do adolescente, condição imposta que garante a não evasão da escola regular. Em consonância com o Estatuto da Criança e do Adolescente (1990), a lei da aprendizagem estabelece que podem ser aprendizes aqueles com idades entre 14 e 24 anos que estejam estudando ou tenham concluído o ensino médio, podem estar até mesmo cursando a faculdade, universidade e que desejam uma oportunidade de contratação formal pela empresa. E são esses sujeitos objetos de nosso estudo: jovens aprendizes, estudantes e oriundos das camadas populares de Belo Horizonte e região. A população brasileira, atualmente, é constituída em sua maioria de pessoas jovens. Nesse contexto assunto trabalho tem sido apresentado como um tema de grande interesse para os jovens. Em contrapartida, o desemprego, enquanto um problema de ordem social, tem se tornado algo a ser enfrentado pelos jovens, fazendo com que o mundo do trabalho se mostre de maneira preocupante e instável. Neste sentido, vários autores apontam que os jovens são os que mais sofrem com o desemprego, sendo considerados como o elo mais fraco do contexto econômico (POCHMANN, 1998; SPOSITO, 2003; TELES, FREGULIA e CARVALHO, 2002). A empresa contratante se incumbe de inserir o jovem aprendiz em um Centro de Formação Profissional que o capacita para o trabalho, com diversas atividades práticas em ambientes pedagógicos simulados. E tais práticas devem ser formadoras para a realidade laboral, ou seja, preparam o jovem para a experiência prática no trabalho. Os jovens enfrentam dificuldades no trabalho uma vez que recebem uma formação aligeirada, descontextualizada, ultrapassada em que inexiste diálogo entre a formação e as exigências do mundo corporativo e o trabalho. A pesquisa observa e diagnostica essa experiência para verificação do diálogo entre o trabalho e a escola. A adequação e integração da formação e do trabalho deveriam ser pensadas tanto pela escola quanto pelas empresas e também pela família. Esse diálogo e interlocução poderiam
3 ser facilitados por essas instituições para formar jovens conhecedores e dominadores de técnicas, mas também autônomos e eficientes para o trabalho. Nesse contexto de falta de integração é que programas como os de estágio, trainees, programas de aprendizagem de jovens adolescentes para o trabalho se desenvolvem e ampliam as possibilidades e processos de formação mais atualizados e contextualizados com as novas demandas e exigências para o trabalho contemporâneo. Esta tendência de integração é uma prática proposta pela Pedagogia da alternância que visa à formação dos jovens experimentada sempre no aprendizado da ação e da práxis, refletida e não só teorizada, mas experiênciada, comprovada e desafiada no cotidiano do trabalho. A alternância entre espaços de formação do jovem pode contribuir para que o jovem encontre sentido no que aprende na escola e o que realiza como profissional. Nesse contexto a Educação por alternância para Nawroski (2012): Verifica se que a proposta de educação em Alternância vem contribuindo bastante à medida que se contrapõem a educação tradicional, e consegue despertar interesse do jovem pela escola [...] A dinâmica de períodos alternados de estudo com o trabalho também podem estar colaborando na elaboração de novos conhecimentos. E por fim, estudos apontam que a Pedagogia da Alternância ainda carece de mais pesquisas capazes de possibilitarem maiores reflexões com vistas à qualificação do seu trabalho. (NAWROSKI, 2012, p.01). O estudo do Programa de Aprendizagem do jovem aprendiz sob a égide da lei /2000 é relevante para entender e evidenciar a dimensão formativa de jovens adolescentes e a integração do jovem ao mundo do trabalho. Esse jovem ainda sem experiência profissional e pela inexperiência caso a legislação não exigisse talvez não fossem contratados pela empresa. Assim a contratação se realiza conjuntamente com um Centro de formação profissional para possibilitá-los aprender e vivenciar o conhecimento e o trabalho na empresa contratante. Pretende-se na pesquisa analisar como acontece a formação do profissional do jovem e conhecer a alternância e a integração da aprendizagem no centro de formação e no trabalho no Programa de Aprendizagem.
4 Figura 1 Módulos da formação do jovem aprendiz no Centro de Formação Profissional. As questões de pesquisa e os principais questionamentos são se a realização de atividades práticas pode possibilitar ao jovem que ora está no centro formador, ora está na empresa boa formação em alternância? Essa formação possibilita aplicação do conhecimento teórico na prática promovendo um desenvolvimento mais completo, abrangente ao jovem? De que forma a prática contribui para que o jovem se torne um bom profissional no mundo do trabalho. Como se dá a formação do jovem para o trabalho? O programa de aprendizagem Jovem aprendiz seria uma possibilidade de inserir os jovens no trabalho e lhes dar um sentido para o que aprendem? São os aspectos a serem estudados na pesquisa que promoverá o acompanhamento de jovens adolescentes que estão no primeiro contrato de trabalho. A pesquisa será desenvolvida com a utilização de procedimentos qualitativos de investigação, e visam abordar o objeto de estudo proposto na dimensão subjetiva e objetiva também. A investigação será realizada com coleta de dados pela observação participante e por meio de entrevistas Semi estruturadas. Para compreender a realidade da formação dos jovens a pesquisadora fará observação participante como método na pesquisa e visitas aos centros de formação com observação durante as aulas e também acompanhamento e análise do trabalho dos jovens aprendizes adolescentes contratados pela empresa no ambiente de trabalho. A pesquisa possui interesse investigativo da formação em alternância, objetiva analisar a formação profissional do jovem para conhecer a alternância e integração da aprendizagem nos ambientes formativos trabalho e centro formador. Observar para compreender o comportamento e a experiência profissional do jovem trabalhador sob a égide da lei de 2000 será pela imersão no universo do trabalho reconhecido também como espaço formador dos jovens. Assim analisar se a
5 formação em alternância proporciona o diálogo entre a teoria que se aprende no centro formador e prática realizada na empresa que contrata o jovem. Segundo Queiroz (2006): Pensar e elaborar uma proposta educacional para a realidade brasileira converteu-se no foco da pedagogia da Alternância. Esta para atingir seus objetivos combina e alterna momentos na escola e momentos no espaço familiar/comunitário e de trabalho. A alternância do ponto de vista dessa pedagogia visa à relação entre realidade e conhecimento, prioriza a experiência do aluno, valoriza os saberes e a cultura popular. E a formação ocorre com base na realidade específica do educando e na troca de experiências com os colegas, as famílias, os monitores e outros atores e é valorizada e estimulada em todo processo de ensino-aprendizagem (QUEIROZ, 2006, p.09). Para o autor Queiroz (2006) O eixo cerne da Pedagogia da Alternância: a ação, a práxis, refletida e teorizada e a teoria experimentada na ação educativa desenvolvida. O jovem realiza a prática pedagógica no centro formador durante uma semana e na outra semana subseqüente o jovem irá aplicar o que aprendeu no contexto do trabalho, na empresa que o contratou, vivenciando desafios que o trabalho impõe. Assim o jovem então
6 tem a oportunidade de resolver e desenvolver a teoria e aprendizagem que vivenciou no Centro de formação profissional. Para Queiroz (2006) a formação em alternância possui o seguinte desafio: Uma educação dentro de sua realidade, da sua vida familiar e comunitária e das suas atividades. Isso se faz possível por meio da Pedagogia da Alternância. Esse projeto educativo contribui para uma experiência pessoal, proporcionando informações que partem do concreto para o abstrato ( método indutivo), do prático para o teórico, do contexto sociopolítico, econômico e cultural do local para o global. Ter como base a realidade não significa apenas ter método para se trabalhar nas escolas, mas uma opção política, um compromisso de transformação do meio e da sociedade. (Queiroz, 2006, p.51). CONSIDERAÇÕES A pesquisa apontará análise da experiência de formação profissional de jovens para o trabalho e o estudo sob os aspectos da integração e articulação das práticas do trabalho no centro de Formação e na empresa. O desafio da formação profissional e inserção do jovem no trabalho coexistem entre setores e instituições e está previsto na lei /2000, e a análise do alcance e a articulação e integração entre centro formador e empresa pelas práticas e vivências do trabalho que a compreensão e possibilidade de transformação podem ser melhor pensadas para que o jovem se desenvolva e participem do mundo do trabalho. REFERÊNCIAS BRASIL. Consolidação das Leis Trabalhistas. DECRETO-LEI N.º 5.452, DE 1º DE MAIO DE Brasília, DF. Capítulo 4, seção IV, Disponível em: BRASIL. Estatuto da criança e do adolescente: Lei federal nº 8069, de 13 de julho de Rio de Janeiro: Imprensa Oficial, BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Manual da Aprendizagem o que é preciso saber para contratar o aprendiz. 9. Ed. Brasília: Assessoria de Comunicação do MTE, NAWROSKI, Alcione, Aproximações da pedagogia da alternância com a escola nova. In: SEMINARIO DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO DA REGIÃO SUL, 9., 2012, Caxias do Sul. Anais... Caxias do Sul: ANPED, POCHMANN, Marcio. Situação do jovem no mercado de trabalho no Brasil. São Paulo:, QUEIROZ, João Batista Pereira de; SILVA, Virgínia Costa e; PACHECO, Zuleika. Pedagogia da Alternância. Goiânia: Editora, 2006
7 SPOSITO, Marília Pontes. Os jovens no Brasil: desigualdades multiplicadas e novas demandas políticas. São Paulo: Ação Educativa, TELES, Jorge; FREGUGLIA, Ricardo; CARVALHO, Fabrício Felipe de. Juventude e mercado de trabalho no Rio de Janeiro e em Minas Gerais. Econômica, v.4, n.2, p disponível: < Acessado em: 27 Mai
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